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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

29
Set22

Uma lua-de-mel nas Maldivas

Estou a preparar-me para fazer os diários de bordo do meu último cruzeiro e vinha lançada para escrever o primeiro texto quando me cai tudo: "eu ainda não publiquei o texto sobre as Maldivas". Eu sei, não sou digna de aqui estar: devia ser despedida dos blogs com efeito imediato, tal é o ultraje: como é que se passa mais de um ano depois de uma das viagens da minha vida e eu ainda não dediquei tempo para escrever sobre ela? Na verdade, metade do texto está nos rascunhos desde Março, mas os dias foram passando e ele foi ganhando pó. Mas hoje foi o dia. Quase um ano e meio depois - quando até já o hotel mudou de nome!!! - cá estou eu, a redimir-me, e a fazer o que tem de ser feito. Gosto sempre de escrever estes textos pouco tempo depois de viajar, para garantir que deposito todas as memórias o mais frescas e verdadeiras possível, mas mais vale tarde que nunca.

 

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Quem me conhece saberá que as Maldivas não eram o meu destino de sonho para ir de lua-de-mel. Ou, pelo menos, não é o primeiro sítio que me surgiria, até por ser meio clichê. Ter duas semanas inteiras de férias, numa altura escolhida por nós (e fora de épocas de pico), é um luxo que se tem de aproveitar bem e a minha primeira opção teria sido a Austrália, uma viagem que já está na minha lista há muito tempo. Eventualmente faria um mix entre cidade e praia, mas iria certamente conhecer o outro lado do mundo.

Mas... Covid. Perante a instabilidade que se vivia (fecha-abre-confina-desconfina) o plano inicial até era ficar por cá e ir para Porto Santo. Mas decidimos arriscar - e ainda bem! Não houve muito destinos em cima da mesa mas, à partida, tudo o que era visita cultural ficou de fora: os países fechavam e abriam as fronteiras constantemente, havia regras muito restritivas em muitos deles e muitos dos locais de interesse (museus, igrejas, parques e monumentos de uma forma geral) estavam fechados, por isso não valia a pena arriscar. Mas praia... praia há sempre. Há-de haver sempre mar e conchas e mergulhos, por isso decidimos que íamos ficar de papo para o ar quinze dias no destino-rei das luas-de-mel. As Maldivas.

Até decidir o hotel foi um ano de juízo. O Miguel pesquisa as coisas até à exaustão, com uma profundidade que eu jamais teria paciência, e por isso, a certa altura, eu já estava pronta para fazer o "um-dó-li-tá" e escolher um hotel qualquer que estivesse na nossa short list. Todos eram nas Maldivas, todos tinham mar, e praia, e peixes, e raias, e cabanas e tudo e tudo e tudo. Mas ele pesquisava, ele via vídeos, ele lia reviews. Quando finalmente me disse "acho que vai ser este", eu só lhe respondi: "M-A-R-C-A, por amor de todos os santinhos"! 

Não consigo precisar quais foram os hóteis entre os quais estávamos indecisos (devia ter tomado nota para posterior consulta, mas falhei), mas acho que nunca mais me vou esquecer do nome do sítio onde ficamos: Lti Maafushivaru (agora chama-se Outrigger Maafushivaru). Não sei se foi pela perseverança e paciência do Miguel, a quem tenho de tirar o chapéu, mas o hotel era de facto espetacular. Os outros provavelmente também seriam, mas aquele foi o ideal para nós naquele momento e hoje percebemos que fizemos um bom negócio, com uma relação-preço qualidade incrível, tendo em conta o hotel e as condições oferecidas. O hotel não era novo mas tinha sido todo renovado - apanhamo-lo aquando da reabertura, ainda fresquinho, com umas condições incríveis - e percebemos meses mais tarde que os preços estavam a disparar dada a qualidade do mesmo. Ficamos lá hospedados na altura certa e fomos muito felizes lá.  

Com hotel decidido, faltava a outra parte da odisseia: a viagem. O homem via vídeos dos aviões por dentro, comparava todas as escalas e companhias... enfim! Mas, mais uma vez, acertou em cheio. Era a nossa lua-de-mel e decidimos ir em bom, nem que fosse uma vez na vida - e por isso fomos pela Qatar, aquela que dizem ser a melhor companhia do mundo. Em classe executiva. Num Boieng 777-300, que faz uma classe executiva melhor do que muitas primeiras classes. E, meus amigos, fica um conselho de amiga: não façam isto. Porque depois não vão querer outra coisa e ora desgraçam as vossas carteiras ou ficam para sempre deprimidos por cada voo "normal" que decidam fazer. Optamos por fazer Porto-Madrid pela Transavia e depois Madrid-Qatar-Malé pela Qatar Airlines. E que maravilha que foi! Não há palavras para o serviço, para o avião, para a comida, para o carinho das pessoas. É, de facto, outro nível, outro conceito diferente de viajar; aqui, a própria viagem já integra a parte boa da experiência, não é somente um meio para atingir um fim. Só tenho elogios a tecer à Qatar e sonho um dia poder repetir esta experiência.

 

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A viver o sonho a bordo da classe executiva da Qatar

 

Chegados a Malé, tudo pareceu um pouco caótico. E é aqui que percebemos uma realidade que quase todos parecemos esquecer sobre as Maldivas: apesar das ilhas paradisíacas, aquilo é um país de terceiro mundo - e as estruturas e as pessoas não deixam que isso passe despercebido. Começamos logo mal: perderam-nos a mala. Prevenidos e com medo que isto acontecesse, já levávamos uma mala de mão com uma muda de roupa e tudo o resto essencial, por isso não foi o fim do mundo. Mas a experiência deu-nos logo a conhecer uma faceta do país que, até aí, também desconhecíamos: nas Maldivas mais de 90% da população é muçulmana e estão longe de serem brandos na implantação dos seus costumes. Há muita burka, muitas regras e restrições em relação às mulheres - que se fazem sentir na capital, Malé, o que só não acontece nas ilhas porque são privadas e os turistas podem andar como querem e bem lhes apetece. Enquanto esperávamos pela mala que não chegou, o Miguel foi chamado ao guichê para o notificarem do sucedido; eu fiquei junto ao tapete, caso a mala aparecesse, mas sempre de olho nele. Depois de perceber o que é que se passava, ele chama-me e eu vou ao seu encontro - mas sou rapidamente parada por uma mulher polícia, que me questiona de forma áspera de onde sou, quando cheguei e o que vou fazer às Maldivas... sozinha. Explico que não estou sozinha, que vou ter com o meu marido que está no balcão de informações, e só ouvir a palavra "husband" foi o suficiente para a sossegar. Afinal eu tinha dono, não estava lá sozinha - por isso pude seguir. Achava que a forma como eu tinha sido tratada (vulgo: ignorada) no aeroporto do Qatar era passado, mas na verdade era só uma amostra daquilo que seriam as nossas férias. Felizmente este foi o único episódio em que fui eu a visada, mas assistimos a vários - e foi, sem dúvida, a parte que menos gostei neste país.

Mas voltemos à nossa chegada: supostamente teríamos alguém à nossa espera quando saíssemos do avião, mas o vôo chegou atrasado e tivemos de nos desenrascar. Em vez de lojas (que há muito poucas), o aeroporto está repleto de pequenos "stands" que correspondem às ilhas/resorts, onde vos dão toda a informação e vos acompanham até ao sítio onde devem levar as malas, apanhar os transfers, etc. E a ajuda é de facto preciosa, pois a confusão está (aparentemente) sempre instalada. Do aeroporto seguimos para um lounge do nosso hotel, onde esperamos (umas duas horas?) para depois apanhar, finalmente, o hidroavião. Achei que esta viagem ia ser pior que todas as outras juntas - em termos de torbulência, arranque, aterragem... mas na verdade foi tranquila. Barulhenta e apertada (o avião é minusculo e muito baixo, com cerca de 15 lugares, mas vários são ocupados pelas bagagens que não cabem no mini-porão), mas segura e sem sobressaltos. E a vista? Tudo aquilo que vemos nos filmes, nos vídeos e nas fotos é verdade: aquelas águas azuis turquesa, as areias brancas e os atóis das mais diversas formas e feitios são das coisas mais bonitas do mundo.

 

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Prestes a subir para o hidroavião

 

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Tudo muito orgânico no hidroavião - com direito a pés descalços e papel higiénico, just in case

 

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Quando finalmente aterramos (foram só três solavancos na água e já passou!), fomos deixados numa pequena plataforma em pleno mar-alto (quando digo pequena, era pe-que-na: com uns seis metros quadrados, de madeira, que abanava de forma impressionante) e seguimos depois numa pequena viagem de barco até ao resort, pois o cais da nossa ilha estava inoperacional devido a uma tempestade que tinha acontecido uns dias antes. Não fizemos grande tempo entre escalas e, ao todo, demoramos cerca de 24 horas a chegar ao destino. E, meus amigos, vale cada minuto.

Quando chegamos, a primeira coisa que nos disseram foi "welcome home!". E não é que é mesmo? Sentimo-nos em casa ali. A segunda foi "you can take your masks off, everyone is tested" (podem tirar a máscara, toda a gente está testada). Se isto já era bom de ouvir em qualquer contexto, escutar estas palavras depois de termos passado um dia inteiro com o nariz e a boca cobertos (mesmo a dormir)... soou a qualquer coisa de mágico! A questão das máscaras e da segurança foi, na verdade, mais uma das razões pelas quais escolhemos as Maldivas e este hotel em particular - porque a praia ninguém nos tira, porque o controlo para a entrada no país era apertado (o que nos dava uma boa sensação de segurança) e porque, sendo a ilha pequena (dava-se a volta a pé, sem problemas, em cerca de quinze minutos), sabíamos que iríamos estar num ambiente muito limitado e controlado, para poder desfrutar das nossas férias sem grandes stresses. Só utilizávamos máscara para ir ao buffet - de resto, estávamos sempre a respirar ar puro. Era, an verdade, muito raro cruzarmo-nos com outros hóspedes no hotel, tirando a altura das refeições.

 

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Fomos nós que marcamos tudo: viagens e hotel. E ainda bem, porque para além de (à partida) termos poupado uns trocos, isto obrigou-nos a informarmo-nos ao detalhe sobre todas as burocracias que eram necessárias para seguir viagem. Tal como nós, muitos casais seguiam em lua-de-mel no primeiro vôo que fizemos, e vários foram os que tiveram problemas com papeladas, testes covid, e etc. Em relação ao hotel, optamos por fazer uma reserva com tudo incluído. E quando é tudo, é literalmente tudo: podíamos frequentar os quatro restaurantes do hotel, usufruir de todos os bares, consumir as bebidas que quiséssemos (nisso demos zero despesas, só a beber coca-cola e água...) e utilizar o vasto mini-bar que o nosso quarto dispunha. Havia apenas duas exceções: os vinhos que havia no quarto (nem sequer era no mini-bar, era um frigorífico só com vinhos) e alguns pratos nos restaurantes, devidamente assinalados, que por serem confecionados com produtos premium (lagosta, caviar, etc.) eram cobrados a um terço do preço de tabela. Se vale a pena ir com tudo incluído? CLARO! Por cada refeição, gastávamos o equivalente a 150 a 200 dólares. Nas Maldivas tudo é importado e tudo é caro, pelo que se não tivéssemos escolhido este plano, e mesmo não bebendo álcool, pagaríamos tanto ou mais que a própria estadia. Diria que mesmo indo em regime de meia-pensão pode ser arriscado - primeiro porque não há alternativas fora do hotel (só se formos a nado para outra ilha...) e segundo porque uma semana de snacks ao almoço, no final, revelar-se-ia provavelmente uma pequena fortuna. Por isso, se é para ir, ponham as fichas todas em cima da mesa e vão com tudo. 

O hotel dispõe de vários tipos de casinhas: umas em cima do mar, com e sem piscina; e outras à face da praia, também com e sem piscina. Nós escolhemos as primeiras - lá está, fizemos all in! E a partir do momento em que uma pessoa abre a porta... fica deslumbrada. Com a dimensão do quarto, com a decoração, com a piscina, com a vista... enfim, com tudo. Estávamos todos rotos, mas atiramo-nos logo à água (o hotel providencia colete, óculos, tubo e barbatanas para fazer snorkeling) e ainda bem que fomos, pois foi o dia em que esta estava mais clarinha. A época alta das Maldivas não corresponde à nossa, pelo que há grande possibilidade de apanhar tempestades e mau tempo; mas, para além disso, as águas ficam mais turvas e não têm aquela claridade que tanto idealizamos e que vemos nos screensavers - o que, devo dizer, não a faz menos incrível. ;)

 

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Sobre a água: não é quentíssima mas também não é fria. Diria que tem uma temperatura aproximada à do nosso corpo, o que faz com que seja fácil entrar e sair. Uma coisa que não esperava eram as correntes: pelo menos naquela zona e naquela altura, eram muito fortes. A primeira vez que fomos ao mar usamos colete, mas o Miguel deixou de o usar pouco depois... já eu só passado uns dias é que me atrevi (principalmente porque sentia que aquele equipamento me magoava e desajudava mais do que propriamente o contrário). No entanto, diria que é essencial termos noção das nossas capacidades: eu nado bastante bem, o Miguel melhor ainda. Ainda assim é preciso saber para o que se vai, marcar um objetivo e não ir simplesmente ao calhas; é necessário ter em atenção as marcações de perigo colocadas à volta do atol e nadar de forma estratégica - ou seja, numa primeira fase optar por nadar contra a corrente para depois, quando estivermos mais cansados, ter a "ajuda" para voltar à costa ou a casa. Ao contrário do que também pensava, o mar não é estilo lago: há ondas, acima de tudo provocadas pelo vento -  e uma coisa é certa, há SEMPRE vento. Não são ondas como as nossas, que movimentam quantidades grandes de água, mas combinadas com a corrente e tendo em conta que queremos estar à superfície com o tubinho para ver os peixes, a vida às vezes fica dificultada. Na verdade o vento era de tal forma que embora houvesse caiaques grátis à disposição (e eu adoro andar de caiaque!), nunca lhes pegamos, com receio de não termos força para regressar.

Ainda sobre o mar, não posso dizer que tenhamos ficado dececionados com a fauna que lá encontramos, mas diria que tivemos de restabelecer expectativas. Acho que todos idealizamos um fundo do mar colorido nestas zonas do mundo, mas os corais das Maldivas são cinzentos (não estão mortos, atenção) e o que dá colorido são os muitos peixinhos (e peixões) que lá habitam. Vimos muitos, de todas as cores e feitios, para além de raias, mantas e, claro, tubarões - a maioria pequeninos e totalmente inofensivos, os maiores com cerca de dois metros, o que já impõe um certo respeito embora nos digam que não constituem uma ameaça para os humanos. Curiosamente, diria que o mais perigoso naquelas águas são os corais - o nível médio das águas na zona do atol é muito baixa (pouco mais de 2,5 metros, provavelmente) e consoante as marés e as correntes por vezes torna-se difícil contornar aqueles "rochedos" gigantes que chegam quase à superfície. Os arranhões e rasgões são sérios, quando batemos com um pé num coral ou quando a barriga dá uma "varridela" num deles. Se não se acreditam, o meu pé pode servir de testemunha!

 

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Ora bem: e o que é que ao certo se faz nas Maldivas? Dorme-se muito, namora-se, conversa-se, nada-se e vê-se os peixinhos, lê-se, joga-se, tomam-se banhos de imersão, apanham-se banhos de sol, dão-se mergulhos e alguns passeios na praia, apanham-se conchas (embora seja proibido), vai-se ao spa e come-se. Come-se muito. E bem, pelo menos naquele hotel em particular. 

O meu primeiro destaque tem de ser, obrigatoriamente, para a oitava maravilha do mundo, que era o gelado de côco deles. A sério, não há palavras. Se compararmos, a Olá nem entra na escala, a Carte-D'or está com pontos negativos e até a Haggen-Dazns fica como um burro a olhar para um palácio. Aquilo era absolutamente divino e eu sei que não vou comer um igual em mais nenhuma parte do mundo. As Maldivas têm, para mim, sabor a côco - e eu fiquei eternamente agradecida ao empregado que me sugeriu este gelado, em conjunto com um outro maravilhoso, de chocolate com canela (acho eu), chamado Jafa. Foi esse mesmo funcionário que nos serviu os cocktails de boas-vindas quando chegamos (isso e aquelas toalhas fresquinhas e húmidas, para limpar as muitas horas de ar de avião de tínhamos na cara - ai que maravilha!) e eu, que nunca gostei de batidos de fruta, fiquei pasmada com o sabor daquilo. Passei a vida a pedir o "cocktail de boas-vindas", de tão bom que era.

 

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Um mix das comidas "maldivianas" - e, claro, o famoso gelado à direita

 

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A comida é na generalidade muito boa e há para todos os gostos: ao jantar há um buffet com pratos do mediterrânico ao indiano, passando também pelo italiano e japonês, assim como simples grelhados. Há um restaurante exclusivamente japonês (que achei fraco e com pouca oferta, porque apesar de ser só mar, o peixe nas Maldivas não é bom), outro de grelhados com uma inspiração meia indiana (que também não adoramos porque era tudo picante e muito rebuscado), um de tapas e ainda outro mais mediterrânico, com massas, bifes, pizzas e etc., que era onde normalmente almoçávamos. Isto para além do bar, onde há sempre gelados, doces e tostas ao dispor, em conjunto com um staff sempre atencioso, simpático, prestável e com um sorriso para dar.

Sobre o pequeno-almoço... queremos mesmo falar? Tínhamos uns dez tipos de pão, alguma pastelaria, panquecas e waffles feitos na hora, assim como uma estação de omeletes, fruta variada, uma secção de comida indiana (que parecia quase feijoada) e outra de sushi, bacon de vários tipos assim como outras carnes quentes, queijos e carnes frias, saladas, cereais, iogurtes e leites de todas as variedades. Basicamente... tudo. Era o paraíso na terra, não só tendo em conta a comida, mas também o sítio onde depois comíamos, em frente àquele mar maravilhoso e os mini-tubarões a passarem à nossa frente. Não sei quantos quilos engordamos, mas também não quero saber - valeu cada caloria! (Até fizemos um vídeo do pequeno-almoço, para ver abaixo:)

 

O hotel oferecia uma tour pelos corais nos atóis mais próximos, que fomos fazer em conjunto com mais uma meia dúzia de casais. Não tivemos muita sorte em nenhum aspeto: primeiro porque não vimos nada de extraordinário (é normal ver mantas e tartarugas nestes passeios, por exemplo) mas, acima de tudo, porque fomos apanhados por uma tempestade a meio da viagem que só me fez querer nadar para terra firme. Nunca tive problemas em andar de barco, mas desde o episódio infeliz que tive nos Açores quando fui ver os golfinhos - para quem ainda não me lia nessa altura, pode encontrar esse post aqui - que fiquei com medo de me voltar a sentir daquela forma. Tinha pedido, antes da viagem, comprimidos para o enjoo; tomei um antes de embarcar e, naqueles momentos em que o barco quase ficava a 90º, tomei outro - mas tive a plena noção de que foi por um triz que não vomitei tudo o que tinha no estômago. Ao nosso lado uma senhora já tinha dado de comer aos peixes e outra estava estatelada no chão tais os solavancos que o barco dava; nessa altura ainda só tínhamos mergulhado num só local e dirigíamo-nos a outro, mas foi por mútuo acordo que decidimos todos voltar a terra firme o mais rapidamente possível, pois cada vez mais gente se estava a sentir mal - eu incluída! O skipper disse que aquilo era uma pequena tempestade, que dentro de cinco minutos passaria, mas a verdade é que entretanto já tinham voado não sei quantos coletes para o mar, o topo do barco já tinha quase tocado na água e o ambiente que se vivia era de consternação. Não foi uma boa experiência - e eu, mais uma vez, só agradeço por o meu marido intervir por mim e ter proposto que aquele suplício acabasse o mais rapidamente possível. Quando pus os pés em terra firme nem queria acreditar. Fiquei tão cansada daquela adrenalina e sentimento geral de mal-estar que dormi a tarde inteira. Recomendo que façam estes passeios, até porque podem ver coisas muito diferentes daquelas que aparecem nas imediações do hotel - mas é preciso ter em conta que aventuras como a nossa não são raras e podem acontecer.

E o que fazer para ultrapassar situações de stress como esta? Uma massagem, pois claro. Não sou utilizadora de spa's e, até à época, só havia feito uma massagem na vida - sempre dispensei ter pessoas estranhas a tocarem-me no corpo - mas, mais uma vez, era uma experiência que eu achei pertinente ter naquele local. E que boa que foi! O hotel tem, de facto, uma infraestrutura incrível - a zona do spa tinha, para além das habituais saunas e banhos turcos, uma piscina infinita lindíssima. A parte boa é que combinam isto com um staff impecável - tanto ao nível da simpatia como de profissionalismo - e uma ótima capacidade de "pintalgar" estes momentos com coisas muito boas, como um chá mega aromatizado e espetadas de fruta divinais. A combinação dos sabores que consigo recordar, em simultâneo com aquela sensação ótima de relaxamento, são uma daquelas memórias que encapsulei para sempre e que eternizei no coração. Parece que ainda hoje consigo sentir o cheiro e a humidade tão típica daquele espaço. Ai, as saudades...

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Passamos lá nove noites incríveis, que não trocaríamos por nada. Foi inesquecível. Apesar de irmos em época baixa apanhámos muito bom tempo - só com uma ou outra chuvada, que ia embora tão depressa como vinha - por isso talvez valha a pena arriscar ir nesta altura do ano, uma vez que os preços são muito mais apetecíveis (foi também por isto que conseguimos ir em classe executiva e para este hotel, aliado ao facto de ainda termos marcado em época de grandes incertezas devido ao Covid, em que os preços estavam mais baixos de forma a atrair clientes). Houve coisas que não gostamos - mas, postas na balança, não são suficientes para deixarmos de ponderar irmos lá no futuro.

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Acima de tudo, aquilo que para mim é mais negativo nas Maldivas é mesmo a religião. Não é fácil "dizer" isto sem que soe mal, mas a verdade é que tenho sempre dificuldade em gerir os meus sentimentos quando estou em países muçulmanos, e é-me difícil não condenar determinados comportamentos. Como expliquei acima, nas ilhas não nos são impostas regras de conduta diferentes das do ocidente - mas a verdade é que há muitos casais e famílias muçulmanas a passar lá férias, e não podemos impedir-nos de olhar (ou ser olhados). Faz-me impressão que, com aquela humidade e calor, muitas mulheres andem totalmente cobertas - é que nem a cor dos olhos lhes vislumbramos. E embora tenham (obviamente!) todo o direito de ali estar, eu não consigo parar de me questionar: porquê vir para um destino destes se têm de andar sempre cobertas? Em toda uma ilha, o único sítio onde podem estar à vontade é provavelmente no quarto delas - e isso não será muito diferente de estar em casa. Não vão à água, não apanham sol, só caminham na praia - e calçadas. Dóia-me ver isto, mesmo sabendo que a realidade é assim em muitos países e que em muitos casos é escolha das próprias mulheres. Mas não consigo que me passe ao lado.

Também vimos várias famílias poligamicas - um homem com várias mulheres, todas elas tratadas abaixo de cão, mas havendo claramente uma hierarquia entre elas. A objetificação da mulher, o desrespeito e o desdém com que eram tratadas deram-me várias vezes cabo das refeições - e eu cheguei até a mudar de sítio enquanto tomava o pequeno-almoço, de tal forma me senti incomodada com os olhares que um deles me lançava ali de perto. Sempre ouvi dizer que "em Roma sê romano" e respeito profundamente este ditado - mas, naquele caso, estávamos em território "neutro", o que ainda trazia mais à superfície as disparidades entre as duas culturas: elas de burka e eu (e outras) com uma túnica de praia, pouco abaixo do rabo e com um decote generoso. Não há ninguém errado aqui - mas diria que há desconforto de ambas as partes e isso não é bom quando estamos de férias e queremos estar 100% descontraídos. 

Outro pontinho negativo vai para o rato (ou ratos?) que vi a cirandar o buffet num dos últimos jantares. Íamos a sentar-nos e, do nada, vejo uma movimentação rasteira ali ao nosso lado - era um rato, que teimava em não ir embora e de quem andei a fugir (e, inconscientemente, a procurar) o resto das férias. Não gostei da forma como os empregados encararam a situação: apesar de terem ficado alerta, acharam aquilo normal, o que a meu ver é problemático. Se ratos já é mau, ratos E comida é péssimo. Mas é uma ilha, quase todos os edifícios são abertos, e dá-se o desconto. E não era um ratito que me ia estragar as férias nas Maldivas, não é verdade?

A vinda foi triste - não é fácil deixar um paraíso. De qualquer das formas, dez dias é o ideal para um sítio destes, até porque chega-se a uma altura em que é só mais do mesmo: comida, mar, repouso, namoro... e repete. É bom, mas até a vida boa cansa, e era hora de voltar a casa. Dentro da chatice que é estar um dia inteiro entre aeroportos e aviões, voltamos a desfrutar da experiência de voar em classe executiva - mas no fim ficamos novamente sem mala. Quando a fui buscar, dois dias depois, ainda ma revistaram e confiscaram provisoriamente todas as conchas que trouxe - fui buscá-las passado um mês, por não constituírem um perigo nem uma violação das regras (uma vez que, por um lado, podiam trazer bichos que "contaminassem" o nosso ecossistema e, por outro, por ser proibido trazer corais e outras espécies marinhas que podiam estar ali em causa). Confesso que foi um alívio - perdemos uma boa porção de tempo a apanhar as conchas e os búzios que mais gostamos, tendo sempre o cuidado de nos certificarmos que não tinham habitantes - porque eu queria muito que as conchas fossem o nosso souvenir principal. E a verdade é que, depois de as ir buscar, fiz três molduras com elas: uma para nós e duas para oferecer, com tudo o que trouxemos da viagem. Assim, fica uma lembraça única, muito nossa e irreprodutível.

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Viemos embora com a certeza de que queremos voltar um dia. A paz que sentimos naquele lugar - ainda para mais depois de uma fase atarefada e louca como é a de organização de um casamento - ficará para sempre nos nossos imaginários. Quando vejo fotos de alguém naquele hotel dá-me um aperto no coração de tantas saudades que tenho dos dias que passámos lá - longe dos problemas e longe do resto do mundo. Só nós, com água à nossa volta, peixinhos e muita vegetação. As muitas fotos que tirámos - e o álbum que fiz e as molduras que espalhei pela casa -, o vídeo, as conchas, os souvenirs e até este texto não colmatam a nostalgia - às vezes, parece que só aumentam. Mas já diz o ditado: recordar é viver. E, enquanto não voltamos, vamos vivendo.

 

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22
Set22

Chávena de Letras: "Balada para Sophie"

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Foram precisos 27 anos para ler uma banda desenhada. E a verdade é que valeu a espera. Que livro! Que beleza. É poesia em forma de desenho, é música em versão papel.

Gostei muito da experiência de ler banda desenhada: na verdade achei uma óptima escolha para alguém que está a tentar restabelecer hábitos de leitura, uma vez que a história decorre rápido, sem grandes descrições e com base em diálogos, fazendo-nos avançar as páginas com vontade e sem demoras. Aprendi que não são precisas muitas palavras para descrever estados de espírito - nem sequer desenhos muito detalhados. A cor de fundo das páginas, o tamanho das letras, a profundidade das personagens... Incrível como tantas pequenas coisas - que nunca ninguém nos ensinou mas que interpretamos naturalmente - nos transmitem, às vezes, o essencial de uma história. E que bonita é está história, que bonita é esta balada (não só para Sophie, mas para todos).

20
Set22

O enraizar de um hábito

A primeira foto que tenho de um pós-treino no meu telefone foi tirada no dia 20 de Setembro de 2021 - faz por isso hoje, precisamente, um ano. Aqui há dias, enquanto suava a minha alma em cima da bicicleta, pensei que estaria a fazer um ano da primeira vez que tinha subido para cima daquele selim - e, quando fui vasculhar os arquivos, percebi que era hoje.

Foi o Miguel, claro está, que me instou a experimentar. Era Setembro, época de recomeços - e particularmente especial para nós, com o papo cheio das férias e de ressaca após meio ano de uma preparação de casamento particularmente stressante - e estávamos ambos algo desagradados com a nossa forma física. Ele já tinha arrancado no seu processo e eu morria um bocadinho de cada vez que o via em cima da bicicleta, a pingar como uma torneira, deixando ali todas as quilocalorias que queria matar. Eu sentia-me muito frustrada e triste porque não tinha força de vontade para aquilo, porque não queria voltar para o inferno de um ginásio mas não sabia o que havia de fazer; no passado tínhamos feito treinos estilo cardio em casa, mas passado uns meses os joelhos queixavam-se e os resultados não eram tão visíveis como o desejado, pelo que também não tinha o ímpeto necessário para começar. Continuávamos a jogar padel, já de forma mais consistente, mas muito longe de alcançar qualquer meta visível.

Ele ia insistindo comigo para subir para a bicicleta. Um dia, dois, três. Um sábado lá me deu a volta - emprestou-me uns calções de ciclismo velhinhos e cronometrou quinze minutos. Eu pedalei, sem peso e sem rumo e, com os bofes de fora, fiz o esforço de chegar até ao fim do tempo acordado. No fim, festejou comigo por eu ter pedalado durante aquele quarto de hora como se tivesse acabado de fazer um Iron Man (eu sei, tenho sorte no marido que escolhi). 

Apesar das dores no rabo, não achei que aquilo fosse assim tão mau. E segunda-feira - porque nós temos a mania que os inícios devem ser sempre às segundas - comecei a minha mudança. Nos primeiros dias fiz 20 minutos, depois 25 e fixei-me na meia hora dali em diante. Inicialmente ia mexendo no peso da bicicleta de forma mais ao menor arbitrária, gerindo as dores nas pernas e a respiração. Em Dezembro o Miguel - outra vez ele, claro - ofereceu-me um smartwatch que, honestamente, fez toda a diferença nesta fase da minha vida. Criou-me metas, deu-me métricas para me guiar. Ainda hoje saio derrotada de uma semana em que não faça cinco vezes algum tipo de exercício (nem que seja uma caminhada de quinze minutos); já sei que estive demasiado parada e sentada se não cumprir com a meta dos 10 mil passos diários e que um treino teve um rendimento mais baixinho se não atingir a média das 200 calorias. Foi, mesmo, o melhor investimento que ele podia ter feito por mim, pela minha saúde e pela minha motivação. Tenho lá a minha vida ativa registada e adoro a política do envio de notificações motivacionais ("só faltam mais dois dias de treino para atingir o seu objetivo!", "mais dois mil passos e chega à sua meta diária!", "ganhou o badge não-sei-quantos por ter subido mil degraus num só dia - as suas pernas são melhores que um elevador topo de gama!") que, por muito  parvo que pareça, funciona na perfeição.

No início do ano, creio eu, comecei a fazer treinos do Youtube (do canal do GCN) - assim não pedalo em vão, tenho uma sequência e um objetivo. Descobri que aquilo que melhor funciona comigo são treinos de intervalos e intensidade - e agora que já os sei quase de cor, alterno simplesmente o peso que ponho na bicicleta e aumento e diminuo a velocidade consoante aquilo que me sentir capaz naquele dia. Se no início utilizava só metade da roda do peso (180º), algures a meio deste ano passei a utilizar 270º - sempre sentada. Apesar de haver segmentos que se faziam em pé, não tinha pernas para aquilo. Até que há uns dois meses consegui - e agora já ultrapasso os 360º quando estou de pé e me obrigo a dar à perna. Estas evoluções foram vividas com muita alegria, ânimo e festejo - porque são realmente vitórias impressionantes para alguém que nunca gostou de fazer exercício e que tanto sofreu com isso ao longo dos anos. Na verdade, cada treino é tido como uma vitória - e em todos tiro uma foto para registo e mando para o Miguel, a pessoa que mais me motivou a conseguir e chegar até aqui.

Foi uma evolução feita com calma e passo a passo - não sou (nem nunca fui) de testar os limites do corpo. Se calhar até teria evoluído mais rápido se tivesse puxado a corda e provado a mim mesma que era capaz - mas também é provável que tivesse desistido rapidamente com as dores do dia seguinte e com o esforço mental que era necessário para me arrastar para a bicicleta todas as manhãs. Porque a verdade é que, nos primeiros tempos, não havia hormonas que me safassem - era penoso ir para a bicicleta, sair da bicicleta e, de uma forma geral, sobreviver ao resto do dia (e subir as escadas para o meu escritório? Parecia uma velhinha!). Continuei por pura teimosia e por querer consolidar um hábito e não por me sentir bem antes, durante ou depois do treino - acho que ainda hoje, um ano depois, as endorfinas não funcionam comigo. Agora, com o hábito enraizado, subo para a bicicleta por medo: por medo de engordar e por medo de perder um hábito que, de facto, só me trouxe saúde.

Os primeiros a notar as diferenças foram os outros - para mim, eu estava igual. Mas a minha capacidade de fazer arranques enquanto jogava padel e de conseguir chegar, finalmente!, às bolas mais perto da rede começaram a tornar mais óbvio que a minha forma física estava a melhorar - isso e umas pernas mais delgadinhas, como nunca antes tive. O emagrecimento só veio depois. Atingi o meu pico de peso em Novembro, quando já treinava - na altura estava a tentar emagrecer só com exercício e não sei até que ponto é que não fiquei mais pesada, precisamente, por estar a ganhar massa muscular. Como disse no último post, foi em pouco mais de três meses que perdi quase dez quilos - mas a verdade é que já andava a preparar o corpo e a mudar os meus hábitos nos seis meses anteriores, o que foi indispensável para aquele processo. 

Não sei muito sobre a criação de hábitos mas creio que um ano já é o suficiente para dizermos que um hábito está enraizado. Mas isto é como a confiança: demora-se anos a ganhar mas segundos a perder. Passei as minhas férias aterrorizada, com medo de não conseguir voltar à cadência de treinos que tinha conquistado. A rigidez com que vivi o segundo trimestre deste ano, com uma dieta muito restritiva e a treinar seis vezes por semana, era demasiada para uma vida social minimamente ativa e para um dia-a-dia relaxado, mas a verdade é que depois do impacto inicial (que foi duríssimo) o nosso corpo se habitua; difícil é depois encontrar um meio termo. A manutenção é o segredo de qualquer dieta bem sucedida, mas é também a parte mais difícil - porque mal começamos a dar ao corpo aquilo que ele gosta (nomeadamente calorias a mais e o rabo alapado no sofá), ele não quer outra coisa. Quanto mais comemos, mais queremos comer; quanto mais dormimos, mais queremos dormir. Às vezes temos a tendência de nos "fazermos as vontades", de ouvirmos o nosso corpo - aquilo que é tantas vezes necessário em inúmeros casos - mas caímos em erro, continuando determinados ciclos que deviam ser quebrados.

Mas apesar dos meus medos, consegui voltar ao meu regime de exercício com bastante facilidade. Já voltei a planear os meus treinos no início da semana (faço sempre um plano mental, à segunda-feira, para saber os dias em que faço bicicleta tendo em conta a minha disponibilidade matinal e os dias em que vamos jogar padel) e o resto dos hábitos continuam: ponho o treino do GCN no tablet, uma série no telemóvel, ativo o treino no relógio e pedalo - tudo de manhã, se possível ainda antes das 8h. Já cheguei a treinar ao final da tarde, mas só mesmo se for estritamente necessário - a minha força anímica esvai-se durante o dia com todo o stress e problemas do trabalho, pelo que dificilmente conseguiria enraizar um hábito destes ao final da tarde, entre a obrigação de fazer tarefas domésticas e as oscilações de humor e energia que dependem do decorrer do dia. Para além disso, desde há uns meses para cá que tento fazer um ou dois treinos de braços (musculação) por semana, para complementar o cycling (e o padel), uma vez que estou a dar muito mais atenção aos braços do que às pernas.

Duzentos e tal treinos depois, cá estamos - mais magra e mais saudável (noto menos cansaço no final de tarefas que puxam pelo corpo, por exemplo) mas, acima de tudo, muito orgulhosa de mim. Eu não sou só alguém que nunca gostou de fazer desporto - sou, ainda hoje, alguém com marcas profundas ganhas na escola e ginásios alheios, que me magoaram profundamente. São cicatrizes que, levianamente, tentamos pôr para trás das costas e deixar de dar importância, mas que não deixam de ser um peso só porque as escondemos e menosprezamos. Conseguir manter um hábito destes durante um ano é uma superação muito mais mental do que física. Ter encontrado um desporto que não me mata por dentro, sem ter olhos alheios postos em mim que sirvam de ponto de referência ou comparação foi uma lufada de ar fresco que nunca antes tinha sentido e a solução para um problema que achei que não era solúvel. Que dure muitos mais anos e que eu saiba equilibrá-lo com estilo de vida saudável - e que nunca, nunca mais tenha de pôr os pés num ginásio.

 

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