Estar em casa é:
Ter um chuveiro com pressão. Ter mais do que manteiga e água no frigorífico. Ter o colinho dos pais a meia dúzia de passos de distância. Sentir o nosso cheiro característico. Poder fazer barulho depois das 23h e saber que ninguém nos chateia. Saber que temos os nossos irmãos, sobrinhos e pessoas mais chegadas numa curta viagem de carro. E, já agora, poder matar saudades deles rapidamente. É ter uma cama num só quarto. Não ter de sair da casa de banho completa e totalmente enrolada numa toalha depois de sair do banho. Poder andar descalça. Ter mais de quatro copos, pratos e talheres no armário da cozinha. Poder tossir e assoar-me à vontade sem ter medo de incomodar os outros a meio da noite. Poder receber mensagens às tantas da manhã. Ter mais de um par de sapatilhas à disposição. Não ter de estar com os nossos amigos 24 sobre 24 horas, mas sim quando mais nos apetece. É sermos nós, é tudo e é tão bom.
Uma colega minha costuma dizer, exageradamente, que a melhor parte de ir a Lisboa é voltar para o Porto. Eu não concordo, mas faria uma generalização mais soft: uma das coisas boas de ir de viagem, é mesmo voltar ao nosso habitat natural.