A falta de tempo e como era bom ser um polvo
Há uns tempos ligou-me uma amiga que está em direito, com quem só falo muito raramente. Quando lhe perguntei pelas aulas ela disse-me: "Vão bem. Acho eu. Eu raramente vou, só leio os livros que nos são aconselhados e depois vou a exame". Acho que o meu estômago, quando acabou de "ouvir" isso, até deu um nó.
Eu não estou a brincar: eu passo meus meus dias todos a trabalhar. E não posso faltar às aulas, porque tenho trabalhos para entregar, constantes dúvidas práticas para tirar. Até ao ano passado os fins-de-semanas eram sagrados para mim - muitas vezes nem sequer trabalhava durante esses dois dias e, se o fizesse, era somente durante a tarde. A manhã? Era para dormir. A noite? Para ir ao cinema, ver filmes e séries, ficar a ler e a chocar por aqui por casa. Agora acordo cedo aos fins-de-semana para trabalhar, a televisão não liga nem para veros meus programas preferidos e as tardes, essas, é na certa que são passadas em frente ao computador.
Por isso por entre aulas, estudo, trabalhos e ginásio (este último que fica para trás quando é preciso e já estou às portas do desespero) e, claro, comer e dormir, sobra-me pouco ou nada. Sinto-me sufocada e, quando ouço coisas destas, um bocadinho revoltada. Porque eu há dois meses que estou em modo non-stop.
E mesmo o blog ficou prejudicado. À noite lá me lembro de teclar um bocadinho, mas às vezes passa-me, ou estou demasiado cansada ou embrenhada noutro projeto qualquer. Não é falta de temas nem de inspiração: pelo contrário, até porque todos os dias me lembro de coisas novas para escrever. Prova disso é a minha agenda, onde vou apontando as coisas que quero ir escrevendo e, à medida que o faço, vou riscando. Tenho textos em atraso há quase dois meses - um desses exemplos foi o texto das sardinhas que, estive a contar!, estava em "lista de espera" desde há seis semanas atrás.
Às vezes dava jeito ser um polvo. Se fosse, juro que dedicava um dos meus oito tentáculos só à escrita... Como não sou, tenho de dividir o tempo de cada uma das mãos da melhor forma possível.