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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

31
Jan19

A minha experiência num concurso de escrita criativa

A minha irmã diz que eu entro em tudo para ganhar - quem a ouvir, quase pensa que sou uma fera competitiva! Mas a verdade - aliás, a minha verdade -, é que gosto de dar o meu melhor em tudo o que faço. No entanto, entendo perfeitamente que se devem escolher as batalhas em que lutamos, porque ser-se bom a tudo é perfeitamente irrealista. Por exemplo: se eu, algures no secundário, ficasse chateada por perder todos os jogos que fazia em educação física, era hoje um pessoa em profundo estado de depressão.

Foi então com este espírito que me inscrevi, o ano passado, num concurso de escrita criativa. Nunca foi meu objetivo ganhar (até porque o prémio - publicar um livro - não me interessava, visto que não tenho nada escrito para publicar...), mas fi-lo pelo gozo da participação e para testar os meus próprios limites no que à escrita diz respeito. Isto porque, apesar de adorar escrever, sinto que não consigo sair muito deste meu registo pessoal e introspetivo, que resultam numa espécie de crónicas ou artigos de opinião, o que pode ser um grande entrave para um dos meus grandes sonhos, que é publicar um livro de ficção; sempre achei que a minha capacidade de imaginar histórias e narrativas que extravasassem a minha vida era muito limitada, e isso entristecia-me. E por isso atirei-me ao desafio, para ver se conseguia pensar fora da caixa.

Acho que nesse aspeto consegui superar-me, embora com algumas dificuldades. Eram-nos dados temas todas as semanas, que tinham depois de ser explorados em textos muito curtos, que de alguma forma tinham de contar uma história com princípio, meio e fim. Se adorei? Confesso que não, embora a culpa não seja tanto do conteúdo do concurso mas sim da sua forma. Vou elencar algumas das coisas que fui achando:

 

- Textos muito curtos, embora explorem a capacidade de síntese de quem escreve, são quase sempre redutores no desenvolvimento de uma narrativa. Se queremos contar a história toda, temos de cortar nos detalhes; se queremos dar detalhes, temos de sacrificar a história. É um meio termo muito difícil, ainda para mais quando a nossa escrita está a ser avaliada. Percebo que é importante para quem avalia impor uma medida pequena para que seja mais fácil a leitura, mas acaba por sacrificar um pouco o conceito do próprio concurso.

 

- Sinto que a avaliação não espelhava a qualidade dos textos e não os diferenciava entre si. Com isto não quero dizer que me tenha sentido injustiçada ou ache que os meus textos eram melhores que os dos outros; a questão é que todos eles - os meus e os dos outros - eram avaliados de forma praticamente igual. A escala de pontuações era de um a 20 - no entanto, era quase tudo despachado de 13 a 16. Faz lembrar aqueles professores que nunca dão 20, porque nunca ninguém chegará a atingir esse nível de genialidade. Acho que se há uma escala, é para ser usada em toda a sua dimensão, sendo que a partir do momento em que nos assumimos como avaliadores, não devemos ter medo de dar nem pontuações baixas, nem pontuações altas. Dar sempre 13, 14, 15 e 16, como dizia o outro, é "peanurs".

 

- Por fim, e ainda no campo da avaliação - e confesso que isto foi das coisas que mais me desmotivou -, o facto de me ter apercebido que ganhavam sempre as mesmas pessoas. Não vejam isto como mau perder da minha parte ou mesmo uma insinuação de qualquer espécie: mas eu acho estranho que, num concurso de escrita, ganhem quase sempre os mesmos. Escrever não é como na matemática, em que sabemos ou não sabemos; na escrita, há dias em que estamos menos inspirados, outros em que o tema não nos diz tanto, e ainda outros em que o estilo da narrativa que nos exigem não é a nossa praia. Acho difícil, num concurso com temas tão diversos, que as melhores pontuações sejam sempre para os mesmos. Percebo que se possa gostar mais de um estilo de escrita do que de outros, revelando aí já alguma tendência, mas que nesses casos deve ser atenuada com racionalidade extra e sensibilidade ao ponto de percebermos que um texto é bom e está bem escrito, ainda que não seja o nosso estilo de eleição.

 

E então o que é que retirei de tudo isto? Primeiro, que sou capaz de escrever outras coisas para além das que partilho aqui - embora sejam estas, sem dúvida, que me dão mais gozo (para além de serem as mais puras e as que mais me libertam a mente). Segundo, que me importo pouco se as pessoas gostam ou não daquilo que eu escrevo, a partir do momento em que me sinto confiante com aquilo que fiz.

A verdade é que produzia sempre aqueles textos sob pressão - de tempo e de número de palavras - por isso nunca pude mesmo dar vida a uma ideia, conforme teria gostado. Achei alguns dos temas interessantes e que teriam pano para mangas, se houvesse mais liberdade para os explorar - e com isto consegui perceber que até consigo desenvolver ideias e personagens, ainda que sempre um tanto ao quanto rebuscadas, o que me deixou mais descansada em relação ao futuro (embora a minha família tenha ficado um bocadinho preocupada em relação às minhas ideias mirabolantes, que eu por vezes partilhava à hora de almoço, para seu grande regozijo ou horror, dependendo dos casos). Não acho que vá voltar a participar em algo deste género, por me sentir demasiado restringida, mas acho uma ideia gira para quem quiser alargar os seus horizontes, criar hábitos de escrita ou até sair de uma crise de página branca. E, quem sabe, até pode ser o início de um bom livro.

(querem que publique aqui um dos textos que escrevi, só para terem uma ideia do que saiu dali?)

29
Jan19

Quem não quer um fotógrafo na sua vida?

Rio-me muitas vezes com aquelas imagens que me aparecem inadvertidamente no Facebook a gozar com os maridos e namorados que passam as passas do Algarve para tirar uma foto decente à sua companheira (e, mais difícil que isso, uma fotografia passível da sua aprovação). É vê-los nas posições mais esquisitas, ora deitados ou a fazer o pino, ou até enfiados no mar (vestidos!), com água até à cintura, pela conquista do ângulo perfeito. E a verdade é que, de uma maneira ou de outra, com mais ou menos exageros, todos nós já assistimos a isto.

Eu acho que, principalmente as mulheres, sonham com a fotografia perfeita - aquela que espelha muitas vezes aquilo que elas não são -, sendo por isso irrealisticamente exigentes; mas ficam também legitimamente tristes por sentirem que os seus mais que tudo não conseguem (e alguns não se esforçam sequer para) captar a sua essência. A foto é uma transcrição da realidade - e se um namorado diz à rapariga que ela é linda, mas depois, quando precisa de captar uma prova disso, sai tudo mal e porcamente... Uma pessoa desconfia.

Depois de ter escrito o texto sobre o timing da escrita, lembrei-me de um post que tinha aqui há quase um ano, abandonado e inacabado algures nos rascunhos. Dizia a primeira frase: "Não tenho namorado - nem quero. Mas se um dia tiver, gostava que fosse fotógrafo". Escrevi-o depois de uma viagem a Lisboa, onde fui em trabalho para fazer uma entrevista, e onde testemunhei o trabalho de um fotógrafo incrível. A conversa decorreu num escritório normal, sem grandes decorações ou coisas bonitas - era apenas mais um escritório, com uma mesa e várias cadeiras, e respetivos copos de água para quando a sede apertasse. Mas depois, quando vi as fotos, fiquei de queixo caído. Não importava se o escritório não passava de um escritório, se a pessoa em causa era bonita ou feia - as foto falavam por si, e eram incríveis porque todos os ângulos foram escolhidos ao pormenor, porque eram visto pelos olhos de alguém especial. E a verdade é que isso já nasce com as pessoas - e embora os maridos de todo o mundo se possam esforçar muito, há quem não tenha esse dom. E nós, mulheres, temos de aceitar (o que não significa não pedir para nos tirarem fotografias).

"Os bons fotógrafos sabem tornar uma pessoa pouco bonita em alguém atrativo, conseguem dar vida ao que na realidade foi quase morto, sabem mostrar o importante, o impactante. E talvez isso se alargue à vida, na procura constante dos melhores ângulos para viver. E isso é incrível.", escrevi mais à frente. Porque, no fundo, quem não quereria ter uma visão constantemente mais bonita do mundo e de tudo aquilo que nos rodeia?

27
Jan19

Uma carta à... #2 TVI

Querida TVI,

Temos de falar. O teu desprezo para com as crianças deste país é qualquer coisa de bradar aos céus. Para os adultos fazes novelas a torto e a direto, renovas as edições do Love on Top só para ver se passa mais sexo na TV e agora até já te adiantas nos preliminares com o novo First Dates (agora que penso, a tua desconsideração passa também por todos aqueles que não falam inglês e não conseguem perceber metade dos nomes de todos estes programas - mas enfim). 

Falemos então dos mais novos, esses que estão a levar com os mesmos programas matinais de fim-de-semana há mais de uma década. Por esta  altura, a Vila Rica do Banco dos Quatro já é "Conjunto de Freguesias das terras de não sei onde" e o bando já passou a ser uma associação contra o crime sem fins lucrativos; os jogadores do Campeões e Detectives já devem estar a chegar à idade da reforma; os miúdos do Detetive Maravilhas já desbotaram aquele diário mágico do avô depois de tanto procurar por soluções mágicas. E isto para não falar no Inspetor Max, um dos casos mais berrantes: vai-se a ver e o Tiago - filho do inspetor - daqui a nada já tem filhos (só eu sei como ficou este meu coração quando vi o rapagão em que ele se tornou) e a velha empregada de limpeza, a Justina, até já morreu...

Eu percebo a lógica por detrás disto: supostamente os miúdos deixam de ser miúdos, o que faz com que se fartem rapidamente de ver estas coisas, e a plateia vai-se renovando sem vocês fazerem nenhum, passando episódios em modo loop como quem não quer a coisa, à espera que ninguém repare. Pois eu, adulta que prefere assistir a estes programas a ver a missa de domingo (ou a deixá-los correr em pano de fundo enquanto tomo o pequeno-almoço), reparo - e estou aqui a dar o corpo às balas, depois de quase saber de cor os diálogos do Bando dos Quatro e companhia. Faço-o porque os miúdos, principais interessados nesta batalha, para além de não terem grandes meios para se expressar, escrevem quase todos com tantos erros ortográficos e de concordância que mal se perceberia o que quereriam dizer. E lembrem-se: nós somos jovens, temos a memória fresca, fica tudo cá dentro - não é como nos reality shows, em que repescam os concorrentes como quem recupera e fuma as beatas até ao fim, até não haver nada de útil que se aproveite.

A modos que é isto. Se querem continuar a repetir coisas, ao menos que troquem de programas e que deixem de nos tratar como se fossemos velhinhos com Alzheimer. Senão, daqui a nada, preferimos mesmo ver a missa - o discurso também é sempre o mesmo, mas ao menos temos mais probabilidades de ir para o céu.

Cumprimentos desta jovem,
Carolina

24
Jan19

A escrita tem um timing próprio

Não deixa de ser irónica a história deste post. Lembro-me bem do dia em que o comecei a escrever: 15 de Novembro de 2018, rabo alapado no chão frio da copa da minha cozinha, enquanto esperava que a Molly tivesse os seus filhotes (agora tenho-a atrás de mim, a aturar um deles enquanto este lhe morde as orelhas por diversão).

Dizia eu, nessa altura, que me tinha apercebido que a escrita tem o seu tempo próprio e muitas vezes não funciona fora dele. Tenho a agenda cheia de temas para desenvolver aqui - coisas que aponto quando me lembro, mas que na altura não tenho tempo para escrever ou cuja ideia sinto não estar suficientemente madura para eu me debruçar totalmente sobre ela. E lá vai, mais uma, apontada a caneta azul turquesa ou rosa choque, ter com tantas outras que se ajuntam tristemente à espera da sua vez.

Quando finalmente tenho uma hora para estar em frente a uma página em branco, mesmo olhando para aquela página colorida com todos os tópicos quase a gritar "escreve-me!", nada sai. Já passou. Porque quando tive essa ideia estava num determinado local, com um diferente mind set, num enquadramento temporal distinto - e é impossível reproduzir de forma fidedigna essas circunstâncias, de forma a pôr alma e sentimento no texto. A oportunidade foi perdida.

E por isso cada vez percebo mais que, quando uma ideia surge, é agarra-la, sem desculpas. O meu conceito de liberdade e de qualidade de vida passa também por aqui: poder parar para pensar e escrever. Ter um trabalho que me permita faze-lo e, depois, arranjar a força de vontade para usufruir de tal - sim, porque nem só de falta de tempo se fazem as desculpas para não escrever durante dias a fio. 

Voltei a lembrar-me deste texto que tinha nos rascunhos quando, há dois dias, escrevi o último post, "Ainda há blogs com gente dentro". Gostei muito do resultado final - e, pelo feedback, vocês também - e isso deve-se em grande parte por não ter deixado a escrita para depois. Nunca aquele texto teria saído assim se eu não pudesse, na hora, descrever tudo aquilo que senti e me passou pela cabeça naqueles instantes. É a transmissão mais pura e sem filtros daquilo que vai dentro de mim, algo que acaba por não acontecer quando as ideias estão muito tempo em banho-maria. Há vantagens em pensar sobre as coisas (principalmente críticas e coisas mais sérias, que possam pôr em causa o nome de outros), mas não há dúvida que muito do que se ganha em construção de texto e maturação de ideias ao não escrever um texto na hora, perde-se muitas vezes em espontaneidade.

Isto para não falar das ideias que morrem no momento em que não são escritas. Porque como em tudo, há coisas que não sobrevivem fora do seu meio natural - e toda a gente sabe que as palavras são para viver no papel (ainda que papel virtual, como este aqui).

 

Serve portanto este post como uma espécie de walk of shame. Um texto sobre espontaneidade e a volatilidade das ideias, escrito dois meses depois da data em que devia ter sido publicado - que moral, hun?! Isto para não falar do facto de ter dado três vezes mais trabalho do que daria se tivesse sido escrito na íntegra na altura, ao invés de estar a fazer corta-cose entre as partes recentes e mais antigas do texto. Ouviste, Carolina?

22
Jan19

Ainda há blogs com gente dentro

Faz este ano 10 anos que criei o blog que, mais tarde, daria lugar a este Entre Parêntesis. As coisas mudaram muito desde essa altura - só para ser simpática e não dizer que mudou tudo. Mudou a minha forma de escrever, de ver as coisas, de as expor; mudou a fase da minha vida, mudaram os meus objetivos; mudaram as razões pela qual escrevia, as pessoas para quem escrevia. Difícil é encontrar pontos em comum. Acho que só resto eu, enquanto esqueleto, e enquanto personalidade (que, por muito que se tenha alterado, continuará sempre a ser dura de roer).

A própria forma como os blogs são vistos mudou radicalmente. Sempre fui uma velha do Restelo e critiquei um bocadinho toda esta nova forma de ver estes espaços, que passaram a ser vistos como um meio de publicidade e de se fazer dinheiro. É uma posição anti-evolução, eu bem sei, mas só acontece por uma razão: porque eu estava cá antes de tudo isso e sei o quão bom era. Lembro-me da sensação total de partilha que tinha com as pessoas que, sem qualquer objetivo ou segundas intenções, desabafavam nos seus blogs - espaços esses que eram, na sua maioria, simples ou feios, porque as opções de costumização eram baixas ou só acessíveis àqueles que sabiam dar uns toques em HTML ou CSS. Espaços que não eram feitos de boas fotos, de bons designs e às vezes nem sequer de boas escritas - mas que tinham alma e coração lá dentro. Espaços que não eram regidos por agências de comunicação, que não tinham pop-ups, que não tinham como objetivo máximo o número de clicks. Espaços onde não havia parcerias, onde um creme que tirava as espinhas era mesmo um creme que, naquele caso, tirou as espinhas. Espaços cujos bloggers não sentiam a necessidade de ser eleitos para os Blogs do Ano para serem alguém na comunidade. 

Sinto que a única coisa que queria na altura era que alguém me lesse, compreendesse, e dissesse: "eu também sinto isso". Que nos dias maus, deixasse lá um: "deixa lá, amanhã vai ser melhor". E que, nas vitórias, escrevesse: "eu sabia que ias conseguir". A partilha era o essencial. Tão importante que eu ainda hoje, passada quase uma década, ainda me lembro do nome de muitas das pessoas que me acompanharam nessa altura.

Eu própria passei de um registo pessoal - para não dizer íntimo - para algo mais comercial. Passei de escrever porque precisava, para escrever porque gostava - e, às vezes, por saber que os outros gostavam. Mas sempre me orgulhei de nunca ter vendido a alma ao diabo, de nunca ter aceite parcerias duvidosas, de nunca me ter privado de escrever o que quer que fosse porque achava que alguém não ia gostar de ler. Não passei a escrever textos pequenos porque agora o pessoal só quer micro-vídeos e não passei a tirar melhores fotos só porque a qualidade de imagem é essencial para o crescimento de um blog. Preferi manter a minha essência em detrimento de um potencial crescimento, mas só mais tarde vim a perceber que o caminho e a evolução da blogosfera me tirou muita da vontade que tinha de escrever e de partilhar coisas com os outros. Deixei de ler blogs, deixei de responder a comentários - até porque poucos há, neste mundo onde as reações são feitas de likes, smiles e emojis - e, o ano passado, senti que pouco escrevi. E isso entristeceu-me imenso, sentir que estava a deixar morrer algo que outrora foi tão importante para mim.

Hoje - altura em que ando muito empenhada em voltar a escrever diariamente, tanto para bem da minha sanidade mental como, espero, para alegria de quem me lê - acordei com uma notificação, aqui nas minhas reações, que dizia ser um link para o Sapo Blogs. Quando fui ver, era uma menção na entrevista da Jules, que dizia que este era o blog onde passava todos os dias, e que já o fazia há muitos anos. E é difícil descrever esta sensação, quando se escreve para todos e, ao mesmo tempo, não se escreve para ninguém. É difícil, e tão bom, perceber que somos alguma coisa (ainda que pouco) na vida de alguém - e é inacreditável a facilidade com que nos esquecemos disso.

A Joana que me perdoe esta inconfidência, mas recordo-me de um episódio com ela que me marcou, e lembro-me de ter pensado: "ela nunca mais volta a cá pôr os pés". Foi na altura da tragédia do Meco, que serviu de pretexto para dizer aquilo que sempre achei sobre a praxe - e que ainda acho, só não o digo muitas vezes de viva voz. Já não me recordo do conteúdo do comentário (nem quero revisita-lo, não vale a pena chorar sobre leite derramado, e penso que o post fica mais genuíno se não o fizer), mas sei que na sua essência ele me magoou - primeiro pelo seu conteúdo, segundo por vir de alguém com quem eu trocava comentários e sentia que conhecia. Deu para perceber, como ela diz na sua entrevista no Meet the Bloggers, que éramos diferentes - e eu sempre achei que há certas diferenças que são inconciliáveis, modos de vida e de pensar que não se coadunam. Naquele dia, por causa daquele post, recebi muitos insultos, muitas palavras desagradáveis, algumas ameaças; nunca tive vontade de não o ter escrito, mas fiquei de certeza com menos motivação para escrever o que quer que fosse. E tenho a certeza que perdi muitos seguidores após o ponto final daquele texto. Na altura, achei que a Jules era um deles. 

Enganei-me. Já o sabia, porque eu e ela vamos trocando comentários esporádicos aqui e ali, mas achei que hoje era o dia certo para contar esta história. Porque hoje, passados 10 anos de ter entrado nos blogs a pés juntos, ela fez-me sentir algo que eu já não sentia há muito. Relembrou-me o porquê de esta troca ser tão boa. Relembrou-me que não escrevo só por treino, por ter uma meta diária para alcançar, porque gosto ou porque numa altura da minha vida precisava de o fazer para respirar. Relembrou-me que existo para alguém, mesmo que não veja essa pessoa, que não a conheça. E que, por ventura, até posso fazer a diferença. 

Obrigada Jules, por me relembrares que os blogs têm gente dentro (e não só dinheiro e fogo de vista). Um grande beijinho.

20
Jan19

Uma carta à... #1 Longa Vida

Dou por mim muitas vezes a pensar que queria dizer umas coisas a uma certa pessoa, objeto ou marca. É uma espécie de reclamação interior, que não posso entregar a ninguém mas que me contamina o cérebro de coisas parvas durante um tempo indeterminado, enchendo-me de vontade de deitar tudo cá para fora, mas sem grande forma de o fazer. Nunca quiseram endereçar uma carta insultuosa àquele canto da cama que insiste em vos destruir o mindinho do pé? E dizer umas coisinhas àquela senhora que está sempre a fazer depósitos no banco com 50 mil moedinhas? Ou à outra que anda a vasculhar os cupões no momento do pagamento, em plena caixa do Continente? Pois, bem me queria parecer que não sou a única.

Então, no Verão, lembrei-me: se eu tenho um blog, porque raio é que não despejo lá tudo isto? E por isso, quase meio ano mais tarde, cá estou, estreando esta nova rubrica de cartas a entes desconhecidos/intangíveis/incontactáveis. O primeiro texto vai para a marca que despoletou tudo isto, que é recordista em me fazer escrever cartas mentalmente, e que eu amaldiçoo de cada vez que me deixa mal numa visita ao supermercado: a Longa Vida. Ora vamos lá.

 

 

Querida Longa Vida, 

Acho que te posso tratar assim, por tu, visto nos conhecermos há muitos anos. Foi contigo que aprendi a fazer chantilly e é em parte por tua culpa que desde cedo que me atiram as taças de natas para as mãos, com a desculpa de que "nunca me caem". Mas a verdade é que não sou eu - és tu.

Não há que ter vergonha em admiti-lo: tu és uma espécie de Viagra das natas. Contigo, sobem sempre. Não vale a pena estar a gastar dinheiro com os teus concorrentes, porque já se sabe que não é a mesma coisa e que vai dar asneira; que não podemos virar a tigela por cima da nossa cabeça, em jeito de demonstração, porque sabemos que não vai resultar.

Mas o facto de tu teres o monopólio do mundo das natas não te dá o direito de menosprezares assim os teus clientes. Quantas vezes é que eu fui atrás de ti e me deparei com uma caixa vazia, solitária, no corredor dos lacticínios? Quantas vezes é que já saí de grandes superfícies de mãos a abanar, sem natas para adoçarem os meus morangos, a minha pavlova, as minhas natas do céu ou o meu agelatinado?

Por ti, já cheguei a correr 4 supermercados em menos de meia hora. Quem não disser que isto é amor, não percebe nada do assunto. Mas numa relação a sério as provas têm de vir dos dois lados (embora o Salvador cante "o meu coração pode amar pelos dois", toda a gente sabe que isto, a longo termo, se torna insustentável), e eu estou cansada de lutar sozinha. Está na altura de fazeres alguma coisa - comprares mais vacas, empregares mais gente, arranjares mais máquinas ou despedires o responsável pela distribuição. Qualquer coisa. Mas fá-lo por nós e pelo bem da nossa relação, já tão duradoura.

O preço da gasolina está caro e eu já não vou para nova, e não aguento picos de emoções como aqueles que me acontecem quando me deparo com a prateleira do supermercado vazia, quando vou em tua busca.

Por favor pensa em mim. Em nós. Em todos os amantes de natas que não aguentam a tristeza de não as ver subir, embora as batam durante meia hora. Isto já para não falar das vezes em que atiram as culpas para cima de nós – mulheres - e do nosso ciclo menstrual, com o mito secular de que as natas não pegam se estivermos com o período. Todos sabemos que a culpa é da Mimosa e outras que tais. Precisamos de ti e só tu nos podes ajudar.

Porque com mais natas Longa Vida no supermercado, nunca mais ninguém ficará frustrado!

Obrigada e até breve,

Carolina

 

natasfrescas.jpg

 

P.S. Giro, giro era se alguém um dia respondesse. Aí é que era!

 

19
Jan19

Ontem foi dia de Grease

Depois de o ano passado ter ido ver a Avenida Q - acho que faz mesmo um ano por esta altura - ontem voltei a ir a um musical, assinado por uma produção portuguesa. Fiquei logo entusiasmada quando há uns meses vi que o Grease ia entrar em cena, mas na altura só havia sessões no Estoril; mal vi que vinham ao Coliseu comprei logo bilhetes, para mim e para os meus pais. É hipócrita da nossa parte ansiarmos por ir ver espetáculos deste género no estrangeiro e cá não darmos sequer uma hipótese.

Devido a um bicho chamado "gripe" que se instalou sem pedir licença aqui em casa, os meus pais viram-se obrigados a ficar no sofá e eu cravei a minha irmã e o meu cunhado para virem comigo assistir ao espetáculo (eu própria saí de lá a achar que ia ficar acamada o resto da semana, com dores em todo o corpo e o nariz mais entupido que uma canalização com mais de 50 anos - entretanto recuperei, é só uma constipação mais pesadota). Isto para dizer que houve momentos, naquelas duas horas e meia (com intervalo incluído), que desejei muito ir para casa, cobrir-me com mantas e engolir dois Cêgripe, por isso não estava nas melhores condições para desfrutar amplamente do espetáculo. Ainda assim, gostei muito e valeu o esforço de sair de casa!

Acho que apesar da estrela da companhia ser o Diogo Morgado - que interpreta o papel do John Travolta muito bem, mas cuja voz não é incrível - acho que é a Mariana Marques Guedes quem leva daqui o papelão. Para além de ser linda, canta e dança maravilhosamente. Muitas das personagens são mesmo muito parecidas com as da peça, e a linguagem é muito jovem e informal. A peça é toda falada em português, só as músicas é que são tal e qual as originais - coreografias incluídas.

Aliás, esse é para mim um dos pontos fortes da peça: a encenação e a coreografia, para além da boa capacidade que todos os atores tinham de cantar. Em todos os trabalhos se evoluiu para um multi-tasking, já ninguém faz só uma coisa: um jornalista escreve, edita vídeo e som, uma secretária sabe tratar da agenda, dos emails e trabalhar com o programa de contabilidade, um operário já não trabalha só com uma só máquina. E, neste sentido, também os atores evoluíram: já não são só atores, têm também outras valências e está na altura de lhes dar outras oportunidades, acima de tudo aos mais novos, que já nasceram neste contexto. Ainda existe muito o preconceito de que este tipo de coisas, em Portugal, nunca são boas ou bem feitas - a típica mentalidade de português, que só o que é de lá de fora é que é bom. E assim vai continuar a ser, se não se venderem bilhetes e se não dermos uma oportunidade.

O único ponto fraco que encontrei ontem foi ao nível do som: por vezes pouco nítido nos momentos em conjunto e, nas cenas das mulheres, extremamente alto e agudo (saí de lá a odiar duas das personagens por quase me terem rompido o tímpano). De resto, é de louvar que uma nova produtora (e não só o La Féria, de quem não me confesso muito fã) se aventure nestes caminhos, claramente difíceis num país como o nosso. Mas a verdade é que se ninguém tentar, nunca vamos conseguir. 

Não sei se o espetáculo vai continuar em cena em algum sítio do país, mas se assim fôr, aconselho. E, claro, espero por mais. Nada como um musical para nos animar uma noite, ainda que estejamos a chocar uma gripe. Sair a cantarr "you're the one that want! Uh uh uh!", não sendo a cura, é sempre um bom remédio ;)

 

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18
Jan19

19 objetivos para 2019

Nunca esteve nos meus planos fazer resoluções de ano novo. Ainda me lembrei de passar em revista as minhas resoluções de 2018, mas achei que ia deprimir ao ver que não tinha conseguido cumprir nenhum dos meus objetivos, por isso deitei essa ideia para trás das costas (entretanto fui ver, aqui, e fiquei agradavelmente surpreendida - os três primeiros pontos foram, sem dúvida, cumpridos com sucesso; os outros também são de avaliação mais difícil, mas gosto de pensar que evolui positivamente).

Mas a Beatriz trocou-me as voltas e desafiou-me a propôr 19 coisas a fazer este 2019, que ainda há dias começou. E como sou uma mulher e não um rato, tive de aceitar. Confesso que não foi fácil lembrar-me de tanta coisa mas, olhando agora, até acho que me saí bem. A ideia era serem coisas exequíveis e relativamente concretas, mais ao nível das tarefas do que coisas difíceis de medir e de concretizar, e acho que de uma forma geral consegui. Aliás, uma já está feita! Em resumo: fotografias, viagens e música. Parece-me bem!

Vou tentar falar sobre algumas destas coisas mais lá para a frente e, se me lembrar, vou riscando este post à medida que for cumprindo - ou, pelo menos, assim o espero. 

 

1. Fazer álbuns de fotos em resumo dos dois anos anteriores, conforme tinha escrito aqui(concluído a 15 de Janeiro)

2. Retomar a rotina de ir ao ginásio;

3. Terminar o álbum de vida dos meus avós paternos;

4. Readquirir hábitos de leitura para além das férias;

5. Ir à Islândia; (cancelado, infelizmente - ler aqui)

6. Voltar aos Açores;

7. Manter a caixa de e-mail constantemente limpa;

8. Responder aos comentários no blog, pelo menos, uma vez por semana;

9. Reorganizar a minha pasta de fotografias por anos e limpar todas as fotos inúteis que lá tenho; (iniciado em Fevereiro)

10. Terminar a minha pós graduação com uma média decente (15 era pedir muito?);

11. Investir e enriquecer o meu repertório no piano;

12. Andar mais vezes de vestido;

13. Conseguir, mais no final do ano, ter uma posição mais informada, decisiva e importante na empresa da família;

14. Refrescar o design deste blog e continuar a alimenta-lo com uma frequência razoável (aka escrever mais); (feito a 21 de Abril - ler aqui)

15. Fazer pelo menos mais três escape rooms; (2/3 já feitos em Março)

16. Ir a pelo menos um festival de música;

17. Fazer uma escapadinha dentro do país;

18. Manter o espírito positivo e equilibrado ao longo de todo o ano;

19. Passar menos tempo nas redes sociais.

 

Obrigada Beatriz por te teres lembrado de mim 

15
Jan19

Panzer (ou como o meu colo nunca chegou a ficar frio)

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"Desde que tirei o curso de fotografia que estou sempre à procura da foto "mais perfeita". Alinho os horizontes, balanço os brancos e trabalho as sombras, ponho as fotos mais amareladas como gosto, tento sempre que não haja ruído a distrair do foco principal. E, claro, tento pôr-me bonita. 
Mas também gosto de fotos verdadeiras. Esta é uma delas. Tirada na véspera de Natal, nos 20 minutos de pausa que tive depois de fritar os doces natalícios e onde aproveitei para estar com os meus pequenos. Pijama, pantufas, avental, olheiras, cabelo horrível. E ainda bem que nas fotografias não se sente o cheiro a fritos! E, no entanto, uma foto tão bonita como todas as outras. 
Quando adormeceram todos no meu colo, gritei pela minha irmã para ir buscar a máquina e captar o momento. "De avental?", Perguntou. Disse que sim, era como estava, era assim que ia ficar. O Amor é isso tudo.
Desde que eles nasceram - em que os vi sair, bolinhas em sacos, e a respirar pela primeira vez - que conto incessantemente de um a sete, para me certificar que estão todos. Acordei muitas vezes a meio da noite para ter a certeza de que respiravam, punha-os a mamar se via que estavam mais magros e trazia-os à vez ao colo, para os ensinar o significado de mimo.
Agora conto de sete a zero, em contagem decrescente até o colo ficar a vazio. Até ficar frio. E dói. Mas dizem os sábios que amar também é deixar ir, e eu acredito. Que a minha Dora, o Lilo, o Pantufas, a Cuca, a Mel, o Rufus e a Mimosa sejam felizes nas suas novas casas é um dos meus desejos de 2019. Que aqueçam muitos colos como aqueceram o meu."

 

Texto publicado no meu instagram a 30 de Dezembro

 

Escrevi este texto poucos dias antes do fim do ano, quando os meus pequenos texugos estavam a abandonar o meu colo a uma velocidade estonteante. Não é difícil perceber que não estava feliz. Mas mal eles nasceram eu sabia que era assim que ia ser: era lógico que não íamos ficar com os sete, mas cedo combinámos que não íamos ficar com nenhum. Porque já tínhamos muitos, porque seria mais uma despesa, mais trabalho e mais preocupações. Porque aquilo que a minha mãe queria mesmo era uma cria da Molly e do Calvin - e não do vizinho.

Foram indo, um a um. Saí sempre de casa quando sabia que os iam buscar. O colo ia ficando mais frio, mas ao menos não era eu que os tirava de cá. Até que ficaram dois. Rodava-os entre o quentinho do meu abraço, dormia com eles ao peito, via-os a brincar como se não houvesse amanhã ou a dormir em conchinha como se nunca tivessem conhecido outra forma de encaixe. Até que chegou a hora.

Eram os meus dois últimos meninos e, esses, não os queria deixar ir sem lhes apertar aquelas barrigas gordas. Quando deixo ir um, descaradamente em lágrimas em frente aos seus novos donos, aperto o outro no colo. E, quando largo esse, escondo a cara por detrás do casaco de penas para não verem a minha cara. Não fiz por mal, por arrependimento, nem para terem pena de mim - foi somente a dor e a infelicidade de os ver partir a vir ao de cima. O sentimento de que já não sobraria nenhum.

E nesse momento, num vai-não-vai, entregam-me o cão para o colo. Que era meu, que não tinha mal. E eu entreguei-o de volta, em pânico por não honrar um compromisso. Mas, insistindo ainda assim, lá veio ele de volta para as minhas mãos. 

Hoje, o Lilo de que falo no meu post do instagram chama-se Panzer. Todos os dias me rói as pantufas e me ataca com aqueles dentes em forma de agulha. Todos os dias, quando me vê, corre na minha direção com aquelas orelhinhas de abano e com todas as suas regueifas a oscilar para cima e para baixo. E todos os dias - até ao dia em que conseguir - o agarro no meu colo, tal e qual como fiz naquela noite, quando o trouxe para o quente da casa que agora era mesmo a sua.

Muita gente me disse, depois de ficarem a conhecer que ele tinha ficado cá, que "sabia que eu não ia aguentar ficar sem um cão". Pois eu não fazia ideia. A partir do momento em que decidimos dar todos os cães, e acima de tudo quando soube que havia quem quisesse cada um deles, eu nunca ponderei ficar com um (ainda que secretamente desejasse que me tivessem oferecido um no Natal). Só que aconteceu. A minha dor e a sensibilidade de quem estava do outro lado falou mais alto (e ainda hoje, só de me lembrar desse momento, escorrem-me as lágrimas pela cara abaixo).

Foi há precisamente dois meses que nasceram. Tenho tido a sorte de ter notícias de muitos deles e o meu coração está sossegado por saber que estão bem, que são amados e bem cuidados. E a forma como o cachorro da minha vizinha - que acolheu um dos filhos da Molly - corre na minha direção quando me vê, diz-me que eu fiz tudo certo. Não vive comigo, mas pelos vistos ainda lhe cheiro a casa. Talvez o meu colo seja sempre a casa de cada um deles. Do Panzer, será de certeza.

 

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11
Jan19

Agenda, bullet journal ou planner?

Eu acho que já escrevi mais sobre agendas em meia dúzia de anos do que a maioria das pessoas pensa nelas ao longo de uma vida inteira - mas o que querem? Sou uma control freak e uma planner por natureza, está-me no sangue planear coisas, fazer listinhas e tudo o que demais há por aí para tentar contrair aquilo que está escrito no meu destino (jiboiar no sofá?). Por isso, todos os anos, lá ando eu à procura da forma ideal para apontar tudo o que preciso e para fazer todos os "checks" necessários nesta vida um tanto ao quanto entediante.

Janeiro é o mês ideal para pensar nestas coisas - não por ser um reinício (sinto mais isso em Setembro), mas sim porque é o começo de mais um ano civil, altura em que as lojas estão inundadas de coisas de estacionário giríssimas, que nos fazem querer esgotar a carteira até ao último cêntimo. A verdade é que um caderno deste género tem de ter, para mim, várias características:

  • Ter uma vista semanal e não diária, assim como uma planificação de cada mês antes da vista semanal;
  • Espaço para notas;
  • Não ter argolas, não ser muito grande (para poder transporta-lo na mala) nem muito pesado.

Parece simples, não parece? Mas não é. Pode mesmo ser um bicho de sete cabeças. A conjugação de todos estes "pequenos" fatores elimina 95% das agendas do mercado. Por isso é que o ano passado optei pelo Bullet Journal (falei disso aqui e aqui), por conseguir personaliza-lo da forma, como bem entendesse. Aquilo que eu não disse foi que passado meio ano desisti - e na altura comprei um planner, um meio termo entre a agenda e um BJ, e foi o que resultou melhor. Este ano, voltei para a agenda. 

Sendo assim, e considerando-me capaz o suficiente para dissertar sobre esta matéria, eis os meus pensamentos sobre cada um destes métodos:

AGENDA - em bom português, a "papinha" vem toda feita. A questão é que às vezes não é feita da forma que nós queremos. A grande vantagem é que há uma variedade imensa no mercado e passa muito por perder tempo até encontrar "a tal".

 

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Agenda da Rosa com Canela, a minha eleita deste ano

 

BULLET JOURNAL - é o oposto da agenda. Há todo um mar de liberdade por explorar, mas essa liberdade também significa trabalho. Todos os meses é preciso fazer o esquema do plano mensal, assim como o semanal, e eu dei por mim a não ter tempo nem paciência para tanto. Acabei por perceber que, para mim, acaba por se tornar num contrassenso - estou a tentar fazer render o meu tempo, organizando-o ao máximo, mas por outro lado estou a "perde-lo" a criar a minha própria agenda. E a verdade é que eu não me satisfaço com pouco - na net o que mais há são BJ lindos de morrer, com pessoas que nasceram claramente com uma veia artística que eu não tenho, e eu detestava ver o meu caderno com a minha caligrafia horrível, linhas tortas e outras coisas pouca agradáveis a olho nu. Isto acabou por me tirar a vontade de trabalhar nele. Às vezes tinha coisas para apontar e pensava "ainda não fiz a página de notas deste mês", e lá se iam as ideias pelo cano.

O ponto positivo era funcionar também como caderno de apontamentos - foi com o BJ que comecei a apontar todos os temas para apontar aqui no blog, listas de prendas, de compras e de tarefas (não só tarefas a fazer em dias específicos, mas tarefas ou objetivos mais gerais), o que me ajudou muito. Outra das coisas que adorei foram os trackers: quadros que nos ajudam a perceber, no espaço de um mês, a nossa performance em vários campos (o que queremos "medir" é ao gosto de cada um - se fomos ao ginásio, se bebemos água, o nosso estado de humor nesse dia, etc). Para mim é uma forma incrível de ver a minha produtividade e de pensar naquilo que fiz, assim como obrigar-me a pensar em como foi o meu dia, para o avaliar. Quando fazia isto, apercebia-me que era feliz, ainda que todos os dias houvessem coisas menos positivas.

 

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Bullet Journals pontuados, conforme os originais, à venda na Tiger em várias cores (6 euros)

 

PLANNER - um planner é um caderno estruturado para funcionar como agenda, mas cujos meses e os dias da semana não estão escritos. Ou seja, não é preciso fazermos o layout dos calendários, mas é necessário preenche-los. Gostei muito do que eu tinha, pois para além de ter a vista mensal antes de cada mês, tinha uma página de "to do's" e listas a acompanhar cada uma das vistas semanais. Apesar da organização não ser a ideal, pois não havia um lugar próprio para as notas, foi algo que resultou muito bem comigo.

 

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Planner da Stradivarius, já esgotado na loja online

 

Este ano, embora tivesse andado atrás de um planner - comprei o meu antigo no Stradivarius, que tornou a ter alguns, mas em dimensões que não me agradaram - acabei por decidi-me por uma agenda (aquela da imagem, da Rosa com Canela - pelo seu tamanho, pela decoração e, acima de tudo, pela organização). Aquilo que fiz foi uma espécie de crossover com o BJ: utilizo a sinalética deste método e coloco trackers no espaço das notas (que faço no computador e que imprimo, para não perder muito tempo). De resto: cores bonitas, uma vida ocupada e tempo - é tudo o que é preciso para dar vida a qualquer um destes métodos. 

Por aí, qual é a vossa escolha? Ou já são mais dados às novas tecnologias, poupam no papel e fazem tudo online?

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