Para quem não leu o livro, este texto contém spoilers.
Ontem lá fui ver à ante-estreia de Divergente, já preparada mentalmente para gritos, guinchos e palmas durante o decorrer do filme. Essa foi a minha primeira surpresa, porque nada disto aconteceu: esta já era uma segunda ante-estreia e havia muito poucos fãs a sério (com camisolas e grupos enormes e coisas que tais), sendo a maioria do público adulto e muito alheios à história dos livros, por aquilo que consegui perceber. A sessão foi, por isso, sossegada.
Acho importante dividir o filme em duas partes (até ao intervalo, mais coisa menos coisa). A primeira parte gostei muito, a segunda nem tanto - ambas, no entanto, bastante fiéis aos livro (embora já o tenha lido há quase um ano, daquilo que me lembro, achei que não tinham fugido muito à história e mesmo aos pormenores). Achei a caracterização magnífica - principalmente a das paisagens, sítios e lugares, exactamente como eu as pensei. A nível das personagens não imaginava ninguém assim - a não ser a personagem principal que, por ver o trailer e a digressão pelo mundo, acabei por me "habituar"; os outros, como foram uma surpresa, não me caíram no goto logo à primeira, mas aos poucos foram-me convencendo. O mesmo se pode dizer da personagem principal masculina - achei-o horrível da primeira vez que o vi, com uma cara de mauzão, mas depois fui-me habituando e gostando e acho até que foi uma boa aposta (o contraste da imagem exterior com aquilo que ele é no interior é ainda mais frisada, o que é bom). A primeira parte é onde se dá a conhecer aquele mundo, as personagens, os rituais de iniciação, os treinos, as aventuras, o que acaba por ser muito atrativo. A segunda parte é o desenrolar da história, que eu achei honestamente mais fraca, mas provavelmente porque também desenvolvi, nos últimos tempos, uma aversão a estes livros (e não vou dizer porquê, pelo menos por agora).
Neste filme, ao contrário dos outros sucessos mundiais a nível de sequelas (como o Twilight - embora, nesse aspeto, os Hunger Games também tenham introduzido uma mudança) diria que há uma grande estratégia para que os rapazes/homens também se interessem. Há mais luta, mais atrevimento, mais coragem, mais momentos de tensão - em compensação, há menos momentos românticos (só há uma cena mais "romântica" entre a Tris e o Quatro e que, por sinal, foi uma das cenas reveladas aquando da divulgação do filme) - ainda menos que no livro (e que eu já achei muito pouco). Ou seja, por mim, poderiam ter metido ali mais mel que eu não me importava (e acho que falo pelo publico feminino em geral).
Quanto à Shailene Woodley por quem, como sabem, não nutro sentimentos muito positivos, acho que não tenho grande direito de criticar. Cumpriu o papel dela - bem -, fez o que tinha a fazer - bem - e não deixa grande margem para grandes criticas. Se a passei a adorar? Não. Se me conquistou? Não. Se melhorou um bocadinho? Uma milésimazinha, o que já não é mau de todo.
Por fim, deixem-me dizer o quão ridículo achei que o irmão dela - o Caleb - fosse interpretado pelo Ansel Elgort, que, só por acaso, vai fazer par romântico com ela no "A Culpa é das Estrelas". Quando vi aquilo - e porque não conhecia a maioria do elenco - caiu-me o queixo. Primeiro porque, se ainda tiver este filme presente na memória quando vir o "A Culpa é das Estrelas" isto me vai cheirar a incesto; segundo porque achei que não encaixava para o papel. Mas a vida é feita desta coisas, não é verdade?