Mudam-se as gerações, mudam-se os hábitos
A minha avó teve catorze netos - do mais velho ao mais novo, faz diferença de vinte e quatro anos. A altura mais produtiva em termos de criançada foi a que eu nasci - somos bastantes com idades muito próximas e por isso, enquanto éramos todos miúdos e as diferenças ainda não se notavam, brincávamos que nos fartávamos nas festas de família. Construíamos as nossas brincadeiras e, como éramos muitos, divertíamos à grande. Ninguém nos parava. Mas havia um momento especial: aquele em que as nossas mães diziam "está a povlova na mesa!" ou "já se serviram as sobremesas!". Vuuum. A partir desse momento, há meninos nem brincadeiras para ninguém. Está tudo em cima das sobremesas, do gelado de morango, do bolo de cenoura, da povlova. Ia tudo em minutos e nós saímos de lá sempre de barriga cheia.
Hoje em dia, olho para a nova geração (que são só os meus sobrinhos, por agora) e vejo que são completamente diferentes. Para além de achar que aquelas brincadeiras, para além de barulhentas, são uma parvoíce pegada sem piada nenhuma... eles não comem nada! Nada! Pronto, exclui-se do "nada" os rebuçados de frutas da minha mãe. Mas de resto, são uma consumição para jantarem e nem sequer querem saber das sobremesas - quando querem, deixam-nas a meio para nós as comermos. Chego à conclusão que, ou eles são uns chatos, ou nós éramos uns gordos gulosos. Enfim... gulosos mas felizes (ah, então com aquela povlova, hummmmm).