Dia da defesa nacional
Ontem lá fui eu cumprir o meu serviço militar (que, nos dias de hoje, se resume a um dia muito pacífico). Vontade? Nenhuma. Mas fez-se, apesar de ter apanhado uma seca descomunal e uns raios de sol demasiado intensos tendo em conta a roupa que tinha vestida.
Para quem ainda não foi, que não se assuste: acho que há pouca informação sobre o assunto e a malta ainda tem muito presente o antigo dia da defesa nacional onde havia actividades radicais (mais "tropa") e onde, à custa disto, faleceu uma jovem. Agora são palestras (ontem foram seis, já estava com bichinhos carpinteiros para sair dali!), um almoço muito fraco, ver as armas e o equipamento (a parte mais gira) e ver o içar ou o arriar da bandeira - pelo menos foi assim que se procedeu ao sítio onde eu fui, em Gaia. Os militares são simpáticos (algum giros!!!) e só um dos que apanhei é que achou que nós estávamos mesmo na recruta - de resto, sem problemas.
Como já disse, a parte que mais gostei foi mesmo em pegar nas armas e ver os canhões e essas coisas mais pesadas. Há um lado de rapaz muito presente em mim e essa é uma das vertentes: sempre gostei dessas coisas, de estudar as guerras, de perceber como tudo aquilo se processa. Dito isto, acabei por me dar muito bem com os militares que estavam atrás das bancadas, que de muito boa vontade me puseram as armas na mão, me disseram como se disparavam, o que tinham de especial e todas essas coisas giras (provavelmente para vós não são, mas enfim). Peguei numa G3, toquei numa sniper, em revólveres e outras coisas que tais. Depois, ao mostrarem o colete à prova de balas, eu estava a brincar com o amigo que foi comigo, dizendo para ele ir experimentar - os militares, ao me verem rir, disseram "olha, aquela menina tem cara de quem quer experimentar!" (isto é karma de família...) e eu lá fui vestir uma peça de roupa que pesa só uns quinze quilinhos. Não é tão mau como parece, pelo menos quando se está parado - a correr a história não deve ser assim tão bonita. A cerimónia final é mesmo o arriar da bandeira, com todo aquele teatro das trompetes e dos militares com as armas a responderem aos comandos. É giro, muito teatral, mas sem muitos efeitos práticos.
Resta dizer que, se fosse obrigada a escolher, ia sem dúvida para a Força Aérea. Primeiro porque sempre gostei de aviadores, segundo porque acho que tem pinta andar no ar e ser piloto e, claro, porque era o militar que a representava que tinha mais pinta e mais sentido de humor dos que lá andavam. Por muito que digam o contrário, eu acho este dia importante: penso que nos devem ser dadas a conhecer as outras opções a nível de carreira e a forma como são constituídas as nossas forças armadas. O pior disto é que eles aproveitam este dia para nos despejar todo o tipo de informação em cima (para além das três palestras sobre cada uma das "forças", ainda tive uma sobre as drogas, a GNR e a proteção civil). É contraproducente: eu já não ouvia nada e só queria era sair dali. Ainda assim, e com algumas coisas a apontar (a comida também podia ser melhor...), acho que é um dia que todos devemos ter, por muito chato que seja.