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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

29
Abr18

A moda mede-se aos palmos

Já há vários anos que prefiro fazer compras online do que em lojas físicas. Tudo nos espaços "reais" me cansa: a música alta, os amontoados de roupa, os "estímulos" vindos de todas as formas, cores e feitios, ter de encontrar o meu tamanho no meio de 32 peças expostas (ou então ter de esperar que vão buscar a peça ao armazém), as filas para pagar, as luzes dos provadores que me deixam lívida, gorda e com olheiras tipo panda, as pessoas à minha volta, o excesso de escolha... enfim. Acho que tudo, honestamente. 

Há dois anos para cá devia fazer cerca de 80% das minhas compras de forma virtual. Não punha os pés nas lojas, excepto para devolver essas mesmas roupas que tinha comprado. E foi esse "detalhe" - o de constantemente devolver as roupas - que fez com que a percentagem de peças que compro online reduzisse de forma considerável e eu voltasse às lojas, ainda que de forma muito relutante. Porquê? Porque a moda tornou-se desproporcional e inconstante e as marcas não conseguiram traduzir a experiência real para o online. 

O quê que isto quer dizer? Que já não há roupas que sejam feitas para se ajustar ao corpo, para cair bem; são feitas para um determinado estilo - ou largo, ou boyfriend, ou girlfriend, ou reto, ou skinny, ou sei lá mais o quê. O tamanho M de uma camisola pode ser igual ao tamanho XS de outra. E por isso costumo dizer que agora a moda se mede aos palmos. O conceito de culottes ou de corsários já mal existe: isto porque agora 80% das calças são para ser usadas acima do tornozelo - falta-lhes um palmo de tecido em baixo. As camisolas da moda, "cropped", ficam a meio do umbigo - algo compensado pela largura imensa da camisola, onde quase dá para meter dois torsos lá dentro - um palmo a menos num sítio, um palmo a mais noutro. Isto para não falar de conceitos híbridos como camisolas caviadas mas com gola alta, onde a medição de "palmos" já nem se aplica.

Se este estilo de moda é mau? Para se manter durante todo este tempo, não deve ser considerado mau pela maioria. Já eu, detesto. Não percebo a lógica da maioria das roupas porque, como a maioria das pessoas (embora elas pareçam não o saber), não tenho corpo para usar a maioria daquelas peças. Eu não tenho uma barriga com os abdominais definidos para usar aquelas camisolas e, por azar meu, não tenho tornozelos bonitos para mostrar ao mundo. Isto faz com que mais de metade das roupas que se vendem não me fiquem bem. Tirando todas aquelas que eu não gosto (pelo corte, pelo padrão, pelos adornos), a escolha fica efetivamente pequena.

E tudo isto piora porque os sites não estão bem construídos. Os tamanhos não são padronizados, o corte das peças não é explícito, não se percebe o tamanho das peças. Há lojas online que já disponibilizam o tamanho da modelo e o tamanho da peça que ela usa - o que já ajuda a ter uma percepção melhor das coisas - mas tudo devia ter medidas, visualização das peça em 3D e, acima de tudo, os mesmos tamanhos. Fico fora de mim quando, na mesma loja, me servem umas calças 38 e outras 42. Não entendo. E é lógico que isto nunca vai funcionar para um cliente online, que não adivinha o que se passou na cabeça de quem fez os moldes.

Acho que há um caminho gigante a percorrer por parte das marcas de moda, no que ao online diz respeito. Quanto ao gosto das pessoas, pouco há a fazer. Sei que vou ter de continuar a levar com roupa que se mede aos palmos.

24
Abr18

O drama de uma pessoa não beber álcool

Estamos em pleno século XXI. Há casais de homens a andar de mão dada na rua; há pessoas que não comem peixe, carne, lacticínios e derivados; há quem diga que não tem género, que não é homem nem mulher; há mulheres que deixam totalmente de depilar o corpo; há muitos países onde a venda de marijuana já é legal; há um Trump na presidência da América; há todo um movimento para acabar com as touradas; acho que até o papa já deu o seu amén ao preservativo!

Vivemos numa época em que supostamente as individualidades são cada vez mais aceites; a época das mentes abertas, da liberdade individual. Aceitam-se coisas que há cem anos atrás davam um diagnóstico de loucura, totalmente impensáveis para os dias de hoje. Desafia-se a cultura, a religião, a moral, os costumes, as regras básicas da igreja - e até a inteligência dos humanos, se quisermos falar do Trump. 

Com mais ou menos opiniões, tudo é aceite. Cada um é como cada qual.

No entanto, de cada vez que me tentam servir um copo de vinho e eu tapo educadamente o copo com a mão, passando a vez ao próximo, sou sujeita a um interrogatório. “Mas não gostas de vinho branco, preferes tinto?”. “Mas não bebes álcool de todo?”. “Mas já experimentaste?”. 

Há tantas coisas aparentemente estranhas a acontecer no mundo e o facto de eu não beber álcool é, e continua a ser, uma questão. Não falha um almoço com quem ainda não me conhece. Nunca. Assim como o remate final: “ainda mudas”.

Se não fosse tão bem educada, dizia aqui umas quantas coisas. Se não fosse tão reservada, dizia outras. Se não estivesse tão cansada de explicar o que não tenho de explicar, até explicava. Como tal, tudo o que me resta é pedir uma água. Fresca, por favor. Sim, porque eu não bebo álcool. Será que isso ainda é permitido?

21
Abr18

Um cabelo à Tokyo... ou quase

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No fundo, foram os primeiros a saber. Eu avisei-vos. Deixei aqui um sinal da minha próxima maluqueira!

Não sei se se lembram de, no post sobre a "La Casa de Papel" (que, caso queiram ler algo que não diga só maravilhas da série, penso ser uma boa leitura), eu ter escrito "aquele corte de cabelo da Tokyo está a tentar-me seriamente...!". E, de facto, tentou-me de tal forma que, apesar de todas as reticências que tinha, acabei por passar da ideia à ação em pouquíssimos dias.

Não me perguntem porque é que eu falo tanto do cabelo aqui no meu blog. Acho que desde 2011, ano em que passei a te-lo curto, comecei a vê-lo como uma forma de expressar a minha personalidade, muito para além de uma simples questão estética. Ao longo destes sete anos cortei-o muitas vezes, de diferentes formas, penteando-o de maneiras diferentes; o ano passado fiz uma pausa e deixei-o crescer, porque sentia que estava a acabar por cair sempre no mesmo e porque não estava a ficar tão contente com os resultados finais. Mas, apesar disso, continuei sempre a achar que um cabelo com um bom corte é um cabelo com caráter e personalidade forte. E eu, podendo ter muitos defeitos, tenho algo que ninguém me pode tirar: um caráter vincadíssimo e - penso - algo diferente do normal. Mas, exteriormente, sou super corriqueira e simples, tendo encontrado no cabelo um meio de transparecer aquilo que sou por dentro. Há cabelos compridos que são lindos mas, para mim, não deixam de ser mais só mais uns. Adoro cortes "a sério".

Já há muitos anos que me passava pela cabeça fazer repas (também conhecidas por franjas), mas sempre tive medo. Que me ficassem mal, que fossem um drama para depois deixar crescer, que tivessem necessidade de muita manutenção, que ficassem todas engorduradas por ter muito mais contacto com a pele... uma infinidade de coisas! Mas, apesar de ter cortado o cabelo há relativamente pouco tempo, eu estava louca por mudar. Adoro a sensação de ver uma versão nova de mim mesma ao espelho.

E por isso fui. Recolhi uma série de fotos (como faço sempre), mostrei à cabeleireira, contei-lhe os meu requisitos e receios e depois disse-lhe: "corte por onde quiser, faça o que quiser, deixe isto equilibrado". E assim foi. Quando vi a tesoura a esbarrar-me nas pestanas o coração deu um saltinho, mas passou rápido. Acho que nunca adorei tanto um corte logo à primeira vista. Normalmente detesto ver-me enquanto estou a cortar o cabelo, porque aquelas luzes todas me deixam branca que nem cal e com as olheiras dignas de um panda, mas naquele momento nem quis saber. O meu primeiro pensamento foi que estava igual a quando era miúda, na altura em que a minha mãe ainda tinha rédeas sobre mim e me fazia usar o cabelo curto. O segundo foi "Tokyo". Não é que estava mesmo parecida?!

Admito: estes dois dias com um novo visual foram um boost para o ego. O choque das pessoas é semelhante àquele de há sete anos atrás - o que é curioso, tendo em conta que praticamente só muda a franja em relação a outros cortes anteriores. Mas acho que nunca na minha vida recebi tanto elogio (e, como boa anti-social que sou, não sei lidar com isso). Mas o melhor disto tudo é que, talvez pela primeira vez, eu acredito naquilo que me dizem. O corte está incrível. E, caraças, não é que eu tenho mesmo cara para usar repas?

Durante muitos ano fui lendo, em blogs, facebooks e tumblrs alheios uma frase atribuída a Coco Chanel que diz: "a woman who cuts her hair is about to change her life". Sempre a adorei. Em 2011, quando passei de uma crina até meio das costas para ter o cabelo o nível do queixo, foi isso que aconteceu - dei uma volta a tudo. Se quisermos fazer uma leitura mais aprofundada da coisa, acho que o ano passado, em que o cabelo cresceu como queria, foi o ano em que deixei que a vida levasse o seu rumo natural, sem rédeas. E nestes últimos meses sinto que, apesar das muitas dores de crescimento que tenho tido, voltei a pegar nelas. A minha vida vai, efetivamente, mudar. E um novo corte de cabelo é sempre uma boa forma de o assinalar. Que o positivismo, a boa energia e a confiança desta mudança de visual se transfira para os desafios que estão para vir.

 

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19
Abr18

Desconcerto... desconcertante

Na terça-feira fui ver o Desconcerto, com a Luísa Sobral, o Miguel Araújo, o António Zambujo e o César Mourão. Não sabia ao que ia - acho que ninguém sabia. Na verdade, com estes quatros nomes em palco, uma pessoa nem precisa de saber para o que vai - sabe simplesmente que vai ser bom. E foi.

O espetáculo consistia num conjunto de momentos, pré-pensados, que davam origem a músicas, compostas e feitas completamente de improviso (ou com apenas pouquíssimos minutos para pensar no assunto). O primeiro "número" consistiu, por exemplo, em fazer uma canção sobre a mala de uma das senhoras da plateia - o César Mourão (que era, no fundo, o cicerone de todo o espetáculo) vasculhou a mala em causa e foi sacando algumas informações acerca da vida pessoa, enquanto a Luísa e o Miguel iam compondo uma música com aquilo que iam ouvindo e o Zambujo pensava na melodia. 

Esta ideia é espetacular se não houver erros de casting na escolha das pessoas da plateia; o espetáculo passa a viver muito daquilo que elas dizem, do à vontade que têm, do seu sentido de humor e disponibilidade. E, infelizmente, houve alguns... chegou a apetecer-me gritar coisas como “inventa qualquer coisa, mulher” ou “sorri, estás no palco com a nata da música portuguesa neste preciso momento!”. Mas contive-me (com esforço...).

Acima de tudo, aquilo que senti - e que me fez adorar aquelas duas horinhas - foi que a grande diferença deste para um concerto normal era a proximidade artista-publico. Nós estávamos lá dentro, era como se fôssemos da família. Já tinha ido a espetáculos de todos eles (exceto do Mourão, porque comédia não é propriamente a minha praia, embora lhe ache graça) e sempre senti a inevitável distância do artista para com a sua plateia, ainda que que eles sejam calorosos, queridos e interativos com quem está à frente deles. Mas aqui era diferente - também pode ter ajudado o facto de eu estar na primeira fila e sentir tudo ali a acontecer - porque eles agiam de uma forma natural e pouco programada... levantavam-se para ir ao computador escrever a letra, iam buscar a folha à impressora enquanto os outros tocavam, paravam as musicas para rir um bocadinho e trocar uma piada e acho que o Zambujo até foi à casa de banho enquanto se esperava por uma letra. Pareciam mesmo simples pessoas, sabem? Nós tendemos a esquecermo-nos disto quando os artistas estão em palco.

Mas depois percebemos que eles não são simples pessoas (e refiro-me maioritariamente à Luísa e ao Miguel). Podem ser pessoas como nós (que o são, obviamente, mas percebem a ideia) mas têm um dom que as pessoas simples não têm. Improvisar musicas e letras é uma coisa - o Mourão é mestre nisso, como todos sabem. Mas compor coisas incríveis em cinco minutos é outra. Não se trata de escrever - isso até eu faço com uma perna às costas - mas sim de criar um poema, bonito, musical e às vezes até com simbolismo por detrás, com coisas corriqueiras ou até parvas ouvidas há um par de minutos. É incrível.

Eu sempre achei estranho o processo de construção de uma música e, por ser uma realidade que me é alheia, pensei que era algo difícil. Mas depois disto, ao ouvir músicas feitas em dez minutos e que eu compraria e consumiria, sem problemas, no caminho para casa em plena rádio, percebi que quem é bom nisto o faz com uma perna às costas. É um dom, ponto final. E apesar dos outros dois serem muito bons, caraças!, a Luísa e o Miguel são do melhor! Já era fã deles, mas saí de lá completa e totalmente rendida - só tenho pena de não ter podido repetir a dose, porque este é o género de espetáculo que se pode ir quatro vezes seguidas e ser sempre diferente.

Não sei de onde é que, de um momento para o outro, apareceram tantos músicos portugueses tão bons. Há dez anos "música portuguesa" era sinónimo de pimba, fado ou algo com um toque meio revolucionário. E depois veio isto. Um misto perfeito: pessoas simples (mas com dons), simpáticas e com reis fora da barriga, que constroem cenas lindas, tão profundas como leves, bonitas e incríveis. E o melhor é que a tendência se está a reproduzir e nascem em Portugal cada vez mais artistas incríveis. E toda a gente que gosta de música sabe que há poucas sensações tão boas como a inspiração profunda que se sente durante e depois de um bom concerto, não é verdade?

 

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06
Abr18

La Casa de Papel: pormenores de papel numa história de ferro

Troquei Narcos pela Casa de Papel. Já aqui o confessei: não me dou bem como info-excluída. Estou habituada a ser uma outsider em tudo, mas no que diz respeito à cultura gosto de saber do que se fala e ter também a chance de mandar palpites e meia dúzia de bitaites. E falava-se tanto e tão bem desta série espanhola que eu - por agora - troquei o castelhano "acolombianado" do Narcos (só me faltam uns cinco episódios) pelo espanhol serrado de nuestros hermanos. E fui com as expectativas mesmo muito elevadas. Talvez por isso tenham caído um pouco por terra.

 

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Acabei ontem de ver a primeira temporada - foi quase cronometrado, mesmo a tempo de ver a estreia da segunda, que está a partir de hoje no Netflix - e fiquei desiludida. Isto porque acho que quase tudo na vida se torna muito bom devido aos detalhes - quando eles estão lá e estão bem, nós nem damos por eles; quando eles falham, por vezes tornam-se “pormaiores”. E acho que há muitos detalhes que faltam nesta Casa de Papel, uma série com uma bela ideia original mas que peca por pequenos erros de execução e de lógica que me custam a engolir. Para mim, tornam aquilo que poderia ser uma série de excelência numa boa série; fica uma história de ferro um bocadinho fragilizada com os seus detalhes pobres e maleáveis como o papel. Acredito que muito daquilo que eu reparei passe em branco para os outros: ora porque estavam mais interessados ou concentrados na trama principal, ora porque não estão para pensar muito, ora porque não estão suficientemente atentos para os notar. Eu ia com as expectativas em alta e a partir do momento em que reparei na primeira “falha”, fui engatando nas outras todas.

Quero, no entanto, dizer que isto são “falhas” para mim - já tive esta discussão com pessoas que menosprezavam completamente os detalhes que a mim me fizeram comichão. O problema para mim está no facto desta série ser (em teoria) uma representação da realidade: existe a casa da moeda, existem assaltos onde há reféns. Ou seja, é algo feito “neste mundo”, o que implica que exista alguma coerência e coesão na construção da história e dos seus detalhes. Eu não ouso criticar Game of Thrones, Harry Potter ou os Hunger Games, tão simplesmente porque os autores podem dizer “mas foi assim que eu imaginei”. São coisas irreais. Todos sabemos que não há dragões, que as vassouras não voam e que não vivemos em Panem. Eles podem fazer o que quiserem. Por isso é que se distingue a ficção do fantástico - uma coisa é uma interpretação da realidade, outra é a criação de uma realidade completamente diferente!

 

 

Acho as personagens bem construídas e complexas o suficiente para dar sumo à série, mas isso às vezes leva às tais incongruências que falei acima - sentimos que já começamos a conhecer aquela pessoa e, do nada, ela tem uma ação completamente diferente daquilo seria de esperar, por tudo aquilo que nos foi mostrado anteriormente. E para encerrar este capítulo de críticas, resta-me acrescentar que há cenas desnecessariamente longas: não sobre o assalto em si, mas sim sobre as histórias paralelas. Acho que, para uma mini-série, tudo tem de ser medido com muito cuidado para não ficar desproporcional - e às vezes, para além da dimensão pessoal de cada uma das personagens ganhar uma importância muito grande, passam-se minutos a ver coisas que já se tinham percebido à partida.

E agora passando à parte boa e óbvia: a série é absolutamente viciante, senão não tinha o sucesso que está a ter. Muitos dos episódios terminam em cliffhangers e às vezes, por muito sono que tenhamos, não temos alternativa senão ver o próximo. Nesta ótica, a série está muito bem pensada e construída - ao ponto de mesmo quem está um bocado irritado por todos os "errinhos" e "falhas" que acima mencionei, continuar a ver aquilo como se não houvesse amanhã. As reviravoltas constantes, a emoção e (eu diria mesmo) o desespero para saber se tudo vai resultar prende-nos sempre ao ecrã. Ponto muito positivo também para a fotografia (belos contrastes entre os cinzentos e os vermelhos) e para a banda sonora. Entre a "My life is goin on" e a "Bella Ciao", poucos sairão do sofá sem cantarolar aquilo que por lá se ouve.

As personagens são empáticas e carismáticas, principalmente os assaltantes. Alguns dos reféns sofrem do mal dos clichés e algumas fragilidades, mas todas as personagens conseguem arrancar-nos algum sentimento - quer seja pelo lado positivo como negativo. E, como dizia o outro, não importa o que sentes - o que importa é que sintas algo. E, vá lá, vamos à pergunta que se impõe: qual é a minha personagem preferida? É difícil escolher entre a Nairobi e a Tokyo, não consigo... E o fofinho do Rio? Não dá. Mas digo-vos: aquele corte de cabelo da Tokyo está a tentar-me seriamente...!

Por fim, dizer que é óptimo estarmos todos a alargar os nossos horizontes a uma série que não é americana, onde não se fala inglês e que, ainda para mais, é feita aqui tão perto - dá-nos a noção de que não é preciso atravessar o Atlântico para se ver e fazer coisas de qualidade. Concluo com aquele que, para mim, é um dos pontos chave da série: ela põe-nos a torcer pelos maus da fita! Aposto que não há ninguém que a veja e que torça pela polícia. É impossível! Agora resta saber se eles se safam.

Vou ali ver à Netflix e já volto. 

05
Abr18

Não escrevo

Estava a pensar porque é que não tenho escrito. Disse a mim mesma que precisava de contrariar isto, tomar a iniciativa e que ia escrever naquela mesma altura. E, subitamente, veio-me ao cérebro uma vontade súbita de procurar (e instalar) um jogo no telemóvel. E eu nem sequer sou de jogos.

Nesse momento percebi que não escrevo porque não quero pensar. Escrever é uma consequência de um dos meus piores defeitos: o overthinking. Racionalizo tanto as coisas que preciso de as explicar de alguma forma; não fazem ideia da quantidade de teorias que tenho sobre tudo e todos e muito menos das ficções que crio na minha cabeça, nomeadamente sobre as relações dos outros para comigo. A minha cabeça é um poço sem fundo. E escrever é uma espécie de escadinha - nunca me traz à tona, mas obriga-me a ir subindo. Principalmente na racionalização de emoções, escrever é algo que me ajuda muito. No fundo, é um pau de dois bicos: escrevo porque me desanuvia a cabeça, mas também porque me ajuda a desembaraçar os meus próprios pensamentos (embora, como qualquer bom novelo, às vezes o resultado seja ainda pior).

Mas a vontade de instalar o jogo não veio só. Virei-me para as séries, toco piano, voltei a instalar o Sims e até vou tomar café! Tirando o piano, não me lembro de uma fase em que fizesse tanto de inútil. Não que eu não adore séries ou não tenha achado piada a reviver o Sims, mas não é algo que me preencha a não ser que seja acessório e “consumido” de forma muito regrada.

Percebo agora que estou a fugir de pensar. De racionalizar. Que estou a encher a minha vida de tralha para não pensar no que vem aí. Para não enfrentar já os desafios, os medos, as vitórias e as derrotas que vão chegar. Para não sofrer por antecipação. Para não dizer aquilo que não quero exteriorizar. Para esperar que passe.

Não escrevo porque estou a fugir de mim própria.

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