Uma questão de encantamento
A verdade é que não é assim tão difícil deslumbrar-me. Não acontece muitas vezes porque, simplesmente, as qualidades que têm esse poder sobre mim não são fáceis de encontrar. Talvez seja por isso que continuo solteira ao de eterno: não é uma questão de exigência por si só. Quando nos apaixonamos, há um encantamento que vem associado - quando isso não acontece, não há nada a fazer.
Ao contrário da maioria, não é um corpo bem definido ou uma carinha laroca que me deixam a babar. Quer dizer, ajudam, como é óbvio - quem não gosta de ter um namorado que dá gosto olhar todos os dias e que faz com que todas as outras se roam de inveja? Pois claro. Mas isso não é tudo. Aliás, é muito pouco. Há duas coisas que me deixam louca logo à partida: um rapaz que seja rico culturalmente (que goste de cinema, que vá ao teatro, que leia!!) e tenha interesses fora do comum (se souber, por exemplo, coisas sobre físicas e químicas e biologias e introduza isso numa conversa perfeitamente casual é um bom início); saber tocar um instrumento musical - um rapaz que se sente em frente a um piano e que faça sair dali uma melodia qualquer de Beethoven ou de Mozart ou a Comptine d'Un Autre Été do "Amélie" conquista automaticamente metade do meu coração.
Infelizmente, não são qualidades que se encontrem aí a cada canto. As consequências estão à vista (ó pra mim solteira) - e não me incomodam particularmente, mas não impedem que eu pense no assunto, como outra coisa qualquer. É algo que me intriga, embora devesse ser eu a pessoa que mais percebesse a razão desta minha "síndrome de solteirice" - a verdade é que não sou e por isso é que às vezes me ponho aqui a divagar. Lembro-me de vez em quando e as pessoas fazem também questão de mo lembrar, tendo em conta que não são poucas as pessoas que me vêem e perguntam de rajada "e então, namorado, já tens?".
Ontem, enquanto a voz do Jamie ecoava na minha cabeça, lembrei-me de mais esta razão (a falta de encantamento ou, por outras palavras, rapazes que se aproveitem) e decidi que era mais uma para juntar à lista. Nada como o Jamie para me inspirar.