O prazer de um bom livro
Só eu sei há quanto tempo estou para dizer isto: finalmente agarrei-me a um livro!
Algures no Natal, se não me engano, "A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Zafón chegou-me pelo correio como prenda de uma amiga (obrigada C.!) que fiz por estas bandas. Na altura estava a ler outra coisa e, entretanto, meteu-se o Memorial, de qual eu tive a indecência de dizer que "se lia bem". De facto, eu já não me lembrava do sabor e do prazer proporcionado por um bom livro.
Para dizer a verdade, comecei a ler este livro porque precisava algo com que entreter a cabeça, e bem sei que um bom livro é a formula mágica para todas as preocupações se desvanecerem por uns bons bocados. Também já estava cansada de me sentir obrigada a ler a obra de Saramago. Porque, se por um lado, acho o livro mais fácil de ler que "Os Maias", que se dá no 11º ano, por outro estava a lê-lo por pura obrigação. Eu nunca gostei da pessoa que Saramago mostrava ser - das várias entrevistas que li e vi - e já conhecia a sua escrita, tendo em conta que li meia dúzia de páginas do "Ensaio Sobre a Cegueira" e um bom bocado d'"As Intermitências da Morte". E não gosto. Não gosto daquela forma peculiar de escrever, que para mim é uma pura maneira de se querer destacar ainda mais dos outros escritores, quase que como uma concorrência desleal. É claro que a minha opinião de pouco ou nada serve, tendo em conta que o senhor foi o vencedor de um Nobel, mas felizmente a liberdade dá para estas coisas.
Quando me apercebi que já não teria ler mais aquele livro (pois, supostamente, já havia sido testada sobre ele), saltei para outra história e apaixonei-me. Devia acabar de ler o Memorial, devia interromper a leitura d"A Sombra do Vento" e, com azar, a minha nota de português sairá prejudicada. Mas, lamento, nada me arranca este livro enquanto não o acabar. A paixão é assim, desmesurada. Mesmo no campo dos livros.