Birra de leitora mimada
Andei um dia aí deprimidíssima. O quê que eu ia fazer, o quê que haveria de fazer da vida, como é que ia sobreviver sem aquelas personagens que me perseguiam de dia e de noite durante três dias de intensiva leitura, ai que acabou o mundo, enfim, o drama total de alguém que vive demasiado os livros que lê e que, aparentemente, nem tem vida própria. Mas já passou.
Depois fui ver o trailer desse livro que tinha acabado de ler. Como se não já tivesse passado por este processo - da passagem de livros para filmes - dezenas de vezes (e falamos de alguns dos meus livros favoritos, prediletos e amados) comecei a armar-me em esquisita. "O quê?! Mas ela aqui tinha um vestido de alças, não estava assim tão tapada!", "por amor de deus, toda a gente sabe que eles estavam numa esplanada e num restaurante fechado!", "é este o vosso conceito de lindo, perfeito e irresistível, idiotas?" e por aí em diante. É o que dar ter a memória demasiado fresca e não ter mais nada para fazer da vida.
No entanto, é nestes momentos (vividos e duros e sofridos!) que me apercebo o quanto eu vivo através dos livros e quão feliz sou com eles. E pensar que já houve alturas em que perdi a fé nas minhas leituras! Seria uma pessoa muito mais incompleta se não tivesse, durante todos estes dias, estas realidades paralelas que tanto me preenchem.