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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

31
Mai18

Um poema da Rupi Kaur por dia, nem sabes o bem que te fazia

Não sou miúda de poesias. A única poesia que realmente aprecio é a de Fernando Pessoa (que está duplamente representado no meu quarto, com duas estátuas que adoro de paixão), até porque muitas vezes nem sequer se trata de poesia. Acho que ele tem quadras lindas, sei até algumas de cor, mas foi no Livro do Desassossego que me encontrei muitas vezes em alturas mais tristes. Lembro-me de me sentar no chão, encostada à cama, e de abrir o livro de forma aleatória e de encontrar algo que me acalentasse a alma. Acontecia sempre. Curiosamente, por ter esta forma distinta de o explorar, acho que nunca o li de uma ponta à outra.

Entretanto começaram a aparecer-me no feed do instagram (pelas mãos de Rui Maria Pêgo, caso queiram saber) uns pequenos poemas muito fofinhos, com uns desenhos a acompanhar, que me chamaram à atenção. Eram assinados por Rupi Kaur, aquilo que eu vim a descobrir ser uma “instapoet”. Descobri que ela tinha dois livros (que só depois me lembrei que já tinha visto no Goodreads com ótimas críticas, e penso que até nomeado para aqueles prémios anuais do site) e mandei-os vir pelo Book Depository. E a sensação que eu tenho é que, embora não tenham nada que ver entre si, estes são para mim outros Livro's do Desassossego.

Não que me identifique com tudo – felizmente!, porque há muita dor ali envolvida, nomeadamente devido a uma violação – mas há coisas tão bonitas, tão gerais mas ao mesmo tempo tão concretas, que não há como não nos sentirmos profundamente tocados. A escrita dela é de uma delicadeza incrível e de uma sensibilidade fora do normal. É incrível como parece simples, mas tem tanta coisa lá dentro.

Também já ouvi parte de uma TedTalk dela, mas confesso que não adorei. A forma como ela escreve os poemas é também a forma como ela fala – e o seu discurso está cheio de respirações, suspiros, movimento de mãos e de corpo deveras invulgares, que no fundo dão alma e pontuação a tudo aquilo, mas que não me conquistam no discurso falado. O tema (a violação) também não me prende, por isso não vi até ao fim, mas acho que é de tal forma único que acho que todos deviam ver, nem que fosse um bocadinho, só para ver como é possível ter não só poesia nas mãos, mas também em todo o resto do corpo.

Eu, para já, vou-me ficar pela leitura. O “the sun and her flowers” é, na minha opinião, melhor que o “milk and honey”, mas há coisas lindas em ambos. Para nossa sorte, muito do que lá está escrito está também na internet, por isso basta procurar. Se gostarem muito, façam como eu e mandem vir os livros, que funcionam quase como uma coletânea. Até porque todos sabemos que não há nada que se compare ao cheiro e ao toque de um livro. Os reais. Felizmente, ainda não há cá “instabooks”.

 

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30
Mai18

Desculpem, mas preciso de falar sobre a eutanásia

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Nunca fui muito de pensar na morte. Desde muito pequena que é um assunto que me perturba muito, pela perda e pela incerteza do que vem a seguir, pelo que é algo que eu conscientemente evito pensar. Mas, curiosamente, a eutanásia e a morte assistida sempre foram dois temas que me interessaram e, depois do chumbo de ontem no parlamento a propósito deste tópico, senti urgência em escrever. Já há muito que evito temas polémicos, mas dei por mim a não adormecer à noite por estar perturbada com o assunto.

Isto porque não consigo conceber o porquê de tanto drama à volta disto. À parte de questões de regulamentação, legislação e afins, este devia ser um problema “simples”. Mais simples que o do aborto, por exemplo! Não se trata de uma sentença de morte, de uma decisão dos outros: é uma decisão nossa, sobre a nossa própria vida, quando ela muitas vezes já nos tirou os meios de fazermos o que quer que seja com ela. É um direito, devia ser uma liberdade - tal como é liberdade eu decidir ir jantar fora e comer quatro hambúrgueres, tal como sou livre de fazer um piercing ou laquear as minhas trompas (puristas dirão que estou a mutilar o meu corpo - e no entanto eu posso faze-lo). É o meu corpo, a minha vida. E, em situações normais, eu sou também livre de acabar com ela. Sou livre de me atirar da ponte, de tomar 40 comprimidos de uma vez, de cortar os pulsos. Quem não é livre são aqueles que, por doença, já há muito estão presos no seu próprio corpo e não podem tomar nenhuma destas decisões. Por estes dias, só estamos a confirmar o quão enjaulados eles estão nos próprios corpos, que já não estão em condições de carregar almas.

Todo o ruído que se ouve em volta deste assunto agonia-me. Em alguns casos enoja-me. Dizerem que o Serviço Nacional de Saúde serve para curar e não para matar é simplesmente ídilico - morrem todos os dias centenas de pessoas nos hospitais, muitas vezes em condições degradantes, e ninguém se preocupa com isso. Pergunto-me quantos médicos já terão praticado "a eutanásia", por mera misericórdia (e a pedido desesperado dos doentes, claro), mesmo sabendo que não podiam; por terem percebido que aquele voto que fizeram sobre salvar a vida de alguém já estava totalmente inválido naquele caso; por respeito pela dignidade humana, por pena de um ser em sofrimento, por verem que não há mais vida ali para ser vivida. Eu desconfio sinceramente que muitos já o terão feito.

A argumentação dos cuidados paliativos passa-me ao lado - estes devem ser melhorados, trabalhados e fomentados (força nisso!), mas não deviam ser a única alternativa quando estamos em fase terminal. É um caminho diferente, paralelo. Há dores que a morfina não tira - em particular a dos outros, que sofrem com o doente - e há pessoas que não querem chegar àquele estado de degradação. Porque é que temos simplesmente de aceitar o nosso destino, se sabemos que ele vai ser miserável e vai causar sofrimento não só a nós, mas também aos nossos? Temos de esperar pela decisão de Deus - esse, que eu e tantos outros não acreditamos que existe? 

O que aconteceu ontem entristeceu-me profundamente. Porque conheço casos, porque acho que nesta situação me consigo pôr no lugar do outro, porque já desejei que um ente querido morresse para não o ver sofrer mais e porque sei que não estou livre de um dia uma destas situações me bater à porta. Nem eu, nem ninguém. E eu acho que todos aqueles deputados que ontem votaram não, se um dia se virem em situações onde eles próprios ou os seus passam o dia com dores crónicas, diarreias constantes, bacias constantemente atestadas com vomitado, algálias enfiadas em sítios que não queriam e toda a sua qualidade de vida anulada e confinada a uma cama, vão pensar no momento em que tomaram essa decisão. E no egoísmo que foi e no sofrimento que se podia poupar a tantos, que vão ter de continuar a esperar. A esperar pela sua morte ou esperar que a sociedade mude de ideias em relação ao que fazer sobre a vida de cada um de nós. Que hipocrisia, acharmos que podemos mandar assim na vida dos outros.

(A sorte deles - e a nossa sorte - é que agora é uma questão de tempo até isto mudar. Tal como mudou com o aborto. Tal como mudou com o casamento gay. Porque, cada vez mais, cada um sabe de si. Graças a Deus! - irónico, não é?)

28
Mai18

Miúda do rio com cheirinho a maresia

Sempre achei que era no mar que eu tinha as minhas respostas, o meu sossego, a minha serenidade, a minha inspiração. É lá o meu pôr-do-sol idílico, é o som das ondas que finjo ouvir quando pego num búzio e o aproximo da orelha e é na fotografia da minha praia, escondida no meu porta-moedas, que nos dias difíceis eu arranjo forças para continuar. É o sal da água do mar que me sobe a tensão o suficiente para me manter viva durante todo o ano, é a sensação dos pés na areia que me dá as massagens que preciso e é o sol que me desfaz os nós nos músculos e que me enche a auto-estima, em forma de pele cor-de-chocolate e sardas por todo o nariz.

Foi sempre a praia que me restabeleceu energias, que me transmitiu esperanças e forças. Ainda é. Mas entretanto descobri o rio.

Andava aqui a pensar porque é que me apetece tanto ir acampar - quando não se pode dizer que eu seja uma adepta insaciante da natureza, e muito menos de casas de banho partilhadas - e percebi que para além das saudades do café da manhã, do barulho das sigarras ao adormecer e de poder contar infinitamente o número de estrelas do céu, aquilo de que sinto falta no campismo é do rio e do seu silêncio. Isto porque desde que há três anos para cá comecei a acampar, escolhi sempre sítios do interior, com rios, lagoas, praias fluviais e barragens, fugindo sempre do litoral. E de cada vez que vou apaixono-me sempre mais um bocadinho. 

Adoro o mar: amarei sempre o barulho das ondas, a areia, o sal na pele. Mas mar e praia - e litoral, de uma forma geral - são sinónimo de gente, de cidades grandes (ou maiores), de um permanente ruído de fundo. Falta calma. Falta ar puro. Falta silêncio. Silêncio que só percebemos que existe quando saímos das zonas mais densamente populadas e vamos para o interior despovoado. Esse é um silêncio diferente, devia até ter outro nome. É outro nível. Está à escala da paz interior.

A epifania deu-se este fim-de-semana, quando fui a Baião, onde comi como uma lontra esfomeada (por um preço que, aqui na cidade, mal daria para me sentar num restaurante decente) e depois me refastelei a ver o Douro passar, enquanto ouvia o silêncio. Percebi que, à medida que os anos passam, sou cada vez mais uma miúda de rio. O frio que me percorre a espinha quando salto lá para dentro faz-me sentir viva e o silêncio de tudo aquilo que não ouço casa perfeitamente com a solidão que vive todos os dias em mim. A calmia do rio - ou aquilo que é o meu imaginário de rio (dispenso o Tejo populado, o Douro da Ribeira ou o Leça todo poluído) combina comigo. Penso também em toda aquela comida tradicionalmente deliciosa e naquelas vilas, tão pequenas como lindas, e percebo que tudo faz sentido. Por dentro, sou mesmo uma velhinha de 82 anos, daquelas que gosta de ir comprar o pão caseiro à mercearia onde nos tratam pelo primeiro nome, que acorda às sete da manhã sem despertador e que faz bolos por amor.

Só sou miúda por fora. Por dentro, tenho o silêncio do rio e o cheirinho a maresia.

 

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24
Mai18

Já não tenho unhas à Shrek (ou Fiona, neste caso)

Desde que me lembro de existir que roo as unhas. Nunca fui daquelas pessoas que rói até fazer sangue (até porque não tenho dedos de quem rói, com aquela parte da frente super subida e as unhas meias raquíticas) mas sempre foi algo a que me socorri em momentos de stress.

Já há vários anos que ando num on/off em relação a este vício – ora paro, ora recomeço. Lembro-me da primeira vez que o fiz – estava na casa de banho, a olhar-me ao espelho, e ao reparar nas minhas mãos horríveis disse a mim mesma que ia parar. E parei. Mas depois voltei, principalmente porque não tenho paciência nem jeito para as arranjar – e depois aparecem as pelezinhas ou uma unha mais quadrada que está a pegar em tudo, e portanto vai-se lá dar um jeitinho com os dentes e pumba... caldo entornado.

Quando tinha tempo e paciência para limar, pintar e cuidar das unhas, estava tudo bem; ou então quando me convenci de que tinha de ir à manicura tratar disto pelo menos uma vez por mês. Mas com o trabalho crescente ia adiando e adiando, as unhas cresciam, eu tirava-lhes o verniz e pouco depois... já não haviam unhas.

E depois veio o piano. Para quem toca piano, roer as unhas nem é o pior dos hábitos, porque significa que elas não estão grandes e por isso não batem nas teclas. Mas, por outro lado, é horrível ver alguém tocar e depois reparar naquelas mãos maltratadas, qual Shrek. E por isso decidi tomar medidas.

Há muitos anos tinha posto gel, mas não adorei (até porque tinha as unhas tão curtas que tinha de pôr tips, e depois aquilo descolava e era horrível). Já tinha ouvido falar imenso do gelinho, mas implicava ir à lâmpada, o que também não me agrada por aí além. Sei que aquilo é fraco, sei que dizem que não faz mal, mas é um feeling: não me inspira confiança, não gosto daquela sensação tão quente perto da pele e das unhas. Pode ser uma teima, mas é a minha teima. Ainda experimentei um vez, gostei do resultado (durou praticamente três semanas, com um aspeto impecável), mas o método continuava a não me cair no goto.

Até que me falaram de uma espécie de gel que não implica ultra-violetas. Ahhhh! Música para os meus ouvidos! Chama-se pó de imersão e é o que eu tenho feito desde então. A única desvantagem que vejo, pelo menos no sítio onde faço, é ter menos cores que o gelinho – mas o método, para mim, é muito melhor. Acima de tudo, é fresco em vez de quente. Aplica-se um verniz, que funciona como cola, e depois põe-se o dedo num pó, que se fixa ao verniz. Primeiro a base e depois duas vezes a cor escolhida, tal como no gelinho. É um processo mais metódico, mas penso que o tempo de fazer é o mesmo que o do outro método.

Aquilo que noto é que as cores não ficam tão brilhantes como no gelinho, o que para mim não é um problema, porque até acho aquele brilho excessivo e muito pouco natural. Para além disso, em cores mais claras, podem notar-se os grãozinhos do pó – às vezes, devido ao pigmento, aparecem pequenos pontos de cores mais claras ou escuras mas nada que, a mim, me afete. A grossura e a duração é igual ao gelinho e a forma de remoção é só com acetona, saindo depois como uma espécie de pastilha elástica, não sendo necessário raspar como acontece com o outro método (e por isso é menos agressivo para a unha). O preço, no sítio onde faço, é igual ao do gelinho.

Se, como eu, procuram uma solução UV-free e que vos mantenha as unhas bonitas, aconselho que experimentem. Daquilo que me tenho apercebido, muitos dos sítios que fazem gelinho também já fazem pó imersão. Por isso é experimentar!

 

P.S. Nunca reparei se o Shrek tinha, ou não, unhas bonitas. Mas dado o contexto, acho que percebem a ideia ;)

21
Mai18

O resumo de uma breve passagem por Fortaleza, Brasil

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O melhor do Brasil: a praia

 

Cheguei há uma semana do Brasil. Já recuperei da ressaca do jet lag e do cansaço acumulado (dormi uma noite e uma manhã inteiras e achei que me tinham posto qualquer coisa na comida, porque nunca me senti tão pedrada na vida) e, não estando fresca que nem uma alface, já estou bem melhor. Um coisa ainda continua igual desde que vim: sinto-me uma pintura ambulante. Porquê? Porque cheia de medo de outras potenciais queimaduras, já que apanhei logo uma no primeiro dia em que lá estive, pedi à minha mãe que me espalhasse protetor solar 50 nas costas e nos braços (os sítios onde não chego). Pois qual não é o meu espanto quando, antes de vir, olho-me ao espelho e percebo que tenho os dedos da minha querida mãezinha tatuados no meu braço e outro tipo de pinturas abstratas em toda a minha dorsal. Estou incrível. Achei que isto ia desvanecer, mas passado uma semana ainda parece uma escultura de barro arredondada. 

De resto, vim do Brasil com mais sardas, uma cor de pele um tanto ao quanto mais saudável (estava com um ar terrivelmente macilento), com várias tapiocas no estômago (eu sabia que aquilo era delicioso e nada como aquela porcaria que vendem aqui!) e mais uma experiência no lombo. Estive em Fortaleza, num evento sobre moda de autor brasileira, e ainda estou em overdose de tanta passarela. Esta foi a primeira press trip que fiz (talvez a última?) e conto mais tarde escrever sobre aquilo que acho destas viagens organizadas. Mas posso já adiantar que uma das coisas mais interessantes é a troca de experiências e opiniões com outros jornalistas do ramo – no meu caso, estive sempre acompanhada por um senhor da Argentina, uma senhora do Uruguai e uma londrina, com quem me dei muito bem e com quem tive oportunidade de praticar o meu inglês.

 

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Hora da lontrice: o melhor prato que lá comi, uma moqueca, e, claro!, a tapioca

 

Não vos vou maçar com detalhes ou opiniões sobre o evento, por ser uma coisa que me cheira mais a trabalho do que a lazer. Mas gostava, como faço sempre, de fazer um mini-resumo da minha viagem – ainda que não haja muito para contar! A verdade por detrás das viagens de trabalho é que são sempre super cansativas, ainda para mais se forem transatlânticas – acima de tudo porque são curtas e intensas, não dando tempo ou chance para uma pessoa se recompor. Neste caso, tive algumas manhãs livres, mas o evento acabava muito tarde, pelo que eu acabava sempre por me deitar para lá da uma da manhã (cinco da manhã aqui) e, como acordava cedo, ora para trabalhar ora porque o sol não me deixava dormir, nunca conseguia repor as energias. O dia que mais aproveitei foi o da vinda, pois só tinha voo à noite – de resto, todos os minutinhos livres foram de praia, que é de facto maravilhosa.

 

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 (descubram o Wally!)

 

Nesta altura é Outono por lá, mas as temperaturas não saíram dos 30 graus – choveu bastante num dos dias, mas foi azar nosso. Segundo vi nas notícias, foi o dia mais chuvoso do ano naquele estado, por isso só posso considerar que tive pontaria. Chovia a sério, muita água e em gotas gordas, mas o ar continuou abafadíssimo como em todos os outros dias (ou talvez pior, que aquela humidade não é feita para “gringos” como nós). Ainda assim a praia estava vazia, ainda que com estas condições incríveis e com uma temperatura óptima – tanto fora como dentro de água. No primeiro dia – o do escaldão, em que não havia sol à vista mas estava muito quente – haviam umas dez pessoas em centenas de metros de areal. Como não adorar?

A verdade é que no aspeto “praia”, o Brasil subiu na minha consideração. Quando fui à Bahia, há mais de uma década, lembro-me que foi uma desilusão. A água era suja e pouco quente, o areal era avermelhado por causa do tipo de rocha lá presente e relativamente pequeno... e havia tubarões a dar à costa, o que não alimentava a confiança para dar grandes braçadas. Aqui era tudo o contrário – apenas uma nota relativamente ao mar, sempre super agitado, que não permitia que uma pessoa respirasse durante sete segundos sem levar com mais uma tromba de água na cara. E havia palmeiras, espreguiçadeiras e todas essas coisas que estão no nosso imaginário quando falamos de países tropicais, por isso tirei a barriguinha de misérias.

Reparei que no hotel onde estava só havia brasileiros; a percentagem de estrangeiros devia rondar os 5%, uma coisa meramente residual, o que é estranho dado o tipo de hospedagem (tudo incluído, parque aquático ali ao lado e praia literalmente em frente).

Isto pode ser explicado pela fraca irrigação que o aeroporto local tem, que vive praticamente de voos internos e que tem das piores condições que vi ultimamente. Para além disso, a cidade em si não tem muito que ver e a pobreza das gentes é evidente. Quase tudo o que vi foi de carro, não tenho uma única foto tirada com a máquina, e não pude explorar nada a fundo. A única coisa que de facto visitei foi o mercado central (um edifício com quatro pisos, gigante, embora bastante feio), mas como fui ao domingo de manhã (e ainda por cima coincidindo com o dia da mãe) muita coisa estava fechada. Há imeeeeensas coisas baratíssimas, principalmente para quem gosta de artesanato mais clássico, como toalhas de mesa rendadas e saídas de praia trabalhadas. Eu vim de lá cheia de tralhas – desde vestidos de praia, biquínis e uma carteira – e fiquei com pena de não ver mais.

 

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PIntura à entrada do mercado

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 No mercado (neste momento, já não queria saber do nível de viscosidade da minha pele ou a horrorosidade do cabelo. Deixei-me vencer pela humidade)

 

Ainda na press trip, visitei um centro comercial, com uma dimensão colossal, que contrasta com tudo o que se vê lá fora: o centro comercial era arejado, minimal, com ótimas lojas; nas ruas está tudo a cair de velho, imensos edifícios cuja construção ficou a meio e outras paisagens típicas de países em desenvolvimento. De facto, safa-se a praia.

Devo admitir que não me lembro se a Bahia era bonita, mas sei que todo aquele caos me assustou imenso. O trânsito era medonho, gente a buzinar por todo o lado, estradas em muito mau estado – e embora aqui isso também não fosse exemplar, era muito melhor do que aquilo que eu me recordo da minha viagem anterior.

Os brasileiros continuam naquela sua típica boa disposição, independentemente da sua qualidade de vida. Confesso que muitas vezes tudo aquilo que me soa a falso, mas uma pessoa acaba por se habituar – já é algo que faz parte da identidade cultural deles. Nunca andei sozinha na rua, mas tive sempre muita atenção em não ter nada valioso comigo, por isso nunca me senti minimamente ameaçada – mas estava sempre atenta e com os olhos em todo o lado, porque já se sabe que uma mulher prevenida vale por duas.

 

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Venda de milho na rua

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Um talho aberto, a que eles chamam "frigorífico" (cof cof cof)

 

Um dos temas mais presentes desta minha viagem foi a exportação e a vontade que eles têm em crescer, particularmente a moda brasileira. Mas, muito honestamente, acho que estão muito longe disso. Não se podem definir objetivos enormes sem se passar pela base – e eles falham numa coisa tão simples como falar inglês. Nem no hotel sabiam! Os estilistas não conseguiam comunicar com a minha colega londrina, era sempre preciso um intermediário; fomos a uma empresa e uma das figuras mais altas não sabia dizer o que faziam noutra língua sem ser a dele. E isso, para mim, é grave. Na moda e em tudo. Também isso terá certamente impacto negativo para o turismo.

Uma pessoa anda por lá e pensa que o que não falta é potencial. Eles têm tudo. Mas falham nas bases: no ensino, nos políticos, na forma de estar – e sabem-no. Em conversa com alguns brasileiros, percebi que eles têm noção tanto daquilo que podiam ser como de tudo o que fazem mal. Criticam objetivamente os políticos, por exemplo, mas acho que ainda falta alguma auto-crítica por parte de cada um deles. Aquele “jeito de ser” que tanto nos encanta neles, tão divertidos quanto leves, tem tanto de encantador como de mau, principalmente para eles próprios, que têm muito para fazer se quiserem sair do eterno status de “em desenvolvimento”.

Dado o meu estado de espírito um bocadinho atribulado durante a viagem, perguntaram-me se me arrependia de ter ido. Nunca. Não sei se, sabendo o que sei hoje, voltaria - mas arrepender-me de uma coisa que fiz pela primeira vez, para pelo menos tentar, nem pensar. Foi só mais um bónus da vida. Nunca pensei voltar ao Brasil e, em menos de uma semana, lá fui eu. Já aprendi umas tantas coisas :)

 

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A praia

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O pôr do sol em frente ao local do evento

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As pinturas nas paredes são a forma mais comum de publicidade - algumas líndissimas!

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O adeus a este país tropical <3

17
Mai18

Narcos: o retrato de uma realidade que preferíamos nem conhecer

 

Tenho de confessar que foi um parto difícil. Comecei a ver Narcos há uns dois meses atrás: no início com uma frequência quase diária mas depois – e principalmente na terceira temporada – com cada vez mais espaçamento entre episódios. Ah, e com a Casa de Papel pelo meio – com tanto frenesim à volta da série espanhola, vi-me obrigada a trocar o sotaque colombiano pelo espanhol durante uns tempos, para matar a curiosidade.

Acho que uma coisa é consensual: esta não é uma série levezinha, para se ver à sexta-feira à noite e ficar bem-disposto. Pelo contrário – é violenta, é dura, é crua. Mas acho que também falo pela maioria quando digo que, dentro do género, é espetacular.

Gostei mais das duas primeiras temporadas do que da última – a constante procura pelo Pablo Escobar apimenta a coisa, enquanto que os últimos episódios, embora bons, não têm aquele je ne sais quoi. O facto de o Murphy - uma das personagens centrais nos dois primeiros conjuntos de episódios - desaparecer sem razão aparente não ajuda (trazia algo à série, embora o Peña tenha sido sempre aquele com maior jogo de cintura) mas acima de tudo acho que isso acontece porque, ao longo da série (e embora saibamos o seu desfecho, porque é algo biográfico), acabamos por simpatizar com o Pablo e pensar “como é que ele vai dar a volta desta vez?”. E sim, eu sei que isto é uma coisa horrível de se dizer. Pablo Escobar era um assassino da pior espécie, um terrorista (ainda nós não ouvíamos falar da Al-Qaeda e já ele tinha mandado um avião abaixo, entre tantos outros exemplos) da pior espécie. Mas, para mim, uma série é boa quando nos consegue pôr a gostar dos maus da fita. E embora aqui seja necessário ter em mente que aquele homem existiu mesmo e que fez mal a milhares de pessoas (milhões, se contarmos com as vidas arruinadas pela droga), é impossível não vibrar com toda aquela perseguição.

Por falar em bons e maus da fita, este é outro dos aspetos positivos da séries: nós percebemos que, em casos como estes, não há os bons. São todos maus; os objetivos é que são diferentes. Os meios que usam e a forma de agir é igual, porque chega-se a um ponto a que só lutando com as mesmas armas é que se consegue chegar a algum lado.

Tal como aconteceu com o The Crown, ainda que numa dimensão diferente, esta série deu-me uma perspetiva muito interessante e penso que muito mais realista daquilo que se vive nestes ambientes. Não imagino o que seja governar um país literalmente ingovernável, que quem manda é quem tem todo o dinheiro, comprando tudo, todos e qualquer sítio por onde passam. É incrível perceber as mudanças de planos e de “equipa” e, acima de tudo, o poderio que um grupo deste género pode ter numa ou mais sociedades. E também é interessante refletir sobre o pouco que nos chega acerca disto aqui na Europa, onde pessoas não são diariamente mortas às mãos de cartéis, que mais do que matar a sangue frio, o fazem de forma organizada e planeada, como qualquer bom terrorista.

A todos os que não sejam sensíveis (há muito sangue, muita violência e sexo quanto baste) e se sintam atraídos pelo tema, aconselho vivamente. Agora vou virar-me para o Orange is the New Black. Depois dou notícias ;)

14
Mai18

Um presente para a vida

Já aqui tinha dito: eu queria um piano de cauda. Sempre quis – sempre achei que esta era uma das peças mais bonitas que se pode tem em qualquer sítio – mas, desde que comecei a tocar piano (e o meu velhinho piano vertical já começava a dar de si), esse desejo intensificou-se.

Comecei a perceber que, eventualmente, isso ia acontecer. Quer fosse um presente, quer fosse eu a compra-lo com o dinheiro que tenho de parte, eu sabia que era uma questão de oportunidade. Ia vendo o que aparecia em sites de segunda-mão (comprar um novo estava fora de questão, tanto por questões financeiras – um piano por estrear pode custar o mesmo que um carro ou até um apartamento – como pelo trabalho já nele desenvolvido, um vez que os instrumentos novos tendem a ser mais “esganiçados” e eu prefiro-os mais maduros) e houve um dia em que apareceu um.

Basicamente os astros juntaram-se a meu favor. Era de um pessoa de quem eu já tinha referências e é extremamente competente, o preço era incrivelmente bom, o piano já carrega uma história de mais de cinquenta anos e já está “mole”, fazendo com que o bater nas teclas seja um ato de meiguice e não de luta. Para a idade que tem – e tendo em conta que era um piano em que o antigo proprietário tocava e não servia apenas um objeto de exposição – está em ótimo estado, com pequenas mossas que só nota quem estiver à procura. Tem as teclas em marfim (algo que eu não estava certa se queria, porque se degradam mais facilmente) mas até isso já raramente se vê. E, obviamente, é lindo. Isso é indiscutível. E fica ainda melhor na minha sala do que aquilo que eu imaginava!

Isto serviu como prenda de anos um bocadinho atrasada – o que não importa absolutamente nada, porque um presente destes não tem preço, nem data, nem valor sentimental possível. Não descorando tudo aquilo que recebi ao longo da vida – e foi muito! - acho que esta foi, sem dúvida, a melhor prenda de todas. Um carro, por exemplo, é muito mais útil, é quase indispensável para a minha locomoção... mas esta é uma peça emocional. É todo um outro nível. Passaram-se quase dois meses (sim, atrasei-me a divulgar esta boa nova, mas a malta do instagram já sabia há algum tempo – sigam em @carolinagongui) e eu ainda suspiro de cada vez que entro na sala. Passaram-se quase dois meses e eu ainda dou por mim com a cabeça encostada a ele, enquanto me sento no seu banquinho. Passaram-se quase dois meses e eu ainda agradeço sempre ao meu pai, de cada vez que ele olha para mim enquanto toco (e isso é quase diário). Acho que pode passar o resto da vida e esta será sempre uma das melhores coisas que me caiu nas mãos.

(e enquanto estive no Brasil passou-se quase uma semana sem lhe tocar – e as saudades que eu tive!)

 

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11
Mai18

Desabafos do outro lado do Atlântico

Estou no Brasil. Porquê? Porque disse que sim. Aceitei vir cá cobrir um evento, a menos de uma semana do mesmo, que nem sequer sabia do que se tratava. E porquê que vim? Porque senti que precisava de sair de casa. Estou a passar uma fase instável, em que não sei o que vai ser de mim no futuro, e estou a sofrer por antecipação por tudo o que está para vir. Estou com uma necessidade pouco usual de sair, de apanhar puro, de falar com alguém - e estou constantemente a ser assolada por um sentimento brutal de solidão que já não sentia há anos.

Por isso vim. Já cá tinha estado uma vez, quando tinha 11 anos, e não tinha ficado com a melhor impressão: lembro-me de que a minha primeira sensação, mal saí do avião, foi de um abafo e de uma humidade terrível, como se tivesse sido lambida por três vacas só naqueles vinte segundos. Isso mantém-se. Também tinha ficado com a ideia de um trânsito caótico e arbitrário e, embora a comparação possa não ser justa por estar em sítios diferentes, sinto que se calhar não é assim tão mau. Recordo-me também de ter muito medo, muito por culpa das notícias que via na televisão, e agora estou mais relaxada, uma vez que ando sempre acompanhada. É uma boa oportunidade, porque achei sinceramente que não voltaria ao Brasil.

Até agora não está a correr às mil maravilhas. Para além da viagem de avião, que não é meiga para ninguém, comecei com o maior escaldão da minha vida. A primeira manhã foi livre, fui à praia, mas não estava sol; ainda assim pus creme nas costas, a zona que sei ser mais sensível para mim, mas nunca esperei que as minhas pernas fossem fazer inveja a uma boa lagosta. Para além de estar com dores em todo o lado, de me custar andar e ter de passar a vida a pôr hidratante, estou possessa comigo mesma por não ter espalhado o protetor pelo corpo todo. A parte boa é que acho que me vai servir de emenda.

Depois vem o cansaço. O jet lag é péssimo, mas as horas do evento não ajudam - só chego ao hotel pelas 24h, o equivalente às quatro da manhã em Portugal. E se eu fosse um party animal, habituado a noitadas, talvez as coisas não fossem tão difíceis. Mas eu sou aquela pessoa que precisa de dormir sete a oito horas por dia para estar decente e por isso não estou na minha melhor forma. Estou exausta, com fome de comida boa, a fazer uma retenção de líquidos que faz lembrar um elefante e, neste momento, só quero voltar.

Sim, as havaianas são baratas; sim, o mar é quente; sim, a praia está por minha conta. E sim, vai ser um longo voo de volta a casa. Mas tudo isto e o facto de me sentir totalmente desintegrada num evento em que toda a gente é fashion (enquanto eu trouxe uns macacões confortáveis para vestir) e mais velha (devo ser a bebé daquela sala de imprensa) só me faz querer voltar para o meu habitat natural.

A verdade é que não adianta fugirmos de casa ou da nossa cidade quando o problema está em nós. A minha ansiedade e a minha solidão crônica continuam cá, mesmo com um oceano de distância. E o facto de estar a relembrar toda esta sensação de desintegração é ainda pior. É como voltar aos tempos do ensino básico, mas sem a sensação de que as coisas ainda vão melhorar.

Posto isto, resta-me contar os dias.

 

01
Mai18

Quando é que devemos parar de esperar pelos outros?

Acho que nunca cheguei a publicar um texto que há tempos escrevi sobre o facto de ter medo de não estar a "viver a vida" - aquela expressão que, em jovens, todos ouvimos vezes sem conta. "Vive a vida!", dizem-nos os mais velhos enquanto olham o horizonte, claramente revivendo momentos da sua juventude... ou então pensando em tudo aquilo que não fizeram e queriam ter feito.

Isto aterroriza-me. Há um medidor de vivências? De qualidade de vida? Será que o pessoal que curte ao máximo a vida universitária - entre praxes, festas, bebedeiras e queimas - viveu mais do que eu, que não gosto de nada disso? Será que se eu me tivesse obrigado a presenciar isso tudo faria de mim uma pessoa mais feliz (que, ao fim e ao cabo, é o objetivo de estarmos vivos)?

Este conceito confunde-me muito, mas também me atemoriza. Não pelo que não vivi (porque já lá vai e tenho a certeza que aquilo que preenche o conceito de "viver a vida" da maioria, não corresponde ao meu), mas pelo medo que tenho de não viver. Porque por um lado sou nova e tenho a vida pela frente; emas também porque por outro sou nova e é aqui, nesta fase, que o melhor da vida acontece.

Isto - e o facto de estar numa fase altamente contemplativa - tem-me colocado inúmeras questões. Nem eu sei o que é "viver a vida", mas penso que para além de tudo aquilo que já tenho e que é essencial (que em linhas gerais se pode descrever como saúde, família e trabalho) acho que, para mim, tudo o que me faz sentir mais viva, feliz e inspirada é viajar e ouvir espetáculos ao vivo. E por isso comecei a fazer contas e a pensar: "se eu quero viver a vida, é isto que tenho de fazer". O próximo verão em particular pareceu-me  a altura ideal para pôr isto em prática, uma vez que, se tudo correr planeado, terei tempo e dinheiro no bolso. Mas rapidamente me apercebi que faltava só um detalhe nesta equação: as pessoas.

Este "detalhe" não é de hoje, é mesmo algo transversal na minha vida (lembro-me de ter doze anos e jogar monopólio sozinha, porque não tinha com quem jogar) e também um tanto ao quanto paradoxal: sei que não posso viver sem os outros, não quero viver sem os outros, mas também preciso de uma quantidade muito maior que o normal de tempo só para mim.

Já há muito que aceitei o facto de ser assim - o que não quer dizer que lide bem com isso todos os dias, até porque diariamente são-nos impostos novos desafios e as coisas vão modificando. Até aqui todos me diziam para esperar, que com as diferentes fases viriam novas pessoas e que tudo acabaria por surgir naturalmente. Mas acho que se enganaram, provavelmente por o defeito não estar nos outros, mas em mim. Não fiquei com muitos amigos do secundário, fiquei com ainda menos da faculdade e do trabalho também não tenho ninguém que leve de férias. 

E, se pensarmos bem, as duas coisas que destaquei como o meu sinónimo de "viver a vida" fazem-se, normalmente, com companhia. Companhia que eu, normalmente, não tenho. Por isso, olhando para o quadro geral de tudo o que quero fazer, dos "anos de ouro" que tenho pela frente e para as poucas pessoas que tenho no meu caminho, pergunto-me: vale a pena continuar a esperar? Vou continuar a não ir a concertos como o do Sam Smith porque não tenho ninguém que goste das músicas dele? Vou deixar de ir ao cinema à noite porque não tenho ninguém que queira sair do sofá? Vou esperar que o teatro do Harry Potter em Londres acabe porque os meus pais ficam com o coração nas mãos por eu viajar sozinha? Vou deixar de ir à Islândia porque ninguém tem dinheiro para lá ir? 

Sempre tentei que esta minha péssima característica (a solidão crónica) nunca me impedisse de fazer as coisas de que gosto. Da mesma forma que, em miúda, peguei no tabuleiro do Monopólio e comecei a jogar sozinha, também aprendi a relaxar, pegar no carro e ir ver um filme sem ninguém. Mas estou a chegar a uma fase em que sinto que preciso de passar uma linha que, até agora, restringia as atividades a fazer em grupo. É estranho ir a um concerto sozinha. É estranho viajar sozinha. É estranho ir experimentar um restaurante novo sozinha. É estranho para mim e é terrível para os meus pais que sofrem por tudo isto. Mas até quando é que é suposto eu esperar? Quando é que é aceitável eu atirar a toalha ao chão, aceitar que é assim, que sou assim, e que isto não deve mudar? Quando é que eu devo parar de esperar pelos outros para viver a minha própria vida?

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