A minha relação com a maquilhagem
Eu não tenho jeito para pintar. Em sítio nenhum. Se pintar quadros ou desenhar algo é em papel - fixo, estático e plano - já é difícil para mim, pintar algo na minha cara - que se move, que tem reacções que eu não controlo e que tem relevo - é quase missão impossível.
Houve um ano (oitavo, será?) em que punha sempre um risquinho por debaixo do olho. Estava em fase disso e comecei a usa-lo porque tinha umas olheiras gigantes (o oitavo foi, provavelmente, o ano em que mais trabalhei no básico e que me esgotou por completo devido a um horário completamente idiota que me foi atribuído) e acabei por gostar. Depois deixei-me de tretas e apercebi-me que ao natural é tudo melhor e que, quando nos maquilhamos, quem queremos que note... nota.
O problema de não perceber nada de maquilhagem é que, em dias como os de amanhã, fico um bocadinho à nora. Primeiro, porque não tenho maquilhagem - a que tenho foi-me toda oferecida ou roubada dos quartos de banho da minha mãe ou da minha irmã. As únicas coisas que comprei, desde sempre, neste campo foi um corretor de olheiras (sim, perceberam bem, este é um problema recorrente), uma base que é trinta vezes mais escura que a minha pele e está por isso encostada a um canto e um lápis preto que quando risca, risca a valer e não há limpa-maquilhagem que me salve. Ou seja: eu não tenho o mínimo jeito para me maquilhar e estou a léguas de distância de ter os materiais certos.
Por isso é que, neste momento, tenho a cara cheia de vestígios de maquilhagens falhadas. Uma delas era tão boa que parecia que tinha apanhado um belo de um soco. Por ser tão má nisto, eu faço questão de ir treinando nos dias que precedem ao dia "D", de modo a que quando tiver de fazer a derradeira pintura, não saia tão ao lado como sairia se nada fizesse. Não sei até que ponto isto vai correr bem amanhã. Mas eu vou tentar, eu juro que vou tentar.
(Agora imaginem que eu fazia tensões de me maquilhar todos os dias! Nunca mais saía de casa!)