Com cinco palavras apenas se descreve 2021
A hell of a ride.
É assim, com cinco pequenas palavrinhas, que eu descrevo este 2021. É um bocadinho triste que a frase que primeiro me surge no pensamento quando reflito sobre este ano seja em inglês... mas até isso espelha os meses que até agora atravessamos: de pouca leitura em português, muitas séries estrangeiras e, de uma forma geral, pouco sumo que se aproveite.
Gosto sempre de refletir e olhar para trás no final do ano, fazendo logo a ponte para o ano seguinte, mas este ano vou fazer diferente. Não quero estipular resoluções de ano novo com objetivos específicos nem tão pouco rever as coisas que escrevi o ano passado. Porque, honestamente, fiz o melhor que pude - e esse melhor, mesmo podendo representar um falhanço quando olho para aquilo a que me tinha proposto, é uma vitória. Porque representou muita luta. E cumpriu com o objetivo máximo, que foi manter-me à tona da água.
Espero daqui a uns anos conseguir olhar para trás com leviandade e desdramatizar o ano que passou (quanto mais não seja por comparação, pois sei que coisas bem piores podem acontecer). Mas, caraças, foi mau! É difícil explicar a dimensão deste "mau", pois não pode ser medido através de meia-dúzia de acontecimentos isolados que me entristeceram ou mandaram abaixo. Foi o culminar de um conjunto de processos mal resolvidos que, à enésima picada, arrebentaram com a bolha. Foi o nó cego definitivo dentro de um novelo de lã já muito mal amanhado, que teve de ser todo desfeito. Foi a dor de viver e a dor que tem de ser feita para reavermos a nossa vida conforme a imaginamos - aquela porque temos de passar para recuperar bem, sem nós cegos ou soltos, envoltos com casca rija, com cicatrizes e marcas, tal e qual como todas as cascas que vemos na natureza.
Todas as frases feitas que cabem nesta realidade não me enchem as medidas. Uns exemplos: "deixa lá, sais deste ano mais forte!", "o que não nos mata torna-nos mais fortes!" ou, em versão futurologista, "melhores tempos virão". Os tempos mais negros da nossa vida tornam-nos sempre mais fores, mas não necessariamente melhores ou mais felizes. É verdade que aprendi muito - sobre mim, sobre os outros, sobre a interação humana e, acima de tudo, sobre como romper ciclos (mentais, naturais, da vida, impulsionados por traumas ou por simples gatilhos) - mas ganhar... só ganhei experiência. E rugas. E brancas.
E se as coisas acalmaram dentro de mim, muitas delas já resolvidas (embora ainda muito dorida)... a verdade é que, pelo menos a nível de trabalho, 2021 fechou cheio de problemas e 2022 não espreita com coisas boas. Por isso deixo a futurologia de lado e fico-me pela esperança de coisas melhores, acreditando na força do trabalho e da fé que me fez chegar até aqui.
É lógico que não foram só coisas más! Casei-me com o homem que amo e que salvou os meus dias, que me amparou em todos os momentos e me deu a mão a cada minuto que esteve presente; solidifiquei uma rotina que me faz feliz, tornei a minha casa no meu lar, passeei mais do que esperado (dadas as circunstâncias pandémicas) em sítios mágicos e rodeei-me de amor. No meio do caos, tive algumas grandes conquistas. Acho que não tive muitos dias bons mas, no meio deles, consegui guardar momentos felizes: um abraço apertado, o festejo de uma boa venda, a festa dos meus cães quando entro em casa, uma piada dos meus sobrinhos, prendas incríveis, o sorriso dos meus pais ou um almoço bem servido. Porque talvez a essência esteja mesmo nestas pequenas coisas.
O meu desejo para 2022 é que ele seja diferente de 2021. Acima de tudo que traga, a todos, estabilidade e saúde - mental e física. Que não nos arrebate a perseverança, a coragem e a força de querer continuar a lutar por mais e melhor. Que seja sinónimo de esperança e serenidade.
Boas entradas (e cuidem-se!)!
Obrigada por continuarem desse lado - prometo que tenho coisas para escrever nos próximos tempos.