O antigo professor de geografia
Ao estudar para o exame de geografia apercebi-me de que só umas 20 páginas de matéria é que não constituíam uma revisão para mim.
No oitavo e no nono ano apanhei, a geografia, um daqueles professores que já têm fama na escola. Chatinho que só ele, testes difíceis, aulas de morrer de tédio e a repetição da frase "de uma forma geral" dezenas de vezes numa só aula. Tudo isto, às quartas-feiras de manhã (eu até me lembro, reparem o quão traumatizada fiquei), era sinónimo de inferno e muito, muito sono.
Aliás, lembro-me que no oitavo ano ele me disse que eu era um dos membros disturbadores da turma. Ficou meio mundo a olhar para o senhor, mas ele não se acanhou: "e vai levar um 2 no final do período!". Escandaleira total, e no fim deu-me 3. E a partir daí foi sempre a subir, até ao 5, passando da disturbadora à menina do professor, que se disponibilizava sempre para ir ao quadro e responder a questões (sim, era este o truque).
A verdade é que mal deixei de ter aulas com ele, apercebi-me do quão bom ele era e do quanto tinha aprendido. Ele podia não se calar durante 90 minutos, cheirar a suor que tresandava, vaguear por assuntos que pareciam completamente diferentes daquilo que estava no sumário e fazer-nos a vida negra - mas era um bom professor, e nós aprendemos imenso com ele. E isso prova-se no facto de ele nos ter dado, em dois anos, matéria de quatro - porque raríssimas foram as coisas novas que aprendi enquanto estudava para este exame. Relembrei, essencialmente.
E por isso, a nota que vou ter neste exame, devo-lha em grande parte a ele.