As minhas primeiras impressões sobre o Web Summit
Pois é: estou em Lisboa, para a cimeira tecnológica mais popular do universo. Depois de no ano passado ter ficado com alguma pena de não ter vindo, desta vez pude vir e estava com as expectativas em alta. A minha ideia era explorar o Web Summit ao máximo, mas também tirar o maior partido do meu tempo na cidade. Para já, fiz mais a segunda parte. Porque relativamente à primeira, tenho três palavras para vos dizer: UM. CAOS. COMPLETO!
Cheguei ontem à hora do almoço e fui fazer o registo, até porque tinha uma entrada para a Opening Night - onde acabei por não ir. Há uma constatação mais que óbvia: a organização é uma desgraça e podia ser muito melhor com pequenas coisas como cartazes ou pessoas informadas; formam-se filas que ninguém sabe bem para o que são e só se sabe que o nosso sítio não é ali dez minutos depois, as pessoas do evento não sabem dizer onde são os palcos ou zonas específicas do evento, o som durante as talks era muitas vezes miserável e os atrasos inaceitáveis quando se tratam de apresentações de 20 minutos que encadeiam umas nas outras. Para além disso, um detalhe que a mim me chateia e me entristece é ver centenas de voluntários em funções que deviam ser claramente pagas, como a registar pessoas ou a carregar os sofás para cima dos palco de cada vez que mudam os painéis.
De uma forma geral, como já se puderam aperceber, não fiquei muito impressionada. Gostava de dizer que todas estas desvantagens compensam com a qualidade das talks e das empresas presentes, mas o caos é tanto que nem sempre é fácil fazer uma avaliação isenta das coisas. Acho que depende também muito das pessoas: a mim as multidões stressam-me, deixam-me nervosa. Não estou sozinha no Summit mas ando, maioritariamente, sem companhia - não tenho a quem me agarrar, conversar ou descomprimir, por isso a minha vontade, como boa anti-social-desesperada-no-meio-de-70-mil-pessoas-a-tentar-fazer-networking, é aninhar-me a um cantinho e esperar que o barulho passe. Mas não passa. E eu vim para aqui por vontade própria e preciso de arranjar outra forma de lidar com os problemas sem ser em posição fetal. Por isso mentalizei-me de uma coisa: "estás sempre livre de sair". E foi assim que o dia correu - comigo stressada e a balançar esse estado de nervos com pensamentos apaziguadores como "não te preocupes que tens o oceanário aqui ao lado caso queiras silêncio". Aguentei-me histoicamente.
Como não vim para aqui em trabalho, mas sim como uma pessoa interessada em tudo o que é novas tecnologias, estava mais virada para as talks - podia dar uma volta nas startups e nos stands, mas não era a isso que pretendia dedicar o meu tempo. Preparei o meu horário, com bastantes mais coisas do que podia ver na realidade, e daquilo que vi e passeei já tirei algumas conclusões: 1) gosto muito mais de apresentações de uma só pessoa do que conversas moderadas por jornalistas - sinto que as primeiras já estão preparadas para agarrar o público, enquanto que os debates acabam por não ser tão pensados e por isso potencialmente menos interessantes; 2) o Altice Arena é, sem dúvida, o melhor local para as conferências porque têm o número de lugares sentados ideal, assim como condições de som e imagem; 3) a zona de comes e bebes é aparentemente grande, mas fica completamente lotada em horas de ponta - de tal forma que eu saí do recinto e fui ao Continente buscar uma baguete; 4) as melhores conferências são, às vezes, aquelas que não esperamos, por isso vale a pena dar uma hipótese.
Pontos a realçar de hoje: gostei muito do José Neves, da Farfetch, sobre o qual tantas vezes já escrevi; vi o Triple H no Altice Arena - não se pode dizer que tenha sido um sonho de infância, mas quase... tive muitos throwbacks com os tempos em que gostava de ver wrestling; duas das apresentações de que gostei e que não estavam nos meus planos eram com uma senhora do hotel Hilton (que falou da aplicação inovadora que têm) e o brand guy da Shell - fiquei muito bem impressionada, pela positiva. Ainda assim, uma das melhores coisinhas de hoje foi ter chegado ao hotel, tirado as sapatilhas e pôr os pés para o ar. O Web Summit pode ser fixe, mas não deixa de ser uma feira (lembrei-me bem dos meus dias em Munique)... e as feiras cansam pr'a carago.
Vemo-nos amanhã, com as expectativas reajustadas e com um novo embate da realidade. Em caso de desespero, já sei: tenho sempre o oceanário ali ao lado. No final dos três dias faço um balanço que, tal como este post, não deixará de ser menos caótico que o próprio Web Summit.