Ele (en)cantou(-me)
Eu sou perita em visitas relâmpago a Lisboa. Ontem uma, segunda-feira vai ser outra. Desta vez não tive sequer direito a Santini, voltinha no Chiado ou visita às minhas gentes alfacinhas que tanto gosto. Foi um vai e vem, por entre trânsito e multidões. Chegamos, ainda por cima, em hora de ponta e o nosso hotel ficava por entre um bairro típico difícil de alcançar.
Começando exactamente por isso, o hotel era uma delícia. Fiquei no Bed&Breakfast Casa do Pátio que é, precisamente, um pátio típico dos bairros de Lisboa em forma de U. No meio tem uma esplanada onde se tomam os pequenos-almoços (que, para que conste, e apesar do tamanho do "hotel", é muito bom, com bolos e compotas caseiras, panquecas acabadas de sair, rabanadas e um serviço impecável e simpatiquíssimo) e à volta vários apartamentozinhos, muito bem decorados, fofinhos, pequeninos, limpinhos e modernos. Um mimo. Aconselho vivamente a todos os que um dia forem à capital e queiram ficar num ambiente mais cozy, com gente simpática e no meio da verdadeira Lisboa.
Mas falando no essencial: o concerto. Foi de bradar aos céus. Em termos musicais, sem dúvida, o melhor concerto a que já fui (em termos teatrais e gerais, ninguém bate a Gaga). Não consigo descrever o quão bom é irmos a um concerto e sabermos 95% das canções que são cantadas - acho que foi o primeiro a que fui em que sou uma fã assoberbada, que sei tudo, adoro tudo, amo tudo. Costumo ir a estes espectáculos porque acho piada às bandas, gosto de meia dúzia de músicas: mas não era este o caso - eu ouvi todos os álbuns dele, vezes sem conta, durante anos. É, sem dúvida, uma das minhas paixões musicais e, como seria de esperar, delirei.
Aquele foi um concerto do Jamie e não do seu último álbum. O que quero dizer com isto é que ele foi lá para promover a sua música e não só um conjunto de canções que acabou de compor. De uma maneira bastante inteligente, cantou músicas de todos os seus álbuns, se não estão em erro - algumas na íntegra, outras em forma de rapsódias que misturavam 4 ou 5 músicas, abrangendo assim muito mais composições. Foi fantástico. O seu à vontade no piano, a forma como ele vive a música que produz e que os seus companheiros tocam... é apaixonante. Lá pelo meio ainda fez um "número" de beatbox, misturado com um batuque improvisado: o piano. Enfim, os adjetivos não chegam para descrever o quão espectacular foi.
Mas dizem que o melhor fica para o fim, não é? Pois bem: o rapaz acabou o concerto, o público não o largava e ele fez um encore. E qual foi a música que ele tocou? Qual? Qual? A "If I rulled the world"!!! Morri ali. Foi TÃO bom que um par de lágrimas me escorreu pela cara abaixo - está é, sem dúvida, a música que mais gosto e que me toca bem lá no fundinho, por me ter acompanhado numa das melhores/piores fases da minha vida (sim, é paradoxal, e por isso tão tocante).
O público, como sempre, foi excelente. É quase impensável que num concerto de música jazz o público vibre tanto, cante e se mexa como aconteceu ontem. Jamie Cullum interagiu, tirou fotos enquanto cantava, falou connosco e, no fim, mostrou-se profundamente agradecido e arrebatado. Exactamente aquilo que eu também senti. Não podia ter sido melhor.
O grande momento, filmado pela minha irmã, enquanto eu me (en)cantava: