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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

12
Fev15

As leituras "intragáveis"

Eu sou a favor da leitura. Quero que as pessoas leiam, o que quer que seja, desde que existam frases com sujeito, predicado e complementos, que os sujeitos e os verbos se coordenem e que não estejam presentes erros ortográficos. Para mim é o importante.

No fundo, não me interessa se as pessoas lêem Stephenie Meyer, E.L. James, Margarida Rebelo Pinto e Nicholas Sparks. O que importa é que leiam, porque acredito que, se gostarem, vão continuar a ler - e, quem sabe, chegar aos grandes nomes da literatura. Faz-me um bocadinho de espécie as pessoas que troçam porque X leu um determinado livro, que é terrivelmente mal escrito, quando muitas vezes a pessoa que goza mal pegou num livro durante toda a sua vida. O caso dos livros "50 shades" é berrante - há muita gente que nem leu, mas só de ouvir falar já tem arrepios na espinha. 

Eu digo, alegremente, que li todos os livros da saga crepúsculo da Meyer, que li grande parte do primeiro 50 shades (não li todo porque nunca me empenhei, fui lendo entre outras leituras "principais") e que sei a história dos restantes, que um dos primeiros livros de adultos que li foi da Margarida Rebelo Pinto e que o livro que mais me fez chorar nestes quase vinte anos de vida foi do Nicholas Sparks (por essa razão, foi o primeiro e o último). E não é por isso que deixei de ler Vargas Llosa ou Patrick Modiano (ambos Nobel da literatura). Ou Miguel Sousa Tavares, Miguel Esteves Cardoso ou outros autores mais "nobres". Já li um bocadinho de tudo e não vejo mal nisso.

Apesar de, nos últimos anos, deixar críticas no Goodreads sobre os livros que leio, nunca digo "este livro está terrivelmente mal escrito". É simples: ou gosto ou não gosto. E é isso que escrevo e aponto: os detalhes que, na minha opinião, falharam ou deram um toque especial ao livro. Quem sou eu para dizer que um livro tem uma má escrita? Posso não gostar da história, da forma como esta é narrada, das personagens, do toque pessoal do escritor... mas criticar de forma tão severa e arrogante dá-me sempre uma sensação de altivez tremenda. Como quem diz "ui, ler o 50 shades... isso é para gente reles! Eu cá só leio Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz e Saramago - isso sim, é escrita de excelência!". 

Porque nem todos temos de ler clássicos, ou prémios Nobel ou autores intelectuais que escrevem frases poéticas que obrigam a uma quarta e quinta leitura para se entender metade da ideia. E, para dizer a verdade, quem lê Margarida Rebelo Pinto até tem de ter uma boa capacidade para decifrar metáforas melosas sobre amor, perda e saudade. E o 50 shades contribuiu, muito provavelmente, para a abertura de muitas mentes e melhores vidas sexuais por esse mundo fora. Por isso deixemos de ser queques, e de dizer que são leituras intragáveis, porque um livro é sempre um livro, desde que tenha a capacidade de nos levar a conhecer mundos, perspectivas e pessoas diferentes. Por mais pobre que a escrita seja, dá-nos sempre alguma desenvoltura enquanto falamos e escrevemos; traz-nos sempre algo de positivo.

Mais vale ler leituras "intragáveis", "péssimas", "terríveis", com "falta de vocabulário" e com "a mesma palavra dita várias vezes na mesma página" do que não ler nada (que, por acaso, é precisamente aquilo que a maior parte das pessoas faz).

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