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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

23
Fev25

Devia tirar mais fotos?

Debí tirar más foto' de cuando te tuve
Debí darte más beso' y abrazo' las veces que pude

Como a maioria das pessoas que ouve rádios comerciais, cruzei-me com esta música do Bad Bunny há já alguns meses. Aliás, diria que até foram as redes sociais que ma mostraram primeiro, com este refrão em loop, conjugadas com imagens lindas e mensagens supostamente-inspiradoras. É curioso, porque eu não gosto nada da música - aliás, nem me parece música, é mais uma poesia semi-cantada, mas enfim; a verdade é que me tocou e fez pensar sobre o assunto, por isso creio que já concretizou o seu propósito, mesmo não me caindo no goto (sonoramente falando).

Até há um ano eu era a fotografa oficial da família. Sempre que havia um evento qualquer - aniversários, ajuntamentos ou festas -, para além da minha multa em forma de pastelaria, levava sempre a máquina às costas para registar alguns momentos. Tenho vários textos escritos aqui no blog sobre a importância da fotografia para mim, de como gosto de registar algo que vai durar no tempo e ajudar-nos a recordar no futuro. Mais do que tirar fotografias, sou muito preciosista na escolha, arquivo e partilha das fotos e faço esse exercício com tempo e carinho para que, quando quiser consultar aquelas memórias, ter tudo pronto para uma consulta rápida e saborosa. Para além disso faço sempre álbuns de fotos anuais, com o best of de cada ano - um mais generalizado, com os aniversários da família nuclear e etc., e outro só meu e do Miguel, com fotos dos nossos passeios e viagens.

Mas este ano não me apetece tirar fotografias. Forcei-me a fazê-lo em alguns eventos mas as fotos estão empilhadas nos cartões de memória, à espera de chegar a sua vez de entrar no meu programa de edição. Não as edito, não as envio, não as organizo e muito menos as coloco em álbuns. Tenho fotos em eventos em que a minha irmã já estava doente... e outros em que a minha irmã simplesmente já cá não está. E eu ainda não sei lidar com esse degradé de desaparecimento. Aliás, perdi a capacidade de lidar com tudo: ver fotos em que ela estava saudável e feliz dói; ver fotos em que ela estava doente dói muito; ver fotos em que ela já não está dói imenso. Porra: o que é que afinal não dói nesta vida?

E é curioso sentir isto, porque na altura em que ela adoeceu eu tirei muitas fotos. Mais: cheguei a pedir ao Miguel para abrir a pestana e captar os momentos que sentisse que eram especiais. E o meu marido, incrível como foi em todo aquele processo, só me dizia "já tirei". Eu enchi o meu telemóvel de fotos porque sabia que aqueles momentos eram efémeros e queria captá-los, guardá-los, garantir que jamais cairiam no esquecimento. Ao contrário do Bad Bunny, nunca pensei que "devia tirar mais fotos", porque as tirava a toda a hora, nas mais diversas condições - mesmo nos piores momentos. Porque aquele era o meu dia-a-dia e nenhuma imagem me chocava; porque eu sabia que tinha de aproveitar todas as ocasiões para dar "os beijos e abraços, todas as vezes que pude". 

O pior é agora - agora que o tempo está a fazer o seu trabalho, que apaga umas coisas e realça outras, que quase nos altera a memória de forma a que possamos seguir em frente. Mas será que é sempre para melhor? Porque se por um lado o tempo ajuda - uma das frases que mais ouvimos neste percurso - também o é que o desenvolvimento do luto não é linear e coisas úteis e valiosas se perdem neste processo de detox do cérebro. Hoje, por exemplo, tenho muito mais dificuldade em lidar com a morte do que há quatro meses; a ideia dessa passagem como algo que salva da dor, como uma coisa que pode ser positiva e que está ao virar de cada esquina de cada um de nós, está a desaparecer. A morte, naqueles meses, deixou de ser algo que eu receava; aquilo que eu temia era não viver. E isso mudou tudo em mim e era algo que eu gostaria de manter. Mas agora, longe da minha irmã doente e das entradas e saídas dos paliativos, em que o meu presente virou passado e as memórias deixam de ser frescas, começo a encarar a morte como antes: uma coisa distante, terrível, a forma suprema de dor. E isso reflete-se na maneira como olho para as fotografias. Se antes as tirava com o intuito de lembrar as coisas boas, dos momentos extra que tive com ela, hoje observo-as com a dor de quem só perdeu e nada ganhou. Um filtro negativo está a invadir a minha visão e, por muita racionalidade que ponha nos meus argumentos, a emoção da perda e do luto levam a melhor. 

Não sei se me hei-de obrigar a agarrar na máquina e fotografar, de pegar no computador e editar as milhares de fotografias que se acumulam - mesmo que isso seja quase um autoflagelo que sei que culminará com dor e choro - ou se, simplesmente, espero que o tempo continue a fazer o seu papel e aguardar pelo momento em que tudo isto se suavize. A questão é: será que esse momento vai chegar? Será que alguma vez voltarei a pegar na máquina com o mesmo intuito de salvaguardar momentos e memórias para a posteridade ou é simplesmente um hábito que vai morrer? No fundo, na última década, registei a história de uma família unida. Faz sentido parar de o fazer? Será que não me vou arrepender no futuro? Porque a verdade é que, enquanto medito sobre a melhor maneira de lidar com isto, os momentos vão passando. E, sem fotos, vão só ficando memórias. E, como o tempo é traiçoeiro, sei lá eu o que vai restar na minha cabeça daqui a uns anos. Talvez o Bad Bunny tenha (agora sim), razão... e eu deva tirar mais fotos. 

Mas porra. Dói tanto.

 

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19
Fev25

O adeus a Pinto da Costa: uma figura cheia de contraditórios

Este blog anda assim, anacrónico. Está longe do que foi em tempos, sempre em cima do assunto, com textos escritos nos minutos seguintes aos acontecimentos; mas a verdade é que a minha vida está muito longe daquilo que eu alguma vez imaginei. É aceitar e continuar. Por isso, ainda que em contrapasso, venho aqui deixar umas palavras sobre Pinto da Costa.

Há pouco mais de um ano eu estava furiosa: as eleições para a presidência do Porto tinham sido marcadas num dos únicos fins de semana do ano que não passei em Portugal. Eu, que tinha as quotas em atraso e não planeava regulá-las tão cedo, paguei tudo o que tinha a pagar só para ir votar no Villas-Boas - e, quando lançam a data do sufrágio, já eu tinha a viagem para a Islândia marcada.

Lembro-me bem de estar em Vík quando saíram os resultados. A ver a RTP no telemóvel, festejei como se tivesse sido o meu partido a ganhar, porque queria muito que o FCPorto mudasse de rumo. Fiquei mesmo muito feliz. Sou portista desde que me conheço e embora esteja longe da minha fase mais "aguda", continuo a ser sócia e muito simpatizante do símbolo. Daqui a quatro anos recebo a minha roseta de prata, que muito me orgulhará.

Dito isto, é importante frisar que o facto de almejar um rumo novo para o meu clube não quer dizer que despreze tudo aquilo que foi feito no passado. E o passado do Porto - o recente, o médio e longo prazo - tem um nome: Jorge Nuno Pinto da Costa. E a sua presidência foi incrível e gloriosa, mas teria sempre de ter um fim. Há uns dias, a propósito do óbito do nosso eterno presidente, Rui Moreira dizia uma coisa tão verdadeira como interessante; não conseguindo parafrasear, foi algo como: "felizmente para mim [a propósito da presidência da Câmara do Porto], tenho um número limitado de anos em que posso estar no meu cargo, o que não acontece no caso do FCPorto". Continuou explicando que a permanência no cargo tira vida à instituição, assim como a capacidade de atrair novas ideias e pontos de vista, promovendo também coisas menos boas, que todos sabemos que existem em todos os cargos de poder.  

Nunca poderei agradecer ao Pinto da Costa as alegrias que me proporcionou enquanto vencedora da Liga dos Campeões e de duas Taças Uefa, para além de campeonatos nacionais. O futebol tem esta coisa maravilhosa de nos dar alegrias só por uma bola entrar numa baliza. Mas a verdade é que o coração acelera e a dopamina se espalha pelo corpo de forma mágica... e isso é algo que só quem gosta é que sabe explicar. E tal não seria possível sem alguém com visão e ambição no poder e à frente do Porto.

Aquilo que eu gostava que se percebesse é que o facto de se votar pela mudança não é a negação da prestação incrível que Pinto da Costa teve enquanto presidente. Não são duas premissas que se neguem uma à outra - conseguem perfeitamente coabitar. Isto só não acontece em mentes quadradas e que não vêem o FCP como uma empresa, que precisa de ser gerida como tal, e não como uma associação de amigos em que os lucros são distribuídos e não declarados. Para além disso, o Porto também não é uma associação de geriatria: embora perceba que a perda do cargo possa ter impactado negativamente a saúde de Pinto da Costa, também sei que nunca seria benéfico para o clube ter alguém em fim de vida nos seus comandos. Porque a questão é: nós somos portistas ou Pintistas? Qual é o nosso objetivo máximo? 

A falha capital do Pinto da Costa foi a sua saída. O verdadeiro capitão de um barco escolhe o todo em vez de si próprio; olha para as necessidades da organização em vez de observar as suas próprias vontades. E o Porto, que estava em risco de tanta, tanta coisa (financeira, de valores, de podridão interna) precisava de sangue novo - e que pena o Pinto da Costa ter posto o amor pelo seu lugar já tão desgastado acima do amor pelo clube! A ovação que recebeu deitado no caixão, em pleno Estádio do Dragão, poderia ter recebido em vida, enquanto um estádio inteiro lhe agradecia todos os feitos por ele conquistados. Pinto da Costa amava o FCPorto, mas também amava o seu lugar de poder, a sua influência e os seus "amigos" - e o tempo fez com que esta balança fosse ficando progressivamente desequilibrada. Por isto, creio que terá morrido um homem amargurado - algo que teria sido evitado se tivesse sido conduzido da forma correta a uma saída que teria sido colossal e merecida.

Quando recebi a notícia da sua morte fiquei triste - na verdade, até emocionada, com todas as homenagens prestadas. Porque estas discrepâncias são possíveis e existem, pois somos humanos e sentimos muitas coisas, às vezes até contraditórias. Pinto da Costa era um homem com uma eloquência e dom da palavra que eu admirava - mas usava-as muitas vezes no sentido e propósito errados. Pinto da Costa foi um presidente ótimo e histórico, mas precisava de sair ainda antes de ter saído. Pinto da Costa foi, de certeza, corrupto - mas deu mais ao clube do que alguém possa imaginar. Pinto da Costa é uma figura incontornável do futebol e até da sociedade, propulsor do FCPorto mas também do norte do país, pela capacidade que teve de levar o nome do Porto aos quatro cantos do mundo - mas também fez com que os portistas fossem conotados com uma série de adjetivos e ideias menos felizes e, quiçá, injustas para quem do FCP é adepto.

Eu teria votado no Villas-Boas (e todo este processo só fez ver que foi de facto a escolha certa para o clube), mas nunca desprezei o Pinto da Costa e todos os seus anos no meu clube do coração. Que, com a sua morte, se pare finalmente com uma cisão que ele infelizmente ajudou a criar e que não tem razão de ser: porque apoiar um candidato não é negar a grandiosidade de outro. Para um homem tão inteligente, falhou as aulas de lógica mais básicas de filosofia.

Pinto da Costa: a sua ausência será sentida mas o seu legado sempre lembrado. Mas o FCPorto continua - e esse, sim, tem de avançar. Siga!

 

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Foto daqui

05
Fev25

5 objetivos para 2025

Sinto que estou a escrever este texto e já a falhar. Um post sobre objetivos para o ano, que foi delineado e pensado logo nos primeiros dias de 2025, que começou a ser escrito a meio de Janeiro enquanto apanhava sol na Avenida dos Aliados e que só foi revisto no início de Fevereiro... é logo uma falta na minha caderneta imaginária. Nunca, em catorze anos deste blog, tal me aconteceu. Mas é o reflexo da minha vida, que ainda está em modo caos e de adaptação, após um 2024 muito duro e traumático, que alterou muita coisa em mim e na dinâmica do meu núcleo familiar. Já estamos em Fevereiro mas o que aqui passei por escrito está, desde Novembro, na minha cabeça. E não me fazia sentido passar à frente os tópicos que gostava que guiassem o meu ano. 

Por isso, e como já vamos tarde, vamos diretos à questão. Então aqui vão os meus cinco objetivos para 2025, para além dos óbvios (saúde, coragem e capacidade de saborear a vida):

 

- Voltar a fazer bicicleta. Em 2024 perdi o hábito que me demorou quase dois anos a construir e consolidar. Foi algo consciente - simplesmente não havia tempo para tudo e eu tive de priorizar e fazer escolhas. Se treinei uma dúzia de vezes durante o ano passado, foi muito. Treinar de manhã, mais toda a higiene que isso implica, rouba-me tempo considerável; tempo que, no contexto do ano anterior, se tornou indispenável para eu dedicar à fábrica ou reforçar o cuidado àqueles que precisaram de mim naqueles meses tão duros. Para além disso faltavam-me as forças; tudo o que eu tinha era direcionado para um propósito e ao final do dia sentia-me totalmente drenada, morta de cansaço. Agora com a vida mais estabilizada preciso de voltar a encaixar este velho, bom, mas doloroso hábito. Preciso de emagrecer mas, acima de tudo, quero sentir-me bem comigo própria e estar em paz com a visão devolvida pelo espelho. Independentemente do efeito que o exercício tem na saúde física, a verdade é que o impacto psicológico é enorme: posso até nem estar mais magra mas, depois de uma semana a treinar, o espelho "diz-me" logo: "ufa, assim estás muito melhor!". E a verdade é que a vida é muito mais feliz quando estamos bem connosco próprios.

- Continuar a ler - sem constrangimentos nas linhas da história ou medo de contornos mais difíceis. Li menos em 2024 do que em 2023 - nada de surpreendente. Aliás, de admirar foi ter conseguido ler 21 livros! As noites em branco foram as que mais contribuíram para o progresso da leitura; podia dizer que o tempo de espera em hospitais também ajudou, mas a verdade é que nunca consegui ler grande coisa enquanto esperava - o "plim" das chamadas para as consultas ou exames, principalmente nos hospitais públicos, é tão constante que tolda a concentração. Mas este objetivo vai para além dos números: aquilo que eu gostava era de não estar tão balizada e limitada nas minhas escolhas de leitura, por via dos assuntos tratados em cada livro. A verdade é que me coibi de ler tudo o que envolvia mortes, doenças, perdas ou temas muito pesados, porque sentia que não precisava de mais esse peso na minha vida, com tudo o que se estava a passar à minha volta. A questão é que a grande maioria dos livros gira à volta destes assuntos ou, no limite, toca neles superficialmente, limitando-me enormemente a escolha e fazendo com que quase só tivesse lido romances de cordel que, não me fazendo mal, também não me acrescentam. 


- Investir na minha formação de vida. Quem ler isto acha que quero tirar um novo curso, mestrado ou doutoramento... ou fazer crescer o meu currículo. Não estou nessa fase da vida e espero nunca lá chegar. Que deus me livre de voltar à faculdade, a não ser quando for velhota e vá para lá como mero desporto. Mas sinto falta de aprender coisas novas - e, acima de tudo, de estar focada em algo. Ter um objetivo.

Por isso é que, no final do ano passado, decidi que ia aprender a costurar. Isto já não é uma coisa nova - é uma veia que já cá anda há muitos anos (tive uma máquina de costura pequenina, comprada nos chineses, que a minha mãe me ensinou a operar quando eu tinha uns 10 anos - e fazia as minhas próprias malas, bem pirosas, cheias de coisas que comprava nas retrosarias da baixa) e que também se liga muito com a área onde trabalho e que tanto gosto. Mas a verdade, pura e dura, é que fui influenciada. Há mais de um ano que sigo uma conta que transforma roupa antiga (peças de vestuário, lençóis, mantas, cortinados, etc.), em roupa magnífica... e eu sou louca pela ideia de transformar algo pobre, velho e abandonado numa coisa nova, com brilho e magia (daí gostar tanto de indústria). E pronto: de tanto ver, decidi que queria fazer igual - ou, pelo menos, ter capacidades para tal. (Se quiserem espreitar, a página chama-se Poppy Lu).

Mesmo a nível profissional sei que esta é uma componente em que tenho várias lacunas, pois sinto que se soubesse mais sobre a parte de confeção (que costuma ser a etapa produtiva seguinte àquela em que eu trabalho) poderia potenciar mais a minha empresa do ponto de vista comercial. Por outro lado, acho que hoje em dia temos a tendência de não saber fazer nada - há sempre quem faça por nós, basta pagarmos. Antigamente, ainda que de forma muito dividida e injusta, os homens tinham um conjunto de capacidades e as mulheres outras; a verdade é que, entre um casal, normalmente quase tudo se fazia. Não que fossem auto-suficientes, mas safam-se para o básico (as mulheres cozinhavam, costuravam, limpavam; os homens reparavam coisas, entre madeiras, metais e canalizações); mas hoje nem sentido crítico para o básico temos! E, para mim, sentido crítico é pensar: "estão a cobrar-me quase dez euros por fazer uma baínha?!". 

O meu objetivo é ir para além dos arranjos básicos - que quero aprender a fazer para me capacitar e não ter de os pagar, claro - mas também peças mais estruturadas. Cresci no meio de tecidos, malhas e trapos e acho que há em mim muita criatividade que tem, literalmente, pano para mangas.. e gostava de lhe dar espaço para crescer. Para além disso ando há anos atrás de um hobbie que me preencha e que tenha a capacidade de me desligar do mundo - não encontro isso na escrita, na leitura ou a tocar piano, por exemplo. E a verdade é que, nas minha primeiras aulas de costura (estou na Maria Modista), isso aconteceu: as três horas de aula passaram num ápice... e eu encantada da vida!   

Para além da costura, gostava de aprender coisas com quem sabe e ficar inspirada para fazer igual: já há mais de um ano que subscrevo os cursos da BBC Maestro (tenho a meio o curso do Ken Follett sobre a escritas de bestsellers) e gostava muito de levar dois ou três a sério e retirar algum sumo daquele projeto que me parece muito interessante. A ver vamos se tenho tempo para tudo!


- Mudar o visual do blog e reaprender a escrever. Já tenho, há muito tempo, uma ideia do visual que quero para um blog mais fresco e renovado - e quando digo muito tempo são quase dois anos, o que quase torna esta ideia que ainda não se tornou realidade em algo velho. Estou destreinada no que a programação básica diz respeito, tenho menos tempo e, admita-se, paciência. Gosto muito deste tom verde seco que me acompanha há já vários anos mas acho que é tempo de mudar. Que 2025 traga a mim a inspiração!

Mas, mais importante que isso, que me traga a facilidade de escrever - porque de nada me serve ter um espaço bonito e renovado se não crescerem coisas novas cá dentro. Porque quando digo que preciso de reaprender a escrever, o que quero dizer é que preciso de "reajustar" tudo o que está à volta da escrita. A verdade é que eu não escrevo por falta de ideias (publicaria um a dois textos por semana, com facilidade) e, muitas vezes, também não é por falta de tempo. O problema está no contexto e na envolvência: desde que saí do meu quarto e de casa dos meus pais que toda a logística da escrita se modificou para mim... e dou por mim a ter dificuldade em escrever noutros computadores que não o meu. É parvo, não é? Nós somos mesmo animais de hábitos, de rituais, de rotinas. Eu gostava de escrever no meu recanto designado, com um bater de teclas muito específico, sozinha, sem horas... tinha uma forma e timings específicos para rever os textos, que publicava com uma cadência que me fazia sentido. Era tudo como eu gosto: organizado, pensado, estruturado. Mas a minha vida toda mudou.

Foi uma mudança para melhor mas que acaba por ter os seus tempos muito mais preenchidos e panos de fundo diferentes, que eu ainda hoje não consegui repor ou reproduzir neste meu dia-a-dia de adulta, trabalhadora, dona-de-casa, mulher, namorada, amante, filha, tia, etc. Tem sido difícil e triste ver cair uma parte de mim que me dizia tanto - que fez com que mudasse o rumo da minha vida! - mas, de facto, não tenho encontrado alternativas para encaixar uma atividade que me dá gozo mas que me toma muito tempo... e que só me satisfaz completamente quando é feita da forma como idealizo, o que nem sempre é possível. Já me tentei reinventar várias vezes (mudar horários de escrita, criar locais mais recatados para escrever) e, quando acho que estou num bom caminho, falho outra vez. Mas ainda não estou pronta para deitar a toalha ao chão. Vamos tentar que 2025 seja uma reviravolta. 


- Talvez 2025 seja o ano em que, finalmente, crio uma marca minha. Se a vida me tem ensinado a não fazer demasiados planos, também me tem demonstrado que não há "a" altura certa e que adiar as coisas que desejamos ad eternum não é uma boa ideia. Por isso, se tudo correr bem e me sobrarem algumas forças, talvez nasça um projeto novo no segundo semestre deste ano. Fingers crossed!

 

Bom 2025 - ou, aliás, felizes restantes onze meses deste ano. Ainda é muito tempo... e ainda vale, certo?

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