Quando comprar até é incómodo
Eu fico doente quando sou maltratada em lojas ou algum tipo de serviço. Normalmente, largo mesmo aquilo que pretendia comprar ou fazer quando me apercebo da "qualidade" dos atendedores - pura e simplesmente irrita-me a ideia de que parte daquilo que eu vou pagar vai fazer parte do salário deles. E eu não pago para ser maltratada.
A primeira situação flagrante em que isso aconteceu foi numa escola de condução onde fui antes de me inscrever naquela que, depois, viria a ser a minha. A senhora mal nos olhou, falou-nos como quem o fazia por obrigação, sendo seca e ríspida quando nós até tentamos pôr uma pinga de bom humor na conversa. Utilizando uma expressão comum no norte, ela estava com umas "trombas" terríveis, como que me dizendo "não estou para aturar mais ninguém". Seja feita a sua vontade! Vim-me embora e nunca mais pensei em lá pôr os pés.
Aqui há dias, no Algarve, passou-se outra parecida - e, não fiquem ofendidos os algarvios, mas este tipo de situações são bastante comuns por essas terras. A simpatia não é muito comum por aquelas bandas e ser mal recebido em lojas e restaurantes é o pão nosso de cada dia - algo que me desgosta muito, tendo em conta que eu adoro o Algarve e, a cada ano que lá passo, vejo essa hospitalidade como um ponto fraco da região. Mas enfim: entrei eu numa loja na marina de Vilamoura e, vendo uns sapatos que gostei, tirei da caixa e experimentei - entenda-se que só havia uma empregada à vista e que as caixas estavam lá à mão (assim estilo Seaside), com os números e tudo discriminado; aquela não era uma loja personalizada, subentendia-se que o cliente poderia estar à vontade. Mas afinal não. Quando a senhora vê que estou a experimentar, diz-me rispidamente que quando se experimenta sapatos tem de se pedir ajuda à funcionária, fazendo uma cara de profundo desagrado como se eu tivesse cometido um crime de pior espécie.
Fiquei orgulhosa de mim quando não arranquei o sapato do pé e deixei aquilo desarrumado como estava. Tirei o sapato, arrumei, e limitei-me a entregar um vestido que tencionava comprar na caixa. Ao contrário dela, não demonstrei qualquer tipo de má educação. Limitei-me a rogar-lhe uma pragazita e a jurar que não iria dar um centavo que fosse para o rendimento dela. Às vezes parece que estamos a fazer um favor a alguém, ao comprar o que quer que seja - e eu não sou cá de fazer favores.