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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

23
Jul18

Tudo sobre a minha incrível viagem aos Açores (parte 1)

Decidi fazer este post em duas partes, para não arriscar que nenhuma alma o leia por preguiça ou falta de vontade perante tanto texto. Isto porque eu não quero que este seja só um mero post mete-nojo ou descritivo. Pesquei várias informações super úteis em blogs, que me ajudaram bastante nesta viagem, e quero que fiquem aqui todas as dicas de que eu usufrui e que agora já posso acrescentar, para que este seja um relato e uma memória para a posteridade, mas também algo rico e informativo para outros que queiram viajar ou simplesmente sentir-se inspirados. Todos os posts sobre os Açores podem ser lidos aqui.

 

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Às vezes perguntam-me se gostei dos Açores ou quanto é que gostei de São Miguel. A resposta é sucinta e explícita: o suficiente para ir querer ir viver para lá. E não brinco! Não é algo que possa fazer agora - porque tenho os meus pais, uma pós-graduação para fazer e tudo aqui - mas acho que quando for mais velha seria muito feliz nos Açores. Aquela calmia combina comigo. São Miguel é uma ilha limpa - exclui-se o cocó de vaca nas vielas rurais -, com muito pouco trânsito e que transpira tranquilidade; em que não há buzinadelas a torto e a direito nem estacionamentos em segunda fila. Em que as pessoas se cumprimentam frequentemente e onde se apresentam, quase todas, com um aperto de mão convicto e um sorriso nos lábios. Em que a comida é óptima e existem peixes que aqui no continente nunca ouvimos falar. Em que, não deixando de ser uma ilha onde, em alguns pontos, conseguimos ver de um lado ao outro, tem todas as infraestruturas necessárias para se ter uma vida confortável e cosmopolita o suficiente. Em que muitos dos ex-libris ainda só têm meia-dúzia de pessoas, o que permite desfrutar de tudo com outra qualidade. De modos que, depois da pergunta, as pessoas normalmente olham para mim com um ar trocista e dizem "saíste de lá apaixonada!". E eu digo que sim, que é verdade, sem vergonhas. Não foi por um açoriano. Foi pela ilha inteira.

Depois de sair de lá pensei num plano altamente maquiavélico, que foi dizer mal da ilha a toda a gente, só para ficar com ela "só para mim". Isto porque tenho PÂNICO que os Açores virem atração turística de primeira classe e todo aquele sossego vá pelos ares. É tudo ótimo e muito bonito para a economia e a publicidade do país, mas eu sinto na pele o que o turismo faz a uma cidade. No Porto, eu própria me sinto uma turista! Os restaurantes são caros e maus; o trânsito é caótico, com autocarros e tuk-tuks a atrasarem o movimento e pessoas a atravessarem-se no meio da estrada; há ruas em que uma pessoa não consegue atravessar em linha reta de uma ponta à outra, parecendo um caminho de obstáculos. É incrível o movimento, mas é altamente cansativo - até porque, claramente, estão a faltar estruturas para dar vazão a isto. E eu penso que se os Açores começarem a ficar na boca do mundo, vai ser o fim de parte da sua magia. E eu não quero. Até porque aquele estilo de beleza natural não aguenta com autocarros e centenas e centenas de pessoas a passar por lá diariamente.

Por isso, meus amigos, mantenhamos isto em segredo. Um segredo só nosso, está bem? Até porque se me estão a ler devem ser portugueses... e se são portugueses têm quase o dever moral de lá passar. Relativamente aos estrangeiros... vamos fingir que Portugal é só o Continente e guardar os Açores só para nós, está bem?

 

Como planeei a minha viagem?

Eu fui até aos Açores comprando um pack de cinco dias (de segunda a sexta) da Agência Abreu. Fi-lo porque me pareceu ser um preço competitivo para tudo o que incluía (voos, hotel e visitas guiadas) e, apesar de não me ter arrependido, não voltava a repetir. Porquê? Porque já não faço parte de uma geração que gosta de ter a papinha toda feita e porque estes programas implicam alguma falta de liberdade. Ter transfer à hora x, ter de estar num sítio à hora y, sem grande possibilidade de mudanças... é tudo muito intrincado, extra-planeado (até para mim, miúda de planos). O pack incluía uma viagem de jipe à Lagoa do Fogo e das Sete Cidades (com almoço incluído), com paragem na Caldeira Velha para um banho; um passeio pelas Furnas (também com o cozido incluído) e pelo Parque Terra Nostra, com tempo para banhos; e um passeio de barco para ver os cetáceos (que eu não fiz, depois da minha experiência traumática depois de ter tentado nadar com os golfinhos). Todos estes serviços eram feitos por empresas exteriores, o único contacto que tive com pessoas da Abreu foi mesmo nos transferes.

Uma das coisas importantes a ter em conta nos Açores é que o tempo muda de um minuto para o outro. Sabem aquela história que todos já ouvimos e que pensamos "pfffff!", de que nesta terra existem as quatro estações do ano num só dia? É verdade, é impressionante. Num minuto está um sol que faz a pele estalar e no outro já chove torrencialmente, com aquelas pingas gordas que não deixam uma parte do nosso corpo impune. Por isso é que ter tudo planeado ao milímetro não é boa ideia: há que ser flexível e adequar os nossos passeios às condições meteorológicas. Uma das melhores formas de fazer isso é instalando a aplicação SpotAzores (não sei se há outras), que vos dá acesso a câmaras nos vários pontos da ilha, para perceberem onde é melhor ir naquela altura em particular. Principalmente no que diz respeito às lagoas, que estão muitas vezes submersas em nuvens, dá um jeitaço inacreditável.

 

"Carolina, alugaste carro?"

Uma das perguntas que mais me fizeram foi se aluguei um carro. Sim, aluguei. Acho que é um erro não alugar, mesmo tendo já excursões marcadas. Não há nada como ter o nosso tempo e a nossa liberdade para conhecer a ilha de forma despreocupada. Não há muito a temer relativamente à condução ou às estradas açorianas: é tudo tão calmo que a adaptação é facílima, principalmente para quem vive em grandes cidades, estando habituado a sentir-se na selva em plena hora de ponta. Pelas minhas contas, teria dois dias e meio livres para fazer o que quisesse (acabei por ter três dias inteiros, por não ter ido ver as baleias), e ter um carro compensou sempre. Eu adoro andar a vaguear e ir parando consoante as placas que me aparecem; se vejo que existe um miradouro no caminho (algo que está sempre a acontecer) e me apetece parar, gosto de ter essa liberdade e esse tempo para ver, fotografar e aproveitar o momento. Quanto ao estacionamento, também é relaxado: há quase sempre lugares de rua mas, nos sítios mais movimentados, há parques (e não, não cobram pequenas fortunas, mesmo que fiquemos lá algumas horas).

Comparei preços, serviços e carros e acabei por escolher a Magic Islands. Deixaram-me o carro no hotel, precisamente à hora marcada. Melhor era impossível! Era um Ford SUV, deste ano, super confortável e com uma condução incrivelmente fácil - e um GPS incrível, o melhor que vi até hoje a nível de GPS's integrados. Fiz seguro contra todos os riscos (que fica mais caro do que o próprio carro), porque mais vale prevenir que remediar, mas felizmente não precisei de o ativar. É preciso ter em atenção um "pormaior" nestes seguros: eles excluem os problemas mais prováveis a ter nos Açores - furos nos pneus, jantes e estragos por debaixo do carro. 

De reparar que, por existirem imensos carros alugados, São Miguel é uma ilha cheia de carros coloridos - muito melhor que os brancos-cinza-preto que só se vêem por cá. O meu era azul elétrico. Pow!

Para quem é do Continente, ver uma ilha em que tudo parece perto e em que há sítios que se consegue ver de um lado ao outro pode dar uma ideia enganosa. De uma ponta à outra São Miguel tem 250kms - pouco menos que o caminho Porto-Lisboa - mas lembrem-se que para aceder a alguns sítios têm de percorrer estradas aos "s", que implicam andar mais devagar (aliás, andar devagar é sempre bom, porque conseguimos ver melhor a vista). Isso faz com que não seja assim tão rápido ir de um sítio ao outro, por isso convém não andar apertado nos horários... até porque nunca se sabe quando vamos ter umas vaquinhas simpáticas a impedir-nos de passar a rua.

 

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O que levar na mala?

Uma das coisas que me preocupava nesta viagem era o que levar vestido - não por uma questão de estilo, mas sim porque tenho sempre medo de ter frio e não sabia como estabelecer um equilíbrio num sítio onde num dia tanto chove como faz sol. Tenho a dizer que até aqui a viagem foi um sucesso: não levei nada a mais nem nada a menos. Foi no ponto!

Dicas que podem ser úteis:

1) Andem sempre com um kispo fino ou um impermeável convosco, porque a chuva e o vento (algo não muito falado, mas que está lá e em boa quantidade) vêm sem avisar; 2) Nas minhas tours e nos passeios de carro andei sempre com um saco à parte com a minha toalha e o meu biquini-feio (já sabem que não vale a pena levar o vosso swimwear preferido para os Açores, certo? Aquelas águas ferrugentas ameaçam a boa saúde de qualquer pano...), pronta para um banho sempre que fosse possível. 3) Só usei chinelos para ir tomar banho - fora isso, sempre sapatilhas, nunca sandálias! Tive medo de levar as minhas Merell de verão, porque se chove ficam todas molhadas, mas arrisquei e compensou (apesar de ter chovido). Foi o equilíbrio perfeito e tanto dava para cidade como para andar na montanha. 4) Apesar de ter levado calções, nunca os usei - andei sempre de calças, de ganga ou tecido, porque senti que a média de 21ºC que apanhei não era suficiente para andar com as pernas à mostra. 5) Acima de tudo, levem muitas t-shirts e roupa interior (eu levei um montão de meias, com medo de as molhar com a potencial chuva), porque ao caminhar sua-se bastante e é bom ter essas peças sempre que nos queremos trocar, que já nos dão uma sensação "fresca" sem ocupar muito espaço na mala. Cheguei inclusivamente a andar com meias na mochila, para estar pronta para qualquer molha.

 

"Que sítios visitaste?"

Eu tive uma sorte descomunal. Na primeira metade da semana - em que fui ver as lagoas - apanhei um tempo incrível; a segunda metade, que tinha destinado para explorar Ponta Delgada e outras coisas mais "mundanas", o tempo foi quase sempre de chuva. As duas lagoas principais - a Lagoa do Fogo e a das Sete Cidades - vi logo no segundo dia, de jipe, com a GreenZone Açores. Comecei com chave de ouro, portanto. Aconselho o serviço deles a 100%! O guia que foi connosco - chamava-se Paulo - era incrível e prestável, super cuidadoso porque uma das pessoas que ia no carro enjoava com facilidade. E tirava fotos sempre que lhe pedia - e sabia focar e tudo!!! Devo-lhe grande parte das boas fotos que tenho nesta viagem. Fizemos vários caminhos de terra, até passamos um riacho (uhuh, adrenalina!) e percebia-se o entusiasmo da parte do guia em nos mostrar as coisas bonitas da terra dele - e ele podia ter-se limitado a fazer as lagoas, como estava no plano, mas foi parando várias vezes para nos mostrar vários pontos de vistas e até outras atrações. A GreenZone já tinha surgido nas minhas pesquisas, foi uma sorte a Abreu ter-lhe subcontratado esse serviço, e voltaria a repetir. Ir de jipe é uma mais valia, porque vamos a sítios em que de carro é difícil ou arriscado aventurarmo-nos. E eles já sabem os caminhos e têm experiência, por isso é ouro sobre azul. Ficou por fazer, com eles, uma visita ao Nordeste. Fica já "marcada" para quando voltar. Diria que o único senão nestas visitas pode ser para quem enjoa ou tem problemas de costas ou de rins, uma vez que pode haver alguma "torbulência". Fora isso, é dinheiro bem aplicado!

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Lagoa do Fogo

 

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Num miradouro onde parámos, não sei o nome 

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A Lagoa do Fogo na primeira paragem que fizemos

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Lagoa das Sete Cidades

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 Lagoa das Sete Cidades

 

Não me façam aquela pergunta típica de "qual foi a tua lagoa favorita?", por favor. É cruel. Todas são lindas. Uma das sensações com que me debati nos momentos em que via aquelas paisagens de fazer cair o queixo foi "como é que eu vou guardar isto para o resto da minha vida?". Estava um bocadinho numa corrida contra o tempo, ainda por cima estando numa tour os timings não são controlados por nós, e eu só queria que aquela calma e aquela beleza ficassem agarradas a mim para o resto da vida, que aquilo não se apagasse. Como é que isso se faz? Tiram-se fotos com a máquina, o telemóvel, a GoPro e tudo o que de mais há? Simplesmente sentamo-nos, respiramos e tentamos tentar uma fotografia mental daquilo que estamos a ver e a sentir? É uma gestão difícil. Por minha vontade eu tinha ficado largos minutos em cada um dos sítios onde estive, com o rabo alapado no chão, só a dar-me tempo para absorver - algo que fiz noutros momentos desta viagem, sendo outra das incontáveis vantagens de estarmos sozinhos. Nas lagoas não houve tempo para isso, mas planeio faze-lo da próxima vez.

Essa primeira tour ainda incluiu, para além do almoço, paragens em alguns outros sítios. Vou destacar dois: o primeiro foi a Caldeira Velha, onde se podem tomar banhos com aquelas águas maravilhosas. Foi o meu primeiro banho deste género e, apesar de não ser o meu sítio favorito a este nível, ficará com um lugar especial no meu coração por isso. Tem três "poços", o primeiro em que a temperatura da água é natural e não controlada (quando fui estava fria e só entrei quase para a foto), os outros dois já são maravilhosamente bons. A água, apesar de ter partículas de ferro, não é nada comparada à do Terra Nostra, por exemplo. E o bem que isto fez às minhas contraturas?! Ah! E não esquecer os jardins lindos que envolvem os poços - parece que estamos a entrar numa floresta tropical ;)

O segundo sítio que quero destacar, e que simplesmente ADOREI, foi a Lagoa das Empadadas. Este é um dos tais que só de jipe é que se chega lá, mas é de uma beleza incrível. É pequena (principalmente quando comparada com as outras), mas de uma pureza inacreditável, toda protegida com uma "parede" de árvores. Não há palavras para aquilo. Como é que a natureza tem sítios como estes, tão naturalmente bonitos e arranjados? Foi dos meus sítios favoritos de toda a ilha.

 

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Na Caldeira Velha

 

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Caldeira Velha

 

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Lagoa das Empadadas

 

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 Lagoa das Empadadas

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Igreja de São Nicolau, perto da Lagoa das Sete Cidades

 

 (to be continued)

16
Jul18

Açores: o vídeo

Antes de ir para os Açores encontrei uma promoção brutal de uma GoPro, na Fnac. Tinha uma de "marca branca", que em nada se comparava com a qualidade que já tinha visto nas originais, e soube que tinha de a comprar para registar todos os momentos que ia viver em breve. Não foram todos, todos, todos... mas foram muitos. Não é um vídeo pro, é muito ao modo "shaky camera" como se quer nas GoPro's, mas regista bem os momentos.

 

 

14
Jul18

Como é a experiência de viajar sozinha?

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Já há muito, muito tempo que eu queria fazer uma viagem sozinha. Com todas as condições reunidas, achei que este era o momento ideal – e, acima de tudo, o momento em que eu precisava. Precisava de sair para respirar, precisava de estar sozinha, precisava de sair da minha zona de conforto, precisava de mudar de ambiente e entrar em rotura com os últimos dois anos. Precisava de paz.

E porquê os Açores? Porque, apesar de ser fora de Portugal continental, ainda é Portugal. Porque partilhamos a mesma cultura e a mesma língua (embora às vezes não pareça) e porque, dentro do choque que é estarmos sozinhos num sítio que desconhecemos, este era o que teria menos impacto. Se eu fosse para o Vietname, aí sim, seria uma aventura e tanto! Agora os Açores foi jogar pelo seguro (até literalmente, visto que é um sítio onde os problemas de segurança são residuais, o que também pesou na escolha) e fazer com que esta viagem fosse ouro sobre azul, porque este era um destino que queria muito conhecer.

Viajar sozinha foi, sinceramente, um exercício de liberdade. Ao contrário do que se possa pensar, é muito mais fácil viajar sozinho do que acompanhado – pela mesma razão que é mais fácil viver sozinho do que com alguém. Só temos de corresponder às nossas vontades, aos nossos planos, aos nossos gostos; não temos de fazer fretes, esforços, coisas que gostamos menos só para agradar aos outros; comemos as refeições que quisermos, às horas que quisermos; deitamo-nos e acordamos à hora que nos apetece; gastamos o dinheiro que temos e que queremos gastar e nunca temos pressões exteriores para o que quer que seja. Não temos de estar preocupados com os outros, gerir horários, emoções ou personalidades. E isso para mim, criatura egoísta e pouco dada à sociabilidade, é maravilhoso.

A questão é: não me senti sozinha? A resposta pode ser inesperada. Não, não senti. Em alguns momentos pensei em como gostava de estar com alguém - em particular os meus pais -, mais por saber que eles gostariam do que eu estava a ver do que propriamente por eu precisar de uma pessoa ao meu lado. A verdade é que fui mantendo um contacto permanente com eles e com os meus irmãos (criei um grupo no whatsapp para lhes mandar fotos e fazer inveja de tudo o que via e comia) e isso é essencial: é saber que estamos sozinhos mas que a nossa base está lá, que não estamos desamparados ainda que sem gente ao lado. 

Acho que sou uma pessoa atípica em termos sociais (uhuh, como se ninguém desconfiasse!). Eu não sinto necessidade de estar sempre a falar com alguém ou a partilhar decisões. Aquilo que conversava com os meus pais era o suficiente para satisfazer as minhas necessidades de interação (ainda que tenha falado mais, uma vez que me “juntei” a uma mãe e uma filha que fizeram tours comigo) e o facto de poder ser eu a decidir tudo o que queria em relação ao meu dia foi um autêntico alívio. No fundo, cumpri um dos meus objetivos para esta viagem, que era confirmar se de facto eu me dava tão bem sozinha como eu achei que daria. Sei que a vida muda, nós mudamos, os nossos planos e perspetivas mudam: mas perante a amostra destes meus 23 anos de vida, eu já percebi que não será fácil arranjar pessoas que partilhem vida comigo, e é uma preocupação minha certificar-me que, mais do que sobreviver, também consigo ser feliz sozinha (dentro dos limites do razoável - e por “razoável” quero dizer “não me tornar numa eremita”). Por muito que me custe, devo até admitir uma coisa: esta foi, talvez, a viagem da minha vida em que tive menos saudades (e eu sou uma saudosista nata). Acho que estive sempre tão entretida nos meus planos, sem tempos mortos, que a minha vida foi correndo da forma mais natural de sempre. Não fiz coisas que não quisesse ou que não gostasse, não sentia necessidade de estar sempre com o telemóvel, e a minha cabeça estava sempre centrada naquilo que eu estava a viver e não a passear por coisas tristes, preocupações ou saudades. 

Há apenas uma grande exceção: as refeições. Eu não me importo de comer sozinha, mas também não gosto. Estou habituada a almoçar e jantar sempre com a minha família e é-me estranho não ter ninguém para falar enquanto como - e confesso que também não gosto de estar agarrada ao telemóvel ou a um livro enquanto como. Neste caso não há muito a fazer: é aguentar. Mais uma vez, tive sorte: juntei-me em várias refeições às duas pessoas com quem fiz as tours é essa questão desvaneceu-se. De qualquer das formas, é de notar que quando as pessoas veem uma mulher/rapariga a almoçar sozinha, estranham sempre um pouco e têm tendência a ser mais atenciosas. E nisto incluem-se os parceiros da mesa ao lado, que frequentemente fazem conversa a partir de algo tão corriqueiro como pedir para utilizar o nosso saleiro.

A verdade é que quando não temos ninguém que nos "prenda", falamos com as outras pessoas com muito mais facilidade. É a mesma história de ir para uma escola nova com ou sem um amigo: se formos com um amigo, juntamo-nos a ele e formamos uma redoma onde é muito mais difícil alguém entrar; se formos sozinhos, é mais fácil (e somos quase obrigados a) integrarmo-nos.

 

QUESTÕES PRÁTICAS

Segurança

Há coisas más em viajar sozinha? Claro que há. Logo à partida a questão da segurança em todos os campos: se cairmos para o lado no quarto ninguém dá pela nossa falta, por exemplo; se tropeçarmos na banheira ninguém nos vai levantar de lá. Andar na rua acompanhado é sempre mais seguro, mesmo num sítio onde não existam problemas de segurança - e nisto, o facto de ser mulher também tem um certo peso. Tanto nos Açores como em qualquer outra parte do mundo há inevitavelmente homens que olham para nós como se fossemos um naco de carne - é algo que temos de aceitar e ignorar, tendo só a certeza e o cuidado (estando alerta) de que não passam mesmo de olhares. No caso desta viagem em particular eu não fiz trilhos pedestres precisamente por estar sozinha: apesar de gostar muito de andar no meio da natureza, sei que sou uma naba e que caio com facilidade, e fazer caminhos com obstáculos pela frente, em que possa cair e me magoar, não me pareceu uma boa opção - até porque muitos destes lugares têm pouca rede e não são assim tantas as pessoas que passam por ali todos os dias. Acima de tudo, acho essencial que tenhamos noção das nossas próprias limitações, que nos conheçamos minimamente e que antecipemos os problemas. E ter bom senso, claro! 

Eu deixei com os meus pais todas as informações de onde ia estar e partilhava frequentemente os meus planos para o dia, para saberem minimamente o sítio onde eu estava, caso acontecesse algo ou eu ficasse incontactável. Tive também uma série de outros cuidados que, se quiserem, posso listar, caso estejam a pensar ir numa aventura e precisem de "inspiração" neste campo.

(ainda sobre os trilhos, falarei depois sobre isso, mas fiz apenas uma única caminhada mais "selvagem", de cerca de 1km. E até aí adorei estar sozinha, a absorver o silêncio e a ir ao meu ritmo. Neste tipo de coisas, como sou mais lenta e cuidadosa a caminhar, sinto sempre que as pessoas ficam à minha espera ou que se obrigam a ir mais devagar por minha causa, algo que não gosto)

 

Fotografias

Houve quem também me perguntasse sobre a questão das fotografias: como é que se tiram boas fotografias enquanto estamos sozinhos (e já considerando que a selfie não é uma ótima opção)? Se forem malucos como eu, podem andar com o tripé atrás. Sim, eu levei o tripé na mala! Como fiz muitos dos passeios de carro, mantinha-o na mala e, quando precisava, tirava-o. Atenção: certifiquem-se que, quando fazem isto, já têm experiência e à vontade em trabalhar com o tripé. Isto aplica-se à máquina fotográfica e ao telemóvel: para a máquina o tripé grande e para o smartphone aqueles tripés que parecem polvos, pequeninos e moldáveis, que se compram por tuta e meia e se agarram a quase todo o lado e ajudam a tirar fotos bem melhores. À falta destes instrumentos, improvisem tripés (também o fiz) pousando as máquinas em sítios estratégicos e seguros. Ter um comando que tira fotos à distância também ajuda muito (em caso de ter tripé ou não), para não ter de se andar sempre com o temporizador e a correr para trás e para a frente. Mas a verdade é que a forma mais fácil de resolver este problema é pedir a alguém que nos tire a fotografia, sempre com dois riscos: que nos roubem a máquina e que a foto saia uma treta. A primeira opção parece-me sempre bem improvável, embora saiba que às vezes acontece; a segunda é muito comum, mas não há muito a fazer. Eu tive a sorte (e a falta de lata) de nunca ter de o pedir a “desconhecidos”: ou pedia aos guias que me fizeram as tours ou às duas pessoas que fizeram grande parte das visitas comigo. Em suma: pode ser chato, pode demorar mais, mas não é um problema irresoluto e há muitas alternativas.

 

Dinheiro

Viajar sozinho fica mais caro do que viajar acompanhado. É lógico que se virmos o valor acumulado gasto por quatro pessoas, este é muito maior do que se for só uma. Mas se dividirmos por cada cabeça rapidamente percebemos que é mais económico ter companhia. O carro é um óptimo exemplo. Eu aluguei um automóvel nos Açores e andei sozinha com ele, quando havia mais quatro lugares vagos - ou seja, se fossemos cinco, o valor era a dividir. Mesmo nos restaurantes isso é notório: um cesto de pão é igual para mim ou para uma mesa de três; uma dose de lapas tem sempre 20 lapas (por exemplo), quer eu seja só uma ou quer sejamos quatro. A verdade é que há muito mais coisas divisíveis do que individuais, por isso o dinheiro gasto por pessoa é inferior numa viagem em grupo do que numa feita a solo.

 

Este é o feedback de uma primeira experiência que foi recheada de momentos incríveis mas que, como contei no post anterior, também teve as suas peripécias e dificuldades. Não foi um mar de rosas, mas esteve a quilómetros de ser um mar de espinhos. Adorei viajar sozinha, mas isso permitiu-me perceber que há também muitas vantagens em fazer viagens com outros. Esse momento crítico no barco foi um daqueles em que eu desejei ter o colo da mãe ou alguém que me fosse buscar um chá quando eu achei que não podia fazer nem mais um metro a pé. Mas a verdade é que o que não nos mata torna-nos mais fortes e eu saio desta viagem, mais do que revitalizada, muito mais segura de mim mesma. Fui capaz. Sou capaz. Fui racional nesse momento de agonia; fui prática e rápida quando tive de comprar outra viagem de avião e cancelar tranfers e entregar o carro mais cedo; e fui descontraída em tudo o resto. Fui tudo o que era preciso porque, quando é preciso, nós somos tudo e mais alguma coisa. E relembrarmos isso de vez em quando é a melhor coisa que podemos fazer.

Mas é importante ressalvar que isto se aplica a mim e está longe de ser uma fórmula universal. Sempre gostei de estar sozinha e sempre me dei bem assim; gosto do silêncio e gosto do poder de decisão; gosto de estar sem ninguém no carro com o rádio em altos berros e gosto de me sentar a ler um livro num jardim bonito. Nem todos são assim - há muita gente que não sabe e não gosta de estar sozinha, e isso é justo e tão bom como qualquer outra forma de estar na vida. Ver o que quer que seja com alguém ao lado dá-nos sempre uma perspetiva diferente das coisas, porque não há duas pessoas iguais. Mas para a minha forma de ser e de estar (que é, de uma forma geral, solitária) viajar sozinha foi das melhores coisas que fiz até hoje.

Foram apenas cinco dias, quase nada comparado com tantas aventuras que vejo por aí e muito pouco para sequer me cansar de mim mesma. Resta-me dizer que, para grande preocupação dos meus pais, isto foi só o início. E isso resume bem o balanço que faço sobre aquilo que é viajar a solo. In-crí-vel.

 

(Sobre os Açores e a viagem em si, escrevo muito em breve!)

11
Jul18

Um dia difícil, um mote de vida, uma experiência inesquecível e alimento para os peixes e para a alma

Tinham razão: vim para os Açores! Às seis da manhã de ontem estava a entrar para o avião que me traria a São Miguel enquanto fechava o livro que estou a ler no momento, "The Subtle Art of Not Giving a Fuck", de Mark Manson. Parei de ler numa altura em que ele falava da aceitação das experiências negativas, que nos traziam muito mais coisas melhores do que o desejo de coisas positivas. Não sabia que isso ia ser uma aprendizagem para aplicar no próprio dia.

Decidi há uns dias que ia nadar com golfinhos. Marquei, paguei, ouvi tudo com muita atenção e enfiei-me no barco com a convicção de que ia ter um dos momentos da minha vida. Achei que um dos melhores. Enganei-me só neste "pormenor". Mal o barco começou a andar eu soube que aquilo ia ser das coisas mais aventureiras que eu alguma vez tinha feito - e eu não sou aventureira nem gosto de aventuras. Não gosto de coisas em que não detenha o controlo da situação e eu soube que ali não ia poder controlar as coisas - mal sabia que nem o meu próprio corpo. A viagem até ao local onde estavam os golfinhos (talvez a vinte minutos) foi tenebrosa e dolorosa. Os salpicos e os tombos que tinham graça nos primeiros minutos, rapidamente se tornaram em algo horrível que eu só queria que acabasse. Eu já via golfinhos em todo o lado, só pedia a algo ou alguém que eles aparecem rapidamente para aquilo poder parar - até que eventualmente parou.

No início da viagem, o biólogo disse-nos, na brincadeira, "If you get seasick, don't feed the boat, feed the fishes". Todos nos rimos, eu também - eu, que me sentei no primeiro lugar do barquito, porque queria ter vista priviligiada para aquele momento inesquecível. "No topo do barco é mais bumpy", avisaram-me. Eu anuí. Já fiz dois cruzeiros, já andei em iates, em barcos de pesca, em barcarolas e barcos salva-vidas - não ia haver problema. Fi-lo de forma ingénua e quase inconsciente. É importante saber que eu adoro água, adoro mar e tenho medo de muito pouco neste âmbito e nunca pensei que aquilo fosse correr de outra forma que não maravilhosamente bem.

Mas o barco parou e eu passei a saber que aquilo não ia correr bem. Vomitei tantas vezes quantas a embarcação parou para nos deixar sair; vomitei o pouco que tinha no estômago e aquilo que não tinha. Talvez nunca na vida me tenha sentido tão indisposta. Saltei uma vez para a água, muito agitada, e não vi bicho algum. Saltei a segunda, já com menos conteúdo no estômago do que na vez anterior e lá os vi nadar por debaixo de mim e voltei ao barco, afirmando-me derrotada. Não conseguia saltar mais, tinha medo de desmaiar na água. Ia vendo os golfinhos passar, ia ouvindo os relatos de quem chegava ao barco, os "uau"'s, as vozes de quem tinha tido a experiência de uma vida. E eu a lutar ativamente para não cair para o lado. Só queria ir para terra.

Feliz e infelizmente, os meus colegas de atividade não se deixaram perturbar pelo que me estava a acontecer. Apesar de altamente desapoiada, o meu infortunio não os impediu de se divertirem - embora, calculo, nunca seja agradável ver alguém a vomitar de cinco em cinco minutos. Percebi rapidamente algumas das vantagens e desvantagens de viajar sozinho: por um lado, não preocupei ninguém; por outro, estava sozinha ali, a sentir-me nas posições mais vulneráveis da minha vida, e ninguém quis saber. Levei a GoPro mas não consegui tirar uma só foto. Cheguei a um ponto em que duvidei da minha capacidade de me levantar. Fiz a viagem de regresso toda de olhos fechados, sem energia para pestanejar, e com a minha cabeça com dois pensamentos em loop: a música do Boss AC "tu és mais forte e sei que no fim vais vencer" e a frase "TU NÃO PODES DESMAIAR". Só me ocorria aquilo que aconteceria se eu quinasse, que iria de certeza envolver ambulâncias, chamadas de urgência para os meus pais que ficariam em pânico e todo um caos que eu não queria provocar. Soube que desmaiar não era opção.

Não sei como, mas aguentei-me. Saí do barco com o meu próprio pé, a tremer como se estivesse dentro de mim um terramoto de magnitude 10 na Escala de Richter. Ativei o instinto racional, prático e de sobrevivência e sobrevivi.

Não sei o que provocou tudo isto. A velocidade do barco não ajudou, a maré agitada muito menos, assim como o lugar que escolhi na embarcação. Foi uma sucessão de coisas más. Não foi um mal estar médio, foi algo quase totalmente incapacitante. Eu não queria saber dos golfinhos para nada e, quando umas horas depois consegui recuperar, senti uma tristeza horrível: queria tanto aquilo e, no fim de contas, tudo o que desejava era ir embora. Não se trata só de ser um dos piores momentos de que tenho memória da minha vida, mas também da frustração de não ter tido dos melhores momentos da minha vida.

 

"The desire fore more positive experience is itself a negative experience. And, paradoxically, the acceptance of one's negative experience is itself a positive experience".

The Subtle Art of Not Giving a Fuck

 

Comecei nos Açores com o pé esquerdo. Tenho a prova nas costas, no rabo e nas pernas, onde tudo está pisado; no estômago, que ainda não normalizou; e na memória, que ainda treme só de pensar no que aconteceu. Mas que se "fuckem" os golfinhos, o barco e quem não me ligou nenhum. Caraças, o dia de hoje foi brilhante, esta ilha é incrível e eu estou feliz e bem de saúde. Não consigo não deixar de desejar experiências positivas, mas aprendi com a negativa. Já levo bagagem desta viagem, e não estou a falar da do porão. Ontem alimentei os peixes, hoje alimentei a alma e tudo valeu a pena.

04
Jul18

Cinco razões por que todos os amantes de livros devem ter uma conta no Goodreads

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Já aqui escrevi muito sobre o Goodreads. Se tivesse que classificar a minha relação com esta rede social dos livros diria, à boa moda do facebook, que "é difícil". Tenho fases em que vou lá todos os dias, outras em que não ponho lá os pés durante meses. Isto reflete a inconstância dos meus hábitos de leitura, também eles cheios de altos e baixos, em que não leio nada durante demasiado tempo e depois, numa semana, vão logo três livros de um só trago. 

Agora que estou de "férias alargadas", com mais tempo, e depois de uma semana e meia de praia-com-água-fria (que implica não passar tempo nenhum no mar, tendo que me entreter sempre na areia), voltei aos livros. E, se voltei aos livros, voltei ao Goodreads. E sempre que volto gosto sempre: acho que é um site bem construído, que preenche totalmente os objetivos a que se propõe e com inúmeras vantagens. Fiz por isso uma lista (quem é que adora listas como eu?!) com cinco boas razões para que todos aqueles que gostam de livros criem lá uma conta. Vamos a isto:

 

1 - É a melhor forma de ter uma ideia geral de um livro e da sua qualidade 

Não me julguem se me virem a vaguear na Fnac com o telemóvel numa mão e um livro na outra. Não se trata de ter de ter sempre o telemóvel a postos para qualquer mensagem que caia, mas sim de ter o Goodreads aberto. Raramente faço compras por impulso no que toca a livros: se vejo algo que me interessa, vou à aplicação e dou uma vista de olhos nas críticas e na pontuação, só para perceber se vale a pena. É quase como se fosse o IMDB para os livros: neste caso, se a pontuação não passar das três estrelas, é melhor deixar o dito na prateleira.



2 - Poder ler e partilhar reviews 

Ao contrário de todas as outras redes sociais, aqui não sou selectiva em relação aos meus "amigos". Aceito toda a gente, porque isso significa ter mais diversidade quando vou ver a minha "dashboard". Tenho uma série de livrólicos lá - alguns que também partilham espaço aqui no Sapo - a quem presto mais atenção e de quem gosto de ler as críticas. Sim, porque apesar da pontuação já dizer algo sobre a opinião de cada um, as reviews são essenciais para mim: gosto de ler o que os outros acharam de determinadas obras e gosto de comentar, se também for caso. A minha mãe diz sempre que um livro é potencialmente milhões de livros - um por cada pessoa que o lê - e, nessa medida, é incrível como todos temos visões diferentes sobre precisamente a mesma obra, o mesmo conjunto de palavras e frases. E, ao contrário da maioria dos assuntos, a literatura é das coisas em que, às vezes, conseguimos mudar de perspetiva, ideias e interpretações, consoante aquilo que os outros nos dizem. E o Goodreads tem essa magia.



3 - Ajuda-nos a ler mais, estabelecendo metas

Não sei quanto a vós, mas eu gosto sempre de ter objetivos em relação a quase tudo na vida. Os livros não são exceção. Todos os inícios de ano o Goodreads convida-nos a determinar uma meta para o número de livros que lemos durante esse ano. Depois vai-nos dizendo se estamos atrasados ou adiantados, consoante o objetivo. Eu falho miseravelmente há dois anos consecutivos e estou a tentar não repetir a façanha este ano, mas essa "pressão" obriga-me a ler mais. É uma espécie de incentivo extra: quando estou a meio de um livro mais chato, que não me puxa tanto, há uma vozinha no meu cérebro que me diz "vá lá, senão nunca mais lês os 12 livros a que te propuseste! E olha que para alguém que gosta tanto de ler, um livro por mês já é uma miséria, Maria Carolina". E pronto, lá se vão mais umas páginas.



4 - Conhecer novas obras, estar a par das novidas, das tendências e dos lançamentos

No Goodreads uma coisa é certa: vamos todos os dias ver um novo livro que até ali desconhecíamos - ora porque os nossos "amigos" o lêem, ora porque "amigos dos amigos" o leram, ou deram like ou outra coisa qualquer. E esse poderá ser mais um dos nossos livros favoritos, quem sabe! Podemos também seguir muitos autores que, despertados para esta nova realidade, também têm lá conta e nos vão presenteando com novos lançamentos e novidades. Dizer também que esta é a plataforma ideal para perceber o quê que está a dar no mundo dos livros: quando há um fenómeno qualquer na literatura mundial (como o Fifty Shades of Grey ou A Rapariga do Comboio) é fácil de perceber, porque todaaa a gente está a ler a mesma coisa no mesmo período de tempo.

Para descobrir novos (e bons) livros há anualmente um concurso interno (os Goodreads Choice Awards), em que cada um dos utilizadores pode votar no que, para si, é o melhor livro do ano nas diferentes categorias (ficção, romance, humor, fantástico, infanto-juvenil, entre tantas outras). Mais do que os vencedores, eu dou sempre uma vista de olhos nos nomeados, de onde normalmente resulta uma compra de dois ou três livros que me chamaram particularmente à atenção - e que leio em inglês, por nessa altura ainda não existir tradução, mas que meio ano depois já estão espalhados nas livrarias em língua portuguesa. 


5 - É o auxiliar de memória perfeito

Esta é a razão pela qual estou seeeeempre a dizer à minha mãe para criar uma conta. A verdade é que passado uns tantos anos de se ler livros em modo non-stop nos vamos esquecendo das coisas. Nem sequer tem que ver com a idade: a nossa memória não tem espaço para tudo e só o que é mesmo bom é que nos fica marcado. E, mesmo assim, não são poucas as vezes em que digo "adorei esse livro" e, quando me perguntam do que trata, eu já não sei responder. Uma pessoa fica com uma ideia vaga do que leu e passa ao próximo. E por isso é que o Goodreads é espetacular, principalmente se nos dermos ao trabalho de escrever sobre cada um dos livros que lemos. Eu posso não me lembrar se li o livro Y ou Z e muito menos aquilo que achei dele mas, se o li, ele está lá. É uma espécie de biblioteca virtual, em que podemos arrumar os livros conforme queremos (e em várias prateleiras, que ainda por cima não ocupam espaço!), e que nos permite deixar uma marca e uma opinião sobre cada uma das obras que nos passaram pelas mãos. No fundo, é um registo aberto de uma das atividades melhores que há na vida.

 

Estão à espera de quê? E não se esqueçam de me amigar, aqui.

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