A primeira percepção de 2015 & a realidade
Se não pensar muito, acabo este ano com a perceção de que correu mal; na minha mente assombram-me momentos maus, de dor, de preocupação e cansaço profundo. Acho que, como nas casas, há algumas fases na vida de algumas famílias em que parece que tudo avaria; a diferença é que, no caso das casas, podemos mudar-nos ou resolver os problemas com relativa facilidade - o mesmo não acontece com a vida das pessoas. E eu sinto que, um bocadinho por toda a parte, os problemas se disseminaram. E, claro, como as nossas dores são as piores, a memória mais fresca que tenho deste ano foi da minha lancetação e destes últimos dias sem me conseguir sentar - e tudo o que me consigo lembrar sobre o ano que aí vem é que vou ser operada, o que já me estraga todos os prognósticos que possa fazer. Estar a morrer de medo do que aí vem é pouco.
Mas a verdade é que isto é a prova dura e crua de que a memória é extremamente seletiva - e se, a longo prazo, tendemos a lembrar-nos das coisas positivas (eu, pelo menos, sou assim), a curto prazo só nos lembramos de tudo o que de mau aconteceu. E talvez por isso - por as coisas más terem acontecido mais no fim do ano - a minha percepção deste ano que está mesmo a acabar seja muito negativa. Mas a verdade é que não foi.
Enquanto elaborei a lista de coisas que fiz em 2015 percebi que foi um grande ano - pelo menos a primeira metade! Nunca fui a tantos concertos na vida, nunca li tantos livros! Viajei, fui três vezes ao meu paraíso de descanso (o meu Algarve), a minha família aumentou e tive o meu irmão e sobrinhos imenso tempo aqui comigo. E tive experiências super, super, super enriquecedoras! Não vou esquecer o silêncio mágico do rio enquanto andava no caiaque nem nunca mais vou esquecer a loucura que foram os meses de preparação para o Fora da Caixa - esse que foi, sem sombra de dúvidas, o acontecimento mais marcante deste 2015 (acho que todos foram capazes de perceber isso).
O ano não acabou da melhor forma, mas sei que tenho o dever de puxar pela memória e não me deixar levar pelos seus truques manhosos; tenho de me lembrar de tudo de bom que aconteceu e, acima de tudo, agradecer. Pela sorte de ter o que tenho, de poder ter vivido o que vivi e pelas pessoas que me rodeiam (que, embora não sejam muitas, são das boas). Portanto, se me permitem, quero reformular: com excepção de uns meses finais e uns episódios mais duros, este ano foi um ano feliz - incrivelmente feliz.
Quanto a 2016... que seja tão bom ou, se possível, melhor! E, claro, com muitos (e bons) posts à mistura!
Vemo-nos para o ano, sim? Boas entradas!