Homens só de longe (ou depende, mas pronto, vocês percebem)
Infelizmente, já não sou da época dos meus irmãos - nunca brinquei na rua com os meus amigos, nunca fui para casa somente ao cair da noite, nunca andei livremente pela rua aos 7, 8 anos de idade. Eu sou da época das televisões - da Madeleine McCann, da Natacha Kampusch, das três mulheres presas num sótão em Cleveland... Sou da altura das Mentes Criminosas e do CSI, tudo óptimo para dar ideias para quem precisa delas. E isso, quer queiramos quer não, influencia-nos.
Não que antes não houvesse loucos, sádicos e assassinos - simplesmente não havia a projecção que há agora. E isso deve ter criado um medo inconsciente em mim de que só dou conta em algumas situações. Da mesma forma que tenho fobia de médicos sem ter tido um episódio dramático, tenho uma desconfiança imensa (em alguns casos mesmo medo) nos homens em geral. Eu sou mesmo menina para não entrar numa loja quando vejo que só há um lojista e este é homem; odeio quando entram homens no elevador quando eu estou lá dentro; e sempre me fez aflição pensar em ter um homem como instrutor. Basicamente, estar sozinha com pessoas do sexo masculino em sítios fechados e preferencialmente pequenos deixa-me tudo menos confortável.
O pior é que, estas duas semanas, a minha instrutora vai de férias. E, lamento, há uma verdade quase indiscutível: as mulheres são umas cabras umas para as outras, más como as cobras... mas entre isso e estar num habitáculo com um homem que não conheço de lado nenhum, prefiro estar com as da minha espécie. A questão é que, à falta dela, não tenho escolha e vou mesmo ter meia dúzia de aulas com um instrutor, o que me tem andado a apoquentar, tenho de admitir. No fim, até devo gostar, mas até lá sofro por antecipação, especialidade aqui da casa.
(E sim, já sei, sou uma pessoa estranha... mas que raio querem que eu faça?!).