O Papa Francisco
No dia em que fizeram o anúncio do novo Papa entrei um bocadinho em pânico: achei que o chefe da igreja era o senhor que foi fazer o anúncio, um homem com uma clara deficiência e uma grande dificuldade em falar. Vi tudo um bocado mal parado, mas quando percebi o mal-entendido, fiquei logo muito mais descansada. Gostei logo do novo Papa e da sua simplicidade.
Apesar de não frequentar a igreja e de nem sequer acreditar em espiritualidades (ando entre o agnóstico e o ateu), acho o Papa uma figura importante para o mundo em geral, e este encheu-me as medidas. Vale dizer que eu não gostava nada, mas nada mesmo, do cardeal anterior, portanto o contraste com este acaba por ser ainda maior.
Muitos depositam no Papa Francisco a esperança de ele mudar a igreja - eu acho que, apesar de tudo, tal não é possível. Aliás, eu estou a pedir a todos os santinhos que, com tanta simplicidade e exposição, o senhor não acabe com uma bala algures como aconteceu com João Paulo II. O conservadorismo da igreja e de muitos dos seus apoiantes, muitas vezes, não dá bom resultado para estes santos padres tão acarinhados, simpáticos e abertos para o mundo.
Mas enfim, mudando ou não as estruturas da igreja, coisas mais profundas, acho que só a sua presença está a ter consequências muito positivas: está a desmistificar a igreja; está a mostrar que é um homem como outros, que é capaz de falar sem ter um discurso à frente, cumprimentar quem o acarinha, desejar uma boa refeição ao povo sem ser formal, falar com os jornalistas aceitando a sua condição de figura maior da igreja mas não se tratando como alguém demasiado importante. Tal como eu, tantas outras pessoas que não se ligam à igreja passaram a gostar mais desta instituição apenas pela imagem que o Papa passa dela. E isso, se virmos bem, acaba por ser muito importante. Que por lá fique durante muito tempo, o Papa Francisco.