Ai que os putos gostam de boa música, que ultraje!
Ontem vi uma série de comentários sobre o facto de o NOS Alive estar cheio de gente nova. "Nunca vi aquilo com tantos putos", "Quem diria que os Arctic Monkeys iam ter tanta garotada com ar de Canal Panda como fã?" (esta última by Nuno Markl, um comentário que achei hediondo).
Hoje em dia critica-se a camada jovem por não ouvir boa música, por gostarem do Justin Bieber e dos One Direction (nunca percebi o que têm contra os One Direction, por exemplo), mas, por outro lado, quase que se condena por gostarem daquilo que chamam "boa música". "Ui, tantos "putos" a ouvir Artic Monkeys? Que ultraje! Não deviam estar à porta do Estádio do Dragão, por esta hora?" No fim, somos presos por ter cão e presos por não ter.
Mas isto sou eu a dar demasiada importância à coisa. Porque, em primeiro lugar, a menos que a cantora desafine a torto e a direito e as guitarras estejam todas desafinadas e descoordenadas, não existe má música - existe música para todos os gostos e todos os públicos. E, em segundo, porque toda a gente, em alguma fase da vida, ouviu "má música". Meus amigos, eu ainda sei a "Ao limite eu vou" de cor e salteado, e ainda conto no meu repertório algumas músicas dos D'ZRT. Vêem-me com cara de preocupada? Da mesma forma que eu sei estas, a malta de 30 anos sabe outras, a de 40 outras, e a de 50 ainda outras tantas. São fases. Qual é o mal de gostar de Artic Monkeys quando se tem 16 anos ou de gostar de One Direction quando se tem 20?
Chatos pá, chatos. Se há coisa que odeio nos adultos é a capacidade de esquecerem aquilo porque já passaram. E sim, somos nós, miudagem, que temos idade para nos divertirmos em festivais, de abanarmos o capacete até ficarmos zonzos. Quer seja ao som dos Artic Monkeys, essa banda prestigiadíssima a quem ouvi tecer variadas críticas pelo concerto de ontem, ou dos One Direction. Já disse que são uns chatos (e que estão a caminhar para velhos a olhos vistos)? Era só isso.