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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

04
Jun13

Ainda a questão do toque (isto está a custar)

Eu, de facto, devo escrever com muita determinação, dando muitas vezes a ideia errada das coisas. Isso ou as pessoas interpretam aquilo que escrevo de uma forma extrema. Ou talvez se conjuguem as duas e eu transmita uma ideia errada daquilo que quero passar para o exterior.

O texto que escrevi sobre o facto de não gostar que as pessoas me toquem foi um daqueles que teve mais impacto à minha volta - não sei se por uma questão de espanto ou de gozo, mas subitamente toda a gente sabe, fala e tenta corrigir a forma como interage comigo. E, valha-me deus, não é caso para tanto!

O que eu queria dizer é que não sou uma pessoa de toques, de expressar aquilo que sinto de forma física. Ou seja, eu não dou beijos ou abraços à toa; não passo a minha vida sobre as pessoas, encostada a elas, a fazer-lhes festinhas. E também não gosto que o façam comigo, de forma quase "gratuíta". Mas isso não quer dizer que seja uma maníaca e não toque em ninguém! Eu cumprimento as pessoas, eu abraço-as quando acho que é a altura certa para isso, dou-lhes um beijo quando penso ser oportuno - mas, de facto, é muito menos frequente do que se vê normalmente. Eu não me importo que me toquem para me chamarem, que me abracem quando precisem, que me dêem um beijo quando acharem que eu - por alguma razão - mereço. Só não acho que isso deva ser a toda a hora nem que seja toda a gente a faze-lo. Não quero que a caminho de um abraço e me digam "ah, não, espera, lembrei-me que não gostas que te toquem". Não exagerem.

Tal como todos, tenho sentimentos, preciso de carinho, sou afetiva. Posso não o demonstrar e posso não me sentir confortável quando o fazem em demasia, quando o contacto corporal é demasiado. Mas, normalmente, eu torno esse meu desconforto bem claro - voluntária ou involtuntáriamente. Tudo tem o seu peso e medida. E eu compreendo que possa não ser "normal" neste aspeto, que não me agarre às pessoas como as pessoas "normais" costumam fazer - mas sei que, inconscientemente, as pessoas que me rodeiam já sabem disso. Isso faz parte de nós e, mesmo sem percebermos, aprendemos qual o espaço pessoal dos que nos rodeiam. Não façam disto um bicho de sete cabeças. Posso parecer, but I'm not a freak of nature. Ou talvez só um bocadinho.

02
Jun13

Keep distance

Este ano fiz um amigo alemão que um dia me disse que uma das maiores diferenças que sentia em relação ao seu país de origem é que lá as pessoas se tocavam muito menos. Ou seja, nós aqui tocamo-nos imenso, estamos sempre uns em cima dos outros, com as mãos em cima da perna de alguém, com o joelho a tocar no da outra pessoa, com a mão à volta da anca do outro ou com o braço em cima dos ombros de um amigo. Ou a abraçar,  ou a dar beijos, ou a aproximarmo-nos demasiado.

Enfim, só eu sei como o entendi. Se há coisa que me faz aflição é as pessoas tocarem-me - e isto soa estranho, mas é verdade. Para mim não é natural pegarem-me na mão, agarrarem-me para me cumprimentarem, porem-me o braço à volta dos ombros, deitarem-se mesmo ao meu lado. Nem agarrarem-se a mim para me abraçarem por mais do que o tempo que tenho estipulado como "normal" na minha cabeça ou darem-me beijos sem razão aparente. Deixa-me incomodada e altamente desconfortável, sei lá. Mas sei que as pessoas não fazem por mal.

Sempre que me tocam e eu não vejo quem é, apesar de olhar primeiro, a minha mão já está a meio caminho de uma galheta (só naquela de ser um atrevido qualquer, que é o que penso sempre, apesar de 99,9% das vezes estar errada). É inevitável. Ou então quando se põem a brincar comigo e me tocam, e mexem no cabelo, e se põem a dar pancadinhas nos ombros tentando culpar outra pessoa que, coitada, está atrás de mim - por muito que tente, mesmo que perceba que é a brincar, a minha reacção automática é virar-me para trás com cara de poucos amigos para ver quem é que ousou infringir o meu espaço.

Mas se eu tenho um espaço pessoal de quilómetros, há pessoas que nem o têm - entre amigos, têm frequentemente uma "aproximação corporal" como se fossem namorados, e roçam-se e aproximam-se sem fins sexuais, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Para eles é. Mas para mim, que devo parecer a pessoa mais pudica, estranha e anacrónica do mundo, não é. Já deviam saber que estão no blog de uma pessoa estranha...

30
Abr13

Não se vão embora sem dizer adeus

Odeio quando blogs que eu sigo deixem de ser actualizados de um momento para o outro. Ou que os bloggers desapareçam sem deixar rasto. Ou que apaguem os blogs sem qualquer justificação. Odeio, odeio!

Eu sei que estamos na internet, que ao mesmo tempo que aparecem coisas, desaparecem outras tantas e que é um movimento sem fim. Mas eu acredito que quando seguimos um blog copiosamente, mesmo sendo utilizadores calados e escondidos - sem nunca ter feito um comentário, um like ou coisa do género -, acabamos por fazer parte da casa. Um blog é como um livro, se for bem escrito e actualizado - vivem-se as coisas que o blogger escreve, sofre-se por eles em ocasiões especiais, torce-se para seu bem. Estabelece-se uma relação, mesmo que o autor do blog não o saiba e a maior parte das vezes não o sinta.

São muitos os blogs que seguia e que desapareceram. Muitos mesmo, e eu sei o nome deles, sei o nome dos seus autores e lembro-me deles vezes sem conta - todos desapareceram sem dar sinais, não dando uma justificação ou um aviso (ninguém tem de dar justificações a ninguém, muito menos neste mundo virtual, mas algo como "este blog já não faz sentido, já não consigo escrever, um beijinho e até sempre" caía bem). Muitos deles escritos com pessoas cheias de talento e com imenso amor nas palavras e que, por qualquer razão, abandonaram o seu spot de escrita. E de cada vez que isso acontece, para além de irritada e frustrada por desaparecem sem um "adeus", fico sempre à espera que um dia voltem, que venham ter com os seus antigos vizinhos e seguidores, e nos digam que estão de volta - e isso já aconteceu. São muitas vezes esperas sem fim, infrutíferas, mas que demonstram o amor que se pode ter por estas casas virtuais que mostram tanto daquilo que somos.

Por isso, da próxima vez que se fartarem dos vossos blogs, não se esqueçam de avisar os vossos leitores que é tempo de pausa - deixar os outros pendurados, principalmente os que esperam mais de nós, nunca é coisa boa.

26
Abr13

As primeiras impressões

Há certas primeiras impressões que nós passamos que nos são intrínsecas, que não conseguimos evitar que as pessoas tenham. Eu sei que quando entro pela primeira vez numa turma, "sabem" todos que eu sou certinha, que faço os trabalhos de casa, que os professores gostam de mim; não sabem que não bebo álcool nem fumo, mas calculam; que, ou tenho um namorado de longa data, ou não tenho nenhum; que acho muito melhor do que sou na realidade, que tenho a mania que sou chique e sou super polite. Enfim, tudo coisas que estão ligadas à imagem que transmitimos, consciente e inconscientemente, e que, por mais que queiramos, nunca vamos conseguir mudar.

E depois, no dia em que eu digo "merda" ou "fodasse", rebenta o escândalo: meu deus, a Carolina disse uma asneira! Ou então, quando admitir que me deito para lá da uma da manhã, é o espanto total: epá, a Carolina certinha não se deita às nove e meia da noite! Nem estuda todos os dias! E mostra as pernas, mesmo tendo um pé horrível! E tem decotes maiores do que o suposto! Meu deus, meu deus, meu deus!

Mas pronto, já sei, não se pode fazer nada. E, no fundo, a primeira impressão não está assim tão errada: de uma forma geral, sou mais sossegada que a maioria, oqu e me pode rotular como "chata", "certinha" ou até "betinha" (odeio este em particular, mas é a vida). A verdade é que nem tudo o que vem conjugado com esses conceitos é real - ninguém é 100% rebelde, assim como ninguém é totalmente certinho. Todos temos as nossas variantes e é essa a razão de sermos todos diferentes. Por isso deixem de se espantar se se aperceberem de algo que não corresponde à ideia de que fazem de mim - afinal de contas, a vida é feita de surpresas!

17
Abr13

Tu não lês o meu blog...

Eu tenho plena consciência de quem me lê (se calhar não muita, mas pelo menos alguma...). Para dizer a verdade, acho que mais pessoas do que aquelas que eu julgo lêem o blog - mas as que tenho certeza de que o fazem chegam-me perfeitamente para instaurar um filtro na minha escrita, e por isso prefiro esquecer que este meu cantinho não é só lido por anónimos.

Se eu começo a pensar que este, aquela e aquel'outro me lêem, acabo por nunca escrever nada - ora porque acho que vão levar a mal, ora porque ainda vão achar que aquela indirecta se lhes dirige; ou então porque é de foro demasiado privado e não quero que pessoa x saiba disso; ou então por isto ou por aquilo, haverá sempre uma razão. Se fosse pensar de forma individual, mais valia acabar com esta brincadeira - porque como toda a gente sabe, não se pode agradar a gregos e a troianos. Por isso, acabei por me colocar um "filtro" generalizado de assuntos que não abordo aqui e que dizem respeito a coisas mais minhas, que muito provavelmente só partilho comigo mesma e talvez com as pessoas mais próximas. De resto, deixo fluir, e no fim auto-censuro-me, se achar que estou a partilhar de mais - porque eu acabo por conseguir dizer mais de forma escrita do que verbal: diria mesmo que quem me conhece por aqui, conhece uma parte mais verdadeira de mim do que quem me vê do exterior. Há coisas normais, que um qualquer comum dos seres partilharia com o maior dos à vontades e que eu já acho algo demasiado meu para dizer em voz alta, sentindo-me embraçada, só o conseguindo partilhar por aqui, escrevendo; e se essas coisas simples, para mim, já não são fáceis de postar e são pensadas e repensadas antes de clicar no botão "publicar", outras de foro mais pessoal e privado são barreiras intranpuníveis, embora para outras pessoas sejam assuntos normais e possíveis de ser publicados sem qualquer mal.

A questão da privacidade é sempre uma celeuma - uma pessoa nunca sabe se está a partilhar em exagero. Eu opto por me distanciar da realidade exterior do blog; prefiro pensar que ninguém me lê, que ninguém sabe do que penso ou o que acho, porque sei que só assim continuarei a ser sincera naquilo que aqui digo.

11
Abr13

Queques wannabe

Sigo alguns blogs de moda, não gosto das escolhas da maioria deles, mas acho muito bem que haja uma desmistificação de que só com roupa cara e de alto gabarito se pode andar bem vestida. Acho que as marcas "comuns" têm muito a agradecer aos bloggers que, pagos ou não, lhes fazem publicidade (muitas vezes até indirecta) e fizeram com que as pessoas começassem a olhar para o que vestiam, a adquirir um estilo e, ao fim e ao cabo, a sentirem-se melhor consigo mesmas.

Mas a verdade é que há bloggers e blogs que não dizem a cara com a careta - e se há coisa que eu gosto é coerência. Vejo-as a falar "assim, à tia" (imaginem-me a falar com o nariz tapado), com um estilo todo contemporâneo e "limpo", muito chiques e queques... e depois andam com roupas Zara e H&M. Como disse em cima, não tenho nada contra o facto das pessoas usarem roupa de marcas normais (eu uso algumas, as que gosto, por isso...) - mas as pessoas chiques e queques vão ali à Loja das Meias ou à rua das lojas caras algures por Lisboa, com Prada's, Balenciaga's e coisas que tais.

Não se é chique e queque só por se falar "à tia" - como tudo, engloba mais uma série de coisas que definem essa "elite". Ouvir uma pessoa a falar como se tivesse o nariz tapado, cheia de maneirismos e regras de etiqueta exageradas e depois vê-la a usar peças H&M não combina. São queques wannabe, claramente a quererem fazer parte de um grupo social onde não pertencem (e não digo que não poderão fazer parte no futuro - mas, actualmente, não fazem). Mais respeito tenho pela Lili Caneças, que é um pouco oca mas ao menos mantém-se firme ao que é: fútil, esticada, cheia de tiques, com voz de tia mas com roupinha da Loja das Meias - chique e queque no seu todo.

08
Abr13

Os tipos de pessoas

Há relativamente pouco tempo percebi que há três tipos de pessoas: as que devemos chutar para canto, as que devemos manter bem pertinho (os inimigos, neste caso, não contam - dizem que se deve manter os amigos perto e os inimigos ainda mais, mas o assunto não é bem para aqui chamado) e as que devemos manter apenas por um leve fio condutor, só espesso o suficiente para que a relação não morra ou caia no esquecimento.

Posso estar a fazer uma falsa generalização, mas aquelas pessoas cheias de amigos e muito sociais não são bem aquelas a quem queremos contar os nossos segredos. Normalmente são pessoas giras, com estilo, bem sucedidas na vida e que pretendem manter um certo status - por regra, são óptimas para passar uma bela noitada, uma semana de férias ou ir a uma grande jantarada no restaurante chique da cidade. E para conhecer pessoas que, eventualmente, nos possam interessar - porque o leque de "amigos" que esses indivíduos têm é suficientemente extenso para nos ajudar em quase qualquer situação. É uma realidade egoísta e materialista, mas é a verdade: dá jeito, simplesmente. Para além disso, num dia em que precisemos imenso de companhia, sabemos a quem ligar, à falta de melhor (com antecedência, claro, que são pessoas com uma agenda muito ocupada). Esses são aqueles que não devemos excluir da nossa vida, mas também não é aconselhável incluir no nosso círculo mais próximo - esse fio condutor que falei em cima é essencial em alturas críticas, mas não suficientemente forte para aguentar grande peso emocional.

Aquelas pessoas que devemos "deitar fora" são as mais óbvias de todas: as que nos magoam vezes sem conta, as que nos roubam, as que nos vigarizam, as que dizem mal de nós nas nossas costas, as que atiram as culpas para cima de nós em caso de desespero. Enfim, bons exemplos para este caso é o que não falta por esse mundo fora.

Por fim, aqueles que devemos manter. Lamento informar mas, por norma, são muito poucos; são aqueles em que podemos confiar, passar noitadas sem fim, ligar a qualquer hora do dia e marcar coisas em cima da hora, em caso de emergência, sem quaisquer divergências de agenda. São os que estão sempre lá, mesmo estando longe; os que imaginamos a dar-nos conselhos, mesmo que não estejam ao nosso lado; os que fazem da nossa casa a deles e a deles a nossa.

Apercebi-me desde cedo que as pessoas com quem andava iriam definir quem eu seria - talvez por isso tenha andado tanto tempo à nora, sozinha, sem qualquer grupo de amigos com quem sair ou falar. Acho que ao longo dos tempos tive azar - apanhei muita gente que valia muito pouco à partida, outros que eram demasiado apelativos mas depois acabariam por desiludir. Felizmente, parece que encontrei algumas pessoas, ao longo dos últimos tempos, que destoam deste padrão chato que era esta área da minha vida. Como diz o ditado, não há mal que dure para sempre.

02
Jan13

O valor das palavras e o raio do facebook

O ano passado decidi deixar de dar os parabéns via facebook a todas as pessoas que este classifica como meus "amigos"; deixei de enviar mensagens em modo massificado, com votos de bom Natal e bom Ano a pessoas a quem às vezes nem paro para cumprimentar no meio da rua. Mas são coisas um bocadinho diferentes, essa do facebook e das mensagem.

Já há algum tempo que me revolto contra o facebook. Desde que este passou a existir que toda a gente, de uma forma mágica, se lembra do meu aniversário! Era suposto ficar contente, certo? Mas não. Toda a gente se lembra porque a rede social os lembra - ou seja, todo o pouco cuidado que havia em pôr o meu nome numa agenda dizendo "Aniversário da Carolina" ou no calendário do telemóvel, caiu por terra. Agora não, agora é facebook. Pior do que isso é que pessoas mais ou menos próximas nem disfarçam, dando-se ao trabalho de ir ao telemóvel e fingindo que se lembraram de tal data: vai mesmo no mural do facebook. Como tal, pensei para mim: pronto, o facebook diz-me as datas e já é uma ajudinha; mas só dou os parabéns por lá se for alguém suficiente próximo e não tiver o número de telemóvel do individuo em questão (que, no meu caso, é bastante provável). Assim, as palavras "Parabéns, um dia feliz! Beijinhos", têm saído menos vezes deste teclado, e digo-o sem piedade: não me arrependo nada! Todas as pessoas que só "conheço" deixaram de ser congratuladas por mim.

As mensagens são outra coisa. Este ano escrevi meia dúzia de mensagens individuais e enviei-as a quem me é mais chegado - ou então falei mesmo ao telemóvel. Da mesma forma que não vejo necessidade de dar os parabéns a quem não me liga nenhuma, também não me parece necessário enviar mensagens de festividades. Ainda assim, deixem-me admitir: é chato e eu sinto-me sempre repetitiva, embora sinta mesmo aquilo que digo. Mas é sempre a mesma coisa, são sempre as mesmas palavras, uma seca. Mas são esses pequenos gestos que nos distinguem (ou não) e que distinguem os outros; é também a falta deles que nos abana e nos faz pensar.

Estou a tentar fazer com que os gestos que todos massificamos e que, assim, perderam valor, voltem a ganha-lo. Aos poucos e de uma forma lenta, mas estou. É importante, para mim, que certas palavras e gestos valham mais do que aquilo que valem actualmente.

21
Dez12

Sabem o que é isto?

 

Panados da D. Joaquina!

Como habitual, no Natal, ela veio cá fazer uma visitinha. Com ela trouxe os meus panadinhos queridos (a melhor prenda que ela me podia dar) e uma bola de carne. Velhinha, sempre a falar dos médicos, e das doenças e das consultas, mas muito fiel a ela mesma. E, claro, sempre um docinho de pessoa. Só eu sei como me lembro dela, ao almoço (ai aquela sopa, ai aquelas maçãs assadas, ai aqueles panados...) e não só.

Agora vou só ali fazer uma dose indústrial de arroz (para ter sempre acompanhamento até este manjar dos deuses acabar) e já volto, sim?

26
Nov12

Os turcos

Isto é uma analogia extremamente injusta, mas é verdade: os turcos lembram-me ciganos, na aparência física, muito devido ao seu tom de pele escuro e cabelos negros. No entanto, acho que são um povo extremamente trabalhador e respeitoso. Mas não me atraem, pronto.

A relação deles com as mulheres era um pouco estranha - sentia que nos comiam com os olhos; olham-nos com uma intensidade diferente do normal. Há lá muitas mulheres que andam de lenços na cabeça, mas não são assim tantas as que andam tapadas da cabeça aos pés. Nota-se que são os homens que trabalham (não se vêem mulheres em lojas e muito menos no Grande Bazar) e a relativa inferioridade do sexo feminino.

Mas eu lá, nesse aspecto, fui tratada como uma princesa. No Grande Bazar o meu ego elevou-se imenso - também por quererem vender, como é óbvio, mas era elogio atrás de elogio: ora porque os preços eram mais baixos para meninas bonitas, ora porque eu, com as botas x, parecia uma top model (anedótico). Uns queridos.

No primeiro almoço que lá fizemos, num restaurante ao ar livre, o empregado engraçou comigo e não nos largou durante a refeição inteira - e de onde é que eu vinha, e como me chamava, e se aqueles eram os meus pais e se eu estava no ramadão (porque não comi). Depois oferecia-se para tirar fotos. Depois passava pela mesa em versão camara lenta, sorrindo, e ensinando-nos e repetindo a forma de dizer "obrigada" em turco. Uma festa. Eu já não sabia em que buraco me havia de meter e ele... sorria.

Na manhã seguinte conheci um dos empregados no hotel que, vendo-me à espera da minha mãe em pleno lobby, às voltas de um lado para o outro, veio ter comigo: se estava tudo bem, de onde é que eu vinha, onde ia hoje. De todas as vezes que me via lá vinha ter comigo: estava bem disposta naquele dia? E quando me via ir embora vinha ter comigo, com uma cara um tanto ao quanto apavorada: já me ia embora (de vez)? Não, só no dia x. E ele lá me desejava um bom dia, que lá me esperaria quando chegasse. No último dia de excursão, na última voltinha que dei para me despedir da cidade, ele pensou mesmo que eu ia embora e até me estendeu a mão para me cmprimentar: disse-lhe que só amanhã. Mas no dia seguinte ele não estava lá e ficou o passou-bem por dar, com alguma pena minha - a simpatia do senhor merecia uma retribuição.

Durante os três dias que lá passei os sorrisos que recebi foram muitos, assim como os elogios. Talvez tenha sido por isso que vim renovada, apesar de cansada, da antiga capital do império Otomano. Foi bom para o ego e para a auto-estima.

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