Adeus PT!
Ahhh, quinta-feira, esse dia maravilhoso em que tenho treino com o PT! Foi hoje. E foi o último, que eu fiz questão de - a meio da aula, esbaforida, frustrada, irritada e tudo mais - lhe dizer que para a semana não podia contar comigo. Andei a semana toda a remoer isto. As minhas olheiras? Foi do que não dormi enquanto andava às voltas na cama, enquanto pensava em como descalçar esta bota. A minha ansiedade? Exatamente pela mesma razão.
Eu não sou uma desistente. Detesto desistir do que quer que seja, custa-me muito dar parte fraca, baixar os braços e dizer "não consigo". E apesar de na semana passada tudo o que eu quis fazer, em todos os minutos daquele treino, foi dizer "chega", obriguei-me a continuar. Esforcei-me muito para, durante estes dias, ter uma atitude positiva em relação ao próximo PT - ou, pelo menos, não pensar no assunto. Mas o nível de desconforto e a frustração que sinto nos treinos supera qualquer tipo de orgulho próprio e eu percebi que toda esta questão estava a mexer comigo mais do que era suposto.
Se por um lado evito desistir, porque se há rótulo que não quero ter em cima de mim é o de desistente, por outro tinha de pôr as coisas na balança e perceber se os níveis de ansiedade que estava a atingir compensavam tudo isto. E a resposta foi fácil: não, não compensa. Estou numa fase maravilhosa da minha vida, em que gosto do que faço, em que supero barreiras todos os dias, em que me orgulho de mim mesma e trabalho para tudo o que conquisto. Este é dos poucos momentos, até hoje, em que acordo feliz por acordar e com vontade de derrubar tudo o que me apareça à frente e conquistar o mundo. Mas tudo isso desapareceu esta semana, porque tinha ali um drama num determinado dia da semana que eu não estava a conseguir saltar e que me arruinava os dias, por eu não ver nenhuma solução que me agradasse: ou parava e era uma desistente, uma #lontra para a eternidade, ou continuava, em prol de um corpo que provavelmente nunca vou ter, prolongando este desconforto e ansiedade por tempo indeterminado.
Custou-me afirmar que não ia mais, mas aproveitei um momento de explosão da minha parte para dizer tudo o que precisava. Sei que tudo isto remonta a muitos problemas que tenho e tive: eu sempre fui um desastre a educação física, sempre fui gozada, sempre fui a última ser a escolhida para as equipas, sempre fui a menina que fica no banco de substituição, sempre fui aquela que fica com o professor porque não tem par ou que fica num trio, a "incomodar" os outros dois. Estas "brincadeiras" deixam marcas - e não são superficiais. E acho que, também por isto, me custa ter alguém a supervisionar-me quando estou a fazer algo em que sempre fui péssima - e que está sempre a apontar-me erros, sempre a esperar mais de mim. Porque a verdade é que eu estou sempre a falhar, sempre a não conseguir, sempre a cair, sempre a não levantar. Numa só hora, dou por mim a bater em murros consecutivos - ultrapasso os primeiros mas chego ao fim exausta, sem conseguir ultrapassar nem mais um. E isto reflete-se tanto física como psicologicamente: as pernas tremem-me tanto que eu não me consigo sequer equilibrar, as posições já são tão "frágeis" que um só toque serve para eu cair; e eu saio perfeitamente derrotada, com a mentalidade de que não consigo fazer nada da minha vida.
Ninguém pode dizer que não tentei - tentei por pouco tempo, mas tentei. Não pus um pé fora da minha zona de conforto: dei um triplo salto. E sim, saí fora da caixa, não aterrei bem. Talvez não fosse o PT certo ou o timing correto. Mas esta vida é feita de escolhas e elas decorrem muitas vezes das prioridades de cada um. Sei que o "sonho" de um corpo (um pouco mais) perfeito e de um postura correta volta a ser adiado, se calhar até para sempre, porque não será de ânimo leve que me meto noutra. Mas não há nenhuma barriga lisa ou glúteo definido que valha tamanha ansiedade e desconforto como o que senti nestes treinos.