Chávena de letras - "Perguntem a Sarah Gross"
Mal comecei a ler as críticas aqui no goodreads sobre este livro soube que tinha de o ler. À medida que me iam aparecendo opiniões, as minhas expectativas elevaram-se até níveis perigosos de alcançar, mas a verdade é que não ficaram nem um bocadinho defraudadas.
Quem lê as primeiras páginas (e se esquece da sinopse na contracapa) não está à espera - e muito menos preparado - para a história arrebatadora e algo violenta que nos é contada até ao fim do livro. É uma obra poderosa, rica em pormenores sobre a cultura judaica, sobre a vida dos judeus na época da II Grande Guerra e das suas vidas nos campos de concentração (e anterior viagem até lá) que, por um lado, faz as delícias de quem - como eu - sempre gostou de saber mais sobre esta época e, por outro, representa um grande murro no estômago devido às realidades retratadas. Talvez por isto tenha demorado mais tempo do que o habitual a lê-lo - por precisar de parar, de conseguir digerir tudo aquilo que estava a absorver.
Ao longo da história achei (embora poucas vezes) que alguns pormenores necessitavam de ser um pouco mais desenvolvidos - nada de crucial, que afetasse a minha interpretação da história, mas que completariam mais o quadro. A primeira metade do livro é muito pormenorizada, nomeadamente a chegada de Kimberly ao colégio (que não acho tão relevante) e a parte final muito repentina, quando era precisamente essa a altura em que queria saber mais e queria ver mais desenvolvidas algumas questões. Ainda assim, apesar deste "desequilíbrio", foi um livro que adorei ler e vincou a minha vontade (já existente) de visitar Auschwitz.
A escrita de João Pinto Coelho é fluída e ajuda à leitura, com apontamentos poéticos que adoçavam a passagem de cada página. Fiquei surpreendida por perceber que este era o seu romance de estreia e espero ansiosamente por mais deste autor revelação.