O sossego que o desassossego me dá
Nos dias e noites menos boas, em que não sei para onde me virar e me sinto apertada até ao fundinho do meu coração, tenho a tendência para escrever. Mas irrita-me o facto de não conseguir escrever aquilo que sinto, porque parece que as palavras queimam demais antes de chegarem à ponta dos meus dedos.
E por isso "desassossego-me". Desde que tenho o livro, pego nele, abro-o em qualquer parte, e procuro algo que encaixe na forma como me sinto - e eu sei que há algo; há sempre algo que parece que foi escrito para mim, embora Pessoa já cá não esteja há umas boas décadas. E isso acaba por me satisfazer, embora não tenha sido algo que tenha saído de mim - sai, no entanto, de um grande génio que me preenche e acompanha nestas horas críticas com as suas palavras algures guardadas no fundo do seu mítico baú.