Uma história com princípio, meio e sim! #14
Cabelos e maquilhagem - ou como tentar não ser roubada para ser uma noiva bonita
Num mundo idílico, o tema "cabelos e maquilhagem da noiva" não seria um dos que abordaria isoladamente aqui no blog. Mas, na verdade, é o exemplo perfeito de um flagelo que afeta a organização de um casório chamado «inflação completamente desproporcionada de tudo o que tenha "noiva/casamento/noivo" no nome».
Casei num domingo e a cerimónia estava marcada para as 11h30. Ou seja, tinha duas questões difíceis de resolver: primeiro a maioria dos cabeleireiros estão fechados ao domingo; segundo, dada a hora do casamento, teria de começar a arranjar-me por volta das 8h (o mais tardar!) - hora a que os cabeleireiros, normalmente, ainda não estão a trabalhar.
Por isso decidi começar a procurar serviços/profissionais que fossem a minha casa, para me arranjar não só a mim como à minha família mais próxima. E fiquei EM CHOQUE com os preços que me deram e que, aparentemente, são aceites pelo mercado em geral. Profissionais deste gênero têm normalmente packs de noivas que, desculpem-me a sinceridade, são de bradar aos céus; pedi orçamentos a quatro empresas diferentes e o mínimo que pediam para arranjar a noiva era 250€. Isto incluía maquilhagem e cabelos, assim como a prova. Sim, são dois momentos distintos e dois serviços diferentes... Mas 250 euros? 300? 350? Mas está tudo maluco?! Isto era o pacote mais pequeno, sendo que havia outros que chegavam aos 900 euros, incluindo retoques de maquilhagem ao longo do dia, pedicure e manicure.
A questão que me assola é: uma maquilhagem de noiva não é uma maquilhagem igual às outras (aliás, a minha era bem mais simples do que muitas das convidadas)? Um penteado de noiva não é igual a qualquer penteado que vamos fazer ao cabeleireiro num outro dia de festa, tirando o facto de pendurarmos lá o véu? I
E isto, na verdade, pode ser extrapolado para muita coisa no que diz respeito ao casamento. O bouquet não é um ramo normal? A lingerie não é igual aquela mais sexy da secção noite? A resposta é não. Porquê? Porque é para o casamento, o dia mais mágico das nossas vidas, e tudo o que implique dias mágicos pede preços mais elevados.
Nestes casos em que se pedem preços astronómicos por coisas aparentemente normais (só por serem para o casamento, esse dia mágicooooo!), o meu conselho é procurar e não aceitar, simplesmente, que os preços são aqueles que nos dão. Não digo que regateiem - mas procurem! Falo sempre no site dos casamentos.pt, que é normalmente uma ajuda preciosa, mas aconselho-a principalmente para fotógrafos, espaços e outros serviços especializados nesta indústria; no caso de coisas "mundanas" procurem na vossa cidade, perguntem a pessoas conhecidas, peçam referências. Há sempre alguém que conhece uma pessoa com jeito de mãos, uma lojinha ou quem tenha um cabeleireiro de confiança, por exemplo.
A mim foi o que me safou. Neste momento não tenho um cabeleireiro que frequente sempre ou onde faça serviços completos; tive uma fase onde fazia tudo o que era estética num só local mas neste momento arranjo as mãos num sítio, os pés noutro, a depilação noutro e o cabelo no sítio para onde estiver virada naquele dia. A minha mãe, neste momento, é fiel à Inês Pereira, na Maia, falou com eles e, felizmente, estavam disponíveis nesse dia!
As guidelines eram claras: estar simples e natural! A ideia inicial era ir com o cabelo semi-apanhado, só com um "nó" para encaixar o véu e o toucado, mas mudei de ideias no dia da prova, quando fizemos vários testes e toda a gente pendeu para um penteado um bocadinho mais elaborado. Na altura concordei; hoje, levaria o cabelo mais solto, a minha ideia original. O penteado foi feito de forma a que, se quisesse, o pudesse soltar parcialmente - até levei o alisador para fazer umas ondas e etc. - mas acabei por não mexer mais. O tempo no dia do casamento é tão escasso e precioso que temos de fazer algumas escolhas - e eu preferi estar com as pessoas ou com o meu marido do que ir (re)arranjar o cabelo.
O mesmo se aplicou à maquilhagem: uma linha super simples e clean, com cores suaves e leves; sem pestanas postiças nem grandes contornos, o essencial era mesmo parecer natural. Na semana anterior ainda tinha ido comprar um batom para poder retocar ao longo do dia... que ficou no mesmo saco que o alisador, em que não toquei. Mesmo com algumas lágrimas e depois de comer, não retoquei absolutamente nada - por isso acho que contratar um serviço de estética que acompanhe a noiva ao longo do dia é dinheiro deitado ao lixo (a menos que sejam celebridades ou vloggers e tenham de estar sempre no ponto..!).
A equipa da Inês Pereira foi sempre impecável e tudo correu lindamente, tanto na prova (onde fiz três penteados diferentes) como no dia do casamento. Eram 6h30 da manhã e estavam quatro profissionais a chegar e a montar todo um estaminé no jardim interior lá de casa, com luz natural de fazer inveja à maioria dos cabeleireiros, para tratar de mim, da minha mãe, irmã, cunhada e sobrinhas - sempre com boa energia e com um sorriso na cara. Demorou tudo mais tempo do que estava a contar - nunca achei que demorassem uma hora e meia só a maquilhar-me - mas quem sabe, sabe, por isso deixei que fizessemo seu trabalho e meti-me na minha vida. Pelo meio ainda tomei o pequeno-almoço e orquestrei a organização dos cones das pétalas - e acho que é seguro dizer que era a pessoa mais calma cá de casa. E a verdade é que não tinha razões para tal: correu tudo lindamente e acho que ainda ganharam clientes pelo caminho.
Para referência: para todos estes serviços e arranjar três mulheres e duas meninas (com penteados e maquilhagens várias, de complexidades diferentes), o valor rondou os 400 euros. Valeu ou não a pena, procurar? ;)