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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

26
Out21

Uma história com princípio, meio e sim! #19

As perguntas e as respostas que faltavam

Agora que já esmiucei tudo o que sei (e que me lembrei) sobre o casamento, já não resta muita coisa sobre que falar no que a este tópico diz respeito. No entanto há sempre alguma coisa que escapa.

Há uns tempos abri uma caixa de perguntas no meu instagram para responder às dúvidas que tivessem, pois já tinha em mente fazer um post mais rápido e prático para falar sobre um ou outro tema que não tivesse mencionado nos meus textos anteriores. Mas vou ser sincera: só fizeram duas perguntas (não dava claramente para influencer...). No entanto, como uma mulher prevenida vale por duas, já tinha uma série delas apontadas para fazer a mim própria. Aha! ;)  

 

Achas exequível preparar um casamento "apenas" com seis meses de antecedência, sem grandes stresses?

Não só acho exequível como saudável - acho que se tivesse preparado o casamento com dois anos de antecedência estaria hoje a dar com a cabeça na parede. Um casamento acarreta muitas emoções (não só no grande dia) e expectativas - e quanto mais tempo passa, mais vamos juntando e carregando às costas. Em seis meses conseguimos manter os pés assentes na terra e focarmo-nos no essencial, sem tempo para grandes divagações. Agradeço todos os dias não ter estendido o prazo de preparação!

É lógico que temos de ter a noção de que não estamos a respeitar os timings normais do processo e, por isso, teremos de lidar bem com a pressão e com os "não"'s que aparecerão pelo caminho. Vão sempre dizer-vos que é muito em cima da hora, que têm de encomendar o vestido naquele dia senão pode não chegar a tempo do casamento e é provável que não consigam o fotógrafo que sonhavam. A vantagem é que não faltam alternativas para todos os gostos e preços - e, às vezes, até há males que vêm por bem ;) 

 

Fizeste despedida de solteira?

Não, não fiz. Mas fizeram-me! Nem eu nem o Miguel queríamos organizar algo o género; primeiro porque não adoramos o conceito e segundo porque estávamos mais do que contentes por deixar a condição de solteiros, não fazendo grande sentido fazer uma festa para nos despedirmos. 

Mas a minha irmã e cunhadas decidiram fazer uma celebração, prometendo que não havia véus ou bolos em forma de pila, por isso alinhei. Assim, as raparigas foram fazer uma visita ao Chá Camélia, com direito a degustação e lanchinho; os rapazes, organizados pelo meu irmão, foram para os karts. Depois juntamo-nos todos em casa dos meus pais e fizemos uma churrascada.  Para nós só assim fazia sentido festejar: juntos, só com a presença dos que nos são mais próximos.

Acabou por ser um dia muito feliz e muito especial, porque senti que houve um cuidado extra connosco e para com os nossos limites (porque não queríamos rambóia, grandes festas, ajuntamentos ou porcalhices). Foi uma festa como as que gosto: com família, conversa, comida e, acima de tudo, muita partilha. 

 

Fizeram lista de casamento?

Não, não fizemos. Já vivemos juntos há dois anos, temos a casa completamente mobilada, por isso não fazia grande sentido estar a pedir coisas que já temos ou que não precisamos. A ideia inicial era abrir uma "conta" numa agência de viagens, de forma a que as pessoas pudessem dar dinheiro de uma forma discreta e para um objetivo concreto; acabamos por não o fazer porque, tendo em conta a época que vivíamos (covid), sabíamos que, se algo não corresse bem, o dinheiro numa agência ficaria provavelmente a arder. 

Assim, quem quis, deu dinheiro - alguns em envelopes no casamento, outros fizeram transferência. Confesso que para mim não foi um processo agradável - não gosto de pedir dinheiro a ninguém, e estar a dar o NIB foi um bocadinho estranho (e quase presunçoso); pensamos em várias soluções para que isto não acontecesse, mas não conseguimos nenhuma que funcionasse bem, daí termos optado pelos métodos clássicos. 

Há muita gente que não gosta de dar dinheiro e, à falta de sugestões nossas, várias pessoas arriscaram: recebemos vários quadros (muitos deles pintados pelas pessoas em causa, todos eles incríveis), algumas loiças e coisas para a casa, assim como joias. 

 

Em quê que o Covid afetou o casamento?

O nosso casamento foi no primeiro fim-de-semana após sair a portaria que indicava que grandes eventos exigiam testes covid à entrada. Podia ver isto como uma grande chatice, mas devo admitir que para mim foi um descanso! Já era algo que eu queria que acontecesse, mas a única coisa que podia fazer era pedir e sensibilizar os convidados para se testarem antes do casamento. Porque a verdade é uma: eu não confio no bom-senso das pessoas e desconfio muito quando se queixam imenso de fazer um teste que dura dez segundos. Por isso ter alguém acima de nós que obrigasse a este procedimento foi ouro sobre azul.

Podia ter corrido mal, pois foi muito em cima da hora - mas nisso a quinta fez um trabalho irrepreensível e rapidamente recrutou duas enfermeiras, que estiveram à entrada do recinto a fazer os testes, enquanto as pessoas ainda estavam no carro. Por razões óbvias não testemunhei este processo mas soube depois que correu tudo bem, de forma rápida, prática e ágil. Toda a gente deu negativo - o que foi um descanso! - mas também aqui há o revés da moeda: as pessoas relaxaram e depois da cerimónia já não havia máscaras para ninguém. O risco éramos nós. A quinta era grande, estávamos ao ar livre e as pessoas distantes, mas o elo comum eram os noivos... a quem toda a gente se agarrou. Bastou um beijo e um abraço para que todos se esquecessem dos meses de confinamento, dos infetados e dos esforços até ali; e eu e o Miguel estávamos no olho do furacão, não havia nada que pudéssemos fazer para travar aquilo. Tivemos essa noção clara: se alguém estivesse infetado (e por alguma razão tivesse dado negativo, o que é mais do que possível), eu e ele estávamos feitos ao bife e teríamos sido de certeza um elo de transmissão. Felizmente tudo correu bem e foi uma festa covid-free.

Fora isso, foi-nos imposta uma limitação no número de convidados. O salão principal da quinta tem capacidade para 300 pessoas, pelo que o nosso limite eram 150. Tivemos 133. Na verdade até foi bom, porque nunca quisemos uma festa muito grande e assim tínhamos a desculpa perfeita para não convidar tios-avós ou família afastada, obrigando-nos a cortar na lista de convidados logo à partida.

Por isso, sim, houve restrições. Mas nenhuma piorou a festa - pelo contrário.

 

Convidaste todas as pessoas que querias?

Sim e não. Convidei todas as pessoas essenciais, mas há outras que gostava de ter convidado e não convidei. Não o fiz, em primeiro lugar, por causa do Covid - a lista estava apertada, não sabíamos se iria haver desistências e preferimos jogar pelo seguro; segundo porque são, na sua maioria, pessoas desenquadradas. Todas elas são pessoas amigas, mas vindas daqui e dali, sem qualquer elo em comum com os restantes. E se por um lado o gesto de convidar alguém é bonito e generoso, por outro acho muito chato estar num evento onde não se conhece ninguém. Nessas situações eu sou a primeira pessoa a pôr-me de parte e dizer que não vou, e não queria pôr os outros nessa situação (mesmo que não se sintam tão desconfortáveis quanto eu). Foi uma decisão feita em consciência.

 

Foi difícil fazer a distribuição por mesas?

Dizem que é das partes mais chatas e difíceis na preparação de um casamento, mas confesso que no nosso caso não foi nenhum bicho de sete cabeças. Eu e o Miguel tivemos formas diferentes de dividir as pessoas das nossas respetivas famílias: eu juntei as pessoas por geração (tios com tios, primos com primos, amigos com amigos - e juntava pessoas da mesma idade mesmo que não fossem família direta); o Miguel optou por juntar agregados familiares (pais, filhos e netos na mesma mesa).

As duas formas funcionaram muito bem, mas de um ponto de vista prático diria que minha tática é melhor e mais flexível, pois trabalha normalmente com casais (duas pessoas), enquanto que o Miguel tinha de ter em conta quatro, cinco ou seis pessoas de cada vez. Enquanto se está a testar soluções, a encaixar este aqui e aquele ali, é muito mais fácil movimentar "duas peças" e encaixá-la numa mesa do que movimentar números maiores. 

 

É verdade que o dia passa num ápice e os noivos não comem nada?

O tempo é um conceito relativo. Enquanto estava presa no camarim ou na viagem para a quinta os minutos não queriam passar; já durante a festa, o tempo foi-se num fósforo. A verdade é que, pela hora do almoço, perdemos completamente a noção das horas - e quando demos por isso já tínhamos derrapado no nosso horário e não sabíamos como.

Em relação à comida: a parte dos buffets é complicada e, de facto, come-se pouco ou nada. Há sempre pessoas a falar connosco, alguém a querer tirar uma fotografia ou a dar mais um abraço. No entanto comi todos os pratos do almoço e fiquei bem servida para o resto do dia, por isso não me posso queixar de ter tido fome. Mas contra factos não há argumentos: dos buffets que foram servidos - um logo depois da cerimónia e outro depois do concerto, à tarde - só comi umas perninhas de caranguejo, um croquete e um pouquinho de ananás. À noite não vi sequer o buffet de sobremesas e só consegui apanhar o resto do rodízio à brasileira, já muito mal servido (porque já tinham comido t-u-d-o!). 

A verdade é uma: uma pessoa paga e não come nem experimenta metade das coisas que escolheu. Mas faz parte. Comer um bom pequeno-almoço é um truque essencial, assim como aproveitar a hora da refeição sentada para conseguir abastecer e ganhar forças para o resto do dia.

 

Qual foi o momento mais difícil de gerir?

Emocionalmente, foi o momento do discurso para os nossos pais - curiosamente foi mais pesado do que a cerimónia em si, apesar do meu coração ter ficado muito apertado quando viu o Miguel a chorar baba e ranho no altar.

A nível logístico foi, sem dúvida, o momento após a cerimónia, em que toda a gente vem falar connosco, abraçar-nos, beijar-nos e parabenizar-nos. A certa altura eu e o Miguel já estávamos a uns valentes metros um do outro, separados pela multidão que nos arrastava para um lado e para o outro. É um momento caótico. 

 

Os vossos convidados fizeram alguma tropelia ao vosso carro ou casa?

Toda a gente sabe que eu detesto surpresas e sou muito careta em relação a alguns assuntos. No que diz respeito à casa, o Miguel ainda é mais rígido que eu e era uma linha que não queríamos que ninguém ultrapassasse: na casa, não se podia mexer. E foi respeitado.

Já o carro, eu própria dei luz verde e pus o meu à disposição - gosto muito dele, mas não deixar de ser um objeto para me fazer deslocar de um lado para o outro, por isso não me importava que o sujassem ou pusessem coisas lá dentro. Acho que há limites - mas, mais uma vez, estiveram muito longe de ser ultrapassados. Foram só dezenas de balões, muitas pétalas e uma quantidade significativa de preservativos (ainda vou descobrindo alguns de vez em quando, enfiados nos buracos mais recônditos do automóvel)- e uns laçarotes fora do carro, assim como uns desenhos amorosos a dizer "viva os noivos". Tive muita sorte.

 

Como é possível o teu irmão ter-te casado? É padre? 

O meu irmão não nos casou - simplesmente realizou a cerimónia no dia do nosso casamento. Normalmente o que se faz nestes casos é casar pelo civil na própria quinta; marca-se com o conservador e ele dirige-se ao espaço que escolhemos e faz lá todo o protocolo de um ato de matrimónio. A questão é que este é um processo chato, em que lêem o nosso nome 5 vezes, a nossa morada, contribuinte e por aí em diante... não seria uma cerimónia bonita e pessoal conforme tínhamos sonhado. Para além de que ainda teríamos de pagar um extra pela deslocação do conservador e pelo facto de trabalhar ao fim-de-semana.

Por isso optamos por casar na sexta-feira anterior pelo civil - fomos só nós os dois, na conservatória, num momento rápido e muito simples, mas muito feliz - e fizemos uma cerimónia à nossa medida no dia da festa do casamento. O meu irmão não é padre, nem conservador, nem cerimoniante - é simplesmente alguém com à vontade para falar em público, com capacidades para aquele papel e com um sentido de humor e sensibilidade que fez com que achássemos que fosse o ideal - isto para além de ser meu irmão, o que tornou tudo ainda mais especial.

 

Conta um pormenor emocional do teu casamento.

Uma das mesas do nosso casamento era composta por pessoas que já faleceram - nomeadamente os nossos avós, um familiar do Miguel e a D. Joaquina. A mesa estava mesmo lá, com velas. Foi um pormenor que passou ao lado da maioria, mas que para nós era importante. Enquanto fazíamos as listas de convidados foram todos nomes que nos passaram na mente, que sabíamos que ficariam felizes por estar ali, mas que já não podíamos convidar. Iam estar presentes de qualquer das formas - na nossa memória, nos nossos corações e nos de muita gente que lá estava - mas assim ficou visível a nossa vontade (e tristeza) por não terem durado o suficiente para partilharem aquele momento connosco. 

 

Conta uma coisa que te surpreendeu pela negativa.

Nunca achei que isto fosse sequer uma coisa em que eu fosse reparar, mas reparei - e o mais engraçado é que não fui a única. Depois do casamento há uma expectativa um bocadinho parva de vermos os nossos fornecedores a partilharem pormenores do nosso casamento - da mesma forma que vemos a partilha de imensas fotos e vídeos de outras celebrações nas suas redes sociais. No meu caso, não aconteceu: nem a quinta, nem o vestido de noiva, nem os músicos...

Inicialmente o que me passou pela cabeça foi "será que o meu casamento foi assim tão mau que ninguém quer partilhar?", mas pouco depois assentei os pés na terra e a ideia passou-me. Nos contratos que assinei e nas compras que fiz não havia nenhuma cláusula que dissesse que eles tinham de partilhar conteúdos relacionados comigo ou com o meu casamento; se ficamos satisfeitos com o serviço, se correu tudo bem e houve respeito de parte a parte, não há nada mais a acrescentar. Qualquer partilha seria um bónus e um afago ao meu ego. A verdade é que ninguém, para além de mim ou do Miguel, tem de adorar o nosso casamento. O que importa é nós adorarmos. O resto é paisagem - mesmo que o ego se queixe.

 

E outra pela positiva.

Primeiro, a qualidade do bolo. Tendo em conta as massas de bolo que experimentamos antes do casamento eu antevia um desastre (neste caso dou o braço a torcer e sei que sou muito esquisita, mas aquelas massas não agouravam nada de bom). Escolhemos o bolo mais simples - pão de ló com doces de ovos - e foi um absoluto sucesso, imensa gente adorou. E eu própria confirmo: quando no momento do corte do bolo pus um pouco da fatia à boca, as minhas papilas gustativas até ficaram de queixo caído. Estava fofo, fresco e óptimo! (Ah, e não era de esferovite - as três camadas eram mesmo todas de bolo).

Segundo, a qualidade da comida. Esperava uma coisa mediana - é o que espero sempre (senão pior), quando há mais de uma centena de refeições quentes para servir ao mesmo tempo - mas fiquei muito surpreendida com a qualidade da comida e a sua apresentação. Estava tudo saboroso e bonito. A prova foi a (pouca) comida que sobrou nos pratos e a quantidade de pessoas que quis repetir. 

 

Quanto é que custa, afinal, casar?

O custo de um casamento é muito, muito variável. Tudo é opcional e mutável, e cada escolha tem um custo associado. Caso quiséssemos, havia quintas e fotógrafos cujos orçamentos eram metade daquilo que pagamos, por exemplo. Depende muito do budget e prioridades de cada um. Para dar uma ideia, e porque sei que é difícil encontrar respostas concretas neste sentido (o pessoal foge dos números como quem foge da cruz), no nosso caso, o valor por cabeça (da quinta) acabou por rondar os 130 euros. O custo total, já com todos os serviços mas excluindo a lua-de-mel, rondou os 30 mil euros. Parece-me muito difícil gastar menos de 15 mil euros (isto tendo em conta o meu número de convidados e alugando uma quinta) num casamento.

 

Dá um conselho prático a alguém que se vá casar em breve.

Podem ser dois? Um para o planeamento e um para o dia:

1. Fazer uma folha de excel com todos os custos associados ao casamento - é muito fácil perder a noção das coisas quando estamos a fazer negócios em catadupa e quando desejamos que tudo seja perfeito. Acrescentem também quem pagou o quê (por vezes os padrinhos ou os pais gostam de pagar algum item em particular, por exemplo). Quando chegar o dia do casamento, e no caso de receberem dinheiro, apontem também quanto receberam e tentem perceber se o que vos deram cobre os custos do casamento.

2. No grande dia distribuam tarefas por pessoas da vossa confiança - não se vão lembrar de tudo. Querem uma foto de família com todos os primos? Querem fotos do momento da troca das alianças? Querem vídeos dos vossos votos? Distribuam as tarefas com antecedência e responsabilizem as pessoas para agilizar este tipo de tarefas, para que no grande dia apareçam feitas sem se dar por isso. 

 

Mudarias alguma coisa naquele dia?

Tudo o que mudava foram as coisas que desejava à partida que fossem diferentes, e não foram. Antes do grande dia, mudava toda a saga do vestido de noiva e faria com que o Miguel fizesse parte do processo. Arranjar-me-ia com ele e eventualmente entrava com ele no casamento, poupando aquela entrada do demónio até ao altar. Não sei se mandava fazer o vestido onde fiz, nem se levava o cabelo apanhado.

 

Tiveram a ajuda de algum wedding planner?

Não. A única pessoa que nos deu alguma ajuda prática foi a senhora da quinta, que nos acompanhou durante todo o processo do casamento, mas nada digno de menção. Deu-nos apenas algumas sugestões e inputs segundo a experiência dela.

 

Qual foi o dinheiro mais bem investido e o mais mal investido no vosso casamento?

Diria que a quinta foi o dinheiro mais bem investido, tendo em conta que é o serviço mais importante e completo, assim como o investimento mais avultado. Isto a par do fotógrafo/videografo, serviço a que eu dou particular importância. O pior terá sido o DJ - não porque era mau (pelo contrário), mas porque pouco usufruímos do seu trabalho. 

 

Qual foi a decisão mais difícil? E a mais fácil?

Por mais ridículo que pareça, uma das coisas que mais tempo nos roubou foi a decisão das músicas para os momentos chave. Foi difícil decidir e chegar a um consenso - ao contrário do que aconteceu em relação à escolha de todos os fornecedores principais, em que fomos rápidos a escolher e tivemos sempre de acordo.

Uma das decisões mais rápidas foi a do fornecedor dos convites, pois foi amor à primeira vista - mas na verdade foram quase todas fáceis, embora algumas tenham envolvido mais pesquisa e, por isso, mais tempo até chegarmos a uma decisão.

 

O quê que não funcionou como desejarias?

As histórias por detrás das ementas. Tenho pena que não lhes tenha sido dado o devido valor e atenção.

16
Out21

Voltar ao Japão passado dois anos (... em memórias)

Há dois anos estava a meio de um dos conjuntos de dias mais felizes da minha vida. De mochila às costas, carregada até ao fecho não dar mais, uma mão estava colada à do amor da minha vida e a outra já devia arrastar por esta altura uma mala - uma das que tivemos de comprar para transportar tudo aquilo que compramos. Adoro souvenirs. Gosto muito de ter em minha casa um pedacinho de todos os sítios por onde andei - lembram-me como sou feliz a viajar, recordam-me coisas boas, fazem de mim grata pela vida que tenho e ansiosa pela próxima aventura. E gosto de dar estes pequenos presentes aos outros para eles saberem que, enquanto deambulava, passeava ou mergulhava num qualquer destino, parte de mim estava aqui, com eles.

Uma das coisas mais preciosas da vida, para mim, é a memória. Sou saudosista, adoro recordar - e uso todos os meios que tenho ao meu dispor para não me esquecer. Já o disse aqui muitas vezes: este blog, a escrita, é o maior inimigo para o esquecimento, e por isso faço questão de registar tudo aquilo que foi importante para mim, o que gostei e não gostei, tudo o que aprendi. Mas também tiro fotos, faço vídeos e, no que diz respeito às viagens, guardo todos os pedacinhos que me façam lembrar de um determinado sítio. Durante muitos anos estas minhas memórias foram sendo acumuladas em forma de entulho virtual (excluindo aqui no blog, que sempre foi muito organizadinho) e físico - e sei que funciona assim com a maioria das pessoas e as suas próprias recordações. Até ao momento em que tentava revisitar os locais e me perdia no meio das minhas próprias tralhas: no que diz respeito às fotos, depositadas numa pasta virtual, metade era lixo e eu chegava a meio cansada de ver fotografias feias, desfocadas, cortadas ou sem nada de interessante. Quando chegava aos vídeos, já tinha perdido a paciência. E quando me dava ao trabalho de ir buscar a minha caixa de recordações para ir ver os bilhetes de avião e coisas que tais, tinha de passar por tudo o resto até lá chegar - e entretanto perdia-me a olhar para o meu primeiro telemóvel, a chave de casa do Algarve, uma carta que a minha irmã me escreveu e outras relíquias que lá tenho guardadas, isto enquanto me cruzava com coisas caídas e perdidas de outras viagens que já não conseguia recordar ou distinguir.

Este caos acabou quando comecei a editar fotografias e a escolhê-las criteriosamente. Assim, em vez de 500 fotografias de uma viagem, fico com 150 - todas boas, todas com significado. Depois disso, vieram os álbuns - tanto de cada viagem como anuais, com o best of de cada ano, resumindo todos os eventos de família que existiram e mostrando um bocadinho de cada um, para mais tarde recordar. Dos vídeos acabei por fazer outros vídeos - mais curtos, mais divertidos, mais dinâmicos; que não necessitassem de doses astronómicas de paciência e tempo de cada vez que os via, mas sim que me dessem gozo sempre que clicava no play. As tralhas e recordações que trazia do estrangeiro, passei a colocá-las no meu viajário, organizadas e bonitas, para mais tarde poder viajar enquanto folheio.

Todos estes trabalhos são, por si só, inimigos do esquecimento - é quase como fazer copianços antes do teste: sem querer, enquanto os fazemos, estamos a aprender. E ali, enquanto revemos todas aquelas imagens e momentos, estamos a absorver tudo de uma forma mais profunda, a reviver tudo aquilo que vivemos.

No caso do Japão fiz um álbum, um vídeo e vários posts (embora não todos os que queria) - para além de ter trazido muitos souvernirs, claro. Faltava guardar todos os talões, papéis e recordações que de lá trouxe. Desta vez não iriam para o viajário, mas sim para aquela que foi a primeira prenda que o Miguel me deu: um livro de recordações de viagens da Mr. Wonderful. Comecei a fazê-lo pouco depois de voltarmos mas desisti, até porque sentia que faltava algo. Tratei do "algo" - sentia que o álbum estava despido, que lhe faltava contexto, e por isso mandei fazer umas fotos tipo polaroid no LaLaLab - mas depois nunca mais lhe peguei. Até há um mês, em que finalmente o concluí. E se por um lado é bom fazermos estas coisas enquanto a memória está fresca, por outro tive a plena consciência de que viajei outra vez enquanto o completava.

De cada vez que viajamos parte do coração fica com aqueles que amamos. Mas a outra - a que levamos connosco - está muitas vezes destinada a desfazer-se, a ser obrigada a deixar-se ficar no lugar onde fomos. Há dois anos eu estava no Japão com duas das pessoas que mais gosto - e foi tão especial que parte de mim ficou lá, naquele lugar, para sempre. E a única forma de o recuperar é voltar lá sempre que posso - se não for de avião, que seja pelas tantas memórias que deixei espalhadas de tantas formas e por todo o lado, para saber que é sempre possível ser feliz.

 

Sobre o álbum: sempre adorei estes cadernos tipo scrapbooks, como via nos filmes americanos. Não tenho a arte, a mão ou a paciência para os fazer tão bonitos como imagino, mas faço o melhor possível, e o resultado não é mau de todo. O livro é da Mr. Wonderful, comprado na Fnac. As fotos mandei fazer na LaLaLab e os "cantos" colados à moda antiga foram comprados na Tiger. Já tinha lá comprado um caderno de scrapbook que tinha vários autocolantes que utilizei aqui (outros são da Mr. Wonderful, tanto deste álbum como de agendas deles que tive há uns anos), assim como aqueles envelopes pequeninos; a washi tape também foi comprada na Tiger. 

 

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13
Out21

Uma história com princípio, meio e sim! #18

Os momentos de um casamento diferente

A entrada dos noivos (errrr, perdão - do noivo)

Basta recordar um dos momentos mais marcantes do meu casamento para se perceber que se tratou de uma cerimónia diferente do habitual. Ao contrário de todos os outros, é da entrada do noivo que todos se lembram. A minha entrada foi "normal"; a do Miguel foi "A" entrada. 

Começou por ser uma ideia "parva" e um tanto ao quanto descabida... até ao momento em que se tornou realidade. Os meus sobrinhos, ao saberem que as irmãs/primas iam ser as minhas meninas das alianças, indignaram-se por os rapazes não terem nenhum papel de destaque no casamento. Aí o Miguel lembrou-se de os incluir na sua entrada... mas com um twist inesquecível: os rapazes escoltariam o Miguel até ao altar ao som da Marcha Imperial do Star Wars, todos vestidos a rigor: Stormtroopers, Boba Fett e Darth Vader. Correu tudo lindamente: os miúdos guardaram segredo (até dos pais!) durante uns cinco meses, os fatos eram super giros (mandamos vir da Amazon) e toda a gente ficou a perceber que não estavamos ali para brincar - pelo menos na parte em que dissemos que aquele ia ser um casamento para mais tarde recordar, recheado de trunfos na manga, que guardamos em copas durante todo aquele tempo.

Eu e o meu pai, presos no camarim, fomos os únicos que não testemunhamos este momento - mas soube, mal entrei, que tinha sido épico. 

A minha entrada é dos momentos que não gosto particularmente de recordar: primeiro porque estava chateada por ter estado tanto tempo presa no camarim, segundo porque fiquei ainda pior quando percebi que a música que estava a tocar não era a correta e terceiro porque contempla um momento de sufoco para mim, em que já consigo olhar para o altar e vejo o Miguel a chorar como uma perdido à minha espera. Para muitos é fofinhó-coiso, para mim é só sinónimo de sofrimento, ver alguém a chorar assim, mesmo que seja de emoção ou felicidade.

Por isso a entrada resume-se a isto: ao Miguel, ao seu Star Wars e eu, finalmente, a chegar até aos braços dele. 

 

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Os votos e a cerimónia

A cerimónia foi feita pelo meu irmão mais novo - algo que, mais uma vez, partiu de uma ideia à partida parva e descabida, mas que acabou por se tornar realidade. Os meus irmãos são das pessoas mais importantes da minha vida e eu queria muito que tivessem um papel preponderante neste momento. Assim, a minha irmã e o meu irmão mais velho foram os padrinhos - uma escolha particularmente difícil no campo masculino, tendo em conta que tenho dois irmãos e não queria deixar um de fora. A solução? Incluir o não-pradrinho na cerimónia e, assim, cada um teria o seu papel.

No início ainda estivemos na dúvida sobre o que fazer: levar o conservador à quinta, contratar um cerimoniante ou arriscar de facto no meu irmão para esse papel. Fomos pela última hipótese; costumo dizer que é o meu irmão palhaço, por isso aquilo tinha tudo para correr bem. Queríamos muito que a cerimónia fosse intimista, muito nossa; que o cerimoniante nos conhecesse, que conseguisse falar com conhecimento de causa. A vantagem aqui era poder juntar uma pontinha de humor e que, embora emocional, a cerimónia fosse também divertida para quem estivesse a assistir.

Mais uma vez foi uma "idiotice" que nos saiu melhor que a encomenda. O meu irmão, nervosíssimo, foi muito mais sério no discurso do que aquilo que eu imaginava - mas saiu-se lindamente, com palavras lindas e muito emotivas também.

As madrinhas leram um texto cada uma (com muitas lágrimas à mistura) e depois chegou a nossa vez. O dele lido com a voz embargada e carregado de emoção; o meu, já quase decorado de tantas vezes o ter rescrito e relido, declamado ao mesmo tempo em que olhava de soslaio para o meu marido, com direitoa algumas piadas pelo meio, para que tudo aquilo não fosse só choro. Foram momentos muito bonitos e muito especiais, em que o poder das palavras tomou uma dimensão enorme e nos encheu o coração de amor. 

 

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A entrada na sala

Confesso que sempre achei este momento-cliché um bocadinho parvo, mas acabou por ser provavelmente o meu preferido de toda a festa. Primeiro porque foi precedido pelos únicos cinco minutos que tive sozinha com o Miguel, no camarim, enquanto toda a gente entrava na sala e se sentava - e como é bom saborear o silêncio num dia como este, ao lado da pessoa que está no olho do furacão connosco! Segundo porque foi genuinamente feliz e improvisado, desprovido de stress, tensões ou emoção em demasia e em que a música (Crazy Little Thing, dos Queen) estava em harmonia perfeita com o nosso estado de espírito. Diverti-me imenso a rodear as mesas, a dançar (sob o olhar de espanto dos meus convidados) e a poder olhar para as pessoas que partilhavam este dia connosco. Com o bónus de, no final, termos dado abraços bem apertados às duas mesas mais especiais do nosso casamento: a nossa (com os nossos pais) e a dos padrinhos. Recordo-o com saudade.

 

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O vídeo e o discurso aos pais

O almoço ia a meio mas as surpresas ainda estavam só no início. Primeiro foi para nós, depois foi para os outros.

A irmã do Miguel, numa homenagem à vida de ambos, fez um vídeo cheio de fotos nossas, recordando todo o percurso que havia de nos levar até ali. Um gesto que eu, confesso!, já esperava - mas que independentemente da expectativa, de se saber ou não, nos comove sempre. Não só por olharmos para o passado mas por percebermos que houve quem dedicasse o seu tempo para nos proporcionar aquele momento. 

Depois chegou a nossa vez. Se os irmãos são das pessoas mais importantes das nossas vidas e os queríamos incluir neste dia, os nossos pais deram-nos vida e, como tal, não podiam ficar de fora. No bolso do Miguel escondia-se um pequeno discurso, escrito um par de dias antes do casamento, que lemos para os nossos pais, como forma de expressarmos por eles o nosso amor e um agradecimento público por tudo aquilo que nos proporcionaram até ali - incluindo aquele momento. Algures na minha parte, agradeço-lhes por aturarem e acederem às nossas maluqueiras e manias, ao que o meu pai diz, a alto e bom som: "que remédio!". Ouviu-se um riso generalizado - pois sabiam que, no fundo, é verdade ;)

Depois do riso veio a descompressão, naquele que para mim foi o momento mais emotivo de toda a festa. "Casamento" e "pais" não são, para mim, palavras fáceis de conjugar - e acho que, de uma forma geral, este é visto como um momento de rompimento na relação entre os filhos e os pais. Nunca concordei com essa forma de pensar, fiz tudo para que não acontecesse, mas não quer dizer que não me afete. E ali, num dia tão recheado de emoções, não tive como fugir àquele momento.

 

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A música ao vivo (e o jogo de Portugal)

Já contei aqui que a música ao vivo foi uma decisão de última hora - mas foi a melhor decisão do mundo! O S. Pedro colaborou e os nossos planos puderam ir avante, por isso o concerto foi no exterior e pudemos todos estar sem máscara, distanciados e a desfrutar do dia e da música incrível que os Simple Sound nos proporcionaram.

Percebi que, sim, é possível fazer um baile à tarde. Que sim, é possível ser ao livre. Que vale a pena não ter medo de arriscar em coisas fora do comum, porque compensa em dobro! Pude confirmar a minha teoria, de que não é preciso escuro, luzes loucas e bolas de disco para se fazer a festa. Foi um momento incrível, com a melhor vibe de todo o casamento. Se me dissessem que todas as festas eram assim, eu passaria a ser uma party person.

Se toda a gente aproveitou? Não. Ficaram na sala os mais velhos, os mais friorentos (se dançassem, o frio passava logo) e os mais chatos. Ah, e os futeboleiros. Tivemos o azar do casamento calhar em dia de jogo decisivo para Portugal, em pleno europeu. Fomos obrigados a tomar uma decisão: ou fingir que o jogo não existia ou aceitar e embarcar na viagem de ver um jogo em conjunto. Não havia opção ideal - isso seria não haver futebol. Mas havia e, com as novas tecnologias, metade dos homens ia estar agarrado ao telemóvel a ver o resultado em tempo real. Por isso aproveitamos o projetor que já tínhamos alugado para o vídeo e projetou-se o jogo. Muita gente não foi à partida para o exterior por causa disso; outros ouviram parte da música e, à hora marcada, subiram para ver o futebol. 

Preferimos assim. Como diz o ditado: só faz falta quem cá está, e na plateia dos Simple Sound foi isso que senti. Nós, os noivos, não vimos nem uma coisa nem outra por completo: do concerto tivemos de sair a meio para ir tirar as fotos ao pôr-do-sol (com muita pena minha, pois estava gostar MUITO); do jogo só vimos o fim, com Portugal já a perder. É a vida. Foi da maneira que não "estragou" mais casamentos.

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O corte do bolo

O corte do bolo tem todo um protocolo (que só nos dizem três minutos antes de acontecer) e por isso - mais uma vez! -  é um momento pouco natural. Se por um lado dá fotos espetaculares - nisto tenho de dar o braço a torcer - por outro é só mais uma coisa feita de propósito para o livro de recordações. Aqui não mudei de ideias: se de facto desfrutei da entrada na sala (quando achava que não ia acontecer), aqui foi só o cumprir do momento. Se foi bonito? Foi. Se foi giro? Também. Se acrescenta valor? Nem por isso.

Mas a verdade é que as pessoas adoraram, elogiaram imenso o momento e creio que o retiveram na memória. Nesse aspeto fico feliz em ter cedido na questão do fogo de artifício em cascata (não queria porque, lá está... #clichê) porque dá um efeito diferente, algo mágico. Sem isso o corte do bolo seria só mais um momento do protoloco ainda mais sensaborão.

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A primeira dança (aliás, canção), a valsa e o baile

Já se tinha passado todo um dia de festa mas nós ainda tínhamos uma surpresa na manga. Provavelmente a maior de todas.

Nunca gostei de dançar - e desde o ciclo que tenho muita vergonha em fazê-lo em público, por causa de umas aulas horríveis que tive na altura. O Miguel não tem traumas do género, mas não é atividade que lhe dê grande gozo. No fundo é como eu, que danço quando o rei faz anos... ou quando alguém se casa ou há uma passagem de ano animada ao ponto de me fazer mexer as ancas. Por isso só a ideia da "primeira dança" me (nos?) dava arrepios. Decidimos logo que essa seria uma das tradições que passaríamos à frente. Mas queríamos algo que servisse para abrir a pista, altura em que toda a gente se juntaria e não seríamos só nós o centro da atenção. E o que fizemos? Cantamos.

Algures em Março estava muito em voga a música "Maldita a Hora", do João Só; o Miguel passava a vida a cantarolá-la quando chegava a casa e, quando ouvimos com atenção a letra, percebemos que fazia todo o sentido na nossa história. Passamos por várias fases: ser outra pessoa a cantá-la para nós, ser o Miguel a cantar esta música e eu cantar outra, mas acabamos por fazer um dueto no casamento. Acho que foi o dueto mais improvável da história, tendo em conta a cara das pessoas que nos rodeavam. Eu prefiro cantar a dançar, mas o Miguel prefere não fazer qualquer das duas coisas. Foi, mais uma vez, uma prova de amor. E, dadas as reações, a garantia de que vale a pena fazer diferente, se assim desejarmos. 

A dança veio depois. O mote foi dado por uma valsa que a família da minha mãe ensaiou e que trouxe muita gente para a pista. Foi um momento clássico mas muito giro, e que agora já não é assim tão comum - se antes de começava sempre com valsas, agora são as músicas contemporâneas que chamam as pessoas à pista. Mais uma coisa que combina connosco, velhinhos de alma, que demos de frosques mal a coisa começou a virar mais arockalhada.

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