As saudades do abraço de um pai (ou de uma mãe)
É uma sensação estranha estar privada do contacto físico com os meus pais. As saudades de um abraço e um beijo dos pais é uma coisa comum de se ouvir - mas da boca de quem os perdeu. No entanto, nestes tempos estranhos que correm, as carícias são proíbidas: não porque eles não estão cá, mas precisamente porque os queremos por muito mais tempo.
Por um lado sou uma sortuda, porque decidimos em conjunto (e pelas várias condicionantes que temos - nomeadamente por eu e o meu pai continuarmos a trabalhar, ainda para mais no mesmo meio) que continuaria a frequentar a casa deles - e por isso falo-lhes sem ser a um telemóvel de distância. Por outro lado, preferia estar em casa - e saber que eles estariam na deles, isolados de qualquer perigo que eu possa vir a transmitir-lhes (independentemente de máscaras, da ausência de toques ou da quantidade de vezes que esfrego as mãos com sabonete).
É estranho que no momento em que mais sinto falta do colo da mãe, ela não mo possa dar. Que queira dar um aperto de mão, em forma de alento, a qualquer um dos dois... e não o possa fazer. Que estes dias, os que não podemos abraçar-nos, sejam os mesmos em que percebemos a importância desse aperto peito-a-peito, e a força que transmite.