A moda dos encores
Eu já era para ter escrito este texto no verão - aliás, tenho o tópico "a moda dos encores" escrito num post-it colado na secretária há, seguramente mais de três meses - altura dos festivais e em que fui a mais concertos; mas na altura, apesar de ter temas, não estava a conseguir escrever, por isso o tópico foi-se arrastando até eu achar que já não fazia sentido escrever sobre ele. Mas depois do concerto da "Cinematic Orchestra" acho que torna a ser pertinente.
Então é isto: eu acho uma verdadeira palhaçada que agora todas as bandas, em todos os concertos, tenham encores. Mas pior palhaçada que essa é deixarem as músicas conhecidas para esse mesmo encore. Porque a realidade é esta: 90% das pessoas que vão aos concertos só conhecem meia-dúzia de músicas - as mais conhecidas - e estão lá para as ouvir; todas as outras, as "novas", as "interpretações de uma música de que a banda gosta muito", são "apenas" um caminho que as pessoas têm de percorrer (ou, neste caso, ouvir) para atingir um fim: saborearem as músicas que gostam. Logo, se as bandas deixam o palco "para se irem embora" sem tocar estas músicas, é óbvio que as pessoas não vão arredar pé da plateia. E, meus amigos, não é por estarem a adorar o concerto: é porque ainda não ouviram o que querem!!!
A essência do encore perdeu-se pelo caminho com esta tática parva e, ultimamente, apetece-me ficar sentada e sem aplaudir enquanto eles fingem que acabam o concerto. O encore seria para ocasiões especiais, em que o público está a delirar e quer ouvir mais - nem que seja mais do mesmo, canções já tocadas! Mas suponho que agora as bandas medem a sua qualidade pela quantidade de encores que fazem por isso, um dia destes, tocam um par de músicas e vão-se embora, para ver quantas vezes é que o público tem paciência para os chamar ao palco para tocar "só mais uma".
Não há pachorra para esta fantochada. Já nem nestes pequenos pormenores há autenticidade.