Hoje é difícil ser-se anónimo
A curiosidade faz parte da nossa essência. Se, por um lado, ela "matou o gato", por outro fez com que avançássemos em todos os sentidos. Não seríamos o ser evoluído que somos se não fossemos curiosos - é isso que nos faz avançar, querer saber mais, encontrar algo para além daquilo que já sabemos. E, como em tudo, pode ter boas e más utilidades.
Falo-vos nesta nossa característica porque, pensando na questão do anonimato, acho óbvio que, em algum momento, alguém faça por saber quem se esconde por detrás de uma máscara, de um blog, de um facebook sem foto de perfil. Leio vários blogs em que os autores optam por não se expor - e eu admito que isso traz inúmeras vantagens (ao ponto de, muitas vezes, querer voltar atrás na minha decisão de me "ter mostrado"; não que tivesse tido muitas hipóteses em contrário, tendo em conta que já me tinha exposto noutro contexto, mas enfim) - mas só funciona em blogs com dimensões pequenas, sem grande visibilidade. A partir do momento em que um certo número de pessoas sabe mais sobre alguém, começa automática e inconscientemente a construir uma imagem dessa pessoa e, eu diria, é perfeitamente natural que se queira saber como ela é. Nós ainda não somos computadores e, como tal, faz-nos uma certa falta associarmos uma cara a todas aquelas informações que absorvemos através daquilo que os autores de blogs e sites dizem. Somos assim. Mesmo que não sejamos a pessoa mais cusca e curiosa da cidade, apetece-nos saber mais.
Depois disso, é ver quem é melhor nas artes da coscuvilhice. Eventualmente, acaba-se por se encontrar algo. Manter uma imagem longe de uma personalidade não é fácil: e, como se costuma dizer, "quem procura, encontra". Ou se é muito rígido, cuidadoso e, diria, quase obsessivo em relação a isso, de modo a não deixar escapar nenhum pormenor, ou então não há anonimato que dure para sempre.