As relações causa-efeito
Eu justifico muito os acontecimentos pelo chamado butterfly effect. Acredito que haja uma cadeia de coisas que influenciam outras, por pouco que seja, e que são essas pequenas coisas que, todas juntas, mudam o rumo das nossas vidas. Isto dito assim parece muito bonito mas, quando o digo na prática, as pessoas ficam a olhar para mim e a pensar "estás a juntar alhos com bugalhos e uma coisa não tem nada que ver com a outra". Pois bem, para mim tem.
Posso dizer-vos que o meu pé inchado teve influência na minha mudança de curso. Porquê? Quando o pé inchou, para além da mudança corporal que se verificou (óbvio) e que, embora pareça pouco, pode afectar e muito a auto-estima de uma pessoa, comecei meses depois com tratamentos intensivos em busca de melhorias. À conta disso, sempre que me falam em fisioterapia, fico de pé atrás: só eu sei como aquilo me mexeu por dentro e, pior, ver que não era só comigo, mas que havia também pessoas no tratamento a quem estava a acontecer exactamente o mesmo. Estava em queda livre em todos os sentidos, e a escola não foi excepção. E apesar de eu já antes disso gostar muito de letras, esse foi sem dúvida o maior impulso que tive: o desgaste, as más notas, o esforço em vão, a descrença. Daí até sair de ciências foi um saltinho (prolongado, demasiado longo, mas foi).
Outra coisa é que, muito provavelmente, sem o Twilight, não havia blog. Nem paixão por letras ou sequer livros. Se calhar nem tinha descoberto que gostava de escrever - porque foi através dos livros que entrei num blog que me motivou a escrever e traduzir e, pouco depois, criar um cantinho pessoal, com outro fim específico, mas que me levou a escrever e a procurar inspirações onde nem sabia que existiam.
Admito que achem estas teorias ridículas, muito mais se acreditarem no destino - se não fosse por causa disto, seria por causa daquilo. Tudo bem. Mas eu acredito que há sempre relações causa-efeito que são cumulativas e que acabam mesmo por mudar vidas. É o meu caso. E tenho a certeza que só daqui a muitos e bons anos é que vou saber se o facto de o pé me ter inchado me conduziu por um melhor caminho e se há mesmo males que vêm por bem. Só o futuro o dirá.