A praxe
Já há muito, muito tempo que digo que não quero fazer a praxe. Podia estar a fazer mil e uma críticas a esta tradição, mas nem sequer vou entrar por aí. Há uma explicação mais do que simples: não tem nada, mas mesmo nada a ver comigo.
Tudo bem, é uma tradição, é típico, é fantástico para conhecer pessoas. Óptimo para quem gosta, não digo que não. Mas darem-me ordens? Obrigarem-me a andar porca um dia inteiro? Não me deixarem olhar para os alunos mais velhos só porque estão lá há mais anos? Ser insultada e apelidada sabe-se lá de como só porque lhes apetece? Chegar a casa esgotada só porque é "tradição"? Poupem-me.
Eu só recebo ordens dos meus pais e é a eles que respeito (e, às vezes, já muito relutante) - odeio que me mandem fazer coisas, odeio que tentem sequer ter algum poder sobre mim; não admito que me rebaixem só porque sou mais nova; detesto fazer qualquer tipo de exercício físico com algumas raras excepções.
Já estive mais ansiosa para ir para a faculdade do que estou actualmente, mas a minha posição em relação a este assunto nunca mudou. Conheço-me o suficiente - e os outros também, que sei que quem me conhece reconhecerá imediatamente que é uma prática que nada tem a ver comigo - para saber que nunca acharia piada e que é algo completamente fora dos meus gostos. Não tenho um sentido de humor suficientemente grande para entender muitas das "piadas" que lá se fazem, não tenho vontade nem à vontade para sequer as praticar e acho-as, muitas delas, simplesmente ridículas. A praxe e eu somos simplesmente incompatíveis e essa é uma das poucas certezas que tenho em relação à minha futura e breve vida universitária.