A competição anual de luzes de Natal está em decadência
Não sei como é que é aí na vossa vizinhança, mas numa das ruas perto de minha casa há claramente uma competição anual de luzes e enfeites de Natal - ou havia, até agora. Todos os anos, sempre pela mesma altura, lá começam a aparecer as luzinhas, as grinaldas, os pais-natal a subir parede acima, as renas a entrar pela janela, os arbustos a piscar no jardim e os corrimões pintalgados a LED's. E não é só o facto de coincidirem na altura de colocar os enfeites que me leva a crer que tudo isto é um concurso organizado, com direito a mesa de voto e até assembleia: todos os anos há um tema aparentemente comum entre todas as casas, o que faz parecer que até há um regulamento pré-planeado!
Ora são os pais-natal mais gordos e as escadas mais rebuscadas; ora são as luzes mais pirosas com as cores mais garridas que se encontram nas lojas dos chineses, com formas de colar ao vidro tais como flocos de neve, estrelas ou até mesmo corações - não fosse o Natal a época do amor; ou, como este ano, os animais natalícios, que foram fazer companhia aos cães de loiça que já moram naquelas varandas durante o resto do ano.
Estamos a falar de pequenas moradias, quase todas elas com um pequeno jardim à porta e pelo menos dois andares, pelo que podem caprichar: enchem as plantas de luzes, utilizam os corrimões das escadas para colocar enfeites fora da caixa e até dão toques dramáticos, fingindo que os pais-natal estão a cair acidentalmente pela varanda abaixo. As inspirações dos filmes americanos podem ser muitas, mas o céu é o limite.
Mas este ano estou triste: aparentemente uma das casas deixou de participar na luta, pelo que a rua está menos iluminada e, consequentemente, menos pirosa. Dei por mim a pensar que não conheço quem lá vive, mas já me tinha afeiçoado a toda esta dedicação na época natalícia - mesmo nunca tendo sido convidada para votar nas melhores decorações do ano, o que não deixa de ser ultrajante, sendo eu uma fã incondicional há vários anos. Mas enfim: a única rena na área está solitária, o arbusto ofusca todas as plantas à volta e o pai-natal está a escorregar pela parede fora, de tão magrinho que é. Uma casa foi-se e todas as outras parecem ter perdido o ânimo. É o que dizem: as tradições já não são o que eram.