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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

08
Dez16

Quando vira o prego

Acho 2016 foi o melhor ano da minha curta vida. Foi porque aconteceram-me coisas boas, porque tive umas férias absolutamente espetaculares, porque saí da faculdade, concluí a licenciatura e comecei a trabalhar numa área que me apaixona. Mas, acima de tudo, porque mudei o meu chip; porque decidi que queria ser feliz. Isto pode parecer parvo, mas é a realidade: eu nasci com o chip errado, o meu estado de espírito natural era - é - estar triste. E é óbvio que isto não se faz de um dia para o outro, qual ficha que se liga e desliga quando bem se quer: funciona mais como um dual sim, em que um dos cartões nunca sai - o original. Temos é a oportunidade de acrescentar um cartão extra, quando estivermos preparados e dispostos a tal.

O nosso material de fundo permanece sempre o mesmo, podemos é acrescentar-lhes uns bónus que tornem toda a "embalagem" melhor. E eu este ano quis fazer isso: atirei-me para fora da minha zona de conforto, fiz coisas incríveis e livrei-me de outras que nunca me fizeram bem. Isto ajudou a construir o meu novo chip, que consiste num trabalho diário que, creio, vai durar para o resto da minha vida. Não há qualquer tipo de dúvidas que é algo que vale a pena mas também é óbvio que o facto das coisas me terem corrido bem também ajuda a um estado de espírito positivo. No meio destes vários meses em que andei nas nuvens, às vezes parava para pensar e perguntava-me: "e quando o prego virar, como vai ser?". Tinha medo de não conseguir enfrentar as coisas com o positivismo e esperança necessários para continuar neste caminho que tem sido tão bom para mim mas que constitui sempre uma luta.

E chegou o dia. O prego virou. Não todo, não drasticamente, não por causas fortíssimas que me atirem ao fundo do poço (como costumo dizer). Mas que o ângulo que ele tinha mudou, disso não há dúvidas. Esta semana, pela primeira vez desde que estagiei, não me apetecia ir trabalhar; não me apetece tratar das compras de Natal e nem me lembro que o ginásio existe, porque só quero aqueles minutos extra durante a manhã, enrolada no quente da minha cama, que parece ser das poucas coisas que me aquecem a alma nestes dias frios, tanto lá fora como cá dentro. A maioria das coisas desta vida não matam, mas moem.

Tenho sido a pessoa que quero ser em vários dos papéis da minha vida: como trabalhadora, como filha, como mulher. Noutros sei que sou um fracasso (como amiga, por exemplo). Mas nem sempre é fácil manter a simpatia constante, a educação exemplar, o sorriso na cara - principalmente quando vemos os nossos sofrer, quando o trabalho não corre assim tão bem ou a nossa própria alma dói. 

É nestes dias que custa mais pensar que o meu sistema é dual sim. Que há um chip que nunca vou conseguir desencaixar mas que, felizmente, há um outro que eu sei criar e que torna a minha vida muito mais fácil e feliz. Há dias em que parece que o perco, outros onde sinto que nunca o cheguei a construir. E esses são os dias mais difíceis. Vale-me a memória dos dias bons, do meu ano fantástico e exemplar para me relembrar que é possível. 

Vou varrer o pó debaixo da alma e encontrar o maldito chip que andará lá perdido. Já é sabido que ninguém gosta de limpezas, mas nenhum dia é bom para se desperdiçar. E eu tenho um feriado pela frente para desfrutar.

19
Out16

Hoje escrevo

Em 2011 deu-me na real gana que queria escrever. Foi uma coisa um bocadinho inesperada, porque toda a minha vida tinha dito que queria ir para áreas ligadas às ciências e aos números; até ali, sempre tinha gozado com os "letrinhas" e menosprezado um pouco o trabalho deles, nunca pensando que aquilo que dizia me iria um dia pesar na consciência. 

E depois, ao que pareceu ser (aos olhos dos outros) uma coisa que mudou do dia para a noite, decidi que não queria nada do que tinha apregoado até ali e que o que queria da vida era mesmo escrever. Claro que, para mim, essa mudança foi mais gradual, ainda que de facto repentina - relaciono-a com um período pior da minha vida, em que me fui abaixo e não estava a conseguir lidar com vários fracassos sucessivos, nomeadamente ao nível das matemáticas. Na altura ninguém me apoiou nesta mudança - em grande parte porque essa relação fracasso/desistência estava muito explícita e, aos olhos dos outros, eu estava a desistir à mínima dificuldade. E eu não posso negar que  essas dificuldades também impulsionaram a mudança - mas hoje percebo que eu estava com uma sede enorme de mudar, o que só ficou provado no ano seguinte, naquele que foi o melhor ano que tive na escola secundária.

Nessa altura coloquei o jornalismo em cima da mesa porque era uma alternativa que me permitia escrever sobre os mais variados assuntos, inclusive as ciências, fazendo com que eu não perdesse essa ligação aos números que eu sempre apreciei. Mas cedo me apercebi que o jornalismo não era para mim e que "escrever" e "jornalismo", ainda que sejam coisas indissociáveis, estão longe de ser a mesma coisa e de satisfazer alguém que gosta mesmo de escrevinhar.

Por ter percebido isso e por, ainda mais para a frente, ter visto que o contacto humano era extremamente necessário, pensei muitas vezes em desistir. No primeiro ano, era algo diário - todos os dias eram bons para dizer "chega". Por alguma força de vontade divina, decidi ficar no mesmo curso e traçar o meu caminho. Defini objetivos, fiz-me perceber que um curso era só mais uma valência e que não perdia nada em saber mais numa determinada área, mesmo que alguns dos trabalhos e atividades me fizessem doer o âmago de cada vez que as fazia. 

E, não sei como, a vida acabou por se arranjar e dar as voltas do costume. Primeiro queria números e fui para letras. Depois a ideia passou levemente pelo jornalismo e fui para a assessoria, fugindo a sete pés dos jornais. A seguir estagiei em assessoria e ofereceram-me um trabalho em jornalismo. Como se isto já não bastasse, tudo acabou por se compor na grande área da minha vida, onde cresci e pela qual nutro uma paixão profunda - de forma a estar a desenhar o meu futuro nesta área -, que é a têxtil e a moda. Algo que no início não fazia sentido e que me causou, muitas vezes, imenso sofrimento, acabou por ser um complô incrível, uma surpresa e uma autêntica prenda da vida.

Porque a vida é um conjunto de escolhas. Das mais pequenas ("o que vou comer ao jantar?" ou "que sapatos calço?) até às gigantes ("caso-me?", "despeço-me?"), todos os dias a fazemos - e eu acho que, muitas vezes, mesmo as pequeninas decisões que tomamos têm repercussões no nosso futuro, quase como o efeito borboleta. Uma coisa é certa: a vida acontece-nos. A partir do momento em que estamos vivos, estamos à mercê do que nos aparecerá à frente. Coisas más e coisas boas, no fim o que interessa é o que fazemos com elas - ou, por outras palavras, as decisões que tomamos e a forma como nos mantemos firmes perante elas. A resiliência, a luta, a paciência e aquela pitada de sorte fazem a diferença.

Em 2011 decidi que queria escrever. E hoje escrevo - e que bom pensar que isto é só o início. [Caraças, os sonhos realizam-se mesmo!]

 

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 (hoje saiu o meu primeiro texto assinado em algo sério, oficial e com uma tiragem minimamente significativa. estou feliz.)

 

29
Set16

Carolina, hoje é dia de seres feliz

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Isto pode parecer piroso, estúpido e terrível mas esta é a imagem que tenho como pano de fundo do meu telemóvel. Quando acordo e pego no telemóvel em busca das primeiras novidades do dia, esta é a primeira coisa que vejo. Quando pego no telemóvel para me distrair ou desviar as atenções no meio de uma situação que me deixa desconfortável, isto é o que vejo. Quando me esqueço que tenho relógio e clico no botão do telemóvel, mais por vício do que por necessidade, esta imagem que me aparece à frente. E quando me deito e pego no telemóvel uma última vez para ligar o despertador para o dia seguinte, esta também é a imagem que vejo.

E vocês dizem: "oh, passado dois dias já nem lês o que aí está". Não é verdade. Posso nem ler, mas como gosto da imagem e olho para ela todos os dias, a missão fica logo cumprida - e há uma campainha no meu subconsciente que se acende e que sabe a importância por detrás desta mensagem.

Pode soar a cliché, mas isto é mesmo muito importante para mim. Entrei agora numa fase nova da minha vida e por muito bem que as coisas corram há sempre embates fortes que tendem a derrubar-nos. Há dias piores, em que tudo nos irrita - e a culpa tanto pode ser nossa como do outro que trabalha connosco, mas a impertinência e o mau estar estão lá. Para mim, o maior desafio de todos os dias de trabalho é pôr-me fora da minha zona de conforto: fazer telefonemas, falar com pessoas, estar com pessoas, almoçar com pessoas. É uma overdose de pessoas para alguém que nunca gostou de (lidar com) pessoas, e não é fácil enfrentar o mesmo "bicho" todos os dias. O truque tem sido pensar dia-a-dia, hora a hora. Por cada chamada que tenho de fazer ou pessoa com quem tenho de falar, faço uma série de coisas que gosto - e isso compensa-me tudo o resto.

Quando o saco enche, a coragem se vai e a noite não foi tão bem dormida, eventualmente as coisas rebentam. E eu deixo que elas rebentem, mas não sem antes processar bem a informação e estabelecer um limite de segurança. Preciso de chorar durante 10 minutos? Choro durante 10 minutos. Mas depois vou à minha vida, fazer uma das milhentas coisas que gosto. Isto, no fundo, tem uma comparação simples. Há uma escolha a fazer nestes momentos cruciais e meio depressivos: enquanto os estamos a viver, ouvimos músicas tristes ou alegres? Eu era a pessoa que ouvia músicas tristes e chorava cada vez mais - chegava ao fim com a cara irreconhecível e a já não saber porque razão chorava; hoje tento ser a que põem música alegre e tenta cantar, mesmo que aquele nó da garganta ainda não tenha desaparecido. E penso que isto explica tudo.

Isto pode parecer conversa de chacha, mas eu contextualizo. Admito, sem muitos pudores, que ainda não tinha 18 anos e já andava a tomar anti-depressivos. Tomei-os durante uns meses, até me senti melhor, e depois parei, porque achei que aquela leveza que sentia não era verdadeira nem conquistada por mim mas devido aos químicos que estava a tomar. Passada essa fase turbulenta, tentei mudar e ficar feliz pelos meus próprios meios. Tenho vindo a conseguir, com fases melhores e piores pelo caminho - há acontecimentos na vida de cada um de nós que são suficientemente arrebatadores para destruir este tipo de "construções de nós próprios", mas penso que estou incomparavelmente melhor do que estava há alguns anos.

Mas preciso de me lembrar, todos os santos dias, que há uma alternativa à pessoa que eu sou naturalmente. É uma coisa de ADN, que me é intrínseca - eu tenho tendência a ser depressiva e não me posso deixar enterrar em ciclos viciosos onde depois não vejo saída. Aprendo todos os dias a contrariar-me e faço um esforço muito grande (e consciente) nesse sentido.

Por isso, sim, hoje é dia de eu ser feliz. Hoje, amanhã e todos os dias da minha vida - mesmo aqueles em que não sou e não vou ser, porque há momentos que ultrapassam a nossa vontade e força. Mas nos dias em que eu puder tentar - que felizmente são a maioria - é essa a minha missão. Perdoem-me, por isso, a imagem pirosa na foto de capa do telemóvel, ok? É só um lembrete para a vida.

12
Set16

We'll always have pão com chouriço (e ovos moles)

Acabou ontem a última feira medieval aqui das proximidades e, com ela, os pães com chouriço de 2016. Foi óptimo enquanto durou, enchi o bucho muito mais do que devia, mas está na altura de dizer adeus. Estou desde o Senhor de Matosinhos (ou seja, inícios de Junho) a enfardar esta iguaria tão portuguesa - passei pelas romarias e feiras todas, parei sempre nas barracas de pão artesanal e tirei a barriga de misérias. Uns souberam-me pela vida e outros nem tanto, mas de arrependimentos não se faz esta vida e não há nada tão bom como um palato feliz e uma barriguinha cheia.

Mas bom, posto isto, é altura de entrar nos eixos. Ontem foi a minha data limite de gordices-ilimitadas-sem-peso-na-consciência-e-definitivamente-mais-peso-na-balança. Terminei em bom, numa visita relâmpago a Aveiro onde comi um sushi da melhor espécie e terminei com um gelado de ovos moles que era só assim de bradar aos céus. 

Agora, com o novo trabalho, quero criar rotinas e voltar a uma vida minimamente equilibrada. Não é que seja fácil, porque já percebi que, para o bem e para o mal, o meu trabalho não tem horários rígidos - tanto posso passar uma manhã em casa como um dia inteiro no escritório (e por "dia" pode entender-se sábado ou domingo). É algo que gosto, mas que obriga a uma responsabilidade e organização acrescida, não facilitando a vida a quem gosta de rotinas, como é o meu caso. Ainda assim, quero voltar para o ginásio, quero os meus quinze minutinhos para o pequeno-almoço, quero comer em casa sempre que possível, quero as minhas séries depois do jantar e um livro e um chá ao fim-de-semana. Posso não conseguir tudo, mas vou ao menos tentar.

O ginásio é parte integrante e essencial em tudo isto, não só porque esta história das "gordices ilimitadas" é óptima para o palato mas péssima para a auto-estima, mas também porque preciso de um escape do trabalho e de um momento só meu, livre de agendas, sites, notícias, telemóveis e emails sempre a piscar. Este ano estou outra vez com a mesma dúvida: mudo de ginásio, para um mais perto de minha casa ou do trabalho, ou fico onde estou, que me fica longe de tudo mas que tem um professor que adoro de coração? Sinto que o facto de ser longe me está a prejudicar e já ando há demasiados anos a adiar a resolução de ser fiel ao ginásio (e com isso um relacionamento estável com o meu corpo e a minha auto-estima).

Enfim, até tomar uma decisão definitiva vou andando e habituando-me a esta nova vida, que ainda há muita coisa para afinar. Quanto ao pão com chouriço, para o ano há mais. Para já, e com imensaaaaa pena minha, vou ter de acabar com aquela caixa de ovos moles. Prometo ser rápida que é para começar isto da vida saudável rapidinho, ok?

 

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05
Set16

Tenho em mim todos os sonhos do mundo

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Comecei hoje uma nova fase da minha vida. Depois do verão incrível que tive, sentia-me mais que preparada. Fiz tudo o que queria, que me apeteceu, que desejei; mais do que alguma vez sonhei. Estou pronta para mais uns meses de rotina: quero voltar ao ginásio, ver as minhas séries antes de deitar, organizar a agenda no domingo à noite, ir ao cinema de vez em quando, comprar as prendas de natal, ler livros com a manta pela pernas. Nunca me tinha acontecido tal, mas sinto que vivi tanto e tão bem estes últimos meses da minha vida que estou pronta para os guardar nas minhas memórias favoritas e esperar pelo futuro, de forma a arquivar mais e mais. Não deixei "se's" para trás e essa é a melhor sensação do mundo.

Hoje foi o meu primeiro dia de trabalho - e acho que, como todos os primeiros dias de trabalho, não foi fácil. Percebi que, pelo menos nesta primeira fase, vou ter de fazer coisas que não gosto particularmente e fui logo posta à prova em situações fora da minha zona de conforto. Sei que, agora, não vão ser só precisos 20 segundos de coragem, como quando me atirei do slide abaixo. Aqui vão ser minutos de coragem, horas de coragem, dias de coragem. Vai ser fazer arvorismo sem linha de vida, correr com uma venda nos olhos, fazer escalada só com as mãos. Vai custar, porque ganhar calo custa. 

Mas eu quis isto. Quero isto. Tenho em mim todos os sonhos do mundo e sinto que o início é aqui. Posso fazer esta caminhada às escuras, mas sei que a luz vai aparecendo com a experiência e que todos os passos que vou dando me vão ensinar a caminhar direito e me serão úteis para o futuro. Tenho planos para mim, objetivos à séria - nunca fui de pensar em pequeno. E quero cumprir, quero ter, quero ser o que quiser. Tenho há vários anos uma linha mental definida para mim, aberta para aquilo que a vida me quiser oferecer e forte o suficiente para os trambolhões que possa vir a dar - mas é a ela que me agarro: nos dias felizes para seguir em frente e nos dias mais difíceis para me segurar e olhar bem para o caminho [hoje, por exemplo, dói-me a alma mas vejo a linha bem nítida à minha frente]. E nesse caminho, de todas as vezes que cair, que chorar e pensar em desistir, só me quero lembrar do quão fui feliz nestes dias e em toda a esperança que tenho em mim, porque essa é a única chave que tenho para não entrar em estados que já entrei no passado e de onde nem sempre é fácil sair.

Hoje deram-me as chaves do meu novo escritório, mas é como se me tivessem dado as chaves para o resto da minha vida. Pode doer, custar, estranhar. Mas eu sei que é por aqui. E, dos mil e um planos que tenho para mim, ser [estar, continuar] feliz é o meu maior objetivo de todos. Provei essa coisa da felicidade e agora não quero outra coisa.

01
Fev16

Offline is the new luxury

Ando desligada, é a verdade. Tenho mensagens no telemóvel por responder, emails por ver e enviar, conversas no facebook inacabadas, muitos posts por escrever. Por um lado, tenho noção que isto só aumenta o isolamento que sempre senti e de que me auto-critico; mas, por outro, ando tão cansada de tudo, que o que me apetece é desligar a ficha e deixar ficar. Porque só nos últimos meses é que percebi a quantidade de cansaço que toda esta tecnologia que nos envolve me provoca.

Tudo começou em Março ou Abril do ano passado, altura de preparações do Fora da Caixa. Nunca fui tão concorrida na vida e até já tinha vergonha de cada vez que o telemóvel tocava e as pessoas ficavam a olhar para mim. Eram mensagens, telefonemas, emails, whatapps, mensagens no slack (uma aplicação para trabalhar em equipa, vale a pena), conversas no facebook. Não tinha descanso para almoço, jantar ou dormir - o telemóvel tocava. Tocava sempre, até as pessoas me arregalarem os olhos e eu clicar no botão desligar ou o ir pôr a uns metros de distância. Foram dois meses intensos, muito cansativos, mas que passaram - e, com toda a avalanche que aconteceu naquele período de tempo, não tive tempo para analisar o que me estava a deixar arrasada, física e psicologicamente, até porque haviam mais vinte e sete mil coisas para pensar e tratar.

Só agora, neste semestre, é que percebi a mossa que isto estava a criar em mim. Já é um clássico criar grupos no facebook para cada grupo de trabalho da faculdade que se tem; a isso, vêm aliadas também as conversas de grupo. É por essas duas vias que colocamos as nossas partes dos trabalhos, dúvidas, troca de ideias e galhardetes - e as notificações vão caindo, a luz do telemóvel acende-se, o "ping" e a vibração fazem-se ouvir. Isto a juntar àquilo que originalmente já tínhamos: os telefonemas, as mensagens, o resto do facebook, o whatapp e outras coisas que tais. No fundo, não temos descanso - e foi aí que comecei o meu blackout. Ia vendo, mas pouco ia respondendo - estava exausta, farta até às pontas do cabelo de tanta vibração, de tanto "ping", de tanta dependência. Comecei por pôr o telemóvel em silêncio (só vibrava, o que também já me tirava do sério), depois tirei as notificações do facebook e, por fim, acabei por descobrir o botão de "descanso" do iPhone, que me tira todos os sons, vibrações e luz do telemóvel. Escusado será dizer que o utilizava bem mais do que nas alturas em que "descansava" e que aproveitava, melhor que nunca, aquele silêncio quase ensurdecedor que a falta do telemóvel me provocava.

Foi nesse "modo" que passei praticamente toda a recuperação da cirurgia, porque estava farta de acordar às custas da vibração de uma mensagem de uma conversa de grupo no facebook que nem sequer era para mim. Clicava no botãozinho milagroso, dormia e, quando acordava e me apetecia, tratava dos assuntos que apareciam nas notificações do ecrã: respondia às mensagens, devolvia chamadas, falava nos grupos caso fosse caso disso. Ainda assim, dizer que andei parca em palavras, é ser simpático.

Apesar dessa fase pior já ter passado, ainda não voltei à normalidade - e, sinceramente, não quero. Pretendo responder a tudo o que tenho pendente, voltar ao normal com algumas conversas e pessoas, mas, no que diz respeito a tudo o resto, vou pôr um travão. Isto de estar disponível durante vinte e quatro horas por dia é mau. Mesmo mau. Para além de criar dependência (da qual, neste momento, me sinto mais livre), aumenta o stress de forma exponencial. Nunca podemos estar sozinhos connosco próprios - já quase que nem o sabemos fazer. Nunca podemos deixar o telemóvel em casa sem entrar em pânico. Nunca podemos ter paz.

2016 vai ser, por grande vontade minha, um ano em que vou tentar equilibrar as coisas neste sentido. Não vou deixar coisas sem resposta (como tem acontecido), mas também não esperem que ande sempre com o telemóvel na mão. Está na altura de viver (também) fora dos ecrãs, para bem da minha sanidade mental. 

 

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30
Dez15

A primeira percepção de 2015 & a realidade

Se não pensar muito, acabo este ano com a perceção de que correu mal; na minha mente assombram-me momentos maus, de dor, de preocupação e cansaço profundo. Acho que, como nas casas, há algumas fases na vida de algumas famílias em que parece que tudo avaria; a diferença é que, no caso das casas, podemos mudar-nos ou resolver os problemas com relativa facilidade - o mesmo não acontece com a vida das pessoas. E eu sinto que, um bocadinho por toda a parte, os problemas se disseminaram. E, claro, como as nossas dores são as piores, a memória mais fresca que tenho deste ano foi da minha lancetação e destes últimos dias sem me conseguir sentar - e tudo o que me consigo lembrar sobre o ano que aí vem é que vou ser operada, o que já me estraga todos os prognósticos que possa fazer. Estar a morrer de medo do que aí vem é pouco.

Mas a verdade é que isto é a prova dura e crua de que a memória é extremamente seletiva - e se, a longo prazo, tendemos a lembrar-nos das coisas positivas (eu, pelo menos, sou assim), a curto prazo só nos lembramos de tudo o que de mau aconteceu. E talvez por isso - por as coisas más terem acontecido mais no fim do ano - a minha percepção deste ano que está mesmo a acabar seja muito negativa. Mas a verdade é que não foi.

Enquanto elaborei a lista de coisas que fiz em 2015 percebi que foi um grande ano - pelo menos a primeira metade! Nunca fui a tantos concertos na vida, nunca li tantos livros! Viajei, fui três vezes ao meu paraíso de descanso (o meu Algarve), a minha família aumentou e tive o meu irmão e sobrinhos imenso tempo aqui comigo. E tive experiências super, super, super enriquecedoras! Não vou esquecer o silêncio mágico do rio enquanto andava no caiaque nem nunca mais vou esquecer a loucura que foram os meses de preparação para o Fora da Caixa - esse que foi, sem sombra de dúvidas, o acontecimento mais marcante deste 2015 (acho que todos foram capazes de perceber isso).

O ano não acabou da melhor forma, mas sei que tenho o dever de puxar pela memória e não me deixar levar pelos seus truques manhosos; tenho de me lembrar de tudo de bom que aconteceu e, acima de tudo, agradecer. Pela sorte de ter o que tenho, de poder ter vivido o que vivi e pelas pessoas que me rodeiam (que, embora não sejam muitas, são das boas). Portanto, se me permitem, quero reformular: com excepção de uns meses finais e uns episódios mais duros, este ano foi um ano feliz - incrivelmente feliz.

 

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Quanto a 2016... que seja tão bom ou, se possível, melhor! E, claro, com muitos (e bons) posts à mistura! 

Vemo-nos para o ano, sim? Boas entradas!

10
Nov15

As necessidades que a sociedade cria em nós

Há quem diga que nunca se pode sentir falta daquilo que nunca se teve, mas eu não concordo. Isto porque basta conhecer quem tenha algo, que passamos a ter um conhecimento - ainda que não intrínseco - sobre os efeitos que esse "objeto" tem (ou poderia ter) em nós, ao refletirmos os efeitos que teve nos outros.

Eu acho que, por exemplo, quem perdeu os pais cedo e foi viver para uma instituição - nunca sabendo o que são "pais" na verdadeira acepção da palavra, embora possa ter tido a mesma quantidade de afeto ao longo da vida - vai sentir, em algum ponto, falta dos pais que não teve. O mesmo se aplica aos filhos únicos - acho muito difícil que, mesmo que seja num ou dois momentos da vida, não tenham sentido falta da companhia e apoio que um irmão lhes podia ter dado. Quem fala em irmãos e pais também pode falar em avós, uma situação até mais recorrente: há muita gente que nunca chegou a conhecer os avós mas, por saber - de palavra - como eles eram, as suas características, sente falta de os ter conhecido. E isto tudo porque toda a gente conhece alguém com uns pais fantásticos, uns irmãos do melhor que há e uns avós super queridos - e a necessidade de ter igual, de ter algo superior, algo melhor do que nós tivemos, cria-se. Mas este raciocínio não se aplica só a pessoas: também de objetos e coisas materiais podemos estar a falar aqui. Ninguém pode dizer que as pessoas pobres não sentem falta de dinheiro, porque a menos que vivam numa redoma e não conheçam a realidade envolvente, vão querer ter mais, ter melhor - faz parte da condição humana, em todas as suas facetas, querer ter aquilo que não tem, alcançar aquilo que está mais além, ir até ao topo da pirâmide.

O que eu quero dizer com este parágrafo enorme é que as nossas necessidades já não são só as básicas e não somos só nós que as criamos - elas são criadas pela sociedade. Estar-se de bem com a vida que se tem quase que já não é bem aceite: tem de se querer sempre mais, mesmo que não sintamos falta de ir mais além - pelo menos naquela altura da vida. E isso, confesso, causa-me estranheza. 

É sabido - não o escondo - que uma das coisas que mais me afunda para os meus habituais ciclos "meio-depressivos" é a solidão. Não importa quanta gente esteja à minha volta (ou se calhar importa, mas no sentido inversamente proporcional), que a probabilidade de eu me sentir sozinha é enorme. É algo com que eu acho que nasci e que, desconfio, não me vai passar nunca. Escrevi um dia que "nasci para estar sozinha" e muita gente não percebeu e tantas outras pessoas interpretaram-no erradamente: o que queria dizer é que está enraizado em mim. Mas, claro, como é algo negativo, eu própria estou sempre a tentar mudar isso, assim como quem me rodeia - e uma das soluções "mais à mão", arranjada por pessoas que normalmente mal me conhecem (e que não sabem o quanto isso me irrita) é arranjar um namorado.

E, para mim, "arranjar um namorado" é mais uma das necessidades criadas pela sociedade. É óbvio que é uma coisa natural da vida - o que estou a dizer é que, hoje em dia, há quase um regulamento invisível que dita que "pessoas normais até aos vinte anos devem conter no seu currículo x namorados; caso contrário, são autênticas aberrações e devem sentir-se mal consigo próprias, excluídas da sociedade, sentirem-se mergulhadas numa solidão profunda e devem ser aconselhadas a mudar de rumo de forma mais célere possível; caso a situação não se altere passado cinco anos, devem ser enviadas para o psiquiatra mais próximo". Porque eu, honestamente, não preciso de um namorado - não preciso porque nunca encontrei alguém de quem precise. Porque nunca encontrei alguém de quem gostasse o suficiente e que dissesse para mim mesma "esta pessoa vai acrescentar algo positivo à minha vida, vai-me fazer mais feliz do que estou agora" - ou seja, essa necessidade nunca foi genuinamente criada em mim. As razões acima são aquelas porque eu acho que se deve ter um namorado - e pela qual, um dia, vou ter um. Quando aparecer, quando for tempo, quando tiver sorte, quando o conhecer.

Mas a sociedade não concorda e eu chego a um ponto em que sinto falta de ter um namorado - mesmo nunca tendo tido um e, vejam lá, não querendo ter um! Isto porque há toda uma ideia pré-feita, passada de boca em boca, de que ter alguém ao nosso lado nos faz mais feliz. E, claro, que é a receita perfeita para alguém como eu, que se sente cronicamente sozinha. É uma ideia com mais falhas do que argumentos e raciocínio lógico mas que, por cansaço, acabo por ceder. Há dias - os mais frágeis - em que penso, em bom português "Foda-se, se a solução para este nó na garganta é um namorado, mais vale avançar com isto rápido e de uma vez por todas", mesmo sabendo que é tudo, TUDO, mentira. Porque, lá está, são as necessidades que a sociedade nos cria, mesmo nós não precisando delas. E que prova de que podemos sentir falta de coisas que nunca tivemos (às vezes nem que seja para dizer "já tive e não deu resultado!!!") e - o mais engraçado disto tudo - que nem sequer queremos ter. 

17
Set15

Orgulhosa de mim

Há uns dias falava com uma amiga no facebook enquanto víamos - cada uma em sua casa - o Twilight a dar no canal de Hollywood. Entramos nas deprimências e nas saudades do costume - porque, meu deus, passaram sete anos desde que aquilo foi para o ar! - e eu, lá pelo meio, disse que as coisas, vistas de forma crua, não tinham mudado assim tanto. Ela, com alguma razão, discordou.

Podia falar dos poucos pontos que discutimos sobre as diferenças e semelhanças que separam o meu-eu de há sete anos do de agora, mas hoje venho apontar e auto-congratular-me por uma mudança gigante que fiz na minha vida (e que, curiosamente, não discuti na altura): passei de total sedentária para uma pessoa muito mais saudável, que faz exercício com regularidade e que tem uma alimentação muito mais equilibrada e saudável. Isso pode parecer típico, moda, corriqueiro, mas para mim era uma mudança quase tão improvável como mudar do Porto para o Benfica. E eu consegui. 

No último semestre alcancei um equilíbrio espetacular - li e aprendi (mais) algumas coisas sobre alimentação, mudei de hábitos e continuei no ginásio. Emagreci pelo meio, algo que queria muito, e sentia-me tão bem como não me lembro de sentir - um clima de bem-estar físico e psíquico e de aceitação do meu corpo que era, até ali, impensável. As férias arruinaram-me um bocadinho esta rotina, o facto de agora ter pão fresco todas as manhãs também não está a ajudar (pão com manteiga, pela fresca, acompanhado de uma meia de leite é coisa para me fazer chorar de felicidade) e ter estado praticamente três meses sem pôr os pés no ginásio também não foi positivo - e o corpo ressentiu-se.

Ainda assim, fiz questão de voltar no dia 1 de Setembro. O plano, para já, é continuar com a zumba, continuar a tentar no step e apostar à grande no pilates (o que fica para outra conversa). Mas os primeiros tempos são sempre complicados, a juntar a estes dias iniciais de aulas, em que ficamos cansados com muito mais facilidade por ainda não estarmos com o ritmo no corpo. O pessoal do Porto pode comprova-lo: na terça-feira estava um temporal incrível, passamos um dia inteiro sob chuva torrencial, sem um minutinho para respirar e um vento um tanto agreste; o meu dia foi passado no meu sofá, a acabar de ler um livro e com roupa caseira e sem planos para sequer pôr o nariz fora da janela - mas havia aula de zumba e, contra todos os meus instintos básicos, vesti o fato de treino, meti-me no smart (o que representa uma aventura, quando está de chuva) e lá fui eu. Rebentei de orgulho só por isso. 

Entretanto ontem, depois de uma tarde de aulas, cheguei a casa cansada e enrosquei-me no sofá com pinta de quem estava ali para ficar e tirar uma sesta pelo meio. Estava disposta a deixar a aula de pilates para outra altura - como ainda nem sequer estou habituada, é algo que me puxa pouquíssimo. O corpo já estava relaxado, os olhos já quase fechavam e o tic-tac aproximava-se perigosamente da hora da aula. E, não sei como - e do nada - levantei o rabo do sofá (senti que uma grua me puxava, se tão derretida que já estava), vesti-me num ápice e lá fui eu esgazeada - e, como se isso já não tivesse sido um desafio e consequente vitória suficientes, tornei a levar com outra tromba de água em cima.

Hoje estou toda partida - quem acha que pilates é para meninos não sabe do que fala - mas extremamente feliz e orgulhosa de mim. Há imensas coisas que, desde há seis ou sete anos atrás, continuam iguais, mas felizmente esta não é uma delas. É caso para dizer que há quase-milagres.

 

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01
Fev15

As substituições da vida

Não sou religiosa, a não ser quando me convém. Não acredito em nada de específico, a não ser em coincidências.

No dia 28 de Janeiro fez precisamente um mês de que a minha avó morreu. Passou num abrir e piscar de olhos, como quem não quer a coisa, em dias de estudo ideais para quem quer esquecer coisas tristes. Os exames são péssimos, mas têm essa coisa boa: distraem-nos, dão-nos um objetivo. Assim foi até à passada sexta-feira, quando os exames acabaram - e aí lembrei-me, de tudo e mais alguma coisa. Já me lembrava da minha avó todas as noites, quando fechava os olhos e ela passava da minha memória para os meus olhos. Agora, sem exames, lembro-me muito mais, e tenho saudades. E alguns remorços. E lembro-me de coisas, pormenores escondidos lá atrás na memória.

Por outro lado...

No dia 28 de Janeiro nasceu o meu sobrinho mais novo. O primeiro que me nasce quando tenho de facto alguma idade de ser tia, quando já sou maior de idade e um bocadinho mais de consciência daquilo que é ser tia de alguém. Quando o fui pela primeira vez, tinha apenas 10 anos. Agora, 9 anos depois (quase 10, como raio é que é possível?), vejo tudo de forma diferente. E gosto mais de bebés do que antes - e sinto-me mais confortável em pegar-lhes, vesti-los, vira-los, mima-los como gosto tanto de fazer.

O mesmo dia: apenas um mês separa a morte e a vida. Começo a acreditar que, de alguma forma, as pessoas se substituem. Todos sabemos que uns vão e outros vêm, mas se calhar a vida encarrega-se de nos dar e tirar de forma mais ao menos equitativa e justa (nas vezes em que o faz, que há sempre tragédias). Já não é a primeira vez que acontece, e eu sentia que, de alguma forma, a minha avó ia dar o seu lugar no mundo a este pequerrucho. Ou então não, e é apenas mais uma das milhentas coincidências de que a vida é feita. E eu nessas acredito perfeitamente. 

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