A morrer de saudades de escrever
De barriga para baixo. De lado. Com as pernas sabe-se lá como e com a coluna mais dobrada do que certamente devia. É assim que estou, quase uma semana depois de ter feito stand-by na minha vida normal por causa do quisto que me voltou a chatear. Felizmente, não tenho infeção - mas creio que se "estendeu" em tamanho e a dor e o mal estar são constantes.
Das poucas vezes que me sentei no computador, fiquei muito pior logo a seguir e percebi que não o podia fazer. Já ando a estudar alternativas - agora estou na cama, de lado, de modo a poder escrever qualquer coisinha sem ter grandes consequências.
No fundo, já estou a sofrer aquilo que vou sentir quando estiver de convalesça: não me poder sentar. Também por isso - e porque os momentos maus têm sido muitos - estou a considerar antecipar a operação e faze-la já no início de Janeiro, se tal fosse possível. Precisaria de falar com todos os meus professores por causa da entrega de trabalhos e exames, precisaria de falar com o meu médico, seguro de saúde, adiantar as análises... no fundo, alterar toda a minha vida. Mas a verdade é que já estou a altera-la toda pelo simples facto de não me poder sentar: não consigo estudar, não consigo fazer trabalhos, não consigo ler com a devida concentração; tenho bilhetes para concertos, mas não posso ir se não me posso sentar; tenho viagens planeadas, mas não posso viajar se não aguentar estar sentada umas horas valentes.
Por tudo isto, e se a situação não melhorar nos próximos dias, vou ter de adiantar aquilo de que tanto medo tenho, mas que sei que tem de ser feito. É incrível como uma merda tão pequena pode ser tão incomodativa e mudar toda a nossa dinâmica de vida. Estou seriamente cansada, física e psicologicamente. Ainda assim, vou aproveitar esta posição desconfortável em que estou para escrever, escrever e escrever enquanto posso. Para além de todas as coisas que me apoquentam, doem e custam, não andar a escrever também faz parte da lista. Vou aproveitar para aquecer este teclado.