Abrindo e fechando portas à vida
Tenho vindo a melhorar no que diz respeito a pôr-me fora da minha zona de conforto, principalmente neste último ano. Quem me conhece bem e acompanha sabe que o simples facto de ir trabalhar, três dias seguidos, para um festival era coisa para me stressar - e eu fui; fiz o programa de televisão, saí em reportagens, fiz entrevistas, dei-me com quem pensava nunca dar e quebrei os meus próprios preconceitos e fiquei feliz por conseguir isso tudo. Ainda assim, há todo um processo por completar - consegui nessa altura, com coisas relativamente pequenas, ultrapassar-me, mas com desafios maiores a conversa é outra.
Básica e rapidamente, esta história do estágio está a matar-me, todos os dias um bocadinho. Vou para a faculdade, lembro-me de tudo, e tenho nós em tudo o que é parte do corpo: é peito, coração, garganta, estômago... Enfim. Dei conta que, ao contrário do que esperava, a decisão deve ser tomada o quanto antes: porque se me autopropuser o processo demora imenso tempo a ser concluído e é preciso tratar das coisas o quanto antes; porque se eu quiser ir efetivamente para Lisboa há uma série de planos que não vão para a frente, como o curso de alemão ou a possibilidade de finalmente fazer o exame de Cambridge; porque se esperar até ao fim do semestre e pela lista de estágios estou sujeita a ficar a servir cafés aos meus superiores em vez de, efetivamente, trabalhar. E isto são só partes das minhas apoquentações.
Precisava de opiniões de quem não está na mesma posição que eu; precisava de quem me ouvisse sem revirar os olhos porque "ainda falta muito tempo" ou porque "já tenho o destino traçado e não vou precisar disto para nada". Porque o tempo voa, porque eu não sei o que a vida me reserva no futuro e não quero tomar nada como garantido e porque, no fundo, sou uma control-freak que não aguenta estar muito tempo sem perceber como é que vai estar a sua vida a médio prazo.
O meu futuro depende de tantos factores, tantas variáveis, que embora saiba que ele já há muito tempo que está traçado, não sei quando vai ser efetivamente "ativado". E, enquanto é e não é, anda e não anda, eu não sei o que hei-de fazer da vida: se experimentar novas coisas enquanto posso ou começar a desbravar caminho para aquilo que, mais tarde ou mais cedo, me espera; se aposto em enriquecer o meu currículo e o meu orgulho pessoal ou me deixo estar assim, porque em princípio, no meu futuro, não terei assim tantos currículos para enviar e mostrar.
Estou num pânico silencioso e, como de costume, a sofrer por antecipação por uma coisa que deveria ser boa. Mas há decisões que me perseguem e sinto que às vezes abro portas que não devia, por não estar pronta para a corrente dar que vou apanhar a partir do momento em que rodo a maçaneta. Apetece-me deitar-me em posição fetal, sentindo-me segura no meu próprio "ninho" e esperar que as decisões sejam todas tomadas por mim e que esta fase passe sem eu dar conta.