Ontem lá rumei para o Coliseu do Porto, com a minha mãe, para ver Os Azeitonas. Aqui há dias fiz-lhe uma surpresa e presenteei-a com os bilhetes, porque sabia que ela gostava muito de os ouvir ao vivo - eu já os tinha ido ver a Gaia, nos festejos dos cem anos do Jornal de Notícias, mas não me importava nada de repetir a dose.
E valeu a pena. Foi giro, giro, giro! Eu adoro o toque afrancesado e de anos 20 que eles têm - principalmente nas músicas em que a Nena participa (a minha nova pancada é a "Showbizz", cantada por ela, mas também já tinha uma paixão assolapada pela "Nos desenhos animados (nunca acaba mal)"). Para além disso, gosto imenso de sentir a música a ser formada mesmo em frente a mim, de uma forma muito crua e pura - e ontem tive tanto disso! Começaram à capella, depois juntou-se-lhes a banda habitual, depois um quarteto de cordas, mais o trio de sopros também habitual e, lá para o meio do espectáculo, subiu mais uma cortina e apareceu uma banda inteirinha, cheia de sopros! Maravilhoso!
No mítico momento do "Anda comigo ver os aviões" o clube de fãs da banda preparou uma surpresa: em todos os lugares do coliseu havia um bilhetinho e um avião de papel, para que, quando a música começasse a tocar, a audiência atirasse o seu aviãozinho. O efeito foi para lá de giro (claro, não tinham cores como as pulseirinhas no concerto dos coldplay, mas não se pode pedir tudo) e eles pareceram adorar e ficar genuinamente surpreendidos.
Houve muitos momentos alegres, de salto e cantoria, mas tantos outros mais sóbrios, lindos de morrer, só mesmo com a música - purinha - em barulho de fundo. Muito especial. Mas o melhor momento de todos foi o final: a banda sai, tudo a pensar que o concerto tinha acabado, e entra a tal banda que tinha falado acima pelo meio da sala, passando entre a audiência em direcção ao palco. Todos com os seus chapéuzinhos à polícia e a cantar uma música de inspiração circense para, depois, entrarem também Os Azeitonas para tocar o "Circo Zen". Quando acabaram, fizeram o trajeto contrário, já com todo o pessoal que fez parte do espectáculo: saíram do palco, passaram pelo meio do público, saíram da sala e foram para rua. E continuaram a tocar pela Rua Passos Manuel abaixo, qual arraial! Não havia cá carros, sinais de trânsito ou polícia: eram milhares de pessoas no meio da rua, a acompanhar a banda pela baixa abaixo, parando só no Rivoli. Foi só uma das coisinhas mais espectaculares que assisti nos últimos tempos, completamente inesperado mas perfeitamente delicioso. No fim, depois de eles agradecerem mais uma vez através de um megafone e de convidarem quem quisesse para ir sair com eles, abriram caminho pelo meio da multidão e foram embora, em direcção ao coliseu: por mera sorte, o trilho que abriram foi mesmo, mesmo à minha frente, pelo que os vi passar, um por mim, mesmo junto a mim (e ainda consegui filmar um bocadito).
Foi muito, muito giro. Para todos os alfacinhas (e eu sei que tenho leitores de lá) que ainda não têm bilhete: apressem-se, porque vão perder um grande espectáculo, dia 15, de uma das bandas mais promissoras do nosso país. Só resta perguntar: "O quê que estão a fazer, pá???" Vão mazé' a correr comprar um bilhete!
O avião e o bilhete:
![]()
"Anda comigo ver os aviões":
![]()
(a parte inicial, com os aviõezinhos a voar)
"Circo Zen":
![]()
Passos Manuel abaixo:
![]()