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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

28
Jul21

Review da semana 28#

Os shampôs sólidos da Plume

Para desenjoar um bocadinho do tema do casamento - que, para mal dos pecados de alguns de vós, ainda vai ter lugar durante mais uns tempos - decidi trazer hoje de volta uma das rubricas que sempre me deu mais prazer: a Review da Semana (que é como quem diz: o espaço onde me dou ao luxo de opinar sobre marcas, produtos, serviços e tudo aquilo que me apeteça). E ela volta das cinzas (sim, porque já não fazia um post destes há dois anos) com uma recomendação daquelas mesmo boas, que já ando para partilhar há meses. 

No Natal fui influenciada por uma publicidade do Instagram (sim, às vezes funciona!) e decidi arriscar na compra de um shampô sólido. Apesar de já conhecer várias marcas que trabalhavam este tipo de cosméticos, de já ter oferecido vários shampôs deste género a outras pessoas e de até ter experimentado outras coisas sólidas e pouco usuais (como pasta dos dentes ou desodorizante), nunca me tinha aventurado em produtos para o cabelo.

Mas vi aquela publicidade da Plume e, por alguma razão, gostei da forma como trabalhavam o conceito da marca e arrisquei. Na altura estavam com um pack muito simpático que, se a memória não me falha, continha não só o shampô como um aroma para pôr nas gavetas e um sabonete esfoliante. Tinham vários, dedicados aos diferentes tipos de cabelos. Eu sempre tive o cabelo oleoso, algo que tende a piorar com as hormonas, principalmente em alturas de grande stress - algo que, no Natal, estava num verdadeiro crescendo. Investi por isso no pack que continha o shampô sólido de jasmim e argila verde, feito especialmente para cabelos com as características do meu.

E posso dizer-vos o seguinte: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Tinha uma série de ideias pré-concebidas que, percebi depois, são totalmente mentira: achava que este tipo de shampôs não faziam espuma, que eram menos práticos e mais difíceis de aplicar. Na verdade é exatamente o oposto: fazem espuma quanto-baste, são super práticos - tanto ao nível da aplicação como para transporte, por serem pequeninos e compactos - e, acima de tudo, duram muito mais tempo - primeiro porque, ao contrário dos shampôs líquidos, não há o risco de acontecerem aqueles pequenos desastres em que, sem querer, pomos na mão quantidade suficiente para lavar o cabelo durante duas semanas, e depois porque funciona como um sabonete, que não se desgasta com tanta facilidade. E quanto aos resultados, não tenho razão de queixa: oleosidade controlada, o que faz com que não seja obrigada a lavar o cabelo todos os dias - e às vezes, na loucura, até aguentar dois!

Gostei tanto que já voltei a repetir a compra e até adicionei mais produtos ao carrinho: o condicionador sólido de jasmim e lúcia-lima (óptimo e ainda mais "poupado" que o shampô - acho que tenho ali produto para ano e meio!) e o sabonete detox carvão e lima, que também gostei imenso (e, curiosamente, o Miguel também). Ainda tenho por experimentar o esfoliante com sal dos Himalaias, para tirar a pele que tenho aqui a esfolar, mas sei que dificilmente me irá desiludir. 

Neste momento não uso outro shampô e, como tal, este veio comigo para as Maldivas. Por ser sólido pôde ir na mala de mão - o que foi óptimo, tendo em conta que a nossa mala se perdeu pelo caminho e só chegou no dia seguinte. Coloquei-o dentro da caixinha metálica (que também é vendida pela Plume) e está feito: ocupa muito menos espaço, não é preciso preocuparmo-nos com o limite dos líquidos impostos pelas companhias áreas ou com possíveis fugas de produto, que nos deixam os necessaires numa verdadeira bodega (quem nunca?!).

Estou super fã! 

 

 

26
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #12

Onde comprar vestidos de cerimónia no Porto? E o fato do noivo?

Uma das grandes odisseias do meu casamento foi arranjar vestidos. Não para mim - que já tinha decidido tudo, apesar de ter sido feito à pressa por força das circunstâncias - mas para as outras mulheres, nomeadamente a minha mãe, irmã (e madrinha), cunhadas e "meninas das alianças".

A oferta de vestidos de cerimónia já não é, à partida, muito vasta. Mas encontrar uma peça que gostemos ficou ainda mais difícil devido à pandemia, principalmente por duas razões: nos primeiros tempos de desconfinamento a procura foi imensa, pois havia muitos casamentos a acontecer dali a pouco tempo, muitos deles que já tinham sido alvo de um ou mais adiamentos. Isto correspondeu a uma procura desmesurada, que não foi acompanhada pela oferta - depois do embate que foi o confinamento, com um impacto gigante para os retalhistas, estes precaveram-se e não fizeram compras durante meses a fio. Isto resultou em pouca diversidade de modelos, muito poucos tamanhos e, no fundo, pouca escolha. 

Depois há outra dificuldade acrescida: na roupa de cerimónia é muito difícil encontrar meios-termos, no que ao preço diz respeito. Ou é tudo estupidamente caro ou francamente barato (e, consequentemente, de fraca qualidade). Isto obrigou a que tivesse de fazer praticamente um estudo de mercado para conseguir arranjar vestidos bonitos, bons, mas cujo o preço não obrigasse à venda de um rim. Tive mais experiências más que boas - e este é o post que gostaria de ter encontrado há uns meses, quando andava de um lado para o outro à procura do vestido perfeito para cada uma das minhas pessoas. Para mim, é serviço público - e isso implica honestidade. Por isso aqui vai a minha opinião, nua e crua, sobre todos os sítios onde pus os pézinhos. Ora vamos lá:

 

Começamos a pesquisa pela Maia, minha terra-natal:

- Encanto, loja muito popular de vestidos de noiva. Tem vestidos de cerimónia bonitos, diria que para uma faixa-etária já tipo mãe do noivo/noiva. Os preços são sempre de 300 euros para cima. Peca, muito, pelo atendimento, de que não gostei minimamente.

- Vestido Meu. Não posso opinar sobre os vestidos porque nem sequer os vi. Dois minutos depois de entrar na loja e esperar por algum tipo de atendimento, surge uma senhora que nos diz que só atendem por marcação (mesmo estando a loja vazia e eu dizendo que só queria ver os vestidos de cerimónia, que não era sequer para vestir). "Se quiserem dou-lhes o número de telemóvel para marcarem", acrescentou. "Obrigadinha, mas sei ir ao Google", apetecia-me responder. Batemos com a porta para não mais voltar. Se não querem vender, há quem queira. Adeus!

- SheSaid. Esta não é uma loja dedicada a roupa de cerimónia - é uma multi-marca de gama média-alta que também tem alguma oferta para ocasiões mais formais. Acima de tudo tem boas opções para vestimentas "limbo", que tanto são para festa como para o dia-a-dia, dependendo dos acessórios e sapatos com que conjugamos. Para um público jovem-adulto. Funcionárias muito atenciosas.

- Francisco's (Valongo). Esta loja, muito discreta, foi uma óptima surpresa. Também multi-marca, tem uma oferta maior que a SheSaid no que diz respeito a roupa de cerimónia, com preços entre os 150€ e os 400€. Fomos impecavelmente atendidas e foi por pouco que não compramos lá um dos vestidos que  procurávamos. 

 

Seguimos para o Porto. Sei que há mais lojas do que as que vou mencionar, principalmente dedicadas a noivas na zona de Sá da Bandeira, mas não entramos porque não nos identificamos com o estilo de roupa que vendem.

- Rosa Clará. Fomos lá fazer a minha primeira prova de vestido de noiva e ficamos logo de olho em alguns vestidos de cerimónia - de tal forma que foi lá que a minha mãe comprou o seu. A coleção é muito bonita, mas não é nem para todos os tipos de corpos nem de carteiras. Há muitos vestidos acima dos 600€. O atendimento, na minha opinião, também não é um ponto forte, tendo-me desagradado em várias ocasiões. Vale só pelo produto - caso tenhamos dinheiro para ele.

- Pronovias. A visita a esta loja foi só por descargo de consciência, pois não tínhamos visto nada no site que nos encantasse. A escolha também era relativamente reduzida. O atendimento já foi muito mais atencioso, mesmo não tendo marcação e havendo provas a decorrer no interior. Os preços são semelhantes aos da Rosa Clará.

- AmourGlamour. Foi, de todas, a loja com mais escolha. É a mais eclética ao nível de estilos e de preços - há para todos os gostos, preços e feitios. E por isso é que se tem de ir para lá, acima de tudo, com paciência - porque é tanta coisa, tanta cor, tanto modelo... que fácil é desistir pelo cansaço. Das duas, uma: ou vamos de mente aberta e prontas para vestir metade da loja ou temos uma ideia muito definida e já procuramos coisas muito específicas, que reduzam a escolha. Independentemente disso, a palavra de ordem é mesmo paciência. E tempo. E mais paciência. O atendimento é simpático.

- EasyPrice. Loja com vestidos "low-cost", com um estilo jovial. Os preços baixos da roupa (dos 50€ aos 100€) pagam-se no serviço e na qualidade. Estivemos praticamente uma hora na fila para entrar e a loja estava um autêntico C-A-O-S, com os funcionários sempre ocupados a ir buscar coisas ao armazém, completamente incapazes de arrumar tudo aquilo que as pessoas desarrumavam. Só aceitam dinheiro e não fazem trocas ou devoluções. A roupa é muito "moda", pouco ou nada intemporal, e à base de materiais baratos (como poliéster). É uma boa solução para malta nova que não quer investir num vestido caro que, de facto, só vai usar uma ou duas vezes.

 

Matosinhos:

- SwagStore. Loja muito semelhante à EasyPrice, mas mais organizada e com outro tipo de serviço (arranjos, inclusivamente). A base dos materiais é a mesma mas diria que serve um público mais vasto, desde teenagers até adultos, tanto com modelos mais joviais e mais "moda", como outros mais conservadores e clássicos. Preços entre os 60 e os 130€.

 

Vila do Conde:

- Borsini. Foi a última loja que visitamos - até porque, felizmente!, não precisamos de procurar mais. Adoramos tudo, desde o atendimento - fomos tratadas como se fossemos clientes da casa há quinze anos - até à diversidade de modelos e de preços. Se soubesse o que sei hoje teria até feito uma prova de vestidos de noiva, pois tinham uma coleção pautada por um enorme bom gosto. Tanto a minha irmã como a minha cunhada compraram lá os seus vestidos - lindos e dentro do preço que procuravam. Tudo correu bem: os prazos foram cumpridos, os arranjos impecáveis. Zero razões de queixa, 100% de recomendável.

 

"Meninas das Alianças"

O nome está entre aspas porque, na prática, não tive meninas das alianças. As escolhidas foram as minhas sobrinhas que já não têm idade este posto. Também não lhes quis chamar de damas de honor, por isso ficou ali num meio termo: foram atrás de mim até ao altar e ajudaram-me com o vestido/véu/cauda e levaram também as alianças e os nossos votos.

Arranjar vestidos para meninas de 11 e 13 anos não é fácil: porque já não são crianças mas também não são adultas; porque já têm gostos e opiniões próprias, mas também têm de cumprir com os gostos dos pais. Um filme! 

Foram dias e dias à procura e optamos por comprar os vestidos numa grande marca. Escolhemos um vestido da Mango, da secção de adulto, que servia e ficava bem a ambas (ainda que com alguns arranjos). Iam muito fofinhas!

 

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O fato do noivo

Nem tudo foi um mar de rosas. O Miguel comprou o seu fato no Prassa e não ficou cliente, tanto pela oferta de produtos (ou a falta dela) como pelo atendimento. Têm a fama, tiram o proveito, mas não fazem jus ao nome.

É verdade que escolher um fato não tem o mesmo peso de um vestido de noiva - mas é o momento do noivo, do protagonista, e deve ser visto como tal. O que ele sentiu foi que aquela era uma loja para massas, sem o tratamento personalizado que se quer naquele momento (e que se devia exigir pelos preços lá praticados). Não se sentiu minimamente apoiado aquando da escolha do fato, ficando não só com a sensação de que era mais um mas também que o estavam a despachar, para entrar outro freguês e faturar mais umas centenas de euros.

A escolha era limitada. Os funcionários foram explícitos, dizendo que só se podia comprar o que estava exposto e com conjuntos definidos - não havia hipótese de mandar vir tamanhos ou outros modelos assim como não era possível escolher um colete diferente daquele que vinha originalmente com o fato (que era, por regra, da cor do mesmo). Quando, dois meses depois, foi buscar aquilo que tinha comprado, a camisa tinha uma das mangas subidas e outra por subir - o arranjo teve de ser feito à pressão, na hora, enquanto ele lá esperava. O atendimento podia ter melhorado de uma altura para a outra, mas tal não se verificou.

Pessoalmente não tive opinião na matéria - nem da escolha da loja, nem do fato (embora este tenha sido uma boa escolha, com uma cor muito bonita e um bom cair) - mas, se tivesse tido, sugeria a loja Infinitomar, na Maia. Fui lá antes do casamento, fazer uma outra compra, e fui tratada de forma exímia. Foi lá que o meu cunhado comprou o seu fato e onde fez, pelo mesmo preço que no Prassa, um colete por medida, com materiais escolhidos por si.

Fica a dica!

23
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #11

A escolha de um fotógrafo e a importância da fotografia e do vídeo

O fotógrafo foi a primeira coisa em que pensei mal decidimos que íamos casar. Decidimos uma data - na altura era 4 de Setembro - e eu deitei logo pés ao caminho pois tinha pânico de não arranjar alguém com quem me identificasse. Fiquei pior quando comecei a receber respostas negativas, já com agendas cheias. 

Este era um dos poucos tópicos onde a minha permeabilidade ao preço (e aos exageros) era maior, porque acho inconcebível ter um mau profissional num dia tão importante como este. Já aqui falei várias vezes sobre a importância das fotografias na minha vida. Também por causa disso - e porque, confesso, tenho alguma dificuldade em delegar coisas que acho de importância máxima - auto-intitulei-me a responsável por este pelouro: sou eu quem tira e edita as fotos de todos os eventos de família e, no final do ano, junta tudo para fazer os álbuns de best ofs

Para mim as fotografias têm a mesma função da escrita: eternizam, impedem o esquecimento. Percebo aquelas pessoas que não gostam de ser fotografadas, que se sentem desconfortáveis, que acham que ficam mal e que por isso não querem ser vítimas de qualquer objetiva - no entanto conheço muito pouca gente que não goste de relembrar os tempos que já passaram (a menos que sejam tempos muito maus). Se juntar os meus diários de bordo às fotografias que tirei... viajo de novo. Quão incrível é isso?

Era essa magia - de ser capaz de recuar e reviver tudo - que eu queria para o meu casamento: poder, daqui a uns anos, olhar para aqueles frames e voltar a sentir a felicidade e as borboletas no estômago. E gostava que tal acontecesse nos meus moldes de fotografar: sem grandes poses, sem flash, com movimento e alegria. Não queria fotos clichê de véus a voar, deitada na cama ou no chão, com o bouquet pousado sobre a minha cauda. Mas a verdade é que deixar que a magia aconteça nas mãos de outros é um risco e uma responsabilidade muito grande. E, mesmo depois da escolha, confesso que tive momentos de grande receio. Será que a escolha tinha sido boa? Será que a vibe vai ser a certa? Acho que as dúvidas só se dissipam quando tivermos o trabalho completo nas mãos - mas neste momento, em que já recebi meia-dúzia de fotografias, o meu coração já está mais sossegado.

Contactei quatro empresas/fotógrafos. Primeiro os Storytellers, que descobri no site  do Casamentos.pt e cujo trabalho me atraiu por ser fora da caixa e, acima de tudo, por terem um combo de foto e vídeo, sendo que eu gostei muito de ambos os trabalhos; falei também com o Pedro Vilela que era aquele que eu dizia, há anos, que seria o meu fotografo de casamento - já devo seguir o seu trabalho há uns dez anos e nem sequer me recordo como o conheci; por indicação do meu irmão - pessoa em quem confio plenamente no que diz respeito a fotografia - fui pesquisar o João Medeiros e também a Rita Rocha, ambos com trabalhos que adorei.

Troquei vários emails com todos eles - e entre esperas, respostas e negas todos foram seriamente ponderados e podiam, todos, ter sido os escolhidos. No meio disto tudo íamos vendo as quintas, até que tomamos uma decisão. E, adivinhe-se: a data que tínhamos definido, 4 de Setembro, estava ocupada! E por isso, ao contrário daquilo que se costuma fazer, adaptamo-nos nós ao calendário da quinta e acabamos por escolher o dia 27 de Junho, uma das poucas datas que tinham livres (e por causa de uma desistência!). Nesta altura já tinha recebido algumas respostas negativas e tinha tudo apalavrado com o João Medeiros - que, na nova data, não tinha disponibilidade. Fiquei muito triste - e outra vez em pânico - porque o contacto com eles (o João e a Pamela Leite) foi do mais incrível e atencioso que experienciei ao longo desta aventura da organização do casamento, mas não tinha outra opção senão fazer uma nova ronda na minha short-list e ver se alguém tinha disponibilidade.

E os Storytellers tinham! Acabou por ser óptimo porque matamos dois coelhos de uma só cajadada: a foto e o vídeo, sendo que acho que a segunda parte é também fortíssima na equipa que escolhemos. Porque as fotos são óptimas, mas não deixam de ser imagens congeladas, incapazes de captar movimento e som, que são igualmente essenciais. Numa foto não conseguimos perceber a forma de andar ou a voz de alguém - e são esses pequenos detalhes que nos distinguem uns dos outros e que, para mim, também importam recordar. Se não fossem eles, tinha em vista o Ninho Films, a Andorinha Films e o Overall Studio - mas fiquei particularmente feliz por ser tudo a mesma equipa e sentir que estava bem servida. Os vídeos de casamento têm uma característica que não gosto: são, na sua maioria, tristes - e eu queria que o meu fosse algo alegre, que refletisse aquele dia de uma forma emocionante mas bem disposta. E os Storytellers têm vários assim, pelo que estou na esperança que o nosso seja um bom equílibrio entre toda a emoção que se viveu - porque não faltaram lágrimas no nosso casamento - mas também uma dose enorme de felicidade.

Só os conhecemos no dia do casamento - até lá só tínhamos falado com o Bruno, o "cabecilha", em reuniões virtuais. Mas a verdade é que a empatia e o à vontade foi tanto que, à posteriori, muita gente me disse achar que já nos conhecíamos. Porque, para mim, não há outra forma das fotos fluírem, serem genuínas e verdadeiras. Sei como me sinto se tirar fotos a pessoas que não gostam de ser fotografadas e vejo a diferença que faz tirar fotos a familiares ou a pessoas com quem não tenho tanta confiança. Se eu queria fotos como aquelas que eu tiro, tinha de me comportar como gosto que os outros se comportam quando estão à frente da minha lente. Eu gosto muito de tirar fotografias e de ser fotografada - mas o mesmo não se pode dizer do Miguel. E acho que, nestes casos, há uma boa dose de mentalização que deve ser feita, principalmente quando escolhemos fotografos mais "rebeldes" e fora da caixa, que foram contratados para, de alguma forma, invadirem a nossa esfera privada e a documentarem. Se não os tratarmos como alguém da família, a magia que falava acima não vai acontecer - e, para isso, mais vale contratar um fotógrafo clássico e pagar menos dinheiro.

A simpatia, o olhar curioso e atento e a capacidade de integração dos Storytellers foi notada por toda a gente, o que sobe ainda mais a fasquia e eleva as expectativas para um nível quase estratósferico. Só devo ter o trabalho completo nas minhas mãos lá pela altura do Natal - gostava de receber antes, mas dada a quantidade de casamentos que estão a acontecer imagino que não seja fácil passar horas a editar. Estou super, mega ansiosa e curiosa para ver e reviver tudo de novo, e acho que se juntaram todos os ingredientes para tudo correr lindamente e termos memórias lindas para o resto das nossas vidas. Até lá, esperemos em conjunto. Para já, ficam duas das fotografias que nos mandaram:

 

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21
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #10

A construção de um vestido de noiva e o embate num dogma da sociedade

A prova na Rosa Clará aconteceu a uma quarta-feira – e na sexta seguinte o país fechou. De volta ao confinamento. A minha prova com a Pureza estava marcada para meados de Fevereiro e acabou por só acontecer no final de Abril, quando voltamos a desconfinar. Foram dois meses de espera, ânsia e sofrimento.

A Pureza tem agora o seu novo espaço no Porto, num edifício lindo junto à Biblioteca Municipal, onde atualmente se encontra a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal. Foi lá que fui e que fiz a primeira prova com ela – algo muitoooo diferente da prova anterior, giro para algumas pessoas, potencialmente assustador para outras.

Não acho que fazer um vestido por medida seja para todos. Na minha opinião é preciso ter uma noção mais ao menos clara do que se quer, conhecer bem o próprio corpo e os nossos gostos e, diria até, ter alguma experiência no que diz respeito aos tecidos e à sua fluidez (não tem de ser nenhum expert – basta alguém que goste de fazer compras e toque em muita roupa). Pessoas sem qualquer tipo de noção do que querem, do que gostam, do que fica bem... o melhor é irem a uma loja e experimentar um bocadinho de tudo para tirar alguma conclusão. Depois se, tal como eu, quiserem alguma coisa única e ter uma palavra a dizer sobre o processo de construção do vestido, aí sim, podem passar para uma experiência deste género. No entanto, fica o aviso: a magia de nos vermos com um vestido de noiva (a menos que experimentem algum da coleção para venda) não existe numa prova destas, o que pode ser desconcertante para algumas noivas.

Basicamente, a primeira prova consiste em experimentar várias peças e conjugá-las, construindo o vestido bocadinho a bocadinho. Como é que queremos o top? Decote em bico, redondo, mais profundo ou mais conservador? E a saia? Em chiffon, tule? Plissada ou com um corte reto? Com cauda ou sem cauda? E as mangas? Com, sem? Compridas, curtas ou meio-termo? Rentes ao braço ou fluídas? Depois de tudo isto, tiramos 568 medidas e voilà! No fim, parecemos umas bonecas repletas de alfinetes, com uma manga diferente de cada lado e a cabeça a carborar forte até decidir aquilo que realmente queremos.

As minhas guidelines eram simples: queria um vestido com um decote em V, com mangas soltas, muito fluído e sem saiote. Como bónus gostava que tivesse várias camadas (no fundo, ter vários vestidos num - tirava a cauda, depois isto, depois aquilo) e que fosse versátil o suficiente para, eventualmente, o usar numa outra ocasião. Tinha mandado várias fotos – incluindo a do tal vestido de que gostei na Rosa Clará – e o processo inicial foi extremamente simples.

Enquanto alguém que gosta de moda e que ama têxtil – sem esquecer que também já tinha tido aquele primeiro embate, que me atirou para longe dos contos de fadas que tinha imaginado – eu gostei muito da prova e senti-me no controlo do meu próprio vestido. Sei que para a minha irmã, que não tinha estado na primeira prova e não me viu a experimentar um vestido a seguir ao outro, aquilo não foi a representação daquele sonho que também ela tinha para mim. Mas, no meu caso, foi uma sensação nova - estranha, mas boa. Senti-me sempre muito segura e calma nas mãos da Pureza e das suas profissionais – embora mentisse se dissesse que o caminho até ter o meu vestido não teve lombas e solavancos.

Fui a última pessoa, de toda a festa, a ter vestimenta – casei no domingo e só na terça-feira é que trouxe a roupa para casa (sendo que na sexta anterior tinha ido escolher a renda para a cauda). Muitas pessoas perguntavam-me se eu não estava em stress com isso, e a minha resposta era verdadeira: não, não estava. Independentemente dos dramas com o vestido, estava mais do que segura da minha escolha e das mãos em quem tinha deixado esta tarefa tão importante. Seria para mim muito mais stressante ter comprado o vestido numa loja qualquer que os importa e que, com todos os problemas inerentes ao covid, podia sofrer atrasos indesejados. Desta forma eu sabia que o meu vestido estava a ser feito de raiz em Lisboa (não em Barcelona, não na China ou no Bangladesh) e que, caso qualquer problema surgisse, eu estava a três horas de distância de o resolver (ou, pelo menos, de ter o poder de decisão para tal). Como empresária da têxtil não posso esconder que me deu um prazer extra dar trabalho a uma empresa de moda portuguesa, com costureiras competentíssimas e de um trabalho de excelência.

No total fizemos cinco provas (três no Porto, duas em Lisboa): a primeira, onde “montamos” o vestido; a segunda, onde vimos pela primeira vez o vestido como uma peça completa e acertamos detalhes (como o tamanho do decote e escolhemos as rendas); a terceira, onde subimos a baínha e vimos o trabalho feito até então; a quarta, onde decidimos nova renda para a cauda (depois de um percalço com a primeira renda que escolhi, que não chegou do fornecedor) e voltamos a ver todos os detalhes do vestido, incluindo o véu; e a quinta, a primeira com a cauda e o vestido completo, onde nos ensinaram a vestir e fechar tudo (ou a tirar as partes), altura em que o pude finalmente levar para casa!

As provas, embora fossem momentos de ânsia, não eram momentos muito felizes. Nunca, em nenhuma fase do processo, me senti apaixonada pelo vestido ou sequer pela ideia daquilo que ele viria a ser. E aí perguntam-me: mas depois de tantos anos a ver vestidos, não sabias o que querias?! A resposta é não. Nunca achei que me iria casar. Via os vestidos como uma utopia. Pensava muitas vezes: “usaria este se me casasse com 50 anos. E este se não tivesse as ancas largas. E este se o casamento fosse na praia”. Nunca pensei: “é este!”. Sabia, à partida, os estilos que gostava e não gostava. Estava muito inclinada para o estilo boho e sei que nunca vestiria um vestido com corte sereia. Mas não sei até que ponto não levaria um vestido de princesa, se as circunstâncias fossem as ideais para isso, percebem? Dependia de tanta coisa! E como casar nunca esteve nos planos, não era algo com que me preocupasse. E quando chegou a altura... fiquei perdida. Perdida com tanta coisa que tinha visto ao longo dos anos, perdida com o facto de nada estar a decorrer conforme eu desejava e contava, perdida pela frustração de não sentir aquilo que aparentemente todas as noivas se sentem – lindas, maravilhosas e especiais.

Aqui, o facto de ter um vestido feito só para mim também não ajudou: vi-me muitas vezes indecisa após as provas, pois sentia que havia qualquer coisa que eu não gostava mas que não sabia explicar. Inicialmente o vestido era para ficar com uma linha (demasiado) simples e ao longo do tempo foi ficando cada vez mais trabalhado: a cauda era para ser em chiffon com fitas de renda e passou a ser toda rendada, era para ser só atrás e no final acabou a cobrir a saia toda; o decote sofreu várias alterações (sempre para maior), entre outros detalhes. A minha mãe, irmã e cunhada iam dando ideias e inputs, mas eu sentia-me desamparada. E, do desamparo, veio a incompreensão.

Expliquei muitas vezes, ao longo destes meses, a importância que tinha para mim envolver o Miguel no processo da escolha do vestido. Sou normalmente uma pessoa muito decidida e se gostar de uma peça trago-a para casa e uso-a, independentemente das opiniões alheias. O Miguel é a minha exceção. A opinião dele pode, de facto, mudar a minha – e eu tenho de admitir que tenho uma permeabilidade e uma abertura às opiniões dele diferente das opiniões das restantes pessoas. Por razões diversas o processo do casamento foi, durante muitos dias, duríssimo. E era ele, ao final do dia, quem me ouvia e apoiava. Era a minha muleta. Muleta essa que me faltou neste processo – que se iniciou realmente em meados de Abril, altura em que estava extremamente fragilizada – acima de tudo porque a tradição assim o dita.

Não consigo perceber porque é que os noivos não podem ver o vestido da noiva (e vice-versa). Para mim era a opinião mais importante de todas – e tive de esperar até ao último segundo para poder saber, finalmente, aquilo que ele achava da minha escolha. Mas atenção: fi-lo porque percebi que, para ele, o efeito surpresa era algo bom. Ele queria ver-me vestida, pela primeira vez, no altar – e eu compreendi. O que não aceitei – e que me doeu e dói até hoje – foi a incapacidade generalizada dos outros perceberem o meu ponto de vista, por muito que eu tentasse explicar. Senti-me invisível – eu a minha dor, tão evidente para mim naquele momento, e que eu achava que era impossível não transparecer para os outros. Eu dava explicações racionais e emocionais, eu tentava desconstruir e desvalorizar o lado da tradição... eu tentei de tudo. Descobri que é um autêntico dogma, uma luta que não vale a pena travar. Não é só o facto de estar enraizado na sociedade, é ser uma questão central do casamento. Pessoas com quem íamos falando esporadicamente perguntavam pelo vestido e, logo a seguir, retorquíam: “o Miguel não viu o vestido, pois não?!”.

E eu não estava para fretes. “Não, não viu, mas devia”. E depois explicava. E normalmente a resposta era sempre a mesma: “o noivo não deve ver o vestido, dá má sorte”. E eu não tinha outra solução senão seguir caminho e continuar na minha, embora respeitando sempre a vontade do noivo não ver, de facto, o vestido. E o que teria mudado, perguntam vós?

O Miguel não é um expert em moda e muito menos em vestidos de noiva. Mas tem uma especialidade: chama-se Carolina. Se o Miguel estivesse nas provas e visse na minha cara que eu não estava feliz com o vestido – como de facto aconteceu - ,  teria dito qualquer coisa, sugeria mudanças, faria críticas construtivas e colocar-me-ia sempre acima das suas vontades próprias. No limite, se não houvesse mesmo nada a acrescentar, dizia-me: “estás linda, não te preocupes, eu não mudava nada!”. E eu podia nem acreditar, mas sossegava. Porque aquele vestido era para mim, mas a pensar nele. E se ele gostava... eu ia gostar também.

Mas não foi assim. Chorei muito. Falei muito com ele até chegar a um terreno sólido em termos de decisões (eu quis saber como era o fato dele, mas ele preferiu ficar na ignorância até me ver no dia do casamento), até dissecar todas estas dores, até deixar que a roupa fosse um dos maiores obstáculos deste casamento. Percebi que era muito mais que roupa que estava em jogo: era uma dor muito profunda de incompreensão, um sentimento de invisibilidade muito grande perante quem me rodeava. Eu falava, mas não me ouviam. Senti sempre que a tradição era mais forte que a minha vontade e a minha crença – e isso mexeu muito, muito comigo.

Um dia o Miguel disse-me que era eu que fazia o vestido, tal como era ele que faria o fato. Ele sentia-se impecável dentro da roupa que escolhera – e sabia que, no dia D, ia estar impecável para mim. Eu só tinha de me sentir igual. Linda, confiante e impecável. Confiar no meu instinto, nas minhas decisões e vestir aquela peça com a confiança com que visto tudo o resto quando quero arrasar.

E foi assim que eu enfrentei a última prova: com as palavras dele a fazerem-me eco na cabeça, de queixo levantado e esperança de que tudo estivesse bonito. E estava. A linha que separa um vestido bonito de um piroso é ténue, mas sei que no meu caso esteve longe de ser ultrapassada; é um vestido intemporal, sem modas, frufrus ou breloques. Não me favorecia em tudo (acho que me alargava ligeiramente), mas era de uma excelência magnífica no que diz respeito aos materiais e à construção. E, acima de tudo, tinha detalhes que gritavam "Carolina!". 

Não casei com o vestido dos meus sonhos, porque eu não sonhei com nenhum vestido. Mas casei com um vestido que tinha muito de mim e com a certeza de que fiz a escolha certa quando escolhi a fazer um vestido à medida, de que estava a usar uma peça única – minha, só minha! - e que daqui a uns anos olharei para trás e direi: caramba, estava linda!

 

Seguem fotos da segunda, terceira e última prova (das restantes não tenho ou são muito más) - assim como algumas do grande dia. 

 

Segunda prova - ver o vestido construído pela primeira vez e escolha das rendas:

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Terceira prova - ver pela primeira vez a aplicação da renda no topo e nas mangas (inacabadas); decote ainda muito subido; cauda por fazer, ainda com a renda e ideia original, de cair simplesmente para trás:

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Última prova - tudo finalizado!:

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No grande dia:

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19
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #9

O fim de um conto de fadas chamado "vestido de noiva"

O vestido de noiva foi, provavelmente, o tema central dos seis meses de preparação do casamento. Isto aconteceu por várias razões: primeiro porque, apesar de nunca ter planeado casar, sempre adorei ver vestidos e era talvez a coisa que mais ansiava fazer – ver, vestir e escolher o meu vestido; segundo porque com as restrições de circulação e o fecho das lojas algures em Fevereiro, as minhas provas foram sendo adiadas – na prática o meu vestido foi feito em menos de dois meses, o que provocou taquicardias às pessoas mais próximas de mim; terceiro porque o vestido é sempre um tema importante, das coisas que as pessoas mais perguntam; e quarto porque eu própria fiz do vestido “o tema” quando quis que o meu namorado me ajudasse a escolhê-lo.

Mas comecemos pelo início. Mal marcamos o casório decidi logo que ia fazer o vestido no atelier da Pureza de Mello Breyner. Houve duas razões para o fazer, mas a principal foi o facto de sempre ter desejado um casamento único e diferente. Nesta altura já sabia que o casamento não se ia realizar em minha casa (e por isso, sendo numa quinta, já ia ser igual a 2453 casamentos) e sentia que o fator diferenciador estava a ir pelo cano; assim, quis mesmo que a peça central fosse feita só e exclusivamente para mim. Para além disso tinha na ideia fazer um vestido mutante, que se pudesse ir adequando ao longo da festa – e isso dificilmente se consegue numa loja de noivas normal.

Mas a verdade é que ao longo da minha vida sempre tive uma marca de vestidos de noiva que segui religiosamente e cujas coleções conhecia de fio a pavio há mais de dez anos: a Rosa Clará. Fiquei num impasse muito grande, em ir lá experimentar alguns dos vestidos que gostava, ou não; na verdade tinha medo de me apaixonar por algum, tendo já uma prova marcada na Pureza. Acabei por acatar o risco, depois de uma conversa com uma amiga que tinha casado há pouco tempo e que me disse uma grande verdade: experimentar não custa. A ideia de ir lá e saber que, à partida, não ia trazer nada... era-me estranha. Parecia que ia lá fazer perder o tempo das pessoas. E custa-me dizer que “vou pensar” quando na verdade já sei o que quero. Ainda assim, optei por ir: primeiro porque, apesar de tudo, estava com uma mente aberta (caso contrário nunca teria medo de me apaixonar por um vestido deles) e segundo porque sabia que ia ser uma mais-valia quando fosse construir o meu vestido. É importante perceber o que nos fica bem e mal, o que é confortável e, acima de tudo, se aquilo que temos em mente para nós próprias nos favorece. E a verdade é esta: ainda bem que fui!

Foi a primeira grande lição – e embate – em relação a este tema. A primeira coisa que me passou pela cabeça mal vesti o primeiro vestido foi que todo aquele processo era extremamente desconfortável: subir para o pedestal, colocar o saiote, estar praticamente nua, ter alguém a vestir-te e a pôr as maminhas e tudo no sítio. Uff! Depois veio a desilusão de cada vez que me olhava ao espelho: todos os vestidos, sem excepção, tinham qualquer coisa que não era do meu agrado. Eram todos lindos no geral – e, modéstia à parte, ficavam-me todos muito bem – mas no particular, nos detalhes, falhavam todos em qualquer coisa. E, para mim, os pormenores são essenciais pois acredito que são eles que dão magia ao todo.

Tinha levado uma lista dos vestidos que queria experimentar e rapidamente percebi uma coisa: aquilo que nós vemos na internet está longe de ser a realidade. Ou então, fazendo aqui um trocadilho, é a realidade... mas vista de longe. Eu achei que tinha escolhido vestidos simples mas todos eles tinham um fru-fru ou blink-blink que não se via nas fotografias. Eram lantejoulas, brilhantes, missangas. Os tules nunca eram simples: ora tinham bolinhas ou cortes estratégicos. E isto para não falar do que é tê-los vestidos! Um dos meus vestidos favoritos, que andava a namorar há meses (mesmo antes de ficar noiva), tinha mangas compridas – mais uma vez, tooooodas recheadas de missangas. E o desconforto que aquilo é, a arranhar-nos os braços, quase como se 100 formigas andassem ali para cima e para baixo (e de vez em quando dessem umas picadinhas)? E o peso das trinta camadas de tule? E a dificuldade de movimentos que um saiote implica? Experimentei até um vestido cai-cai, sob a sugestão da senhora que me atendeu; levar uma peça sem alças não era uma opção, mas lá lhe fiz a vontade, o que só serviu para ter mais certezas daquilo que já queria. Para mim não se tratava de um vestido, mas sim de um autêntico espartilho! O corpete tinha pelo menos seis arames à volta do tronco para garantir que nada saía do lugar – e, de facto, era eficaz. Tão eficaz que respirar se tornava numa tarefa hercúlea... e eu gostava de não morrer no dia do meu casamente.

Houve um vestido que gostei, no geral, mas cujos detalhes não me convenceram – pedi o orçamento para ter uma ideia daquilo que me esperava e saí da loja com um gigante peso no peito. Hoje, olhando para trás, percebo que corri o risco e valeu a pena, no sentido em que não adiei o inadiável: um gigante balde de água fria que me viria a acompanhar até praticamente o final do processo. O conto de fadas caiu logo por terra – o que foi bom, porque iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

Diria que nada ali foi óptimo: nós estavamos com o tempo contado, pois a prova ficou entalada entre as várias visitas a quintas que tínhamos marcadas para aquele dia. O stress, portanto, não ajudou. Acho que apesar de simpática, a senhora que me atendeu também não foi perspicaz o suficiente para perceber a onda em que estava e aquilo que eu gostava, sugerindo-me coisas que não estavam dentro dos meus gostos ou exigências para o vestido. Depois de sair de lá, enquanto digeria tudo aquilo, fui ver os vestidos que tinha experimentado e vi muitos outros que me podiam ter sugerido e que, quiçá, me tivessem convencido mais. Mas enfim! A cereja no topo do bolo, para mim, foi sentir-me forçada a tomar uma decisão por causa da "falta de tempo" - se quisesse um vestido para Junho, tinha de o comprar naquele momento, pois cinco meses era um prazo muito apertado. Pressão nunca ajuda - muito menos quando implica uma compra de uma peça de roupa no valor de milhares de euros. E, assim, saí da loja de mãos a abanar - algo que já previa, pois tinha ideia de mandar fazer o vestido. A questão não estava nas mãos vazias, mas sim no coração apertado com que saí de lá. 

Durante anos vi fotos e fotos de vestidos que, percebi naquele momento, não correspondiam à realidade - se por um lado parecem muito maiores, fluídos e confortáveis do que são verdadeiramente, por outro todos os detalhes (para o bem e para o mal) ficam escondidos aos olhos das lentes fotográficas. Também não ajudou ter visto demasiados episódios do “Say Yes to the Dress”, com pessoas a encontrar os seus vestidos de sonho.

Porque eu não tive o meu. Senti-me frustrada, triste... quase enganada. Foi um monte de expectativas derrubadas de uma só vez que fizeram com que este tópico passasse de um dos mais ansiados do meu casamento para um dos mais temidos. E eu não sabia o que ainda estava por vir. 

 

(continua...)

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15
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #8

As idiossincrasias das quintas e a derradeira escolha de um espaço

Não fui com a mente propriamente aberta aquando da visita às quintas. No total visitamos sete espaços: a Quinta das Camélias, a Quinta do Avesso, o The Astoria, o Palacete Camarinha, a Quinta de Sonhos, a Casa Montevidéu e a Quinta do Alferes de Crasto - tudo em três dias, num autêntico tetris de horários e disponibilidades, porque sabíamos que em breve tudo iria fechar portas e precisávamos de ter uma decisão caso quiséssemos que o casamento andasse para a frente ainda este ano.

A primeira, claro, foi a mais visada pelo meu mau humor, pois a ideia de não fazer o casamento em casa ainda não estava interiorizada e a minha vontade de o fazer noutro sítio qualquer era praticamente nula. Mas a verdade é que foi um teste para fazer logo uma lista daquilo que queria num espaço, já que a minha casa estava posta de parte. De um ponto de vista estético, a ideia era que o tema fosse rústico, com muitas madeiras (soalho era um ponto fulclar) e folhas verdes. Mas, acima de tudo, eu precisava de me sentir livre - livre de fazer mudanças e escolhas no que diz respeito à decoração, livre para definir o plano do meu dia sem grandes entraves (e isto refere-se a horários, locais e etc.), livre de alguém do protocolo que me estivesse sempre a guiar, como se de uma criança se tratasse. Era esse o meu maior requisito, que nem sempre é fácil de perceber numa primeira reunião ou visita. O que me leva a outro ponto: o anfitrião. É esta a pessoa que nos explica o conceito por detrás de um espaço e eu nunca achei que alguém pudesse ter tamanha importância na nossa decisão. Mas a verdade é que tem. Identificarmo-nos com alguém é meio caminho andado para dizermos que sim e fazer negócio - e houve vários sítios em que isso não aconteceu.

Percebi duas coisas: 1) há quintas que querem realizar casamentos à sua medida, não à medida dos noivos - o ideal, claro, é que estas duas ideias coincidam, mas quando assim não o é, e mesmo que o negócio esteja em causa, a disponibilidade para mudar é pouca. Um exemplo: num dos sítios as mesas estavam dispostas em linha reta, corridas; perguntamos se as podíamos espalhar pelo espaço (até por causa do covid), e a resposta é que a quinta não se identificava com esse conceito, que o que fazia sentido eram mesas grandes como se fosse um jantar de família. Fiquei muito confusa - e embora mais razões tenham pesado para descartar este espaço (que, só por acaso, era o que eu mais gostava do ponto de vista estético), só este "pormaior" me fez desistir e passar para outra. 2) As soluções chave na mão devem ser algo muito procurado, pois quase todas as quintas têm parcerias e tudo projetado para poder fazer tudo sem que os noivos tenham de se preocupar de sobremaneira. Acho que é uma faceta de tal forma vincada que as quintas se adaptaram e acomodaram ao fácil, fazendo sempre tudo da mesma forma. Em vários espaços me disseram que "o noivo entra por ali, a noiva depois entra por aquele portão, e o corte do bolo é em cima daquela ponte sobre o lago, onde vão sair alguns cones de fogo de artifício". E se eu não quiser entrar por aquele portão? E se me apetecer cortar o bolo na mesa? E, imagine-se, se não quiser fogo de artifício!? Ser tudo tão óbvio e pensado só me recordava do quão único iria ser um casamento em minha casa - e como agora, sendo numa quinta, iria ser igual a outros 589 que lá tinham feito.

Estas duas questões encostaram logo o The Astoria e a Quinta das Camélias para canto - embora ambas sejam esteticamente bonitas (a Quinta das Camélias é demasiado "branca" para o meu gosto, com misturas de dourados que também não me convenceram, mas foi a favorita dos meus pais). O Palacete Camarinha é uma pérola escondida, mas para um conceito de casamento que não era o meu - muito mais indicado para quem sonha com um casamento de princesas. A Quinta de Sonhos ficava numa zona que não nos agradou e o espaço era pequeno -esta última característica foi comum à Casa de Montevideu (onde fomos super bem tratados!) e a Quinta do Avesso (que tinha o look e o conceito perfeito, tal e qual como desejávamos, mas com um espaço muito limitado).

Ao nível de preços, as quintas que visitamos oscilavam entre os 80 e os 140 euros (menus base) por cabeça. No entanto é preciso ter muita atenção a tudo o que está ou não incluído - há quintas que não incluem a decoração floral, por exemplo, o que vai logo mudar os preços finais. Para além dos serviços acrescidos com outros parceiros (quase todas elas aconselham um determinado fotógrafo ou DJ), estes espaços funcionam com base em escalões - o mais baixo tem, por exemplo, dois tipos de buffets e qualidades de vinho mais "fracas", o intermédio já tem mais um buffet e já oferecem o bolo, assim como bebidas de mais nome; e o alto já tem mariscos, sushi's, champanhe e coisas que tais. Tudo o resto é pago à parte: se quiserem um copo ou um prato diferente, um centro de mesa mais pomposo, uma mesa de madeira, um bar de cocktails... enfim! É normal que também se cobrem pela execução do casamento civil, devido à preparação do local e decoração. É por isso muito fácil ver a conta a crescer se não estivermos atentos e as prioridades bem definidas. 

A nossa escolha acabou por recair sobre a Quinta do Alferes de Crasto, acima de tudo, por três razões: primeiro por ser linda (muito amadeirada, tal como queria) e ter um espaço exterior muito amplo, com sol, sombra e muitos lugares onde sentar, ideal para estes tempos de pandemia onde tudo o que se quer é distância e ar livre; segundo por ter aquilo que achamos ser a melhor relação preço/qualidade - das quintas que visitamos, situa-se num ponto intermédio no que diz respeito ao preço por cabeça; terceiro, por termos sentido versatilidade, liberdade de movimentos e de escolha por parte da quinta, que dentro dos espaços e serviços que dispõe, estão abertos a sugestões e àquilo que os noivos desejam fazer. 

Foram cerca de cinco meses de preparação e nem tudo foi um mar de rosas - algo que também aconteceu devido ao volume inacreditável de trabalho que estas quintas estão a ter nesta fase. Toda a gente se casou este ano! Penso que ajudou muito sermos uns noivos descontraídos, pois acho que me teria sentido muito desamparada se fosse uma noiva muito preocupada/stressada; não senti que o acompanhamento tivesse sido incansável - foi profissional e o suficiente, mas para pessoas mais ansiosas, creio que é pouco.

Houve alguns episódios no decorrer das visitas e do planeamento que também não nos agradaram. Um que me chateou particularmente, porque sou muito picuinhas neste tópico, foi dizerem à minha cunhada (à minha frente) que os noivos não têm de saber de tudo, que aquele é um dia de surpresas. Acho que isto é única e exclusivamente da decisão de quem vai casar - e cabe à pessoa que está encarregue do nosso casamento fazer uma leitura do tipo de noivos que tem à frente ou, pelo menos, ser cautelosa. Nunca gostei de surpresas - muito menos num dia que andei meses a preparar ao pormenor! O que se tem de fazer nestas situações é falar com os noivos e perguntar se há algum convidado que tenha flexibilidade para fazer surpresas, tomar decisões ou comandar a festa quando nós não podemos ou é suposto não sabermos de algum pormenor. Esse alguém deve ser apontado por nós - senão, do nada, tínhamos um discurso da tia-avó afastada que só nos vê quando o rei faz anos... e as coisas não podem funcionar assim. Se forem como eu mais vale porem as cartas em cima da mesa e serem claros: não há surpresas a não ser que se trate disto ou daquilo, organizado por aquela ou outra pessoa.

O incidente mais grave aconteceu na primeira prova de degustação. A quinta mudou o catering com quem costumava trabalhar e aquele foi o primeiro jantar que serviram para um conjunto de noivos e suas famílias - e foi um autêntico desastre, desde o rissol de entrada até ao bolo de bolacha da saída. Foi tão mau que diria que os nossos pais puseram a realização do casamento em causa. Ficamos com o coração nas mãos. Eu não tinha as expectativas altas - servir boa comida em eventos deste género, onde tem de se dar de comer a mais de 100 pessoas, é uma tarefa difícil. Mas vai um longo caminho entre comida razoável e aquilo que nos serviram - e o pânico ficou instalado. Depois de reunião de urgência e reclamações veio uma nova degustação - e a diferença foi da noite para o dia. Tanto na comida como no tratamento - desta vez já pudemos escolher os acompanhamentos, trocar isto por aquilo, de forma a que os pratos ficassem mesmo a nosso gosto.

Tal não impediu que, até ao dia do casamento, não ficássemos com o coração nas mãos, em dúvida com aquilo que tinha acontecido (coisa que ainda hoje não percebemos), mas tudo caiu por terra no final do dia D. Arrisco-me a dizer que foi das melhores comidas que já provei em eventos desta envergadura - e que estava tudo ainda melhor que na segunda degustação. Houve muita gente a repetir ambos os pratos, tanto de peixe como de carne, e nós não podíamos ter ficado mais felizes.

Da quinta também não temos nada a dizer: todas as guidelines que tínhamos dado em termos de decoração foram cumpridas (nós levamos muita coisa de casa - menus, placas decorativas, table sitting, etc), foram-se adaptando às contrariedades do dia e aos atrasos típicos (o dia começou chuvoso, por isso estavam a montar a cerimónia no interior - algo que mudaram uma hora antes do início da mesma, quando se aperceberam que o sol começou a aparecer)os atrasos são inevitáveis) sem nos chatearem de sobremaneira, estava tudo lindo, limpo e com um serviço impecável, com pessoas atenciosas e muito educadas. Não podíamos pedir mais. Apesar de não ter sido o sonho inicial, diria que nos saiu melhor que a encomenda - e ficamos 100% satisfeitos, assim como toda a gente com quem falamos.

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(as fotos do casamento só deverão chegar algures pelo Natal - pelo que, por agora, só tenho poucas fotos para vos mostrar do meu dia. quando as receber, eventualmente, atualizarei os posts. quanto às outras quintas, uma breve pesquisa será suficiente para verem imensas fotos!)

13
Jul21

O primeiro post de uma mulher casada

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Alô, Planeta Entre Parêntesis? Daqui fala uma mulher casada!

Calculo que por esta altura se oiçam os grilos neste blog – é o preço a pagar por um afastamento da escrita, que não teve nada mais que ver do que com o decorrer da própria vida e as consequências de me afastar deste hábito que, no passado, tanta coisa boa me trouxe.

De qualquer das formas, mais do que escrever para os outros, sempre escrevi para mim. No meio dos meus 4000 posts existem autênticos testamentos que só os mais corajosos conseguiram ler – mas que, naqueles momentos, foram importantes de escrever ou, talvez ainda hoje, de reler. Sei, por exemplo, que os meus diários de bordo são extensos e por vezes excessivamente descritivos – mas são dos posts que mais revisito quando preciso de me lembrar de algo sobre determinado sítio, pois sei que tenho lá tudo escrito.

A memória é uma coisa tramada e escrever é a minha forma de contornar o inevitável: o esquecimento. E por isso perdoem-me os poucos grilinhos que ainda possam estar desse lado mas, se conseguir, os próximos tempos só vão dar casamento. Das conversas que fui tendo sobre este tópico com pessoas já casadas, percebi que é normal que até os noivos se tendem a esqueçam dos detalhes da sua festa. O facto de só ter bebericado um bocadinho de champanhe (e só por obrigação dos tradicionais brindes) pode ajudar a que não fique tão esquecida, mas eu sei que muito de tudo aquilo que foi arduamente preparado para o grande dia cairá eventualmente no esquecimento – tal como acontece com os sítios que visitei ou os monumentos que vi em determinada viagem. Por isso, como sempre, escrevo. E mostro fotos. E conto tudo. Para que, no futuro, tenha respostas para aqueles que precisam e tenha uma ajuda quando as recordações não forem tão claras.

O facto de ter parado de escrever os textos pré-casamento, para além de uma questão de gestão de tempo (e de emoções), teve muito que ver com a dificuldade em gerir aquilo que revelava ou não até ao grande dia. Agora já não tenho que pensar em nada disso, já posso falar de tudo e mostrar tudo, sem ter de me preocupar com suspenses ou surpresas – ufa!

Há, no entanto, um disclaimer importante a fazer, principalmente no que diz respeito a fornecedores e empresas com quem trabalhamos na execução deste grande projeto. Eu fiz sempre questão de ler opiniões de outros utilizadores sobre as quintas, os músicos, os fotógrafos e etc. - neste aspeto, o site Casamentos.pt é a melhor ferramenta e ajuda do mundo! Mas o que hoje sinto é que há muita coisa que fica por dizer – primeiro porque não fica bem, segundo porque estamos a falar de pessoas com quem tivemos contacto direto e que por isso não fica propriamente bem comentarmos coisas más em espaços abertos, quando a qualquer momento podemos receber uma chamada a pedir satisfações (sim, isto já me aconteceu aqui no blog!). Neste caso em específico, e por causa disto que acabei de explicar, acho que as pessoas com más experiências se remetem ao silêncio – a menos que já tenham armado um barraco e deitado tudo a perder. Aqui no blog vou tentar ser o mais explícita e clara possível, falando (ou, pelo menos, mencionando) todos os fornecedores com que trabalhei e/ou contactei. Se, desse lado, estiverem também nesta odisseia que é organizar um casamento e tiverem alguma dúvida, contactem-me pelos canais do costume (instagram ou email, preferencialmente) e eu tentarei ajudar. Combinado?

(cri-cri, cri-cri, cri-cri)

 

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