As fotos são o que fazemos delas
Uma das coisas que estou a aprender no curso de fotografia é a valorizar a fotografia; valorizar o momento em que se tira, pôr nela a nossa carga de conhecimento e sentimento necessários para que aquela captura seja boa, seja única e que fique para sempre e não fique no meio de umas 30 que tiramos de uma só vez a uma mesma coisa para garantir que uma delas sai bem, numa espécie de tentativa e erro consecutiva e exaustiva. No fundo é passar para o digital aquilo que tenho tentado fazer com a minha polaroid, onde aplico a mesma filosofia e tento deixar para trás esta nova moda de tirar foto a tudo, a toda a gente e em todos os momentos da nossa vida.
Houve duas pessoas que me entusiasmaram desde cedo para o mundo da fotografia e é também por causa deles que hoje estou a tirar o curso: são elas o meu irmão e o meu pai. Sempre os vi de máquina na mão, querendo registar os melhores momentos das nossas vidas. São fotógrafos diferentes, mas inspiram-me cada um da melhor forma: o meu pai mais clássico e o meu irmão mais artístico, como não podia deixar de ser. Foram várias as vezes em que me tentaram explicar termos como "tempo de exposição", "abertura de diafragma" e etc., mas eu sentia-me sempre um bocadinho burra e que o conhecimento que eles me tentavam passar nunca chegava a bom porto. Agora, finalmente!, já começo a perceber tudo isto.
A foto acima foi tirada no dia em que comprei a minha nova máquina, comprada de propósito para este curso. Na altura o meu irmão ainda cá estava e, mais uma vez, deu-me uma mini-lição sobre pormenores técnicos da fotografia, utilizando a máquina em modo manual e uma objetiva sem a possibilidade de foco automático. Aqui sim, foi uma questão de tentativa e erro, para ir vendo os resultados que íamos obtendo. Enquanto ele fazia testes e apontou a máquina para mim, só tive tempo de desfazer o puxo atabalhoado com que ando sempre aqui em casa e sorrir. Saiu a foto acima - desfocada, com falta de luz mas que eu adoro, de coração. Porque foi ele que ma tirou, porque foi no momento certo e tem uma história por detrás. Porque as fotos são o que fazemos delas.