As ambiguidades das estratégias de vendas
Há uns dias recebi uma newsletter da Salsa que tinha umas calças que eu achei graça. Fui ao site e acabei por explorar mais um bocadinho – é uma marca portuguesa e, podendo, acho bem que compremos aquilo que é nosso. Nunca fiz muitas compras na Salsa e só uma vez fiz uma compra online, sobre a qual escrevi aqui, uma vez que fiquei tão surpreendida – pela positiva – pelo serviço que prestaram.
Mas bom, andava eu a ver as calças e as camisas e reparei que eles (como outros, provavelmente) têm lá uma indicação de “top seller”. E eu pus-me a pensar naquilo e em como essa indicação, que tem de certeza como objectivo vender mais (não há nada nos sites que seja feito para "não comprar"), a mim não me atrai minimamente: se há coisa que eu detesto é ver pessoas com roupas iguais às minhas - e se um artigo é dos mais vendidos, a probabilidade de ver alguém na rua com uma peça igualzinha à minha é maior, certo?
Gosto de pensar como, muitas vezes, as coisas são tão ambíguas – e a parte do marketing e de vendas é algo que, honestamente, me desperta interesse e acarreta muitos riscos, porque a mensagem pode ser interpretada de mil e uma maneiras. Suponho que quem pensou nesta medida a fez com o objectivo dos consumidores perceberem que esta é uma peça que, por exemplo, veste bem, ou tem bons materiais ou é gira e está na moda – por isso as pessoas têm ainda mais razões para a comprar. Mas, em mim, tem o efeito contrário. Não é que eu seja a amostra mais fidedigna, mas enfim. A verdade é que as estratégias de comunicação e de vendas estão por todo o lado – mesmo onde nós achamos que são coisas “naturais” e frutos do acaso – por isso é sempre interessante pensar no efeito que este tipo de técnicas surte em nós. No fundo, virar o feitiço contra o feiticeiro.