Dia de exame
Queria ter escrito este texto logo ao fim da manhã, mas a verdade é que só consegui vir ao computador ao fim da tarde. Isto porque... estive a conduzir, de um lado para o outro.
A noite passada foi terrível. Eu não sou pessoa de nervosismos, mas a ansiedade e a exigência que tenho comigo própria estavam a comer-me viva. O meu pai costuma dizer que se aprende a esquiar no verão e a nadar no inverno - e é mais ao menos isso que se passa na condução. Todos os erros que sei que faço, que sei que tenho de corrigir, são todos repensados durante a noite, onde martelo em mim mesma que tenho de fazer isto e aquilo, ter atenção a algo a que normalmente não tenho e coisas que tais. Eram quatro da manhã e ainda estava eu a rebolar na cama (e eu deitei-me perto da meia-noite).
A verdade é que, hoje de manhã, não estava o supra-sumo da calma, mas também não estava mal. Quando cheguei à escola às 8 da manhã apercebi-me de que a minha colega - super simpática - estava que nem lhe cabia um feijão e vi que aquele era o estado a evitar. Conduzi um pouco e a Carolina que conheço veio ao de cima: relaxei. Combinamos que eu seria a primeira a fazer exame - nenhuma de nós tinha preferência mas, apesar de não conhecer a minha parceira, pareceu-me que estava a pensar "eu não me importo de ir primeiro, mas se fosses tu era melhor". E ele estava nervosa e eu nem tanto - como tal, ofereci-me.
Quando, com atraso, vemos um "alinhamento" de examinadores com folhas na mão, sussurramos uma à outra que esperávamos que um deles, com cara de rezingão, não nos calhasse a nós. Ainda não tínhamos completado a frase quando o ouvimos a chamar pelos nossos nomes. Era uma personagem não muito alta, com óculos à aviador espelhados, cabelo à palmeirinha e uma careca ainda não muito pronunciada, vestido com uma camisola de uma qualquer banda de rock. Isto não podia ser coisa boa.
Apesar de tudo, fui a rir-me a bandeiras despregadas para o carro, devido à partida que o destino nos havia pregado. Se reprovasse, há mais tentativas para tentar. Entrei no carro e, pouco depois, arranquei. O exame durou pouco mais de quinze minutos e fomos para a zona mais impensável de todas e onde nunca havíamos treinado: os arredores da minha casa (bónus para mim!). Fiz contorno do passeio e estacionei direitinho (não à primeira, mas o que importa é saber endireitar); deixei ir o carro abaixo numa situação de maior pressão (e ele, gozão, disse-me: "se não fosse trapalhona, o quê que gostava de ser?" - e eu ri-me) mas, de resto, correu tudo às mil maravilhas.
Quando chegamos ao ACP ele só nos disse "as meninas agora tenham juízo na estrada" - e dois sorrisos iluminaram imediatamente aquele carro. A prova tinha sido superada e, afinal de contas, aquele grandalhão com uma camisola toda rockeira era um boa onda.
Aproveitei todos os conselhos que me deram, tanto aqui, como pessoalmente - a confiança não era (nem é) o meu forte na condução, mas com o tempo vamos lá. Descrevi tudo (e respondo a mais, se necessário), porque sei o quão importante é ouvir outras experiências se estamos a tirar a carta e nos preparamos para ir a exame - mesmo tendo em conta que nenhum caso é igual a outro. Nas voltinhas que dei, com o carro que agora é meu, a coisa já foi correndo - sempre achei que era preciso mandar-me para o meio da rua mal tivesse a carta na mão, pois senão ganharia medo e nunca mais pegaria no dito cujo. Assim fiz. Dei mais voltas do que pensei, deixei ir o carro abaixo várias vezes (não estou minimamente habituada ao meu novo veículo), mas correu tudo bem. Hoje foi um dia feliz (e obrigada pela força, desse lado - talvez as novas calças de ganga - azuis - tenham também dado alguma sorte!) =)