A prensadora de flores
Gosto de ter uma jarrinha com meia-dúzia de flores aqui no quarto. Sei que tem algumas desvantagens, mas são sempre pouquinhos ramos e dão vida e cor ao espaço, que é precisamente aquilo que eu quero. Chamem-me pirosa, mas gosto muito de flores; para além disso, gosto que mas ofereçam - ainda me lembro da primeira vez que me deram um ramo, no meu 18º aniversário, e eu fiquei contentinha da vida. A maioria das vezes é a minha mãe que mas põem aqui no quarto, vindas diretamente do nosso jardim; outras sou mesmo eu que compro na feira, quando vejo algo que me chame à atenção.
O pior das flores é mesmo o tempo que duram. É triste ver coisas tão bonitas a morrer tão rápido. É por isso que gosto de as eternizar, nos meus livros e cadernos, metendo no meio das páginas algumas das pétalas que vão caindo na minha secretária à medida que os dias vão passando. Acima de tudo, gosto da surpresa de, muitos meses ou anos depois, encontrar uma pétala seca no meio de um livro, agenda ou caderno. Normalmente não deixo nenhuma nota, nem com o tipo de flor nem a data de quando lá a deixei, mas acaba por ser sempre um momento contemplativo e especial.
Quando, há uns dias, disse isto à minha mãe e lhe mostrei uma pétala de rosa que encontrei no caderno que estou a utilizar agora, ela mostrou-me uma "prensadora de flores" que comprou há vários anos. No fundo faz as vezes do caderno ou do livro, mas é algo feito mesmo para aquele propósito. E se por um lado tira a piada de deixar as pétalas espalhadas por esses livros fora, por outro é giro haver algo mesmo para este efeito, onde está tudo pensado para resultar (regula-se a pressão, tem várias camadas de papéis e cartões). Aproveitei logo para experimentar numa flor de orquídia que estava caída e que, por ser muito "gorda", não ficava muito bem metida num livro. Estou ansiosa por a ver daqui a uns meses e achei tanta graça à ideia que decidi partilhar. Ficam as fotos.