Os maus da fita
Eu sou uma pessimista nata e espero sempre o pior das pessoas. No entanto, penso que a maioria das pessoas, por si só, não é má. Grande parte das vezes em que nos magoamos uns aos outros, não é intencionalmente - acontece, proporcionou-se, teve de ser. Não é como nas novelas, em que o vilão faz planos maquiavélicos para tramar não sei quem, quase traçando em papel os movimentos e estratagemas que pretende executar - apesar de que, com dezoito anos vividos, posso dizer que conheço algumas pessoas assim do género, óptimas para me basear em personagens maléficas para futuros livros.
É por isso que, ainda hoje, me faz um bocadinho de confusão esta violência gratuita e bem direcionada que acontece aqui na internet. O facto de o anónimo ter aparecido, ajudou todo um conjunto de pessoas a arranjar o mínimo de coragem para se atirarem para cima daqueles que gostam menos e resultou nisto que se vê hoje, com as suas inúmeras consequências (como os suicídios devido ao ask.fm e outras coisas que tais). Continuo a ficar parva quando me apercebo que há pessoas que perdem tempo a ler o meu blog e a comentar, claramente ressabiadas comigo, como se eu tivesse dito ou feito alguma coisa para as ofender. A minha questão é: acham que eu já não eliminei blogs da minha lista porque deixei de gostar daquilo que escreviam? Acham que eu vou a blogs benfiquistas, quando sou portista? Acham que eu me vou pôr a ler blogs de extrema esquerda quando não apoio essa filosofia? Não, não leio. E se leio e noto algum tipo de modificação, deixo de ler. Porque uma coisa é ser assíduo num blog e comentar, argumentar, dar uma opinião num post onde, particularmente, não estejamos de acordo, mas que tal possa ser discutível; outra é deixar insultos, insinuações e declarações feitas, pensadas e repensadas para magoar quem escreve o blog. Não me cabe na cabeça. E quando tal acontece, retomo os meus pensamentos sobre a existência de pessoas más e vejo que, se calhar, até estou enganada: elas existem, de todos os tamanhos e feitios, muito mais do que se pensa. Não magoam os outros por acaso: são como os maus das telenovelas e fazem por magoar. E isso é triste.