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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

21
Fev17

Quem foi o génio que decidiu pôr uma série dobrada em Portugal?

Este fim-de-semana, enquanto tomava o pequeno-almoço, liguei o AXN só para fazer barulho de fundo enquanto comia - era melhor que os desenhos animados que passavam na RTP2 ou a missa que dava no primeiro canal. Ao menos via um pedaço de uma série qualquer e ficava entretida. Mas quando liguei, e sem qualquer tipo de espanto, passavam anúncios. Estranhei quando ouvi várias vozes portuguesas, naquilo que me pareceram ser cenas de ação ou de diálogo, e olhei para a TV.

Fiquei em choque quando me apercebi que o anúncio estava dobrado para português. Sim, essa coisa horrível, típica de brasileiros e espanhóis, que fazem com que séries e filmes sérios pareçam autênticos desenhos animados, enquanto alguém fala por cima da imagem de outra pessoa que se nota perfeitamente que não está a dizer nada daquilo que ouvimos. É absolutamente medonho. Apressei-me a escrever no facebook e a comentar aqui em casa, mas o assunto morreu.

À noite, quando falava com a minha cunhada, ela comentou comigo que aqui há dias tinha visto uma série no AXN dobrada, que tinha ficado espantada com o que viu - e aí é que me caiu a ficha. Eu achei, na minha ingenuidade, que o AXN tivesse tido um ataque de loucura (ou pelo menos de experimentação) e passado apenas (!) um anúncio dobrado, tal como faz o TLC; o que nunca me passou pela cabeça é que a série fosse, efetivamente, dobrada! No TLC os anúncios passam todos em português mas as séries mantêm o formato original, apenas com legendas. Mas, no caso do Einstein, pelos vistos não acontece o mesmo.

É claro que fui logo a correr ao facebook do canal, já a prever o chorrilho de críticas que por lá havia. Não me enganei. Aliás, o primeiro comentário já era mesmo um esclarecimento do próprio AXN, em que dizem "As séries dobradas não perdem o seu valor original, ganham um novo valor, como se pode comprovar em vários países. No caso de Einstein, os diálogos são tantos e tão rápidos que não era possível legendá-los todos porque se sobrepunham continuamente, e acabávamos por perder muito conteúdo importante e imprescindível para poder entender a história. Como tal, e para benefício do espetador, o AXN decidiu assumir a dobragem da série.". Ri muito. 

Não havia um único comentário positivo relativamente à dobragem. Um! O que não me surpreende, porque em Portugal só se faz dobragens nos filmes de animação - e, mesmo assim, conheço muito boa gente que vê as versões originais (eu me confesso). Não temos essa cultura - e ainda bem! Por só ouvirem as suas línguas é que os brasileiros e os espanhóis não conseguem falar mais nada direito; já nós apuramos os ouvidos desde pequenos e desde sempre que nos habituamos a ler legendas. Para além de que temos uma aversão natural a tudo o que é dobrado, tal como os hispânicos parecem ter ao inglês e línguas estrangeiras. 

Por acaso nunca calhou de ver a série, mas tenho a certeza de que não aguentaria dois minutos a ver algo de ação com as nossas vozes de pasmaceira (mesmo que estejam aos gritos, o português nunca parece fidedigno neste tipo de cenas, desculpem lá). De qualquer das formas, já vi um comentário algures dizendo que o AXN vai também transmitir a versão original, em alemão. Parece-me uma melhor ideia. Porque uma coisa é certa: quem teve a esperteza de dobrar uma série em Portugal, não é de certeza absoluta nenhum Einstein.

20
Out16

O país dos doutores e engenheiros

Sempre se disse (e se ouviu) que Portugal é o país dos doutores e dos engenheiros. Toda a gente tem de ter um prefixo qualquer para se sentir de bem com a vida. São doutores os que não médicos ou doutorados (e os praxistas a partir do segundo ano, que é melhor ainda!), são engenheiros os que só têm o bacharelato e, com o estado das coisas, o estagiário no gabinete de arquitetura já é provavelmente senhor arquiteto. Até a mim me chamam doutora, que é assim a coisa mais estranha e anedótica de sempre - mas enfim, é o país onde vivemos.

E eu sempre soube que isto era assim mas só agora é que estou a entender a extensão do problema e as dificuldades que isso nos pode criar no dia-a-dia. Neste momento, e para mal dos meus pecados, passo a vida a falar com pessoas que não conheço - e a menos que saibamos à partida que aquela pessoa é médica, doutorada, advogada, engenheira (ou qualquer outra coisa que tenha um rótulo associado) é um problema quando nos dirigimos a ela. Eu dou por mim a gaguejar e a dar trinta voltas de forma a que todos os "sujeitos" nas minhas frases sejam omissos, para não fazer asneiras e as pessoas não ficarem ofendidíssimas. Sim, porque se chamamos doutor a um engenheiro cai o carmo e a trindade. E se chamamos senhor a um doutor é um drama. E se não chamamos o que quer que seja a alguém que não é nenhuma das coisas supra-mencionadas... também é provável que essa pessoa fique chateada. Ou seja: é uma gestão difícil.

Eu tenho duas técnicas: a primeira é estar atentíssima sempre que me falam de quer que seja, para apanhar os prefixos de toda a gente; mesmo quando se está em conversa com essa pessoa, dá sempre jeito ir vendo como é se deve interagir. A segunda é, como disse acima e em desespero de causa, nunca chamar a pessoa pelo nome, o que às vezes requer bastante imaginação.

Pronto, já disse o que tinha a dizer. Agora a doutora Carolina vai mazé trabalhar, que a vida não é só andar aqui a mandar uns bitaites. Doutora que é doutora faz coisas sérias.

04
Set16

3 dias no Gerês

Depois de sair de Penacova e voltar a casa, nem tive grande oportunidade de tirar as coisas das malas. No fundo, fiz só uma "reciclagem" daquilo que precisava de levar no dia seguinte e dormi na minha cama, da qual já estava a morrer de saudades. Combinei, super em cima do joelho, uma ida de três dias ao Gerês com as minhas amigas - eram os únicos dias que tinha livres até começar a trabalhar (depois acabei por não começar na quinta-feira, ficou adiado para a semana) e cheguei várias vezes a pensar em cancelar estes planos: no dia seguinte ao fim de férias ia trabalhar, tinha um trabalho por fazer e coisas para estudar para o meu último exame da faculdade, pelo que seria tudo feito com temporizador e já muito à rasca. Acabei por arriscar e, felizmente, o universo conspirou a meu favor e deu-me mais dois dias de férias para organizar a minha vida.

Decidimos ir para o Parque Cerdeira, em Campo do Gerês. A escolha foi super acertada, adoramos! É um parque de campismo a sério, grande, com imensas infraestruturas (campo de futebol, piscina, várias casas de banho, sala de jogos, mini-mercado, muitas atividades); tem também imensas árvores e muito espaço para tendas, não há forma de nos sentirmos apertados. Para além do mais, a nível geográfico, está perto de tudo, o que é a cereja no topo do bolo.

Mesmo o parque sendo maravilhoso, o que nós queríamos mesmo era explorar o Gerês. No primeiro dia, já a meio da tarde e depois de montarmos a tenda, fomos a uma das praias fluviais que lá há, na barragem de Vilarinho das Furnas. A praia era linda, super calma (estávamos cerca de 10 pessoas) e a água muito limpa e clarinha. O caminho para lá chegar não é difícil - implica uma descida grande, no início em pedras e depois em monte, mas faz-se relativamente bem. Acima de tudo, vale imenso a pena pela paisagem, pela calma e pela água. É uma daquelas visões indescritíveis de tão belas; as palavras não chegam, as fotografias não são fidedignas o suficiente. É de tirar a respiração e uma pessoa só quer poder ficar mais um minuto para poder desfrutar daquelas vistas.

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

O dia seguinte foi dedicado a alguma caminhada e às cascatas. Fomos pelo caminho romano até à Portela do Homem, onde passamos parte da manhã. Descer até à água, para mim, não foi fácil - sou muito naba no que a estas atividades "radicais" diz respeito e imagino-me sempre com menos dois dentes, a cabeça rachada e uma perna partida só de ver aquele amontoado de rochas. Tive medo e fui sempre com mil cuidados, muitas vezes com as duas mãos e pés nos chão, para ter o máximo de equilíbrio possível - ou isso, ou ia mesmo de rabo. 

A Portela do Homem é bonita mas, nesta altura do ano, não é aquela cascata que vemos nas fotografias: por um lado, tem muito menos água; por outro, tem muito mais pessoas. É difícil tirar uma fotografia sem um emplastro atrás. Ainda assim, vale a pena a visita. A água é geladíssima, mas é linda, linda, linda - e faz com que os cabelos fiquem mais macios do que com quilos de amaciador! Na minha opinião, este é um sítio para visitar, tomar um banho, tirar umas fotografias e ir embora - não há muito espaço para circular, há sempre pessoas à volta, tem de se ter sempre mil e um cuidados para dar um passo e o calor das pedras consegue ser infernal. Uma coisa que a mim me perturbou particularmente foram as pessoas a saltar: a lagoa é baixinha e havia pessoas a darem saltos de 4 ou 5 metros, muitas vezes com rochas salientes pelo caminho. Eu não digo nada, mas fico com o coração na boca - e sei que as pessoas que morrem todos os anos nestes sítios devem-no a maluquices mal calculadas deste género.

 

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Portela do Homem

 

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Portela do Homem

 

 

Depois da Portela do Homem fomos até lá cima, à Cascata do Arado. Estava super seca, a cascata limitava-se a um fio de água e esta era muito menos límpida, muito provavelmente por não circular. O caminho até lá foi mais difícil e longo do que para a Portela do Homem, por isso não achei que valesse muito a pena. Em alturas de mais chuva deve ser linda, porque o "caminho" da água é bastante maior, mas nesta altura não se revela nada de especial. Faltou-nos a cascata do Thaiti, mas decidimos não arriscar: segundo dizem, é a mais perigosa de todas e já nenhuma de nós estava virada para mais riscos. Eu confesso que, apesar de ter gostado muito das vistas, respirei de alívio.

 

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Cascata do Arado

 

Nesse dia passamos ainda pela Vila do Gerês e depois voltamos para Campo por um caminho lindíssimo, que repetimos no dia seguinte por termos gostado tanto dele.

O último dia foi um bocadinho diferente: de manhã decidimos fazer uma das atividades do parque, a que chamam "Parque Aventura". No fundo, consiste em algumas atividades que eles lá têm, que incluem arvorismo, slide e escalada. Tudo em ponto pequeno, mas o suficiente para pôr a adrenalina do nosso corpo a circular - em  mim, pelo menos, teve esse efeito! O monitor era incrível, super simpático e engraçado, o que tornou a experiência ainda mais gira. Se forem a esta parque, aconselho muito!

Estas férias foram muito importantes para mim no sentido de superação de barreiras e obstáculos. Sempre fui a menina totó, dos livros, que detestava educação física; aquela que caiu de cara na primeira aula do 7º ano e ficou com um olho negro, a que não consegue fazer a roda, a mais gordinha e menos atlética das amigas. E aqui consegui fazer tudo a que me propus: subi e desci pedras terríveis, andei em cima de fios de uma árvore para a outra, fiz escalada, atirei-me num slide duas vezes (mesmo tendo detestado a primeira!). Limitei-me a não pensar muito e tentar, pelo menos uma vez na vida, e soube tão bem ver que conseguia! Foi óptimo para o meu ego, para a minha confiança e auto-estima.

 Depois das aventuras, desmanchamos a tenda e metemos tudo dentro do carro (outra aventura, portanto) e fomos dar uns passeios de carro, pelos vários miradouros. Ainda tentamos ir ver a vila de Vilarinho das Furnas, que está há muitos anos debaixo de água, mas acabamos por desistir por ainda termos de fazer uns quilómetros a pé. Como já disse, voltamos a fazer a tal estrada lindíssima entre a Vila do Gerês e Campo e parámos várias vezes para tirar fotos e apreciar as vistas. Pelo caminho passamos, claro, por vacas, bois e cabras - algo tão simples como maravilhoso.

A última paragem foi no miradouro da Pedra Bela, com uma vista linda e super completa do Gerês. Há lugar para o carro e sítios próprios para tirar fotos e até para fazer picnics, por isso é óptimo para uma paragem mais prolongada. Depois disso, engolimos as saudades que já apertavam e viemos embora. Eu, pelo menos, vim com a certeza de que quero voltar. O Gerês é aqui tão perto e é das coisas mais incríveis que este país tem.

 

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Caminho Vila do Gerês - Campo

 

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 Caminho Vila do Gerês - Campo

 

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Miradouro da Pedra Bela

 

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 Miradouro no caminho Vila do Gerês - Campo. Para mim o mais bonito de todos.

 

02
Set16

Segundo campismo de família em Penacova

A primeira vez que fiz campismo foi o ano passado, com toda a minha família, numa maluqueira que quis que se tornasse num ritual anual. Fomos para o Lima Escape durante dois dias - apenas uma noite - e a experiência correu super bem. Foi muito cansativo, foi uma logística muito complicada, mas valeu super a pena - soube apenas a pouco, ficamos quase com a sensação de que montamos e desmontamos as tendas ao mesmo tempo.

Por isso, este ano, decidi propor um alargamento dos dias do campismo de família - em vez de dois dias, ficaríamos três, e tínhamos um dia inteiro para desfrutar da companhia uns dos outros. Era algo que já estava a ser estudado há vários meses, pensamos em vários lugares, e acabamos por optar ir para o Parque de Campismo Municipal de Penacova. Primeiro porque era a pouco mais de um hora de carro e segundo porque tinha uma praia fluvial a um quilómetro; foi um golpe arriscado, porque não há praticamente informação nenhuma no Google sobre este parque. Pior: o Google só dá a informação de um parque quando, na verdade, há dois - ou seja, as fotos e os comentários de utilizadores centram-se só num parque (o da Federação e não o Municipal), pelo que nunca se sabe bem de que parque estamos a ver fotos ou reviews.

A ideia era ir sem expectativas e esperar ter sorte. Quando lá chegamos deparamo-nos com um parque muito pequenino e vazio e a reação não foi a melhor. Este não é um parque de campismo como o Lima Escape, cheio de vegetação e que transpira "natura". No entanto, acabou por se revelar óptimo para nós - pudemos ocupar o espaço que quisemos, fazer barulho à noite (tenho músicos na família, é inevitável haver baile e concertos pela noite dentro) e, a parte melhor, tínhamos um salão (que devia ser um antigo café) com cozinha, onde pudemos comer todos juntos, sentados e fazer toda a comida com maior conforto. Era uma das nossas maiores preocupações: levamos campingaz suficientes para tudo, mas não ia ser tarefa fácil fazer comida para trinta pessoas em pequenas bocas de gás e tachos gigantes. O facto de ter cozinha, frigorífico e arca congeladora (algo que não costuma haver em parques de campismo) foi uma ajuda incrível.

Os tempos livres e fora das refeições foram passados na praia do Reconquinho, como todos queríamos. Apesar de ter uma areia pedras terrível, fazia um calor abrasador e os serviços disponibilizados na praia eram de fazer cair o queixo. Aliás, foi assim que todos ficamos quando percebemos que todas as atividades que lá tinham eram grátis. Podia-se atravessar o rio por um slide, andar de kayak, utilizar uma série de bóias e insufláveis que estavam sobre a água, usar guarda-sóis e cadeiras de sol: tudo completamente grátis! Até uma papelaria/livraria tinha, para se "alugar" o jornal do dia. Ficamos incrédulos e quase que desconfiados. Passamos a vida a dizer que "ninguém dá nada a ninguém" e a verdade é que já nem estamos habituados a não pagar por um bem ou serviço, por mais simples que seja. Podia ir-se a banhos, mas a água do Mondego é absolutamente gelada. Eu, que já fui de certeza peixe noutra vida, fui na mesma e a temperatura não impediu que eu passasse a vida a atirar-me à água, de uma ponte que lá havia. O choque térmico era tão grande que o corpo parava e os pulmões ardiam e gritavam por ar - mas depois a sensação era avassaladora. Nadar no rio é maravilhoso.

De resto, o convívio foi incrível. Não é fácil juntar uma família de mais de 30 pessoas e faze-las estar em consonância; não é fácil juntar 13 tendas num sítio, alinhavar jantares e multas, meter toda a gente dentro de carros e arranjar boleias, conseguir meter todas as tralhas dentro das bagagens sem nos esquecermos de nada. É preciso organização, é preciso ser muito chata, é preciso as pessoas quererem e alinharem. Aliás, sinto que depois disto já tenho uma espécie de pós-graduação em gestão de eventos! Mas com uma carga valente de paciência e boa vontade tudo se faz - e acho que ter uma família unida compensa todo o trabalho. Conheço muito poucas famílias como a minha, em que os laços vão para além da grande diversidade de opiniões e estilos de vida que existem entre nós. Já há muitos anos que alguns velhos do restelo vêm dizendo que estes encontros vão eventualmente acabar, que com o aumento da família começa a tornar-se insustentável. Talvez sim. Mas não será antes de eu me cansar de tentar. 

 

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Rio Mondego (a ponte atrás)

 

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Algumas das bóias que havia na praia. [Foto da minha prima]

 

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A minha sobrinha a fazer bolas de sabão. A minha foto preferida. 

 

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Não tenho por hábito partilhar aqui fotos com outras pessoas, mas penso que neste caso faz todo o sentido e acho que a minha família não se importa. Aqui, somos 32 - faltam 7 para a família estar completa mas que, por vários motivos, não puderam vir. Acreditem ou não, olho para esta foto e penso "não somos assim tantos...".

Por também ser a fotografa de serviço, esta é a única foto que tenho no campismo em si. 

 

11
Jul16

Espera... não foi um sonho?

A alegria de quando se ganha algo no futebol é tão grande, tão imensa, explode tanto no peito que às vezes não parece verdade. Uma pessoa deita-se, dorme - se conseguir dormir - e quando acorda quase tem de se beliscar para saber que é verdade.

Eu abri a pestana, vi o cachecol depositado ao calhas em cima da cama depois de ter ido para a rua com ele ao pescoço e percebi que sim, que foi tudo real. 

Lamento sinceramente a todas as pessoas que se acham superiores e intelectuais e se recusam a ver e vibrar com os 22 jogadores atrás de uma bola. Porque, meus amigos, não sabem o que perdem. Creio que hoje Portugal acordou com um ânimo, uma alegria e uma força que não via há muitos anos - e isso não tem preço.

11
Jul16

Nação valente!

Muitos se questionam o porquê de se gastar tanto dinheiro no futebol, de tanta gente gostar de ver 22 "cães a um osso". E a resposta está aqui: está na união, na movimentação de massas incrível que eu acho que só o futebol é capaz de mover. E isto serve para quem não gosta de futebol, para quem não sabe o que é um off-side, para quem não gosta o Ronaldo ou não sabia que o José Fontes sequer existia. Porque, quando se fala de uma nação ou uma cidade, há um elo de ligação que supera tudo o resto e que faz todas as célulazinha do nosso corpo vibrar.

Até eu, que desisti da seleção em 2004 (quase como um desgosto de amor épico), vibrei. E, meus amigos, acreditem ou não: até chorei quando o Ronaldo chorou. Porque não há manias ou embirrações que sobrevivam a injustiças e às evidências: foi uma injustiça alguém que se dedicou uma vida inteira ao futebol não poder contribuir para a sua equipa ganhar. Senti que era este ano e depois da fase de grupos achei que era sempre a andar; ainda ontem afirmei e reafirmei aos mais cépticos que íamos ganhar. E ganhamos. E até eu fui para a rua de cachecol ao peito, embebido em mofo, que já há 12 anos que não via a luz do dia!

Não precisamos de jogar bonito (que não jogamos). Também não precisamos de jogar bem (que também não aconteceu). Valeu-nos a garra, a sinceridade e a humildade, que para mim foram sem dúvida os ingredientes desta vitória épica. Não gostei particularmente dos jogos de Portugal em campo, mas adorei o jogo que fizemos no "exterior": não precisamos de bocas para ganhar, de mandar indiretas bem diretas para os nossos oponentes, de jogar sujo fora de campo. Foi limpinho, foi à rasca, mas foi merecido. Esta foi pelo Euro 2004 e por toda a festa que há 12 anos já devia ter sido nossa.

Ganhamos, car*lho! 

 

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07
Jul16

Por falar em vitórias...

Estamos nas finais! E eu em dupla final: enquanto portuguesa, nas finais do euro; enquanto estudante, na final do curso. E estou mesmo muito feliz pelas duas razões. Sobre Portugal falo depois (respirem fundo, que não vou dizer mal do Ronaldo), mas sobre a final do curso quero falar agora.

A verdade é que ainda me falta um exame, que faltei graças à operação que fiz em Janeiro. Mas é uma cadeira fácil e tudo menos importante, pelo que quase que sinto que a tenho meio feita; fazer e entregar o relatório soube-me ao golpe final destes três anos de licenciatura, o culminar de tudo isto. Se o estágio foi maravilhoso, fazer o relatório foi doloroso. Todas as palavrinhas que lá estão saíram a ferros, num fim-de-semana prolongado que, por um lado, teimava em não passar e, por outro, passava depressa demais para aquilo que eu precisava.

Hoje dou por mim a pensar, de vez em quando: "será que escrevi aquilo no relatório? era importante". Porque a verdade é que o meu cérebro parecia estar a entrar em colapso: já não sei o que fiz, o que disse, o que escrevi ou devia ter escrito. Sei que acabei com um alívio enorme por ter entregue e, ao mesmo, uma irritação colossal por ter deixado aquilo para a última, em algo que era tão importante e que devia espelhar o melhor possível aqueles três meses tão maravilhosos para mim. Senti que devia ter feito mais, que devia estar melhor - e agora, já relaxada, penso nas várias coisas que ficaram por escrever. Talvez por isso, não esperava grande nota - por eu própria ter ficado desiludida comigo mesma.

Mas no início desta semana soube o resultado, naquela que é a cadeira mais importante de todo o curso. 18. Acabo o curso com um 18 e não podia estar mais feliz.

 

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28
Mar15

Miúda de 95 31#

O Euro 2004

 

Em fim-de-semana de jogo de seleção, e depois de cinco dias em que se tem falado muito de futebol e da equipa nacional, deram-me as saudades do Euro 2004. Foi a única vez em que vibrei realmente com a seleção: que pintei o cabelo de vermelho e verde com latas dos chineses, que fiquei colada à televisão, que vi os portugueses realmente unidos. E que acho que nunca, nunca mais se vai repetir.

Penso que se falar do Euro2004 aos meus sobrinhos, eles encolhem os ombros e deixam para lá. Um bocadinho como eu e a Expo98 (com a diferença que eu na altura já era nascida mas não me lembro de nada) - agora sei que foi um evento que marcou um ano e a vida de imensas pessoas. Tenho a sensação que toda a gente deste país foi a Lisboa nesse ano e é algo de que toda a gente fala e se lembra.

Se para muita gente a Expo98 foi um marco, para mim foi o Euro2004. Tinha 9 anos, mas vi tudo com imensa atenção e relembro-o com imensa saudade. As bandeiras em todas as janelas, os novos estádios, o país cheio de gente para ver os jogos. Atrevo-me a dizer que foi a maior mobilização que vi em Portugal. Lembro-me perfeitamente de ver avisos de cadeias de supermercados porque iam fechar à hora do jogo (por volta das cinco da tarde) para que todos pudéssemos apoiar a equipa nacional! Foi a loucura! 

Foi também o ano com melhores anúncios na televisão, com mais união entre família e amigos (e sim, o futebol tem essa capacidade de juntar as pessoas e de as fazer conviver), com uma esperança boa que corria no ar, de que tudo ia correr pelo melhor. Acreditamos até ao fim, apesar de no final não termos ganho (se pensarmos bem, era um prenúncio de todo o mal que vinha na próxima década). Mas ainda hoje, quando ouço "marca mais, corre mais, menos ais, menos ais, menos ais, quero muito mais!", fico com pele de galinha. 

 

 

23
Jun14

Umas sardinhas diferentes

Em algumas coisas tenho gostos muito "popularuchos". Adoro, por exemplo, de símbolos muito portugueses: o galo de Barcelos, o Zé Povinho, as louças da Vista-Alegre e de Bordallo Pinheiro e os vidros lindos da Marinha Grande, as sardinhas, os manjericos, o Tejo e o Douro, as andorinhas, o St. António e o S. João (mesmo não sendo religiosa).

Na parte dos santos, a minha mãe partilha do gosto, pelo que tenho alguns aqui espalhados pela casa (e não, não têm sortido efeito em arranjar um catraio jeitoso) - mas, de resto, não tenho mais nada e sei que, ao longo dos anos, a minha casa vai aprender a estar recheada com estes símbolos que tanto me preencher o coração e que fazem parte de mim como alma portuguesa. E não têm necessariamente de ser em louça - já vi, por exemplo, algumas coisas estilo almofada, que também achei muito giro.

No outro dia, no Senhor de Matosinhos, havia imensas andorinhas de louça à venda. Não resisti, trouxe duas para casa, e já aqui estão nas minhas prateleiras do quarto, esperando que fiquem por cá durante muito tempo e não façam nenhum voo inesperado até ao chão. Fixe, fixe era agora comprar as novas sardinhas da Bordallo Pinheiro, para fazerem companhia às novas andorinhas. Ainda não as viram? Ficam as minhas três favoritas (se tiverem um ataque de generosidade ou se foram os felizes contemplados com o euro-milhões que saiu esta semana em Portugal, podem sempre oferecer-me uma e fazer uma visita às Caldas da Rainha, onde está a fábrica):

 

 

 

 

 (mais aqui)

19
Jun14

A torcer por Portugal

Eu finjo bem que não, mas estou a torcer por Portugal. Nunca fui muito patriota, e sou muito menos com as escolhas estúpidas do treinador e comportamentos perfeitamente condenáveis por parte de jogadores profissionais que estão a representar um país e que ganham mais do que quase nós todos ao mesmo tempo. Ainda assim, apoio Portugal. 

Não de uma forma ferrenha ou sofredora. Quando vi que íamos apanhar 4 contra a Alemanha, até que regozijei. Apetecia-me dizer, não sei bem a quem: então e o Quaresma ficou no Porto, não foi? Então temos o melhor jogador no mundo na equipa que, por acaso nem tocou na bola, não é verdade? Então que somos os maiores, os melhores do mundo, que temos imenso potencial, verdade? Enfim. Também não percebi o drama de ser contra a Alemanha - acho que somos doridos de mais. Ainda assim, serviu para muita gente engolir sapos. Serviu também para tirar o Rui Patrício da baliza, que há males que vêm por bem e eu ainda não tinha percebido porquê que o Beto já não estava lá com lugar cativo (cheira-me que o Paulo Bento está a ter uns acessos de Felipe Scolari na sua pior faceta).

Mas dizia eu: apoio Portugal. Apoio porque é bom para o país, porque traz rios de dinheiro, porque são mais camisolas, cachecóis e chapéus que se vendem e isso a mim interessa-me. Também apoio porque gosto de futebol e, acima de tudo, de ver bom futebol. E porque isso junta família e amigos, e tudo o que junta as pessoas de quem mais gostamos só pode ser bom. E, por fim, porque é uma bela desculpa para se fazer um belo churrasco, comer uns amendoins e uns tremoços enquanto se bebe um ginger-ale bem fresquinho. Só coisas boas, portanto!

Força Portugal!

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