A mudança de strandarts na faculdade
Se sempre houve coisa que me tirou do sério foi dizerem-me, com todas as certezas do mundo, que eu ia mudar na faculdade. Ah e tal vais passar a beber e a gostar, vais passar a sair à noite todos os fins-de-semana, vais passar a querer tirar umas passas do cigarro ou do charro do teu amigo (engraçado como tudo isto é tido como um "upgrade" positivo, principalmente do ponto de vista da vida social e eu acho precisamente o contrário, mas enfim). E eu sempre disse que não, que eu não ia ter um qualquer ataque despoletado pela minha entrada na faculdade que me fizesse mudar radicalmente o meu comportamento a esse nível (embora já tivesse visto a acontecer). E não mudei - saio quando quero sair, continuo a não beber álcool a não ser em ocasiões especiais e a não tocar em qualquer tipo de cigarro. Mas houve algo em que mudei, propositadamente, para evitar "dores" posteriores.
Eu saí do secundário com uma média de 17 e pouco, o que implica que as minhas notas andassem sempre por esses valores - o que eu sempre considerei excelente. Mas para ter um 17 na faculdade (e em cadeiras teóricas, que normalmente são uma seca, principalmente para mim que odeio marrar) é preciso suar as estupinhas - diria mesmo, que em alguns casos é praticamente impossível. Como tal, e após explorar o campo e testar terreno, comecei a habituar-me à ideia de que o mar de rosas (em termos de notas) que eu tinha no secundário tinha mesmo acabado. Agora é fazer o melhor que se pode, o que se consegue e o que se quer (porque eu não estou para me matar a estudar, quero ter uma vida para além da universidade), mas deixar as grandes expectativas de lado.
Um 10 continua a não ser bom ou suficiente para mim - mas admito que, dependendo de cadeira para cadeira, posso ficar satisfeita. Depende do conteúdo, do professor, do exame e da forma como ele me correu. Continuo com o bichinho de que não é bom, que não é uma nota para mim, e isso faz com que tente mais tarde subi-la; se tenho uma sensação de alívio com um 10, mais tarde já não acho isso assim tão fantástico e começo a querer mudar a coisa. Mas um 14, agora, já não é assim tão mau (principalmente quando, por exemplo, a nota máxima obtida foi um 15) e um 13 pode ser uma verdadeira vitória. Como é óbvio, perante um 18 que também obtive, sorri radiante; mas sei que agora já não é - nem pode ser - tudo feito desses números chorudos. Estou a habituar-me à ideia, dia após dia. E essa está a ser a minha maior mudança na faculdade.