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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

19
Out16

Hoje escrevo

Em 2011 deu-me na real gana que queria escrever. Foi uma coisa um bocadinho inesperada, porque toda a minha vida tinha dito que queria ir para áreas ligadas às ciências e aos números; até ali, sempre tinha gozado com os "letrinhas" e menosprezado um pouco o trabalho deles, nunca pensando que aquilo que dizia me iria um dia pesar na consciência. 

E depois, ao que pareceu ser (aos olhos dos outros) uma coisa que mudou do dia para a noite, decidi que não queria nada do que tinha apregoado até ali e que o que queria da vida era mesmo escrever. Claro que, para mim, essa mudança foi mais gradual, ainda que de facto repentina - relaciono-a com um período pior da minha vida, em que me fui abaixo e não estava a conseguir lidar com vários fracassos sucessivos, nomeadamente ao nível das matemáticas. Na altura ninguém me apoiou nesta mudança - em grande parte porque essa relação fracasso/desistência estava muito explícita e, aos olhos dos outros, eu estava a desistir à mínima dificuldade. E eu não posso negar que  essas dificuldades também impulsionaram a mudança - mas hoje percebo que eu estava com uma sede enorme de mudar, o que só ficou provado no ano seguinte, naquele que foi o melhor ano que tive na escola secundária.

Nessa altura coloquei o jornalismo em cima da mesa porque era uma alternativa que me permitia escrever sobre os mais variados assuntos, inclusive as ciências, fazendo com que eu não perdesse essa ligação aos números que eu sempre apreciei. Mas cedo me apercebi que o jornalismo não era para mim e que "escrever" e "jornalismo", ainda que sejam coisas indissociáveis, estão longe de ser a mesma coisa e de satisfazer alguém que gosta mesmo de escrevinhar.

Por ter percebido isso e por, ainda mais para a frente, ter visto que o contacto humano era extremamente necessário, pensei muitas vezes em desistir. No primeiro ano, era algo diário - todos os dias eram bons para dizer "chega". Por alguma força de vontade divina, decidi ficar no mesmo curso e traçar o meu caminho. Defini objetivos, fiz-me perceber que um curso era só mais uma valência e que não perdia nada em saber mais numa determinada área, mesmo que alguns dos trabalhos e atividades me fizessem doer o âmago de cada vez que as fazia. 

E, não sei como, a vida acabou por se arranjar e dar as voltas do costume. Primeiro queria números e fui para letras. Depois a ideia passou levemente pelo jornalismo e fui para a assessoria, fugindo a sete pés dos jornais. A seguir estagiei em assessoria e ofereceram-me um trabalho em jornalismo. Como se isto já não bastasse, tudo acabou por se compor na grande área da minha vida, onde cresci e pela qual nutro uma paixão profunda - de forma a estar a desenhar o meu futuro nesta área -, que é a têxtil e a moda. Algo que no início não fazia sentido e que me causou, muitas vezes, imenso sofrimento, acabou por ser um complô incrível, uma surpresa e uma autêntica prenda da vida.

Porque a vida é um conjunto de escolhas. Das mais pequenas ("o que vou comer ao jantar?" ou "que sapatos calço?) até às gigantes ("caso-me?", "despeço-me?"), todos os dias a fazemos - e eu acho que, muitas vezes, mesmo as pequeninas decisões que tomamos têm repercussões no nosso futuro, quase como o efeito borboleta. Uma coisa é certa: a vida acontece-nos. A partir do momento em que estamos vivos, estamos à mercê do que nos aparecerá à frente. Coisas más e coisas boas, no fim o que interessa é o que fazemos com elas - ou, por outras palavras, as decisões que tomamos e a forma como nos mantemos firmes perante elas. A resiliência, a luta, a paciência e aquela pitada de sorte fazem a diferença.

Em 2011 decidi que queria escrever. E hoje escrevo - e que bom pensar que isto é só o início. [Caraças, os sonhos realizam-se mesmo!]

 

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 (hoje saiu o meu primeiro texto assinado em algo sério, oficial e com uma tiragem minimamente significativa. estou feliz.)

 

18
Out16

Deixem passar a chef!

Acho que a única mesmo certinha que tenho feito desde o primeiro dia em que comecei a trabalhar - para além das necessidades básicas, como é óbvio - é jogar o Star Chef todos os santos dias, assim de forma super religiosa. Não sei como é que descobri aquilo, acho que estava simplesmente desesperada por algo que me entretivesse durante uns minutos para deixar de pensar nas mil e uma coisas para fazer e acabou por sair dali o novo vício do momento.

No fundo aquilo não tem nada que saber: é um jogo de gestão de tempo e de recursos, mas estes são sempre os meus jogos favoritos. Não me apetece estar aqui a explicar o jogo (é grátis, é só descarregar) mas, no fundo, aquilo é um restaurante onde têm de satisfazer os pedidos dos clientes, cozinhando-lhes aquilo que eles pedem; para isso, precisam de comprar os ingredientes ou planta-los (e eventualmente de os preparar previamente antes de cozinhar os pratos finais). Depois há sempre nuances, aqui e ali: uma delas é que podem comprar as refeições já prontas ou até os vegetais/frutas que precisam de ter na hora e não podem esperar que cresçam

Ora, eu estava desesperada por maçãs - que, numa primeira fase, crescem muito devagar. Por isso ia à tal "loja" à procura das maçanitas com melhor preço (é preciso ter em conta que normalmente são bastante caras) e ficava super feliz, porque passava a vida a encontrar autênticas pechinchas. Só para terem ideia, 10 maçãs custam normalmente 800 moedas - e eu comprava por 40! Mas depois ia ao cabaz da fruta e as maçãs compradas... nem vê-las! Foi uma série de dias nisto e eu já com os nervos em franja, porque comprava as maçãs e depois não as podia usar. O meu nível de irritação já era tão elevado que já considerava mandar um email para o help center. Mas depois percebi.

Estava a comprar tomates em vez de maçãs. Nesse dia decidi que me ia deitar mais cedo.

17
Out16

Entregue em mãos? Eu cá prefiro o correio

Ainda sobre as minhas peripécias OLX'zianas, tenho uma coisa a dizer: para mim, é muito estranho que as pessoas tenham toda aquela disponibilidade para irem entregar (ou buscar) as coisas em mãos. 

Nos meus anúncios ponho sempre já o preço com os portes e deixo isso bem explícito na descrição dos produtos, como quem diz "eu quero enviar isto pelo correio e até faço preço especial!". Eu percebo que a mensagem não passe, primeiro porque as pessoas não sabem que quem está a vender é anti-contacto-pessoal e até porque pensam logo "se não tenho de pagar portes o preço fica mais barato". Mas continua a ser-me estranho que me mandem mensagens como "eu vou a sua casa busca-lo" ou "venha ter comigo, ligue-me para o 91xxxxxxx". Calmaaaaaa, amigos! É que já não bastava o incentivo à presença física e ainda atiram assim com os números de telemóvel para a caixa de mensagens, ao bom estilo da páginas amarelas (que, como é óbvio, me faz confusão por causa daquilo que já escrevi aqui). 

Eu sei que sou uma criatura estranha e que contactar com pessoas está longe de ser o meu forte. Mas eu já entreguei coisas em mãos e é das situações mais desconfortáveis de todo o sempre. Primeiro não se sabe quem é a pessoa - olha-se para tudooo o que está à nossa volta e pensa-se sempre "será esta?" -, depois não se sabe como se cumprimenta, a seguir não se sabe o que dizer... enfim, todo o processo de reconhecimento-conhecimento-entrega-pagamento-despedida é do mais constrangedor que há. 

Por isso, mesmo quando a proposta é boa, prefiro ficar com os livrinhos em casa do que andar a fazer expedições pela cidade e encontrar-me com pessoas estranhas. Chamem-me maluca, mas cada um tem as suas pancas. Eu sou só um bicho do buraco, há coisas piores nesta vida.

16
Out16

Quando os turistas viram praga (ou o desvirtuar de uma cidade)

Já estive várias vezes para escrever sobre isto, mas o tempo vai-me fugindo por entre os dedos e as oportunidades vão passando. Penso que agora (e, feliz ou infelizmente, por muito mais tempo) faz outra vez sentido eu querer falar sobre isto.

Há uns anos estranhei quando uma vez li um texto de uma catalã que dizia que o mal de Barcelona eram os turistas e que a situação estava a ficar insustentável. Não percebi aquilo, achei parvo, pensei para mim mesma que os turistas eram uma das grandes causas para aquela ser uma cidade tão evoluída e no dinheiro que aquele turismo assoberbado acarreta (o que não deixa de ser verdade). Mais tarde vi outro texto muito semelhante, mas com enfoque em Lisboa - mais uma vez, ignorei. Porque, de facto, só quando nos toca a nós é que nos dói na pele.

Lembrei-me pela primeira vez destes dois textos quando há uns meses (talvez um ano) andava a passear pela Rua das Flores, aqui no Porto. Aliás, permitam-me a correção: andava a tentar passear. Porque era impossível dar dois passos naquela rua sem travar, sem fazer um desvio, sem parar encostada numa parede para deixar passar a enchente. Nessa altura percebi um bocadinho aqueles textos que tinha lido: senti que me estavam a roubar a cidade que eu amo.

E isto é feio, parvo e egoísta, mas foi mesmo esta a sensação que tive. Eu sei que não posso pensar assim (e não penso, foi algo "na hora", de uma pequena fúria que tomou conta de mim), até porque eu adoro viajar e sou obrigatoriamente turista nas outras cidades por onde passo. Eu sempre fui grande fã deste pulo que o Porto deu e, quer se goste ou não, acho que se têm de dar os créditos ao Rui Rio por ter aberto esta cidade ao mundo, como nunca antes se tinha feito. Eu (só) tenho 21 anos e lembro-me perfeitamente de um Porto morto, triste, velho, a cair de podre. Sempre adorei andar na baixa, muito por arrasto da minha mãe, mas há muito pouco tempo o Porto era uma cidade deserta, com o comércio local pelas horas da morte e completamente sem vida. E assim, de um momento para o outro, explodiu em todos os sentidos: turísticos, culturais e até habitacionais, principalmente ao nível da reabilitação de infraestruturas, que deram logo um ar de cara lavada à cidade. E apesar de ficar passada com o aumento absurdo do número de pessoas nas ruas e do trânsito caótico que aumenta de dia para dia, continuo a apoiar.

Mas há dias aquela sensação de "roubo" tornou a apoderar-se de mim, com a notícia de que iam fazer um mercado da Time Out na Estação de São Bento. Achei que, por parte da organização, esperavam uma grande recepção - mas daquilo que eu vi, os portuenses de gema como eu detestaram a ideia. Porque há um limite até onde as coisas se podem dinamizar; há uma linha que separa o "dinamizar" de "estragar" e "desvirtuar". A Estação de São Bento é muito mais que uma estação; não importa se tem poucos comboios, se só recebe os que são regionais. Aquilo é um monumento lindo, um espaço amplo, uma coisa à antiga - que querem transformar numa coisa nova, com cheiro a comida e mesas lá no centro. E a isto chama-se desvirtuar um espaço e não dinamiza-lo. Nós já temos um mercado no Bom Sucesso - esse sim, que precisava de ser dinamizado! -, não precisamos de outro. 

Há que saber parar. Os turistas atraem o investimento e, como tudo o que envolve dinheiro, também uma sede louca por lucros desmesurados e sem limites. E a continuar assim, o Porto deixa de ser o Porto - autêntico, lindo, real - para ser só mais um embrulho de atividades pré-pensadas para os visitantes, em que já nada é como se apregoa e onde as pessoas da cidade são esquecidas em prol de quem só vem ver a paisagem.

15
Out16

Banco CTT: vantagens e desvantagens

Há uns meses atrás decidi criar uma conta no banco CTT. Não estava satisfeita com o meu banco e, dadas as vantagens oferecidas pelo banco CTT, decidi tentar. Para além disso, dá sempre jeito ter duas contas: uma fica para poupanças e outra fica para os gastos do dia-a-dia. 

Criar uma conta num banco é sempre algo chato, exige mil e uma assinaturas e vinte e três documentos diferentes, pelo que temos (eu pelo menos tinha) alguma reticencia em abrir uma nova conta e perceber se realmente vale a pena. Eu só nos últimos tempos é que dei mais uso à minha conta CTT e acho que já estou pronta para elencar as vantagens e desvantagens deste novo banco, nem que seja para ajudar os indecisos. Ora cá vai disto.

 

Vantagens:

  • Há imensas lojas CTT que têm o banco integrado. Nos bancos "normais" cada vez se vê menos balcões, muitas vezes ficam longe de casa ou dos sítios centrais; aqui a tendência é isso não acontecer porque em cada terrinha há obrigatoriamente correios, por isso há maiores probabilidades de também ter balcão;
  • Ainda falando dos balcões, o horário é alargado em relação aos restantes bancos, porque acompanha o horário dos próprios correios - no sítio onde costumo ir, por exemplo, é das 9 às 18h. Isto é óptimo, porque na maioria dos bancos só se pode ir até às 15h, o que é ridículo, porque as pessoas trabalham e não têm possibilidade de ir aos balcões a essas horas.
  • Depois há toda uma série de vantagens em relação à conta: não tem custos de manutenção, o cartão de débito é gratuito, não se pagam as transferências quando feitas por homebanking ou através da aplicação, podem fazer 3 levantamentos gratuitos por mês no balcão, entre outras coisas, que para mim não são tão importantes;
  • A abertura de conta foi muito rápida. Tive de assinar a papelada toda, é um facto, mas pude logo começar a utilizar a conta. Os documentos que me pediram também foram muito poucos, até porque agora há muita informação condensada nos nossos cartões de cidadão;
  • O look do homebanking e da aplicação é giro, apelativo e de relativa fácil compreensão (estamos a falar de bancos - a coisa NUNCA é super fácil).

Desvantagens:

  • Ainda não têm serviço de cartão de crédito;
  • Há coisas que ainda estão pouco desenvolvidas e agilizadas: a aplicação tem alguma falhas, faltam-lhe alguns serviços (ver o NIB ou criar um MB Net, por exemplo) e nos balcões as coisas podem demorar um pouco porque as pessoas ainda não estou habituadas ao sistema;
  • Se quiserem juntar mais um titular à vossa conta, já pagam (não sei quanto).

Posto isto, o meu veredicto é que vale a pena. Pelo menos para já, tem muito mais vantagens que desvantagens (e as desvantagens são facilmente ultrapassáveis ou, no meu caso, não têm grande importância). É definitivamente a primeira vez na minha vida que estou satisfeita com um banco.

14
Out16

Ninguém disse que ia ser fácil

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Tenho optado por não falar muito do trabalho - porque, de facto, não há muito para falar. É um trabalho, com as suas coisas boas e más, como qualquer outro. Acho que, à partida, tinha três grandes vantagens quando comecei a trabalhar: primeiro, é o facto de estar na minha área (aliás, nas minhas duas áreas); segundo, porque tive sorte com os meus patrões, chefes e colegas; terceiro porque tinha muita, muita vontade de trabalhar e começar esta nova fase da minha vida. Acredito que, por efeito daquilo que as pessoas nos dizem (que trabalhar é terrível, que o mercado de trabalho é quase canibal, que a vida de estudante é a melhor coisinha de todo o sempre), uma pessoa saia da faculdade quase desanimada pela fase seguinte da sua vida. Caraças, não é fácil entrar numa vida que a generalidade das pessoas não gosta! Mas eu, pela primeira vez na vida, fiz uma mudança que queria e ansiava - que é, definitivamente, a mais difícil de todas (o que diz muito da minha pessoa). Porque, de facto, a passagem da faculdade para o mercado de trabalho é dura - há muita coisa que muda: o tempo disponível, as responsabilidades, até o nosso estatuto perante os outros. 

O primeiro mês passou e correu lindamente - eu acho que um bom início é já meio caminho andado para tudo o resto correr bem e levarmos as coisas com serenidade e vontade. Mas, a partir daqui, acabaram-se as novidades: já caiu o primeiro dinheiro na conta, o primeiro contrato já está assinado, já conhecemos as pessoas, o nosso trabalho, o nosso escritório e o nosso lugar. Agora é encontrar defeitos em tudo o que parecia impecável. E, acima de tudo, ser atingida pelo cansaço: não só o físico e o mental, mas também o cansaço das pessoas, dos lugares, das tarefas, das embirrações, das mesquinhices, da quantidade de vezes que somos obrigados a sair fora da nossa zona de conforto.

Porque eu não sou uma miúda de metades. Ou desisto à partida ou dou tudo de mim - e eu tenho-me mesmo esforçado imenso no que diz respeito a este trabalho. Exploro tudo o que sei, que aprendi e que sei que poderá estar ao meu alcance; não olho para o relógio às horas de saída, não digo não a trabalho ao fim-de-semana, trabalho pela noite se for preciso sem que me digam "por favor" ou me dêem uma ordem. Digo-vos mais: trabalhar é viciante e há dias em que eu chego a casa sem conseguir desligar do trabalho e continuo como se nada fosse. 

Mas isso não quer dizer que não haja dias difíceis. E maus. Acima de tudo, tenho-os pelo tal cansaço e por um desequilíbrio constante na minha vida, que ainda não consigui pôr direito. Faz-me falta o ginásio para limpar a cabeça, o stress do dia-a-dia e para eu não ver uma lontra de cada vez que olho ao espelho (que é algo que mexe muito comigo, e aumenta de dia para dia - um dia a menos de exercício e um dia a mais em comida); fazem-me falta pessoas da minha idade, mulheres e sítios bonitos - e eu explico: trabalho normalmente num escritório escuro, frio e antigo que me entristece, normalmente só com senhores que são bastante mais velhos que eu (daí a necessidade de tudo o que disse atrás); e, acima de tudo, fazem-me falta os meus pais e a minha casa. Quando cá chego, tudo o que quero é agarrar-me a eles e ao sofá e ficar assim, congelada, porque é o momento de conforto mais feliz do meu dia.

Mas escolho não falar sobre esses dias maus, porque se por um lado acho que deitando as coisas cá para fora (chorando, berrando e conversando) elas melhoram, também acho que há dores e problemas que crescem quando falamos deles. Eu sei, racionalmente, que todos os problemas e dores que enfrento no dia a dia são coisas pequenas - mas também sei que de pequenas coisas se constroem castelos e eu não quero isso para mim. Opto por partilhar as coisas boas, os momentos felizes dos meus dias, os prós do meu trabalho, em detrimento de tudo o que é mau - porque é para isso que quero olhar, é isso que quero fique gravado em mim. 

Detesto que me digam o quão difícil vai ser a vida, que façam previsões de tudo aquilo que tenho por viver e que olhem para mim com cara de totós quando falo entusiasticamente sobre o trabalho, por eu estar a tentar aproveitar e realçar tudo o que de bom esta vida tem e tentar esconder (de mim e dos outros) todas as coisas más que a vida de trabalhadora acata. Eu sinto-as na pele, mas opto por ignora-las, porque escolhi ver as coisas de outra forma. Pela primeira vez na vida, tento ver o copo meio-cheio. Mas de cada vez que caio, parece que tenho sempre alguém a dar-me as boas vindas ao "dark side", como quem diz: "eu bem te avisei".

Ninguém me disse que ia ser fácil nem eu acredito em contos de fadas. O que eu sei é que, quaisquer que sejam as dificuldades, eu quero (e vou) conseguir. Quero é chegar ao fim desta aventura (independentemente do dia em que isso for) e pensar que a maioria dos meus dias foram felizes - mesmo naqueles em que as pequenas coisas más ganharam maior dimensão e eu optei por as ignorar.

13
Out16

A vida é melhor quando não temos o cabelo a cobrir-nos o pescoço

Cortei o cabelo em Janeiro, no primeiro dia em que me sentei depois da operação. Passaram dez meses, vivi muita coisa: estagiei, tive as melhores férias da minha vida, comecei a trabalhar. Cumpri aquela máxima de ter o cabelo comprido no verão - e vivi-o bem, com muitas fotos que o comprovam e milhões de sorrisos à mistura. Mas já chega de ter de estar demasiado tempo debaixo do secador ou sempre com um totó no pulso. Já chega da descontração aparente que um cabelo comprido traz, porque agora sou "crescida", e este cabelo combina sempre comigo.

A vida é melhor quando temos o cabelo curto e os cachecóis de inverno nos ficam junto ao pescoço. Eu já estou pronta. Que venham eles.

 

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12
Out16

A minha panca por vestidos de noiva

Uma das maiores pancas da minha vida são sem dúvida os vestidos de noiva. Eu sou louca por vestidos, corro os sites todos quando avançam a temporada do ano seguinte e gravo sempre os meus favoritos em diferentes pastas (mesmo que nunca mais os vá ver na vida). No entanto, tenho de admitir que estas peças têm dois grandes inconvenientes: o primeiro é só serem usadas uma vez; o segundo é terem de ser usadas só quando nos casamos.

Ora, a segunda premissa faz com que eu, provavelmente, nunca ponha um destes vestidos em cima - o que, para uma amante de vestidos como eu, não deixa de ser triste. Não é que eu tenha alguma coisa em particular contra casórios e matrimónios - pelo contrário: eu só quero que as pessoas se casem para eu ir a casamentos, coisa que nunca fiz na vida. Simplesmente acho que nunca me vou casar. Não me imagino casada, porque não me imagino sequer junta. Isto pode parecer estranho para a maioria dos comuns mortais, mas a minha visão de mim daqui a 20 anos não é casada, nem com filhos e uma vida conjugal perfeita. E não é para terem pena, ou dizerem "coitadinha, vai ficar para tia" (até porque já sou) ou que vou virar uma cat lady (why not?); acho que todos fazemos uma imagem de nós mesmos no futuro e esta é a minha, que pode simplesmente não acontecer por a vida me dar muitas voltas (e se der, podem crer que me caso - não vou perder a oportunidade de organizar o meu próprio casório!). Mas aquilo que nós somos é também aquilo que a vida nos ensina, e eu cresci a ver relações de merda, homens que são péssimos maridos e mulheres solteiras muito felizes. Talvez seja esse o meu "problema" - e daí o meu plano de vida.

Mas, enfim, este post era sobre a minha panca de noivas e não sobre a minha visão solteira do futuro. Como dizia, só tenho pena que esta seja uma peça de roupa exclusivamente para casamentos, porque é sem dúvida a peça mais bonita que uma mulher pode usar. A parte boa de eu não planear casar-me é, de facto, não ter de escolher um vestido: porque eu gosto de tantos, em tantos estilos diferentes, que me ia ver grega para não esvaziar a conta bancária só com um. Só de ver um vestido consigo imaginar as circunstâncias com que me casaria com ele: em que sítio, com que idade, em que situação. Parece-me óbvio que todos eles têm quase uma história por detrás, uma inspiração muito clara que brilha logo na minha cabeça. 

Só para terem uma ideia do que falo, mostro alguns vestidos da coleção da Rosa Clará (continua a ser a minha preferida de todo o sempre) de 2017 com alguns dos apontamentos que me vêm logo à mente. Tenho a certeza que me vão chamar maluca. Acho que, depois disto, largo tudo e vou mazé para organizadora de casamentos.

 

 

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11
Out16

Já de olho nas prendas de Natal

Confesso que sou um bocadinho inconstante no que diz respeito a presentes, o que é um chato. Num aniversário dou uma prenda; noutro já não dou. Num Natal dou prendas a todos os miúdos, noutro já não dou a ninguém. E isto acontece não por ter má vontade ou me esquecer, mas por não gostar de dar prendas normais, só porque sim. A pecinha de roupa, o caderninho, o voucher, os creminhos para a pele... é tudo muito giro, mas tem escrito  "PARA DESPACHAR" ali algures.

E eu, quando dou prendas, não é para despachar. São prendas com significado, que fazem sentido, que têm uma mensagem por detrás. Podem custar-me 50 cêntimos ou 50 euros, o que me importa é mesmo o impacto que causam. No Natal passado, por exemplo, fiquei super orgulhosa pela panóplia de prendas que entreguei - achei que todas tinham sido bem conseguidas, porque todas tinham um toque meu; na altura até quis mostra-las aqui, mas a minha vida na altura não estava fácil e a coisa acabou por não se dar. Muitas vezes a prenda em si não vale nada, o que vale é aquela gargalhada ou sorriso rasgado quando as pessoas rasgam o papel. E isso vale tudo. A título de exemplo, digo-vos algumas das coisas que ofereci: à minha cunhada dei um frasco cheio de corações de açúcar, feitos por mim (como estes); na tampa, tinha um cordel com uma mensagem, que dizia algo como "que estes corações te adocem o chá como tu me adoçaste a vida". À minha irmã dei um apanha migalhas em forma de joaninha, pois ela chama-se Joana e sempre adorou joaninhas. Ao meu pai dei-lhe um telegrama em chocolate, da MySweetsForYou, com uma mensagem especial para ele (que é um devorador de chocolates quase crónico). E ao meu irmão dei-lhe as chaves de casa dele, que eu tinha perdido há meses (mas achava que não tinha sido eu, embora ele estivesse sempre a insistir) e que encontrei um par de dias antes do Natal.

Estes são só alguns dos muitos exemplos de prendas que dei e adorei - às vezes até gosto mais de dar as prendas e ver a reação das pessoas do que propriamente de ver as minhas. E por isso é que, quando não tenho nenhuma ideia brilhante para um presente, prefiro nem dar, porque desvirtuo toda este meu ideal de presentes com significado (embora saiba que é chato). 

Como tempo é algo que agora não tenho em abundância e há sempre coisas que mando vir da internet e que demoram a chegar (ou, quando chegam, revelam-se um flop), já estou a tratar das minhas prendas com devida antecedência. Já estou aqui a magicar umas ideias e acho algumas tão boas que até me custa não as dar já. Natal, chega rápido!!

10
Out16

Como é fazer um cruzeiro?

Este post vem com quase três meses de atraso, o que é uma vergonha. Normalmente, sempre que deixo passar as "datas úteis" para este tipo coisas, esqueço e avanço para outra - mas o cruzeiro foi tão marcante que eu queria mesmo fechar este capítulo. Quis muito escreve-lo mal acabei a série de roteiros de viagem que aqui fiz, mas fiquei assoberbada com a quantidade de coisas que queria escrever e que tinha para contar. Não se admirem, portanto, se esta publicação for muito comprida - eu própria me desencorajei por causa disso, mas acima de tudo isto serve um propósito: primeiro, porque eu gostava de ter encontrado um post como este antes de ter ido, só para ter uma ideia para o que ia, e não foi fácil encontrar algo que condensasse toda a informação; segundo, porque prometi a algumas pessoas que ficaram entusiasmadas com a minha viagem que este post sairia, por isso cá está ele! Tardou, mas não faltou. A quem isto não interessar, é só passar o post à frente.

 

Fazer um cruzeiro foi das melhores experiências da minha vida e uma total surpresa para mim. Li bastante sobre o barco, porque estava com medo do que dali pudesse vir ou de me sentir totalmente deslocada, mas todas as minhas expectativas foram superadas, ainda que com um choque inicial bastante grande. 

Antes de mais, é importante dizer que eu marquei a minha viagem nas agências El Corte Inglês, mas a experiência não foi a melhor (descrevi o porquê aqui, e tenho quase a certeza que a razão desta confusão foi a própria agência de viagens e não a companhia do barco). Eles disponibilizam um catálogo de muitos cruzeiros pelo mundo inteiro e eu e os meus pais optamos por este, da Royal Caribbean. É uma companhia americana bastante conceituada neste ramo, pelo que estávamos confiantes que - neste aspeto - as coisas iriam correr bem. O nosso barco era o Serenade of the Seas.

 

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Serenade of the Seas, à esquerda

 

O primeiro embate dá-se no check-in, confuso quanto baste e com filas de centenas de pessoas. É assustador ver a quantidade de pessoas que segue connosco no navio e perceber que são precisos muitos serviços e muitos empregados para fazer dispersas e movimentar uma multidão daquelas. Apoquentei-me no início, mas rapidamente percebi que o barco é tão grande que essa dispersão se faz de uma forma natural. É-nos dado logo o nosso seapass card, um cartão que serve como nosso "bilhete de identidade" dentro do barco - tem o nosso nome, o nosso deck, o número do quarto, o número da nossa mesa no restaurante principal e o nosso turno (o restaurante é enorme, mas ainda assim são precisos dois turnos para conseguir "rodar" toda a gente) -, servindo também como cartão de crédito para tudo o que compremos dentro do barco e como cartão de entrada no nosso quarto.

 

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 Isto foi no check-out, à saída, mas é só para terem uma ideia da quantidade de malas e pessoas que estamos a falar. Isto é só 1/5 das malas (senão menos)...

 

O segundo embate, para mim, foi precisamente o quarto. Este navio tem cerca de 1000 camarotes - é muito, mas há barcos com o dobro - e o meu era melhor que muitos quartos de hotel que por aí andam. Mas achei-o envelhecido e antiquado, pesado para um barco com um ar tão jovem em toda a sua restante estrutura. Foi a primeira impressão que tive mas, sinceramente, passou-me ao longo da viagem. Passei lá pouco tempo, mas acabou por ser um refúgio confortável.

 

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O quarto - neste caso, o meu tinha varanda

 

O terceiro e último embate foi na zona do restaurante self-service, onde se pode comer praticamente 24 horas por dia. Fomos lá depois de chegarmos e de visitarmos os nossos quartos (ou seja, já tinha os dois primeiros choques no lombo), já com alguma fome, e eu dei por mim quase de queixo caído com a balburdia que ali se vivia. Centenas de mesas, muitas delas todas sujas e com pratos com comida até acima e com as misturas mais inimagináveis da história. Literalmente à americana. E eu, que sou um pouco maníaca das limpezas, fiquei logo com o estômago pequenino e a fome evaporou-se - principalmente quando me sentei na mesa onde acabamos por almoçar e ela estava com restos de comida a cada centímetro. Este foi talvez o pior embate de todos mas também percebi que naquela altura devem ter recebido mais pessoas que o costume e não conseguiram dar vazão. Nas outras vezes que lá fui, apesar de sempre cheio, o ambiente era mais controlado.

 

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Fotos tiradas ao zarpar da Suécia

 

 A partir daí, foi tudo maravilhoso. Acima de tudo, aquilo que eu gostava mais de destacar é a simpatia constante do pessoal. O meu room atendant, chamado Nikolay, era um doce. Era da Bulgária e, quando falava inglês, tinha um sotaque meio russo, o que me dava imensa vontade de rir. Nos barcos é natural todos os empregados se apresentarem e dizerem de onde são a partir do momento em que vos servem: no caso da limpeza do vosso quarto, batem-vos à porta no primeiro dia e apresentam-se; no restaurante de jantares principal, também acontece o mesmo - e durante toda a estadia são servidos pelas mesmas pessoas. No caso do Nikolay, ele sempre que me via saía do quarto que estava a limpar e dizia "Hiii Carolina! You're so kind, so beautiful, so fresh! You're my favourite guest in the whole ship"; havia outros em que me dava amostras de produtos de higiene (no barco, ao contrário dos hotéis, não têm amenities) e dizia "I have a special gift for you!". Têm de imaginar tudo isto com sotaque russo para ter piada - aqui escrito até pode parecer um vangloriar da minha parte, mas creio que ele era mesmo querido e sincero naquilo que dizia.

No restaurante fomos servidos pela Cecília e pelo Ádrian, ela da Colômbia e ele do México. Principalmente a senhora era de uma alegria contagiante e de uma simpatia infinita - a partir do momento em que nos perguntou o nome já o sabia de cor, e sempre que se chegava a mim perguntava-me "Carolina, que vai ser?". Para além disso, era super atenciosa - se percebia que eu não gostava da comida perguntava-me se queria trocar ou se via que eu estava gostar de um acompanhamento em particular trazia-me mais. O sistema de jantares era simples: há o tal restaurante self-service para quem quiser e há também um restaurante normal (sempre com dress code), onde todos os clientes têm uma mesa marcada, que é sempre a mesma durante todo o cruzeiro (há também vários outros restaurantes, mas são pagos à parte). Apesar do restaurante ser enorme, não é suficientemente grande para albergar toda a gente de uma vez, pelo que há turnos - o nosso era o segundo, às 20:30h. Por norma, eles tentam sempre juntar as pessoas da mesma nacionalidade ou, pelo menos, com a mesma língua - nós ficamos com uma família de brasileiros com quem acabamos por ir sempre falando e no fim trocamos contactos.

 

 Cruzeiro_TlmMae-146.jpg

 Eu e os meus pais com a família de brasileiros e o Adrián e a Cecília.

 

Por este relacionamento ser tão bom, e apesar de ser pouco tempo, há uma tendência para nos apegarmos aos "nossos" empregados. Vi muita gente a tirar fotos, selfies e até meia dúzia de lágrimas a rolar, porque a simpatia deles e a forma como eles se entregavam era notável. Também por isso é que é clássico dar gorjetas no final do cruzeiro, que não são "leves" como as que se dão aqui em Portugal - em relação ao nosso room attendant, é mesmo deixado um envelope para o efeito.

Nos últimos jantares, os empregados de mesa e de cozinha invadiram a sala e fizeram umas danças na escadaria principal do restaurante e levaram muita gente à loucura. Devo admitir que foi emocionante. Nos barcos trabalha-se muito, sem folgas, de sol a sol - mas nota-se que há boa vontade e as pessoas notam isso e dão realmente valor.

 

Cruzeiro_TlmMae-144.jpg

 Os cozinheiros na escadaria do restaurante

 

No que diz respeito ao dress code dos jantares, a minha dica é não se preocuparem demasiado - há noites de gala, noites formais e, no caso deste barco, uma noite branca, mas as pessoas pouco respeitam o dress code imposto. Preocupei-me imenso com o que vestir nas noites de gala, foi uma dor de cabeça para pôr tudo na mala, e depois percebi que foi uma parvoíce - vi coisas naquele barco de bradar aos céus de tão horrível!!

 

CruzeiroBaltico (274).JPG

 Não dá para perceber muito bem porque a foto está longe de ser perfeita (foi tirada por mim, com a máquina em temporizador, num tripé improvisado), mas este foi o vestido que levei para a primeira noite de gala. Na segunda levei um macacão.

 

Relativamente a atividades, isso depende obviamente de barco para barco. Eu tentei experimentar de tudo, mas ficou muita coisa a faltar. Não fui ao ginásio, ao spa ou a piscina (não achei que era ocasião para tal nem estava tempo para isso) - para além disso, no que diz respeito a "corpo e mente", há uma pista de atletismo, parede de escalada e campo de basquetebol/futebol que também não usufrui. Também não fui à discoteca. Aquilo que mais usufrui foram as atividades que podia fazer depois de chegar das visitas às cidades - ia ao casino depois do jantar (nunca tinha ido a um, foi todo um novo mundo para mim), ao cinema, ao teatro, às sessões de karaoke, a sessões de trivia (jogos de competição entre grupos) e etc. Há atividades para todos os gostos e idades, e todas nos são ditas nuns panfleto que todas as noites são deixados nos quartos, com toda a informação necessária relativamente ao dia seguinte (o dress code no restaurante, as atividades, o tempo e a temperatura esperada, a que horas aportamos e a que horas zarpamos, se é preciso alterar a hora dos relógios, sítios interessantes a visitar na cidade onde vamos parar... enfim, toda uma panóplia de informações muito úteis).

 

Cruzeiro_Tlm-49.jpgCruzeiro_Tlm-51.jpg

Eu no casino e com alguns dólares, que nunca tinha visto "em pessoa" - o dólar é a moeda oficial do barco e aquela que é usada no casino

 

No que diz respeito à saída para as cidades, nós optamos sempre por fazer visitas guiadas. Da mesma forma que, quando chegamos ao quarto, temos o panfleto com as informações, há outro com todas as visitas guiadas disponíveis - e acreditem, são muitaaaas. Há para todos os gostos e feitios, de um dia inteiro ou só um par de horas, a pé, de segway ou autocarro, a visitar só igrejas ou museus ou para ver highlights das cidades. Nós tentamos escolher sempre aquele que nos parecia ser mais abrangente e que nos dava uma melhor visão da cidade - por pessoa, as visitas iam desde os 25 dólares até aos 200. 

Eu aconselho vivamente a que se façam as visitas guiadas. Isto porque apesar de adorar andar a vaguear pelas cidades e "perder-me" para as conhecer, num cruzeiro as paragens são relativamente curtas e não há tempo para isso. Andar com mapas, transportes públicos e perceber a dinâmica da cidade demora - e neste caso pode mesmo considerar-se tempo perdido. Numa tour está tudo planeado, mostram-nos o "grosso" da cidade e, ainda para mais, temos um guia que nos contextualiza - eu aprendi muito mais do que se fosse sozinha, numa viagem normal. Os países bálticos, ainda por cima, são países recentes e com histórias turbulentas, por isso houve muita coisa interessante para ouvir e aprender, pelo que acho que cada dólar gasto nestas viagens foi bem empenhado. No caso da Rússia, comprar uma tour era quase imperativo, porque o passe da visita guiada servia como visa para passar na emigração - e ainda hoje não é assim tão fácil (ou barato) arranjar visas para entrar na antiga URSS. Ainda para mais, é uma forma genérica de conhecermos as cidades - aquelas que gostamos mais, podemos sempre voltar com tempo e já sabemos para o que vamos.

A entrada e a saída do barco pode ser um bocadinho confusa e demorada, principalmente nas primeiras vezes (e, no caso deste cruzeiro, em particular na Rússia, por ter de se passar na emigração à entrada e à saída e por chegar toda a gente ao mesmo tempo por irmos todos em excursões). Há que ter um bocadinho de paciência pois é tudo controlado: à saída passam o nosso seapass (o tal cartão) para nos dar baixa, e à entrada temos de mostrar o cartão várias vezes e passar em máquinas de raio-X. Há um controlo grande a nível de segurança, o que apesar de demorar um bocadinho mais o processo, não foi algo que me afetou. 

O facto de eles controlarem de perto as entradas e as saídas faz com que este seja um óptimo meio para viajar sozinha. Primeiro porque sabem sempre se estamos ou não dentro do barco (e não saem sem vós), segundo porque nas excursões organizadas há muito menos riscos de roubo ou de nos perdermos e terceiro porque é muito fácil conhecer pessoas lá dentro - há mesmo atividades para esse efeito, mas nem é preciso: eu fui falando com imensa gente durante os almoços e jantares mas, acima de tudo, durante as tours

O que me leva a falar do tipo de pessoas que frequenta estes navios. A verdade é que a faixa etária menos representada é de facto a minha - há bebés e crianças, há adultos e há pessoas mais velhas. Mas não sei se é por estar habituada a dar-me sempre com pessoas com mais idade que eu, isto não constituiu qualquer tipo de entrave. No que diz respeito a nacionalidades, os americanos ganham em larga escala - o que é óptimo, porque falei com muitos americanos super simpáticos e de conversa fácil que é tudo aquilo que ser quer neste tipo de situações. Nunca me tinha dado de perto com americanos e são, sinceramente, mais do que aquilo que esperava - o que aumentou ainda mais a minha ânsia de lá ir. Para além disso, havia um grupo muito grande de israelitas - esses sim, mais velhos e fechados.

 

Cruzeiro_Tlm-143.jpg

 Com a maior cara de sono de todos os tempos, a aportar na Suécia, no último dia. Na foto, a minha "vizinha" de quarto, também americana

 

O dia de ir embora também é um bocadinho confuso (e, claro, triste). Há várias modalidades de saída, mas a mais comum é que consoante um número que vos dão (que é igual ao da vossa mala), têm de sair a uma certa hora do barco. A parte realmente chata é que na noite anterior à da saída têm de deixar as vossas malas na porta dos quartos, para durante a noite os empregados pegarem nelas, organizarem-nas e logo bem cedo na manhã seguinte as terem no porto, também por números (ver a foto que coloquei acima com as malas). Isto implica organização da vossa parte, têm de meter tudo nas bagagens bem cedo e se se esquecerem de meter algo essencial, tem mesmo de ir na vossa carteira no dia seguinte, pelo menos até reaverem a mala grade (o mesmo acontece se se esquecerem de alguma coisa - só a vêem no dia seguinte).

A saída é definitivamente mais fácil do que a entrada, sem toda aquela complicação no check-in; só é mais chata porque há uma fila interminável de pessoas para os táxis - que apesar de estarem sempre a chegar, acabam por ter dificuldade em dar vazão com muita rapidez.

 

Cruzeiro_Pai (48).JPG

Eu, provavelmente com vontade de esmagar o meu telemóvel contra as paredes douradas da Rússia

 

Outro apontamento que talvez possa ser importante: os vossos telemóveis vão enlouquecer. Creio que, ao navegar, passamos perto de muitos sítios e por isso os telemóveis passam a vida a trocar de rede (assim como as horas do próprio telefone, por isso não se pode confiar muito nos despertadores - eu optei por pôr o telefone do meu quarto com uma wake-up call). Quando se está em alto mar é difícil ter-se rede. Quanto à internet, é paga e a preço de ouro. Pagam packs de 24 horas, que ficam por cerca de 25 dólares, se a memória não me falha. Nós optamos por só comprar a meio da semana, para ver emails e etc. e no último dia de cruzeiro, o dia de navegação, onde não havia tanto para fazer e um escape na internet sabia a petisco.

 

barco.jpg

  

Descrição das imagens, de cima para baixo, começando pela esquerda

- Quase todos os dias nos era deixada, no quarto, uma "escultura" com as nossas toalhas. Esta foi a primeira e teve particular graça, porque eu tinha literalmente atirado o óculos para cima da cama. Quando chego, vejo um "elefante" com os meus óculos postos, o que me valeu umas boas gargalhadas.

- Um espetáculo no teatro - neste caso era de música dos anos 50, mas houve outros a que fui e que gostei muito: havia um malabarista, um duo de ginastas, etc.

- Uma escultura em melancia, no primeiro dia de cruzeiro (presente no tal restaurante self-service que me assustou imenso no início)

- Espetáculo aéreo no centro do barco. O navio tinha 13 andares, sendo que 11 deles tinham este "buraco" no meio, acessível de todos os pisos, que permitem este tipo de atuações. 

- Um "mapa" do barco - está presente em todos os elevadores, para as pessoas não se perderem.

- Slot machines no casino.

- Campo de basquetebol/futebol.

- Piscina coberta.

- Mais uma atuação dos empregados de mesa do restaurante principal, tal como as que falei em cima.

 

E pronto, assim termina este looongo texto explicativo. Se servir para esclarecer pelo menos uma pessoa com dúvidas, já é o suficiente para me fazer feliz!

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